ESTUDO PARA ESTIMAÇÃO DAS TAXAS DO MODELO MATEMÁTICO PARA PREVER O COMPORTAMENTO POPULACIONAL DO MOSQUITO TRANSMISSOR DA DENGUE

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Transcrição:

ESTUDO PARA ESTIMAÇÃO DAS TAXAS DO MODELO MATEMÁTICO PARA PREVER O COMPORTAMENTO POPULACIONAL DO MOSQUITO TRANSMISSOR DA DENGUE Ariane C. Cristino 1, Daniela R. Cantane 1, Rogério A. Oliveira 1, Fernando L. P. Santos 1, Helenice O. F. Silva 1, Paulo E. M. Ribolla 2, Jayme A. S. Neto 3 1 Dep. de Bioestatística Instituto de Biociências de Botucatu Unesp ariane.campolim@aluno.ibb.unesp.br 2 Dep. de Parasitologia Instituto de Biociências de Botucatu Unesp 3 Dep. de Genética Instituto de Biociências de Botucatu Unesp 1 INTRODUÇÃO O aumento do número de casos da dengue é notícia enfática na mídia, pois é uma doença que atinge o homem, principalmente em países onde o clima é caracterizado como tropical e subtropical, ambiente este favorável ao desenvolvimento de mosquitos do gênero Aedes. O ciclo de vida do mosquito inicia-se com a eclosão dos ovos na água, originando as larvas, que se alimentam de detritos orgânicos, bactérias, fungos e protozoários presentes na água. A fase larvária dura, em boas condições, cerca de cinco a dez dias originando a pupa, cuja fase dura em média dois dias. Neste período as pupas não se alimentam, apenas respiram. Nesta fase, já consegue-se diferenciar machos e fêmeas pelo tamanho da pupa. Posteriormente, os mosquitos saem do casulo atingindo a fase adulta, com duração de 3 à 35 dias. Nesta fase os mosquitos se acasalam e iniciam um novo ciclo. A transmissão da doença ocorre mediante três etapas: o vírus que causa a doença, o mosquito que transmite o vírus, chamado de vetor e uma pessoa susceptível, ou seja, nunca teve contato com o mesmo sorotipo do vírus. A dengue é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus infectado com o vírus da doença. As fêmeas adultas se alimentam de sangue, que é necessário para maturação e postura dos ovos. O mosquito contrai o vírus quando pica uma pessoa infectada, passando a carregá-lo por um período de incubação de 8 à 12 dias, permitindo que o mosquito esteja apto a transmitir a doença. Nos seres humanos, o vírus permanece em incubação durante um período que pode durar de 3 à 15 dias e é nesta etapa que os sintomas da dengue podem ser percebidos (BANNWART, 213). Os principais meios de controle do mosquito são: controle mecânico, realizado por agentes de saúde e pela população em geral em suas residências; controle químico, no qual produtos larvicidas e adulticidas são empregados afim de causar a mortalidade dos mosquitos e controle biológico, que consiste em introduzir inimigos naturais no meio ambiente ou mosquitos machos estéreis (pela técnica de radiação gama) (THOMÉ, 27). Esteva e Yang (25) e Thomé (27) propuseram um modelo matemático para analisar a aplicação de inseticida e introdução de machos estéreis, produzidos pela técnica de radiação gama, no controle do Aedes aegypti. Para descrever a dinâmica da população os autores consideraram todo o ciclo de vida do mosquito: fase aquática (ovo, larva e pupa) e fase alada (mosquitos adultos). O objetivo deste trabalho é calcular estimativas das taxas do ciclo de vida do mosquito, que são utilizadas

no modelo matemático para estudar a dinâmica populacional do mosquito transmissor da dengue. O objetivo é a realização do experimento para estimar as taxas da dinâmica populacional do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. 2 MATERIAL E MÉTODOS Para descrever o modelo matemático proposto por Esteva e Yang (25) e Thomé (27), considere os seguintes parâmetros: A(t) População de Mosquitos na Fase Aquática (ovo, larva e pupa); I(t) População de Mosquitos Fêmeas Imaturas (antes de acasalar); F(t) População de Mosquitos Fêmeas Fertilizadas (depois de acasalar); U(t) População de Mosquitos Fêmeas Não Fertilizadas (depois de acasalar); M (t) População de Mosquitos Machos (machos naturais); S(t) População de Mosquitos Machos Estéreis devido à técnica e Irradiação. As taxas de mortalidade são: µ A (fase aquática), µ I (fêmea imatura), µ F (fêmea fertilizada), µ U (fêmea não fertilizada), µ M (macho natural) e µ S (macho estéril). As populações de mosquitos fêmeas imaturas I(t) e machos naturais M (t) são originadas da evolução da fase aquática para alada com uma taxa e proporção r e ( 1 r), respectivamente para machos e fêmeas. β S é a taxa de acasalamento entre machos estéreis e fêmeas imaturas e do cruzamento deste surge a população de fêmeas não fertilizadas U (t). A taxa de encontro dos machos naturais com as fêmeas é β e do cruzamento destes surge a população de fêmeas fertilizadas F (t). Esta população alimenta a fase aquática a uma taxa 1 A/CF, em que é a taxa de oviposição intrínseca e C é a capacidade do meio relacionada com o número de nutrientes, espaço, etc. A população de machos estéreis é dada por S e a probabilidade de encontro entre fêmeas imaturas com machos naturais M torna-se igual a M /( M S). A taxa per capita com que as fêmeas são fertilizadas é dada por M /( M S). A probabilidade de encontro de machos estéreis com fêmeas imaturas é dada por /( M S) ps, onde p 1 p é a proporção com que os mosquitos estéreis são colocados nos locais adequados. A taxa de acasalamento efetiva dos mosquitos estéreis é dada por q com q 1. A taxa per capita com que as fêmeas imaturas cruzam com mosquitos estéreis S é dada por S /( M S), onde pq. Logo, temos o esquema do modelo com a inserção dos s S mosquitos estéreis. Thomé (27) propôs um modelo matemático com utilização do controle químico e biológico, mostrado no sistema de equações (1). da A 1 F A A dt C di dt M SS r A M S M S u I I 1

df MI F u1 F 1 dt M S dm 1 r A M u1 M dt ds u2 S u1 S dt Tem-se que representa o controle químico e representa o controle biológico, c 1 representa o custo com inseticidas, c 2 custo de mosquitos estéreis, c3 custo social e c 4 custo da manutenção dos mosquitos estéreis no ambiente. Thomé (211) propôs o índice de desempenho abaixo: 1 T 2 2 2 2 J[ u1, u2] c 1u1 c2u2 c3f c4s dt 2 O Índice de desempenho J avalia o custo do controle dos mosquitos estéreis com relação ao uso de inseticida que, além dos danos causados ao ambiente e a saúde da população, pode desenvolver a resistência dos mosquitos. O problema se resume então a determinação das variáveis u1 e u 2, afim de minimizar o custo da função J, minimizando o custo com inseticidas e mosquitos estéreis e, consequentemente, a quantidade de fêmeas fertilizadas e protegendo a quantidade dos mosquitos estéreis introduzidos no meio ambiente. Tem-se que R é razão básica de reprodutividade do mosquito, que essencialmente mede o valor máximo de reprodução de mosquitos fêmeas. R 1representa colonização de R r /. mosquitos Lyra (214) e é dado por As condições iniciais são dadas considerando o pior dos casos do ponto de vista da dengue. Logo, as condições de equilíbrio para o sistema (1) no tempo zero são: A C( R 1) / R, I ra / I, F ACA / ( C A ), M ( 1 r) A / M e S Para resolução do modelo matemático, que consiste em minimizar a função J, sujeito ao sistema de equações ( 1) e as condições iniciais, Thomé [4] utilizou o Princípio Máximo de Pontryagin e Lyra (214) utilizou algoritmo genético. Neste trabalho propõe-se a estimação das taxas utilizadas para resolução deste modelo. O experimento foi conduzido no insetário do Departamento de Parasitologia do IBB/ UNESP com os ovos disponibilizados pelo mesmo. Os ovos foram contados, classificando viáveis e não viáveis, através de uma lupa para que fosse garantida a viabilidade dos mesmos. Somente ovos em condições ideais foram considerados, excluindo-se os ovos não viáveis: ovos ressecados, quebrados, amassados etc. Para melhor precisão das estimativas das taxas, optou-se pela repetição independente de 1 bandejas enumeradas, contendo 1 ovos viáveis em cada uma delas. A alocação dos ovos para as bandejas foi realizada de forma aleatória. Os ovos permanecem na água até o nascimento das larvas, mantidos em condições típicas de verão, em câmara com umidade em torno de 7 à 8 Pa (Pascal), temperatura entre 26ºC e 27ºC e luminosidade controladas, simulando dos períodos dia e noite. Para facilitar a contagem diária, as larvas foram transferidas para uma bandeja auxiliar devidamente enumeradas e A I F

contadas com auxílio de uma pipeta de Pasteur. As larvas são alimentadas com ração de peixes ornamentais até o final da fase larval. Na próxima etapa, as pupas foram contadas novamente todos os dias, com objetivo de verificar o número de mortalidade. E foram transferidas para recipientes com água e acondicionadas em gaiolas com suas respectivas numerações das bandejas de origem. Na fase adulta, todos os mosquitos são alimentados com solução de água e sacarose com concentração de 1%, embebida em algodão envolto por gaze que foram colocados em Erlenmeyer de 5 ml Ad libitum. Cada gaiola possui fêmeas adultas da espécie Aedes aegypti que foram alimentadas com sangue, necessário para maturação dos ovos. O processo de alimentação ocorreu a cada sete dias, período biológico de maturação dos ovos para oviposição. Foram utilizados camundongos anestesiados e colocados em cima da mesma permanecendo por 15 minutos. A membrana semipermeável da gaiola permite que as fêmeas dos mosquitos se alimentem do sangue dos animais imobilizados. Para oviposição, utilizou-se papel filtro umedecido em água e colocado em copinhos de plástico contendo água, garantindo que o papel continuasse úmido. Em volta do copo foi colocado um papel preto para garantir "escuridão", condição que as fêmeas do mosquito buscam para colocação de seus ovos. O experimento teve duração de seis semanas para coleta dos dados, totalizando três alimentações. Portanto, foram utilizados 1 camundongos para execução do experimento completo. O experimento foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) com certificação correspondente ao protocolo nº 624-CEUA. Após a coleta diária dos dados referentes aos ciclos de vida do mosquito da dengue, foram calculadas estimativas pontuais e estimativas intervalares para as taxas de nascimentos das larvas, pupas e adultos. Quando os mosquitos passam de uma fase para outra, existe um certo número de mosquitos que morrem e não passam para a próxima fase. As porcentagens de mosquitos machos e fêmeas também foram estimadas. Para o cálculo das estimativas das taxas, utilizou-se a quantidade máxima observada de mosquitos vivos em cada fase: larvas, pupas e alada, devido a transformação tardia de alguns mosquitos de uns 2 ou 3 dias. A taxa de oviposição foi calculada como a taxa média de oviposição diária. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Com o experimento realizado a estimativas dos dados obtidos experimentalmente, assim como intervalo de confiança de 95%, como mostrado a seguir na Tabela 1: Tabela 1: Estimativa das Taxas do Modelo Matemático Variável Estimativa (IC) 95% Larvas 92,9% 88% 98% Pupa 84% 77% 91% Adultos Machos 52,17% 42% 62% Fêmeas 47,83% 38% 58% Oviposição Média 6,93 5,3 7,26% Taxa de Transferência (Aquática Adulta) 1,15% 4% 16%

Com os dados coletados do experimento, foram calculadas as estimativas das taxas do ciclo de vida dos mosquitos da dengue, como apresentada na Tabela 1. Com os dados obtidos, foi traçado o gráfico do comportamento do Aedes aegypti em cada fase do seu ciclo de vida, considerando a quantidade de mosquistos vivos observados num período de seis semanas (Figura 1). Figura 1: Quantidade de Mosquitos Vivos Observados em Seis Semanas A Figura 2 mostra o comportamento da população de mosquitos na fase alada, separados por sexo. Observa-se que o número de machos é superior ao número de fêmeas e nota-se uma tendência dos machos nascerem primeiramente. Quando as fêmeas eclodem os machos já estão a sua espera para que ocorra a copulação. Figura 2: Quantidade de Machos e Fêmeas na Fase Alada A Figura 3 apresenta a mortalidade da fase alada. Observa-se que a fêmea responsável pela disseminação do vírus tem uma baixa mortalidade, ou seja, ela tem um período de sobrevivência superior a dos machos. A fêmea copula uma única vez em sua vida e armazena os espermatozoides. É clara que a vivência do macho na fase alada é curta, pois sua função resume-se a realizar somente a copulação nos primeiros dias da fêmea. Com um período de vida maior que o dos machos, as fêmeas necessitam se alimentar de sangue para realizar a maturação dos ovos e disseminação da espécie. Na Figura 4, pode-se ver o comportamento médio da quantidade de ovos colocados por dia em relação a quantidade de fêmeas, considerando um período de alimentação de sangue a cada sete dias.

Figura 3: Taxa Média de Mortalidade da Fase Alada Figura 4: Comportamento Médio de Oviposição por dia 4 CONCLUSÕES O objetivo do estudo foi obter as taxas utilizadas no sistema de equações do modelo matemático(1). O estudo das taxas dos processos biológicos aplicados em (1) descreve a dinâmica populacional do mosquito transmissor da dengue, utilizando controle químico (inseticida) e biológico (liberação de machos estéreis no ambiente natural) minimizando os custos com inseticida, produção de machos estéreis, quantidade fêmeas fertilizadas e preservando os machos estéreis. Com este intuito, os dados diários do ciclo de vida do mosquito foram coletados utilizando um experimento controlado em condições ótimas. Desta forma, foram estimadas as taxas relacionadas à dinâmica populacional do mosquito da dengue como: quantidade de mosquitos ao longo do ciclo, por sexo, número de mortalidade e quantidade de ovos. Observa-se nos gráficos que a população de mosquitos é reduzida devido a mortalidade das fases ao longo do ciclo. Os machos estão presentes em maior quantidade, no entanto apresentam uma mortalidade maior em relação as fêmeas, pois sua única função é a reprodução. Após a alimentação das fêmeas, nota-se que a Figura 4 possui um comportamento bastante oscilante devido à diferença no período reprodutivo das fêmeas, pois existem algumas com desenvolvimento tardio. As taxas obtidas são condizentes e próximas com a realidade do ciclo de vida do Aedes aegypti no meio ambiente.

5 REFERÊNCIAS [1]Bannwart, B.F. (213). Otimização Multiobjetivo no Controle da Dengue. Dissertação de Mestrado, Biometria-UNESP Botucatu. [2] Esteva, L. & Yang, H. M. (25). Mathematical Model to Assess the control of Aedes aegypti Mosquitoes by Sterile Technique, Mathematical Biosciencies, 198, 132-147. [3] Lyra, L. G. (214). Algoritmo Genético Aplicado ao Controle do Mosquito Transmissor da Dengue. Dissertação de Mestrado, Biometria-UNESP Botucatu. [4] Thomé, R. C. A. (27). Controle Ótimo Aplicado na Estratégia de Combate ao Aedes aegypti Utilizando Inseticida e Mosquitos Estéreis. Tese de Doutorado, UNICAMP.