5º Simposio de Ensino de Graduação

Documentos relacionados
5º Simposio de Ensino de Graduação

FISIOTERAPIA NA ESCOLA: ALTERAÇÃO POSTURAL DA COLUNA VERTEBRAL EM ESCOLARES

Avaliar a postura dos alunos do ensino médio, identificar e descrever as principais alterações no alinhamento da coluna vertebral.

9 Seminário de Extensão AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DE ALTERAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL: UM PROGRAMA EM ESCOLARES

AVALIAÇÃO FÍSICA DA CRIANÇA E ADOLESCENTE Aulas 12 e 13 AVALIAÇÃO POSTURAL. Prof.ª Ma. Ana Beatriz M. de C. Monteiro

ALTERAÇÕES POSTURAIS EM ESTUDANTES DE FISIOTERAPIA

A Triagem Escolar: um instrumento de detecção precoce das alterações posturais

ALTERAÇÕES DAS CURVAS DA COLUNA VERTEBRAL

DESVIOS POSTURAIS. 1. LORDOSE CERVICAL = Acentuação da concavidade da coluna cervical. - Hipertrofia da musculatura posterior do pescoço

MÉTODOS EM AVALIAÇÃO POSTURAL


DESVIOS POSTURAIS. Núcleo de Atividade Física Adaptada e Saúde-NAFAS Escola de Postura - CEPEUSP Luzimar Teixeira e Milena Dutra DESVIOS POSTURAIS

Cuidados com a coluna.

ÍNDICES DE DESVIOS POSTURAIS EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Movimento - Ano V - Nº /2

ATITUDE POSTURAL E IDADE MOTORA NA MUCOVISCIDOSE * RESUMO


CARACTERIZAÇÃO DA POSTURA DE INDIVÍDUOS OBESOS

SISTEMA AUTOMÁTICO PARA AVALIAÇÃO POSTURAL BASEADO EM DESCRITORES DE IMAGENS

& PREVALÊNCIA DE HIPERLORDOSE LOMBAR E HIPERCIFOSE DORSAL EM ESCOLARES DA SERRA GAÚCHA

Cuidados Posturais. Prof Paulo Fernando Mesquita Junior

MOBILIZAÇÃO ARTICULAR PELO MÉTODO MAITLAND E ISOSTRETCHING PARA TRATAMENTO DE HIPERCIFOSE EM ESCOLARES

Estatística Descritiva (III) Associação entre Variáveis

Deformidades Angulares dos Membros Inferiores I - Joelhos - Prof André Montillo

~ 5 ~ A EFETIVIDADE DAS TÉCNICAS DE ISOSTRETCHING E ALOGAMENTO ESTÁTICO NA LOMBALGIA

Bem estar e produtividade no trabalho

Análise Exploratória Unidimensional

Dicas de prevenção para Hérnia de Disco

AVALIAÇÃO DA COLUNA CERVICAL

AVALIAÇÃO POSTURAL. Figura 1 - Alterações Posturais com a idade. 1. Desenvolvimento Postural

Tronco. Funções. You created this PDF from an application that is not licensed to print to novapdf printer ( Coluna vertebral

NOÇÕES DO SISTEMA ESQUELÉTICO OU

A importância da postura

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DE RIBEIRÃO PRETO EEFERP - USP

PREVALÊNCIA DE DESVIOS POSTURAIS DE COLUNA VERTEBRAL EM ESCOLARES PREVALENCE OF POSTURAL DEVIATIONS IN SCHOOLCHILDREN

Maria Silva 25 Dez 1988 Guaratinguetá-SP. Data da Avaliação: 13/11/2017 ANAMNESE

Estudo de casos clínicos com Easyspine. Tratamento e Correção de Deformidades Severas Na Coluna

Revista Iniciação Científica, v. 8, n. 1, 2010, Criciúma, Santa Catarina. ISSN

COLUNA LOMBAR 24/03/15 ANATOMIA VERTEBRAL

Manual de Análise Postural e Avaliação funcional.

CLEBER ANTONIO GARCIA PAULO RODRIGO ROCHA LEITE

O USO DA MOCHILA ESCOLAR E SUA RELAÇÃO COM A POSTURA DE ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA NA CIDADE DE CATAGUASES- MG

ANÁLISE POSTURAL EM UNIVERSITÁRIOS

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DE ALTERAÇÕES POSTURAIS INTERCORRENTES DO PESO DE MOCHILAS DE ESCOLARES DE UMA REDE DE ENSINO EM VITÓRIA-PE

Ortótese de Boston Ortótese de Milwaukee Corrector Postural

Coluna Vertebral. Coluna Vertebral Cinesiologia. Renato Almeida

Patrícia Jundi Penha

Crianças e Adolescentes Serviço de Fisiatria e Reabilitação

AVALIAÇÃO POSTURAL O QUE É UMA AVALIAÇÃO POSTURAL? 16/09/2014

CURSO DE FISIOTERAPIA Autorizado plea Portaria nº 377 de 19/03/09 DOU de 20/03/09 Seção 1. Pág. 09 PLANO DE CURSO

ANÁLISE DA SITUAÇÃO POSTURAL E RELATOS DE DORES DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II EM PALMEIRAS DE GOIÁS GO

Distúrbios da postura e da marcha no idoso

Maria Silva 25 Dez 1988 Guaratinguetá-SP. Data da Avaliação: 12/02/2018 ANAMNESE

A importância do método RPG em adolescentes com escoliose.

CAUSAS DE DESVIOS NA COLUNA VERTEBRAL DE INDIVÍDUOS EM IDADE ESCOLAR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

TÍTULO: ANÁLISE ANTROPOMÉTRICA DE SACROS DO SEXO MASCULINO E FEMININO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Prevalência de problemas posturais em adolescentes em fase escolar

CURSO DE FISIOTERAPIA Autorizado plea Portaria nº 377 de 19/03/09 DOU de 20/03/09 Seção 1. Pág. 09 COMPONENTE CURRICULAR: Cinesiologia e Biomecânica

INVOLUÇÃO X CONCLUSÃO

CADEIAS MUSCULARES E AVALIAÇÃO POSTURAL

Carga horária Quantidade de turmas Avaliação em Fisioterapia DIS

Versão Online ISBN Cadernos PDE VOLUME I I. O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica

O que é ERGONOMIA? TERMOS GREGOS: ERGO = TRABALHO NOMIA (NOMOS)= REGRAS, LEIS NATURAIS

Projetado por renomados. cirurgiões da coluna, o. Easyspine apresenta. uma simplificada técnica. cirúrgica e implantes. adaptáveis para se ajustar

6. Análise dos Resultados

Estatística Descritiva (II)

ESCOLIOSE. Prof. Ms. Marcelo Lima

Avaliação Postural e Flexibilidade. Priscila Zanon Candido

INFLUÊNCIA DO ENCOSTO DE CABEÇA NAS LESÕES POR WHIPLASH

Alteração Postural em Escolares do Colégio Classe A em Porto Velho-RO

3/26/2009. ALTERAÇÕES DA ESTRUTURA CORPORAL -parte I (MMII)

PARANÁ GOVERNO DO ESTADO

Oi, Ficou curioso? Então conheça nosso universo.

4 RESULTADOS. Resultados 63

ALTERAÇÕES DO SISTEMA MÚSCULO- ESQUELÉTICO E SUAS IMPLICAÇÕES APOSTILA 04

Análise da relação entre os pontos de algia e a avaliação postural em cirurgiões-dentistas, tendo a coluna vertebral como princípio da sintomatologia

Análise Postural Computadorizada para Identificação de Hiperlordose utilizando o Kinect

ALINHAMENTO POSTURAL E EXCESSO DE PESO EM ESTUDANTES DE 11 A 14 ANOS DE ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE TERESINA, PIAUÍ.

PRANCHAS ESQUELETO AXIAL II. Aula prática de Anatomia Humana Curso: Enfermagem CEUNES Profa. Roberta Paresque

COLUNA VERTEBRAL EQUILÍBRIO PARA A VIDA

ERROS. + comuns. durante a execução de exercícios de Pilates

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. PROGRAMA DE DISCIPLINA/ ESTÁGIO Ano: 2008 IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO DISCIPLINA OU ESTÁGIO SERIAÇÃO IDEAL

TÍTULO: AVALIAÇÃO POSTURAL DE CRIANÇAS DO 4º E 5º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

PILATES NO TRATAMENTO DE COLUNA: SAIBA COMO AJUDAR UM ALUNO

Estudo epidemiológico das doenças ocupacionais relacionadas aos membros superiores dos intérpretes de surdos.

QUESTIONÁRIO ACADEMIA PRATIQUE FITNESS AVALIAÇÃO FÍSICA

A incidência de desvios posturais em meninas de 6 a 17 anos da cidade de Novo Hamburgo

AVALIAÇÃO POSTURAL E FUNCIONAL NO PILATES. Denise Moura

Cuidar da postura é essencial para saúde e para evitar lesões e dores pelo corpo

ESTUDO DO COMPORTAMENTO POSTURAL EM SALA DE AULA: UM ENFOQUE ERGONÔMICO

26/03/2009. Ancestral comum Postura ereta: bipedestação. habilidade manual Visão Locomoção

PESO CORPORAL E MATERIAL ESCOLAR DE ESCOLARES NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL.

ORTÓTESE DORSOLOMBAR. Dorsotech TECNOLOGIA DE ADAPTAÇÃO ATIVA DESIGN LIGEIRO E DISCRETO ADAPTAÇÃO ANATÓMICA DESIGN ERGONÓMICO

Crânio e ossos associados. Caixa torácica. Coluna vertebral

Depto de Ciências do Esporte da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. Resumo

CARACTERIZAÇÃO DA CURVATURA LOMBAR EM ESCOLARES NA FASE DO DESENVOLVIMENTO ESTRUTURAL. Study of lumbar curvature in the structural development phase

Avaliação Fisioterapêutica da Coluna Lombar

SISTEMA ESQUELÉTICO. Curso Técnico em Estética Bruna Cristina Jaboinski Silva

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE MARÍLIA Faculdade de Filosofia e Ciências. PROGRAMA DE DISCIPLINA/ ESTÁGIO Ano: 2008

Transcrição:

5º Simposio de Ensino de Graduação AVALIAÇÃO BIOFOTOMÉTRICA DAS CURVAS SAGITAIS POR MEIO DO ÂNGULO DAS TANGENTES DE BURTON ESTUDO PARA VERIFICAÇÃO DE CONFIABILIDADE Autor(es) JULIANA SANCHES Co-Autor(es) ELISÂNGELA DA SILVA OLIVEIRA Orientador(es) Daniela Garbellini Evento Segundo Costa (1997), deve-se ficar atento às alterações posturais encontradas em crianças na faixa etária de 7 a 12 anos, por ser este um período intermediário entre o 1º estirão de crescimento, que ocorre do nascimento até o terceiro ano de idade, e o 2º que acontece na adolescência. Este período intermediário é descrito por Bradford et al. (2004) como um período de crescimento linear regular. Considerada retilínea quando observada anterior ou posteriormente, a coluna vertebral apresenta quatro curvaturas normais quando observada de perfil: lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e curvatura sacral (Rash, 1989 apud ALEXANDRE; MORAES, 2001; KAPANDJI, 2000). Estas curvaturas têm como função, segundo Gelb et al. (1995 apud DAMASCENO, 2006), absorção de impactos, redução da rigidez longitudinal e potencialização da função muscular. Suas presenças aumentam a resistência aos esforços de compressão axial (KAPANDJI, 2000). Na vida intra-uterina a coluna não apresenta curvas. Ao nascer, a coluna vertebral do bebê apresenta uma curvatura convexa posteriormente. A formação da lordose cervical é determinada quando a criança levanta a cabeça em prono e começa a sentar-se. A lordose lombar se inicia quando o bebê começa a engatinhar, que geralmente ocorre dos 09 a 12 meses de idade, e vai se consolidando conforme a criança adquire a capacidade de andar. A formação da lordose lombar facilita a postura ereta (SMITH et al., 1997; CAILLIET, 1979). Posturas assumidas inadequadamente por crianças em casa e na escola, geram um desequilíbrio muscular tendo como conseqüência alterações posturais. A vigilância ativa de pais e professores é importante para que se prevenir deformidades através da correção precoce de desvios posturais (PIRES et al, 1990 apud OLIVEIRA et al., 1998). Existem vários métodos de mensuração em posição ortostática, como a avaliação de vistas, imagem radiológica, fotografia, análise postural digital, régua flexível, fio de prumo, instrumentos-escalas e goniômetro (GAJDOSIK, et al., 1985; HART e ROSE, 1986 apud MASTELARI et al., 2006). Sendo uma imagem bidimensional de uma cena tridimensional, a 1/6

fotografia tem sido muito utilizada para medidas angulares e lineares nas avaliações posturais. Permite, também, a detecção de alterações nos diferentes segmentos corporais com o passar do tempo, tendo grande importância nas reavaliações (KNUDSON; MORRISON, 2001; WATSON, 1998). O presente estudo verificou a confiabilidade inter-observadores, por meio da análise de freqüência de concordância para as curvaturas sagitais em crianças de 3 a 13 anos, sem alterações neurológicas, entre 5 avaliadores para detecção de normalidade. Não se encontra na literatura estudos que tragam este tipo de abordagem, o que justifica a importância desse estudo. 1. Introdução Segundo Costa (1997), deve-se ficar atento às alterações posturais encontradas em crianças na faixa etária de 7 a 12 anos, por ser este um período intermediário entre o 1º estirão de crescimento, que ocorre do nascimento até o terceiro ano de idade, e o 2º que acontece na adolescência. Este período intermediário é descrito por Bradford et al. (2004) como um período de crescimento linear regular. Considerada retilínea quando observada anterior ou posteriormente, a coluna vertebral apresenta quatro curvaturas normais quando observada de perfil: lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e curvatura sacral (Rash, 1989 apud ALEXANDRE; MORAES, 2001; KAPANDJI, 2000). Estas curvaturas têm como função, segundo Gelb et al. (1995 apud DAMASCENO, 2006), absorção de impactos, redução da rigidez longitudinal e potencialização da função muscular. Suas presenças aumentam a resistência aos esforços de compressão axial (KAPANDJI, 2000). Na vida intra-uterina a coluna não apresenta curvas. Ao nascer, a coluna vertebral do bebê apresenta uma curvatura convexa posteriormente. A formação da lordose cervical é determinada quando a criança levanta a cabeça em prono e começa a sentar-se. A lordose lombar se inicia quando o bebê começa a engatinhar, que geralmente ocorre dos 09 a 12 meses de idade, e vai se consolidando conforme a criança adquire a capacidade de andar. A formação da lordose lombar facilita a postura ereta (SMITH et al., 1997; CAILLIET, 1979). Posturas assumidas inadequadamente por crianças em casa e na escola, geram um desequilíbrio muscular tendo como conseqüência alterações posturais. A vigilância ativa de pais e professores é importante para que se prevenir deformidades através da correção precoce de desvios posturais (PIRES et al, 1990 apud OLIVEIRA et al., 1998). Existem vários métodos de mensuração em posição ortostática, como a avaliação de vistas, imagem radiológica, fotografia, análise postural digital, régua flexível, fio de prumo, instrumentos-escalas e goniômetro (GAJDOSIK, et al., 1985; HART e ROSE, 1986 apud MASTELARI et al., 2006). Sendo uma imagem bidimensional de uma cena tridimensional, a fotografia tem sido muito utilizada para medidas angulares e lineares nas avaliações posturais. Permite, também, a detecção de alterações nos diferentes segmentos corporais com o passar do tempo, tendo grande importância nas reavaliações (KNUDSON; MORRISON, 2001; WATSON, 1998). O presente estudo verificou a confiabilidade inter-observadores, por meio da análise de freqüência de concordância para as curvaturas sagitais em crianças de 3 a 13 anos, sem alterações neurológicas, entre 5 avaliadores para detecção de normalidade. Não se encontra na literatura estudos que tragam este tipo de abordagem, o que justifica a importância desse estudo. 2. Objetivos Verificar a confiabilidade inter-observador para pesquisas que envolvam a postura humana, padronizando a normalidade das curvas sagitais da coluna vertebral na criança para posteriormente estipular os seus valores a partir dos ângulos da tangente de Burton. 3. Desenvolvimento Participaram do estudo 67 indivíduos com idade entre 03 e 13 (média 6±2,20) anos, com média de IMC 16,51±2,84, sendo 34 participantes do sexo masculino e 33 do sexo feminino. O projeto do estudo passou por avaliação do comitê de ética em pesquisa da FOP - UNICAMP, sendo aprovado em 06/07/2005 pelo protocolo nº 052/2005. Os critérios de inclusão foram: ter de 03 a 14 anos de idade e não possuir nenhuma 2/6

alteração neurológica. Os voluntários foram fotografados usando trajes de banho em frente a uma parede azul, com um simetrógrafo de fio, devidamente nivelado, nas posições lateral direita e esquerda com a mão no ombro oposto. A única solicitação feita aos voluntários foi que olhasse para frente. Para a tomada das fotos foi utilizada uma câmera fotografia Photo PC 750Z, Megapixel Zoom Digital Câmera, Epsonâ. A distância entre o simetrógrafo de fio e o tripé da câmera fotográfica é de 180 cm. O zoom da câmera foi ajustado exatamente na largura do simetrógrafo e a altura da objetiva foi ajustada à cicatriz onfálica. Para garantir que a posição do simetrógrafo de fio e do tripé utilizado pela câmera fosse sempre a mesma, foram feitas demarcações no chão do laboratório, além do que um único pesquisador realizou todas as tomadas fotográficas e foi responsável pela organização do laboratório. Estes cuidados estão de acordo com o que foi descrito por Watson et al. (1998). Ele também afirma que as fotos devem ser de alta qualidade e estar livre de distorções causadoras de erros de avaliação. Para verificação da confiabilidade inter-observador, as fotos foram organizadas aleatoriamente em cinco apresentações do programa Power Point, Windowsâ diferentes (Anexo 1). Cada slide continha as duas fotos de cada voluntário nas posições lateral direita e esquerda, nome e número do slide. De acordo com a organização de cada apresentação foi montado um questionário formulado no programa Excel, Windowsâ que continha o nome e o número correspondente ao slide, além de espaço próprio para assinalar sua avaliação das curvas da coluna vertebral (Anexo 2). Estas fotos foram submetidas à análise de cinco fisioterapeutas experientes em avaliar e tratar alterações posturais. Junto com a apresentação e o questionário foi entregue a cada avaliador orientações sobre o protocolo que deveria ser seguido para avaliação (Anexo 3). Os dados entregues por cada avaliador foram tabulados e analisados através de uma estatística descritiva para verificação da porcentagem de concordância entre os avaliadores sobre cada voluntário. 4. Resultados O estudo se iniciou com 67 voluntários, porém 06 crianças foram retiradas dos resultados porque a imagem não permitiu uma análise segura das curvaturas sagitais, sendo os resultados referentes a somente 61 voluntários. Esta pesquisa avaliou as curvas sagitais da coluna vertebral de crianças porque vários autores afirmam que elas possuem alterações, que quando encontradas na vida adulta são consideradas patológicas. Na criança, as alterações são decorrentes do processo de crescimento e consideradas fisiológicas. Sendo assim, este estudo visa determinar o padrão de normalidade destas curvaturas na infância. A tabela 1 (anexo 1) apresenta, em porcentagem, a freqüência de classificação das curvas sagitais feita pelos avaliadores. A figura 2 (anexo 2) mostra o total de concordância entre 3 ou mais avaliadores sobre cada curva sagital: lordose cervical, cifose torácica e lordose lombar. Observou-se que a maior incidência com relação à lordose cervical foi a de normalidade (76,3%). O segundo índice foi o de hipolordose com 23,79% e para hiperlordose não houve concordância. Gracioli e Gatti (2005) também não encontraram nenhuma ocorrência de hiperlordose cervical em crianças de 9a 11 anos de idade em seu estudo. Com relação à cifose torácica, o maior índice de concordância também foi o de normalidade, com 83,96%, seguido da hipercifose (10,37%) e, por último, a hipocifose (5,66%). Dentre os índices de concordância relacionados à lordose lombar, a maior incidência foi de hiperlordose lombar com 72,89%. A normalidade foi de 22,42% e a hipolordose de 4,67%. Uma alta freqüência de hiperlordose lombar (73,8%) também foi observada nas crianças avaliadas pelo estudo de Oliveira et al. (1998). A hiperlordose lombar foi, portanto, a alteração mais encontrada nas crianças neste estudo, seguida da hipercifose torácica. Isto concorda com o que foi observado por Gracioli e Gatti (2005) no primeiro semestre de 2005, quando, analisando alunos de uma escola pública de Porto Alegre de 9 a 11 anos encontrou as seguintes alterações nas curvas sagitais: hipercifose torácica em 9% das meninas e 25% dos meninos, e hiperlordose lombar em 54,5 % das meninas e 75% dos meninos. A incidência de hiperlordose lombar encontrada por Pinho e Duarte (1995) em seu estudo foi de 78% para crianças de 7 anos, 67% aos 8 anos, 55% aos 9 anos e 45% aos 10 anos de idade. Outra alteração postural apresentada neste estudo foi a hipercifose torácica, porém a porcentagem de freqüência (9% aos 7 anos, 17% aos 8 anos, e 10% aos 9 e 10 anos de idade), fica mais próxima do que foi encontrada em nosso estudo. Estas variações na postura são descritas por Kendall et al., (1995) que afirmam que elas ocorrem conforme a idade da criança. No início da idade escolar, a criança apresenta uma anteriorização dos ombros e, por volta dos 9 anos de idade, uma tendência a hiperlordose 3/6

lombar. Sobre estas variações, Knoplich (1985) afirma que no segundo e terceiro ano de vida, a criança tende a ter uma protusão abdominal, sendo a acentuação da lordose a maneira utilizada para distribuição do peso corporal e manutenção do equilíbrio. Ele afirma que o rápido crescimento das vértebras lombares nos primeiros anos de vida geram o aumento da lordose lombar nas crianças de até 8 anos de idade (KNOPLICH, 1985). Por volta de 10 a 12 anos de idade, há uma tendência diminuição da hiperlordose lombar, quando ocorre uma mudança gradual do contorno do abdômen pela diminuição da linha da cintura e da protusão (KENDALL et al., 1995). Como este estudo englobou crianças de 3 a 13 anos, o índice de hipercifose encontrada pode ser explicado por Nissinen (1993 apud Duarte, 2004) que refere o aumento da sua freqüência com o crescimento da criança, sendo mais evidente em meninos do que em meninas. Gracioli e Gatti (2005) verificaram que, devido a atitudes de vida diária, meninos de 9 a 11 anos de idade apresentam atitude hipercifótica. É durante a puberdade que ocorre o desenvolvimento dos seios nas meninas. Nelas, o aumento da incidência da hipercifose torácica neste período, pode ser explicada pela tendência à adoção de postura arqueada para esconder os seios por vergonha (KNOPLICH, 1986). Para se obter a angulação das curvaturas da coluna vertebral se faz necessária a existência de uma linha vertical como referência que passa através do centro de gravidade do corpo. O estresse gravitacional sobre os componentes de tecidos dos sistemas de apoio vai depender da proximidade da linha do centro dos eixos articulares. Quanto mais próximo, menor será o estresse (PALMER; EPLER, 2000). Em 1986, Burton desenvolveu o Método das Curvas Flexíveis para a obtenção de medidas angulares das curvaturas sagitais. Segundo ele, essa metodologia é de fácil aplicação e eficiente para coleta de dados. Afirma, também, que os métodos tradicionais para medida angular podem ser substituídos pela avaliação da tangente feita em seu estudo. Com a verificação de confiabilidade inter-observador obtida neste estudo, pode-se definir os valores da angulação das curvaturas fisiológicas da criança, através do uso da tangente de Burton 5. Considerações Finais Conseguimos por meio deste estudo verificar a confiabilidade inter-observador e portanto, definir o que é normalidade em curvaturas sagitais de crianças. Podemos afirmar que este estudo apresenta resultados preliminares, pois considerando a definição de normalidade, hiper e hipo das curvaturas sagitais em crianças, poderemos, através da utilização da tangente de Burton, estipular um padrão quantitativo de normalidade que servirá para avaliar alterações posturais decorrentes de diversas patologias. Referências Bibliográficas BRADFORD, D. S et al. Escoliose e outras deformidades da coluna: o livro de Moe.2 ed. São Paulo: Santos, 1994. BURTON, A. K. Measurement of regional lumbar sagittal mobility and posture by means of a flexible curve. In: The Ergonomics of Working Postures. Londres: Taylor & Francis, cap. 9, p. 92-99, 1986. CAILLIET, R. Escoliose: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Manole, 1979. COSTA, C. de O. Estudo da evolução postural: aspectos morfológicos e formação do esquema corporal. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia)- Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 1997. DAMASCENO L. E. F. et al. Lordose lombar: estudo dos valores Angulares e da participação dos corpos vertebrais e discos intervertebrais.acta Ortopédica Brasileira, v. 14, n. 4, p. 193-198, 2006. DUARTE, M. S. Estudo comparativo do ângulo de cobb e do ângulo por tangente para avaliação da influência da bandagem funcional sobre as curvaturas lombar e torácica. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia)- Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2004. GRACIOLI, A. S; GATTI, V. L. A influência do peso do material escolar sobre os desvios posturais em escolares de 09 a 17 anos na cidade de Porto Alegre. Trabalho de conclusão de curso (Especialização)- Curso de Pós-Graduação em Reestruturação Corporal Global. Universidade Gama Filho, Porto Alegre, 2005. KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular: esquemas comentados de mecânica humana. 5 ed. 3 v. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. KNOPLICH, J. Enfermidades da coluna vértebra. 2 ed. São Paulo: Panamed Editorial, 1986. KNUDSON, D. V; MORRISON, C. S. Análise qualitativa do movimento humano. São Paulo: Manole, 2001. MARTELLI, R. C; TRAEBERT, J. Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Tangará-SC, 2004. Rev. Bras. Epidemiol., v. 9, n. 1, p. 87-93, 2006. OLIVEIRA, C. et al. 4/6

Avaliação e orientação postural em escolares de 7 a 2 anos do Colégio Estadual Jardim Piza Roseira. Revista Olho Mágico, Londrina, ed. especial PEEPIN/98, mar. 2000. Disponível em:< http://www.ccs.uel.br/olhomagico/peepin98/gim16.html>. Acesso em: 20 ago. 2007. PALMER, L. M.; EPLER, M. E. Fundamentos das técnicas de avaliação musculoesquelética. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. PIRES, A. C. et al. Prevenção fisioterápica de escoliose em crianças da primeira série do 1º grau. Revista Fisioterapia em Movimento, v. 2, n. 2, p. 45-80, 1990. PINHO, R. A.; DUARTE, M. F. S. Análise postural em escolares de Florianópolis SC. Rev. Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 1, n. 2, p. 49-58, 1995. WATSON, A. W. S. Procedure for the production of high quality photographs suitable for recording and evaluation of posture. Revista Fisioterapia Universidade de São Paulo, v. 5, n. 1, p. 20-26, jan./jun. 1998. Anexos 5/6

6/6