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Transcrição:

IMPETRANTE: DR. CAMILLO FARES ABINADER NETO - DEFENSOR PÚBLICO PACIENTE: JACKSON BEZERRA DA SILVA Número do Protocolo: 103130/2008 Data de Julgamento: 15-10-2008 EMENTA HABEAS CORPUS - LESÃO CORPORAL - PRISÃO EM FLAGRANTE - LEI MARIA DA PENHA - LIBERDADE PROVISÓRIA - INDEFERIMENTO - IRRESIGNAÇÃO DO RÉU - CASO CONCRETO QUE RECOMENDA A SEGREGAÇÃO - MULHER VÍTIMA DE CONSTANTE AGRESSÃO FÍSICA - NECESSIDADE DE PRESERVAR SUA INTEGRIDADE E FORÇAR O CUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS - DECISÃO ESCORREITA - ORDEM DENEGADA. Não obstante à drasticidade da lei Maria da Penha ao impor a prisão preventiva em crimes de menor potencial ofensivo, a segregação em flagrante deve perdurar quando se verifica com facilidade a reiteração de condutas agressivas do varão contra sua companheira e filha, a fim de preservar a identidade física das ofendidas e forçar o cumprimento das medidas protetivas, obstando, assim, a concessão da liberdade provisória pleiteada pelo agente agressor. Fl. 1 de 8

IMPETRANTE: DR. CAMILLO FARES ABINADER NETO - DEFENSOR PÚBLICO PACIENTE: JACKSON BEZERRA DA SILVA RELATÓRIO EXMO. SR. DES. MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA Egrégia Câmara: O DR. CAMILLO F. A. NETO, Defensor Público no Estado de Mato Grosso ingressa com pedido de HABEAS CORPUS em favor de JACKSON BEZERRA DA SILVA alegando que ele sofre coação ilegal por ter sido indeferido pedido de liberdade provisória, em ação penal que responde pela prática de crime tipificado no artigo 129, 9 do CP c/c artigo 7 da Lei 11.340/2006, apontando como autoridade coatora o juiz da Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher da comarca de Várzea Grande - MT. Diz que o paciente foi preso em flagrante no dia 20-6-08 por ter cometido o delito antes mencionado. No curso do processo requereu a liberdade provisória alegando ser primário, ter bons antecedentes e possuir residência fixa. O pleito foi negado para preservar a ordem pública, porém, não persistem os pressupostos do art. 312 do Código de Processo Penal, razão pela qual deve ser concedida a ordem para cessar a coação à sua liberdade. Requer concessão da ordem. Negada a liminar foram requisitadas as informações. Prestando-as a juíza afirma que a denúncia foi recebida em 27-8-08, apontando o paciente como autor do crime tipificado no art. 129, 9º do Código Penal c.c artigo 7 da Lei 11.340/2006. O pedido de liberdade provisória foi negado porque o juiz substituto entendeu que estavam presentes os requisitos ensejadores da prisão cautelar. Houve reiteração do pedido em sua defesa preliminar e o processo aguarda a realização da audiência de instrução e julgamento. Fl. 2 de 8

O douto Procurador de Justiça diz que a prisão foi mantida para garantir a ordem pública e o cumprimento das medidas protetivas de urgência. Os bons atributos sociais por si só não são suficientes para autorizar a liberdade do paciente. Opina pela denegação da ordem. É o relatório. P A R E C E R (ORAL) O SR. DR. HÉLIO FREDOLINO FAUST Ratifico o parecer escrito. Fl. 3 de 8

VOTO EXMO. SR. DES. MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA (RELATOR) Egrégia Câmara: O pedido do impetrante pretende afastar prisão resultante de flagrante pela prática de crime de lesão corporal na forma recomendada pela lei que reprime a violência doméstica contra a mulher. Não se nega a drasticidade do instituto como medida de ordem geral, porém, no caso concreto é perfeitamente aplicável quando se constata a conduta desenfreada do agressor em relação à vítima. Na hipótese nota-se com facilidade que o paciente viveu em concumbinato com a vítima por um determinado período. Nessa convivência já praticou contra ela violência doméstica, segundo suas afirmações, quando moravam na cidade de Rio Claro - MT, existindo ali até um inquérito policial para apurar os fatos. No caso dos autos, ele, embriagado e afastado do lar por recomendação da própria vítima, novamente agiu com o mesmo ímpeto agressor. O conjunto probatório revela que nessa conduta ele invadiu a casa de moradia da vítima e seus filhos. No ato, praticou contra ela e uma criança de 12 (doze) anos lesões corporais e agressão, promovendo um quebra quebra sobre os móveis e utensílios que guarnecem o lar da vítima. É o que revela as afirmações por ela prestadas perante o Delegado de Polícia por ocasião do flagrante (fls. 18 e 19); in verbis: Que nesta data, o conduzido Jackson Bezerra da Silva, estava embriagado e foi até a residência da vítima; QUE a vítima informa ter terminado o relacionamento, pois o conduzido não queria mais trabalhar, é alcoólatra; que a vítima não permitiu a entrada do conduzido em sua residência, no entanto ele arrombou a porta; que imediatamente começou a agredir a vítima com socos e pontapés; que os filhos menores da vítima estavam no local, sendo que uma filha tem 12 anos, outro com 06 anos e outro tem 02 anos. Que a filha da vítima também foi agredida, pegando-a pelo pescoço e jogando-a ao chão e ainda ameaça de Fl. 4 de 8

matá-la com um tijolo se fosse chamar a polícia. Que após essas agressões, o conduzido começou a quebrar os objetos da casa, tais como um ventilador, pratos e copos. Que a vítima temendo o pior, e sob ameaça do conduzido quebrar mais objetos se ela interferisse, permaneceu imóvel. Que o conduzido retirou vários objetos do interior da residência, tais como roupas de cama e calçados e vasilhames e teria levado para o local onde trabalha e reside. Que no momento que o conduzido deixou a residência, a vítima chamou a política; que após algum tempo, o conduzido retornou para levar mais objetos, no entanto a polícia chegou neste momento e detiveram-no. Que o conduzido já teria praticado lesões contra a vítima no município de São José do Rio Claro e gerado inquérito policial, pediu medidas protetivas, no entanto o conduzido afirmou ter mudado e voltaram a morar juntos. E assim, é indiscutível a necessidade da permanência da prisão cautelar resultante do flagrante. Não obstante, para negar o pedido o juiz usou argumentos impertinentes como a troca da prisão pela credibilidade da justiça e a necessidade de se garantir a ordem pública, o quadro processual não permite o benefício. Pelo menos de momento, a prisão está acobertada por elementos que recomendam a segregação preventiva nos termos da lei Maria da Penha, como disse, em parte, o juiz (fls. 34); in verbis:... além do mais, sequer o réu foi ouvido em juízo, inclusive ele exerce forte influência sob a vítima e conhece seus passos, os locais que ela freqüenta, bem como a natureza do crime que ele é acusado, nos revela uma possível intimidação acerca da própria vítima, senão bastasse agrediu a filha da vítima de apenas 12 anos, o que causa um clamor popular muito grande quando o caso tornasse público. Os argumentos sintetizam as razões para se decretar a prisão preventiva. Por isso a pretensão liberatória foi indeferida pela autoridade coatora sem causar qualquer tipo de coação ilegal. Pouca importa tenha o paciente bons antecedentes e residência fixa, a prisão ser mantida por existir motivos para assegurar a integridade das vítimas e forçar o cumprimento das medidas protetivas. Nesse sentido o brilhante acórdão desta Corte; in verbis: Fl. 5 de 8

HABEAS CORPUS - LESÕES CORPORAIS, AMEAÇA E CÁRCERE PRIVADO - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PRATICADA CONTRA EXCOMPANHEIRA-ALEGADA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A PRISÃO CAUTELAR - ART. 20 DA LEI 11.340/2006 -ART. 311 E 312 DO CPP - GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA -CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO - ORDEM DENEGADA. Presentes os requisitos exigidos no art. 312 do CPP, bem como no art. 20 da Lei nº 11.340/2006, não há falar-se em ausência de justa causa para prisão preventiva. (TJMT - HC 100775/2006-1ª C.Crim. - Relª DESA. SHELMA LOMBARDI DE KATO - J. 13-02-2007 ) HABEAS CORPUS - LEI MARIA DA PENHA - PRISÃO EM FLAGRANTE - POSSIBILIDADE - GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL - AGRESSOR COM PERSONALIDADE VIOLENTA - INEXISTENCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL - CONDIÇÕES FAVORÁVEIS DO PACIENTE QUE SE MOSTRAM IRRELEVANTES QUANDO PRESENTES ELEMENTOS HÁBEIS A RECOMENDAR A MANUTENÇÃO DA SEGREGAÇÃO - ORDEM DENEGADA. Não constitui constrangimento ilegal quando a necessidade do acautelamento provisório do Paciente está suficientemente fundamentada pela garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal - para evitar a intimidação da vítima e testemunhas e assegurar a apuração da verdade, bem assim para resguardar a integridade física da vítima, observada a gravidade dos fatos. Além disso, é sabido e consabido que a primariedade, bons antecedentes e a residência fixa não obstam a manutenção da medida, já que presentes os requisitos da prisão preventiva, quais sejam: garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal, não existindo constrangimento ilegal. Ordem denegada. (SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL - HABEAS CORPUS Nº 433/2008 - CLASSE I - 9 - COMARCA DE VÁRZEA - MT - rel. Des. PAULO DA CUNHA) Para efeitos da Lei nº 11.340/2006 (Maria da Penha) é equiparada à violência doméstica e familiar contra a mulher, qualquer agressão praticada em Fl. 6 de 8

qualquer relação íntima de afeto, que lhe cause lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, no qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Não há que se falar em liberdade provisória quando presentes os requisitos da prisão preventiva, ficando esta perfeitamente justificada na violência impingida à pessoa, reveladora da periculosidade do paciente e na reiteração da conduta delitiva, ambas demonstrando que a prisão é necessária para garantia da ordem pública e execução das medidas protetivas de urgência. (TJMT HC 73.600/2007 - Rel. Des. Juvenal Pereira da Silva - comarca de Primavera do Leste - MT) Diante do exposto, denego a ordem. É como voto. Fl. 7 de 8

ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA (Relator), DES. PAULO DA CUNHA (1º Vogal) e DES. GÉRSON FERREIRA PAES (2º Vogal), proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE, DENEGARAM A ORDEM, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Cuiabá, 15 de outubro de 2008. ---------------------------------------------------------------------------------------------------- DESEMBARGADOR MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA - PRESIDENTE DA E RELATOR ---------------------------------------------------------------------------------------------------- PROCURADOR DE JUSTIÇA GEACOR Fl. 8 de 8