CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS AO GRAU DE UTILIZAÇÃO DA BICICLETA COMO MEIO DE TRANSPORTE



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Transcrição:

CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS AO GRAU DE UTILIZAÇÃO DA BICICLETA COMO MEIO DE TRANSPORTE Sergio Augusto Rodrigues 1, Edevaldo de Lima 2, 1 Prof. (Msc) do curso de Logística da FATEC-Botucatu 2 Graduado do curso de Logística da FATEC- Botucatu sergio@fatecbt.edu.br, edvaldo_delima@yahoo.com, Resumo O volume excessivo de veículos nas vias públicas é um problema crescente para muitos municípios brasileiros. Maneiras para tornar a mobilidade urbana mais eficiente são indispensáveis, sendo a adoção de bicicletas em ciclovias planejadas uma alternativa interessante. Com o objetivo de contribuir com a melhoria do trânsito em uma avenida da cidade de Botucatu, este trabalho avaliou possíveis características de seus usuários consideradas em programas de incentivo ao uso de bicicleta como meio de transporte utilizando uma ciclovia. Para isso, um levantamento de dados por meio de uma pesquisa quantitativa com seus usuários foi realizado e o teste de Goodman utilizado para analisar a associação entre as variáveis estudadas. Verificou-se que o meio de transporte utilizado atualmente e usuários que possuem bicicleta no domicílio estão associados com o grau de utilização dessa ciclovia; e que entre os mais jovens e com escolaridade baixa o percentual dos que nunca utilizariam a bicicleta é menor. 1 Introdução Cada vez mais aumenta a necessidade das cidades de incentivar meios de transporte alternativos a fim de evitar o volume excessivo de veículos no trânsito. A utilização da bicicleta pode ser uma alternativa interessante, pois é um transporte econômico e ágil, além de trazer benefícios para a saúde e para o meio ambiente [1]. A sustentabilidade na mobilidade urbana é dada pela capacidade de fazer viagens com o menor gasto de energia possível e menor impacto ao meio ambiente [2]. Segundo [2], a redução da utilização de veículos motorizados, principalmente os automóveis, tornou-se condição necessária para garantir uma mobilidade urbana sustentável. Nas viagens de curto percurso, a bicicleta pode substituir o automóvel com vantagens tanto para o ciclista como para a comunidade em geral. Dessa forma, a bicicleta, sendo não poluente, silenciosa, econômica, discreta e acessível é um meio de transporte rápido e eficiente em trajetos urbanos curtos, sendo um meio sustentável para melhoria da mobilidade urbana de um município [2]. No entanto, no Brasil a utilização da bicicleta como meio de transporte é bastante influenciada pela segurança e principalmente por padrões culturais e comportamentais, pois ainda hoje o automóvel é o símbolo de status e liberdade [3]. Em Botucatu-SP, interior do estado de São Paulo, há uma importante avenida, por ser via de acesso aos parques industriais, a uma grande universidade e à Rodovia Marechal Rondon, apresenta fluxo de veículos intenso, deixando o trânsito congestionado em momentos de pico (horários de chegada e saída dos alunos e funcionários da universidade e empresas da região). Pensando em melhorar o trânsito nessa avenida, o incentivo público para a utilização da bicicleta como meio de transporte deve ser uma alternativa em um futuro próximo, considerando as possíveis soluções para a locomoção urbana e diminuição dos congestionamentos. No entanto, é importante observar que Botucatu se localiza em uma região montanhosa e, portanto, a topografia da cidade exige esforço dos usuários da bicicleta em algumas regiões. Mesmo assim, havendo vontade política para investir em infraestrutura, é possível encontrar áreas favoráveis para uma eventual ciclovia, a qual pode incentivar a utilização da bicicleta como meio de se locomover. O objetivo desse trabalho foi identificar as principais características associadas ao grau de utilização da bicicleta como meio de transporte por uma ciclovia, fornecendo subsídios às políticas de incentivo desse meio de locomoção e, consequentemente, diminuir a frota de veículos motorizados, contribuir com o meio ambiente e saúde da população de Botucatu. 2 Materiais e Método O estudo foi composto por uma revisão da literatura e um estudo observacional por meio de uma pesquisa quantitativa de dados primários. Para o delineamento da amostra foi definido como população alvo as pessoas que passavam pela Avenida Deputado Dante com algum tipo de veículo, mesmo por meio de transporte público, a pé ou de bicicleta, além das pessoas que trabalham nas empresas da região, trabalhadores da UNESP e estudantes. Para uma compreensão mais detalhada da população alvo, esta foi dividida em cinco grupos, conforme a região de partida antes de passar pela Avenida Deputado Dante, conforme abaixo: Região Norte, composta pelos bairros: Vl. Antártica; Vl. Nova Botucatu; Jd. Cambuí; Jd. Continental; Jd. Chácara dos Pinheiros; Jd. Eldorado; Vl. Ferroviária; Jd. Miranda; Recreio Ouro Verde; Jd. Paraíso; Vl. Paulista; Jd. Panorama; Vl. Pinheiro; Jd. Planalto; Real Park; Monte Mor.

Região leste, composta pelos bairros: Jd. Brasil; Jd. Ciranda; Cohab 2; Cohab 4; Vl. Maria e Jd. Peabiru. Região sul e oeste, composta pelos bairros: Jd. Aeroporto; Convívio; Cohab 1; Cohab 3; Jd. Palos Verde; Vl. Real; Jd. Reflorenda, Vinte Quatro de Maio e distrito de Rubião Junior. Região central: Vl. Assumpção; Jd. Bom Pastor; Vl. Jardim; Vl. São Lucio. Apesar de o estudo ter sido planejado com base em um método de amostragem probabilístico [4], os dados não foram coletados de forma aleatória, devido às limitações de tempo e recursos financeiros. Desta forma, foi utilizado um método de amostragem não probabilístico em pontos de fluxo, não sendo possível, estipular a margem de erro dos resultados apresentados. Para isto, foram definidos alguns pontos de coleta, tais como UNESP (estacionamentos, pontos de ônibus e pontos de carona), saída de fábricas, adjacências e parque industrial. O tamanho da amostra de 139 pessoas foi definido considerando a utilização da técnica de amostragem aleatória simples, uma proporção esperada para a principal variável do estudo de 0,1 (10% e estimada por um estudo piloto), um nível de confiança de 95% e um erro amostral absoluto de 0,05 [4]. O instrumento de coleta dos dados foi um questionário estruturado previamente testado. Após a realização das entrevistas, um banco de dados foi organizado e preparado paras as análises estatísticas no Excel. Após a coleta de dados, os dados foram analisados por meio de técnicas de estatística descritiva para um melhor entendimento do comportamento da distribuição das variáveis. Foram utilizadas tabelas de distribuição de frequências simples, tabelas de contingência e gráficos [4]. Para o estudo da associação entre as variáveis relacionadas com o perfil dos entrevistados com a variável grau de utilização da bicicleta em uma ciclovia foi realizado o teste de Goodman, complementado com comparações múltiplas entre e dentro de populações binomiais ou multinomiais [5], considerando o nível de 5% de significância. Os resultados dos testes foram apresentados em tabelas por meio de letras maiúsculas e minúsculas. Letras maiúsculas diferentes em uma mesma coluna indicam diferenças significativas (valor p < 0,05) entre as proporções analisadas na coluna. Letras minúsculas diferentes em uma mesma linha indicam diferenças significativas (valor p <0,05) entre as proporções analisadas nos diversos grupos (linhas da tabela). 3 Resultados e discussões 3.1 Caracterização dos entrevistados Analisando o perfil da amostra, verifica-se que a maioria é do sexo masculino (58%), com predominância de pessoas que concluíram ou estão fazendo o ensino médio (58%), contudo, 6% concluíram ou estão fazendo o ensino fundamental, 34% estão fazendo ou já concluíram o ensino superior e apenas 3% tem pósgraduação. Cerca de 50% dos entrevistados tem idade entre 15 e 24 anos, 36% tem de 25 a 34 anos, 10% entre 35 e 44 anos e apenas 4% possui entre 45 e 54 anos. Verifica-se também que 69% dos entrevistados residem na região Norte, cerca de 3% na região Oeste, 14% na região Leste, 9% na região Sul e apenas 5% na área central. Em relação ao local de trabalho ou estudo das pessoas que circulam pela avenida, observa-se um maior percentual de pessoas que estão se locomovendo para locais da própria avenida, com 53% dos entrevistados, enquanto que 26% trabalham no parque industrial e 21% na UNESP. Na Tabela I é possível observar a relação origem e destino da população analisada. Tabela I - Origem e destino da população, em %. Destino Região de origem / Residência Norte Oeste Leste Sul Central Av. Dante 53 67 41 64 53 53 Unesp 22 33 18 9 33 21 Parq. Ind. 25-41 27 11 26 100 100 100 100 100 100 Dentre as pessoas que residem na região oeste e sul, a maioria tem como destino a Avenida Dante, 67% e 64% respectivamente. Pode-se destacar também, que entre os moradores da região leste 41% se deslocam até o parque industrial e entre os moradores da região oeste e central, comparando com as demais regiões, observa-se o maior percentual de pessoas que se deslocam até a UNESP ( em cada região). Em relação ao meio de transporte utilizado para se locomover até o trabalho, observa-se pela Figura 1 que 39% utilizam o carro, 16% moto e 36% ônibus (fretados ou transporte público). Destacam-se os 6% de entrevistados que utilizam bicicleta. 39% 16% 36% 6% 4% Carro Moto Ônibus Bicicleta A pé / Outros Figura 1 - Meio de transporte utilizado Na Tabela II observa-se que 64% dos entrevistados que trabalham ou estudam na UNESP utilizam carros particulares para se locomoverem ao trabalho e 20% utilizam ônibus coletivo. Os que trabalham ou estudam na Avenida Dante ou proximidades se distribuem de forma mais homogênea em relação aos meios de locomoção, ou seja, 37% utilizam os carros

particulares, 32% utilizam ônibus coletivo e aproximadamente 31% utilizam outros meios (15% moto, 5% a pé ou 11% bicicleta). Nos parques industriais a demanda por ônibus é maior, totalizando 55% dos entrevistados usando ônibus como meio de transporte, enquanto que 23% utilizam carros particulares e o mesmo percentual utilizam motos. 14% 25% 42% 19% Tabela II - Meio de transporte mais utilizado segundo o local de trabalho dos usuários da avenida, em % Local de trabalho Meio de transporte Av. Dante UNESP Parq. Ind. Carro 37 64 23 39 Moto 15 12 23 16 Ônibus 32 20 55 36 Bicicleta 11 - - 6 A pé 5 - - 3 Outros - 4-1 100 100 100 100 Para analisar e entender a opinião dos entrevistados em relação ao trânsito e ao fluxo de veículos é importante destacar a frequência de utilização desta avenida em suas locomoções. É possível observar na Figura 2 que a maioria dos entrevistados passa pela Dante todos os dias, totalizando 71%. Os que utilizam a avenida mais de uma vez por semana somam 17%, enquanto que 12% passam pela Avenida Dante uma ou menos de uma vez por semana. Ótimo ou Bom Regular Ruim Péssimo Figura 3 Avaliação do trânsito da Av. Dante 3.3 A bicicleta como meio de transporte Quando questionados a respeito da existência de bicicletas no domicílios, 71% responderam possuir ou morar com alguém com mais de 16 anos que possui uma bicicleta, ou seja, pelo menos uma pessoa de seu domicílio possui uma bicicleta (Figura 4). Não tem bicicleta; Todos os dias 71% Tem bicicleta; 71% Mais de uma vez por semana Uma vez por semana Menos de uma vez por semana 4% 8% 17% Figura 2 utilização da Avenida Dep. Dante Figura 4 Domicílios com bicicleta Em relação à utilização da bicicleta como meio de transporte (Figura 5), caso houvesse uma ciclovia na Avenida Dante, 38% responderam que poderiam utilizar muito esta ciclovia e 36% utilizariam às vezes, totalizando 74% dos entrevistados. Observa-se também que 7% utilizariam dependendo de algumas condições e 19% responderam que nunca utilizariam. 3.2 Avaliação do Trânsito 38% 36% Observa-se na Figura 3 que o trânsito da Avenida Dante não é bem avaliado, ou seja, apenas 14% dos entrevistados consideram o trânsito como ótimo ou bom, 25% como regular e 61% avaliaram o trânsito da avenida como ruim ou péssimo no horário que mais circula pela mesma. 19% 7% utitlizaria muito Sim as vezes Não nunca Depende Figura 5 - Grau de utilização de uma possível ciclovia

10% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 60% 55% 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 0% 5% 0% A Figura 6 apresenta o percentual de entrevistados que poderiam utilizar muito uma possível ciclovia na Avenida Dante, destacando os maiores percentuais em cada característica. Pode-se perceber que os maiores percentuais de entrevistados que utilizariam muito uma ciclovia na Avenida Dante estão entre os entrevistados do sexo masculino (39%), com idade entre 15 a 24 anos (48%), com ensino Fundamental ou médio (43%), que moram na região Norte (46%), que utilizam bicicleta ou outros meios de transporte (91%), trabalham na Av. Dante (45%) e que já possuem bicicleta (48%). Trab. no Parq. Industrial Trab. na Unesp Trab. na D. Bicicleta/A pé / outros Possui bicicleta Onibus 91% Moto Não possui 48% 38% 39% 37% 15% 48% 45% 32% 18% 32% 21% Carro Região Sul + Oeste Masc 28% 43% 30% 46% Fem 15 a 24 anos 25 a 34 anos + 34 anos Ens. Fundamental ou médio Curso superior ou pos Região Norte Região Central Região Leste Figura 6 Perfil dos entrevistados que utilizariam muito a ciclovia Já na Figura 7 é possível identificar os maiores percentuais de entrevistados que não utilizariam uma possível ciclovia em cada perfil populacional. Neste contexto, destacam-se os entrevistados do sexo feminino, que possuem idade entre 25 a 34 anos (19%), com curso superior ou pós-graduação (28%), que residem na região Sul ou Oeste (50%), já utilizam o carro como principal meio de transporte (24%), que trabalham na UNESP (24%) e que não possuem bicicleta atualmente (35%). Não possui Possui bicicleta Trab. no Parq. Industrial 35% Masc Fem 15 a 24 anos ciclovia na Avenida Dante a hipótese da construção de uma ciclovia pode servir como incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte deve ser considerada. Para reforçar essa hipótese duas questões levantadas neste estudo são importantes: qual a opinião dos entrevistados a respeito da construção de uma ciclovia como forma de incentivar as pessoas a utilizar a bicicleta como meio de transporte e quais os principais motivos para esse incentivo. Na Figura 8 verifica-se que 91% dos entrevistados acreditam que uma ciclovia pode incentivar as pessoas a utilizarem mais suas bicicletas como meio de transporte, enquanto que apenas 9% acreditam que não incentivaria. Não 9% Sim 91% Figura 8 Ciclovia como incentivo ao uso da bicicleta como meio de transporte Em relação ao incentivo a utilização da bicicleta, não somente como um meio de transporte, mas de uma forma geral (Figura 9), o percentual de entrevistados que acreditam que a ciclovia não incentivaria cai para 4%, indicativo de que algumas pessoas não veem a bicicleta como um possível meio de transporte. No entanto, na opinião de 65% dos entrevistados, uma ciclovia incentivaria o uso da bicicleta, pois aumentaria a segurança dos ciclistas. Para 34% dos entrevistados uma ciclovia traria a oportunidade de praticar atividade física e para uma ciclovia colaboraria com o meio ambiente. Por ser uma questão com a possiblidade de escolha múltipla, a soma dos percentuais pode ser maior que 100%. Trab. na Unesp Trab. na D. Bicicleta/A pé / outros Onibus 19% 19% 20% 24% 16% 13% 14% 19% 0% 10% 19% 21% 24% Moto 50% Carro Região Sul + Oeste 17% 41% 17% 15% 28% 25 a 34 anos + 34 anos Ens. Fundamental ou médio Curso superior ou pos Região Norte Região Central Região Leste Aumentaria a segurança Oportunidade de praticar atividade física Colaboraria com o meio ambiente 34% 65% Figura 7 - Perfil dos entrevistados que não utilizariam a ciclovia Considerando que apenas 19% nunca utilizariam a bicicleta com meio de transporte em uma possível Não incentivaria 4% Figura 9 Ciclovia como incentivo ao uso da bicicleta

3.4 Características associadas ao grau de utilização da bicicleta As Tabelas III, IV e V apresentam o percentual de usuários da Avenida Dante que utilizariam muito, às vezes e que nunca utilizariam a bicicleta como meio de transporte em uma possível ciclovia, segundo diferentes grupos populacionais, ou seja, nos diferentes gêneros, faixas etárias, escolaridade, origem e destino das viagens, meio de transporte utilizado atualmente e se já possuem bicicleta em seus domicílios. As letras maiúsculas e minúsculas, quando apresentadas, indicam diferenças significativas entre as proporções pelo teste de Goodman. Tabela III: Grau de utilização da ciclovia segundo sexo, faixa etária e escolaridade, em % Grupos Gênero Muito Utilização da ciclovia Às vezes / Depende Nunca Feminino 39 42 19 100 Masculino 37 43 20 100 Faixa Etária 15 a 24 anos 48 a 38 ab 14 b 100 25 a 34 anos 29 43 29 100 + de 34 anos 28 56 17 100 Escolaridade Fund. ou Médio 43 a 43 a 15 b 100 Superior ou Pós 30 42 28 100 38 42 19 100 Letras minúsculas diferentes em uma linha indicam proporções das classes do grau de utilização. Observando a Tabela III, verifica-se que não existem diferenças significativas nas proporções de usuários que utilizariam muito a ciclovia entre os diferentes gêneros, faixas etárias e escolaridade (não foram apresentadas letras maiúsculas). O mesmo acontece para as proporções de usuários que poderiam utilizar (às vezes ou depende) e que nunca utilizariam. Dessa forma, pode-se dizer que o grau de utilização de uma possível ciclovia não está estatisticamente associado com o gênero, faixa etária e escolaridade. Comparando as diferentes classes de utilização da ciclovia (muito, às vezes / depende e nunca) em cada grupo, observa-se que entre os entrevistados com idade entre 15 a 24 anos a proporção dos que poderiam utilizar muito a ciclovia é estatisticamente diferente do percentual dos que nunca utilizariam. Outra diferença significativa ocorre entre os entrevistados com ensino fundamental ou médio, ou seja, há diferença significativa entre o percentual dos que utilizariam muito e dos que utilizariam às vezes com o percentual dos que nunca utilizariam. O estudo mostra que o percentual dos que nunca utilizariam a bicicleta em uma possível ciclovia é inferior ao percentual dos que utilizariam, entre os entrevistados da faixa etária de 15 a 24 anos e com ensino fundamental ou médio. Tabela IV: Grau de utilização da ciclovia segundo origem e local de trabalho, em % Utilização da ciclovia Grupos Às vezes / Muito Depende Nunca Origem Norte 46 a 44 a 10 b 100 Central 33 50 17 100 Leste 18 41 41 100 Sul + Oeste 21 29 50 100 Local de Trab. Av. Dante 45 36 19 100 UNESP 32 44 24 100 Parque Industrial 29 ab 55 a 16 b 100 38 42 19 100 Letras minúsculas diferentes em uma linha indicam proporções das classes do grau de utilização. Observando a Tabela IV e comparando, em cada grupo, as diferentes proporções de grau de utilização da bicicleta, observa-se que o percentual dos que nunca utilizariam a ciclovia é inferior somente entre os que residem (ou partem de viagem) da região Norte e entre os que trabalham no Parque Industrial. A falta de apresentação de letras maiúsculas indica que o teste realizado não detectou diferenças significativas entre os percentuais de cada categoria de origem e destino das viagens para os três graus de utilização da bicicleta De acordo com a Tabela V, pode ser visto que na classe dos que utilizariam muito uma ciclovia, o percentual dos que utilizam outros meios de transporte (bicicleta, a pé, outros) é estatisticamente superior ao percentual dos que utilizam carro, moto ou ônibus (letras maiúsculas). Já na classe dos que nunca utilizariam a ciclovia acontece o contrário, ou seja, o percentual dos que utilizam outros meios de transporte é estatisticamente inferior. O mesmo ocorre na classe dos que utilizariam às vezes uma possível ciclovia. Considerando a presença ou ausência de bicicleta no domicílio ocorre a seguinte situação: o percentual dos que utilizariam muito uma ciclovia é menor entre os que não possuem bicicleta no domicílio e o percentual dos que nunca utilizariam é menor entre os que já possuem. Verifica-se também na Tabela V que entre os entrevistados que não possuem bicicleta, um percentual considerável (15% dos entrevistados) declarou que poderia utilizar muito a ciclovia e 50% deste público declarou que poderia utilizar às vezes. No entanto, nesse grupo, só é possível afirmar que o percentual dos que utilizariam às vezes é superior ao percentual dos que utilizariam muito a ciclovia, não sendo considerado

diferente do percentual dos que nunca utilizariam. Já entre os entrevistados que possuem bicicleta pode-se dizer que o percentual dos que nunca utilizariam a ciclovia é inferior ao percentual das demais classes do grau de utilização. Tabela V Grau de utilização da ciclovia segundo entrevistados que possuem e não possuem bicicleta em seus domicílios e meios de transporte utilizados, em % Grupos Meio de transporte Utilização da ciclovia Às vezes / Muito Nunca Depende Carro 33 B 43 A 24 A 100 Moto 32 B 47 A 21 A 100 Ônibus 33 B 48 A 19 A 100 Outros 91 Aa 9 Bb < 1 Bb 100 Bicicleta Possui 48 Aa 39 a 13 Bb 100 Não Possui 15 Bb 50 a 35 Aab 100 38 42 19 100 Letras minúsculas diferentes em uma linha indicam proporções das classes do grau de utilização. Letras maiúsculas diferentes em uma coluna indicam proporções de cada grupo. Esses fatos mostram que o grau de utilização da bicicleta como meio de transporte está associado com o meio de transporte mais utilizado atualmente e com a presença de bicicleta no domicílio. 4 Conclusão O estudo indica que o estímulo ao uso da bicicleta como meio de transporte depende de investimentos em infraestrutura adequada para que os usuários se sintam mais seguros. Para que isso ocorra é preciso que o poder público inclua o transporte cicloviário no planejamento urbano e passe a estabelecer políticas voltadas a esse meio de transporte, distribuindo os espaços destinados à circulação de maneira igualitária. Não significa que a construção de uma infraestrutura seja a única medida necessária para incentivar novos adeptos da bicicleta, é necessário também estabelecer programas direcionados à educação e conscientização do usuário de transporte motorizado e não motorizado. Baseado na opinião dos entrevistados percebeu-se que a construção de uma ciclovia pode incentivar alguns adeptos da bicicleta a utilizá-la com maior frequência como um meio de transporte pela Avenida Deputado Dante, pois a pesquisa apontou que 38% dos entrevistados declararam que utilizariam muito uma ciclovia caso essa fosse construída. O estudo levantou que características relacionadas com o gênero, idade, escolaridade, origem e destino das viagens, não se mostraram associadas com o grau de utilização de uma ciclovia. No entanto, verificou-se que o percentual dos que nunca utilizariam uma ciclovia é menor entre os entrevistados da faixa etária de 15 a 24 anos, entre os que possuem escolaridade de nível fundamental ou médio, residem na região norte e que trabalham no Parque Industrial. Contudo, as características que indicaram certa associação com o grau de utilização da bicicleta foram o meio de transporte utilizado atualmente e o fato de já possuir bicicleta em seu domicílio. Referências [1] L.R. ZUNINO. Parque vivencial como ferramenta educacional de incentivo à mobilidade sustentável. 303p. Tese (Pós-graduação em engenharia de transporte) - Universidade federal do Rio de Janeiro, COPPE Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://teses.ufrj.br/coppe_d/lourdeszuninorosa. pd> Acesso em: 25 fev. 2012. [2] M.O. SILVEIRA. Mobilidade Sustentável: A bicicleta como um meio de transporte integrado. 168p. Dissertação (mestrado) UFRJ/ COPPE/ Programa de Engenharia de Transportes, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://fenix3.ufrj.br/60/teses/coppe_m/marianaoliv eiradasilveira.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2012. [3] S.L. BIANCO. O papel da bicicleta para a mobilidade urbana e a inclusão social. Revista Transportes Públicos ANTP, Ano 25, p. 167-175, Mar. 2003. Disponível em: <http://portal1.antp.net/rep/rtp/rtp2003-100- 20.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2012. [4] P.A. MORETTIN; W.O. BUSSAB. Estatística básica, 5ª ed., Saraiva, São Paulo, 2003. [5] L.A. GOODMAN. On simultaneous confidence intervals for multinomial proportions. Technometrics, 7(2): p.247-254, 1965.