An. Soc. Entomol. Brasil 28(4) 739 PROTEÇÃO DE PLANTAS

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Transcrição:

Dezembro, 999 An. Soc. Entomol. Brasil 28(4) 739 PROTEÇÃO DE PLANTAS Tipos de Resistência a Alabama argillacea (Huebner) (Lepidoptera: Noctuidae) Envolvidos em Genótipos de Algodoeiro: I - Não-preferência FERNANDO M. LARA, ALVEMAR FERREIRA, ALCEBÍADES R. CAMPOS 2 E JOSÉ J. SOARES 3 Dept de Fitossanidade, FCAV/UNESP, Rod. Carlos Tonanni, km 5, 4870-000, Jaboticabal, SP. E-mail: fmlara@fcav.unesp.br 2 Dept de Biologia, FEIS/UNESP, Caixa postal 3, 5385-000, Ilha Solteira, SP. 3 Centro de Pesquisas do Algodoeiro/EMBRAPA, Caixa postal 74, 5807-720, Campina Grande, PB. An. Soc. Entomol. Brasil 28(4): 739-744 (999) Resistance of Cotton Genotypes to Alabama argillacea (Huebner) (Lepidoptera: Noctuidae): I - Nonpreference ABSTRACT - The mechanism of resistance (nonpreference) of cotton genotypes (Gossypium hirsutum L.) to the cotton leafworm, Alabama argillacea (Huebner, 88) was studied. Oviposition nonpreference in field (5 genotypes) and cages (six genotypes) were evaluated in free choice and no choice tests. The eggs present in the upper third of the plants were counted. Feeding nonpreference was evaluated with leaf disks, under laboratory conditions, using the genotypes CNPA 92-2, CNPA 92-3, JPM 57, STO 285 N, T 953-3-4-2 and T 22-3-, and first and third instar larvae, with twenty replications. Nonpreference was measured through dry weight consumption. No oviposition preference was found among the studied genotypes. The CNPA 92-3 genotype was less consumed by small larvae, thus indicating that the feeding nonpreference mechanism of resistance to A. argillacea is present in this genotype. KEY WORDS: Insecta, Gossypium hirsutum, host plant resistance, antixenosis. RESUMO Avaliou-se a preferência para oviposição e alimentação de Alabama argillacea (Huebner, 88) por genótipos de algodoeiro (Gossypium hirsutum L.). Em condições de campo, os genótipos avaliados foram: IAC 2, CNPA 2H, CNPA 7H, HR 2 T 6, HR 02, JPM 57, STO 285 N, SU 0450, T 267-2-4, T 277-2-6, T 295-3-2, T 695-8-22, T 94-274, T 953-3-4-2 e T 22-3-. Efetuou-se a contagem de ovos em 0 folhas/parcela, amostrandose o terço superior de 0 plantas. Paralelamente, foram conduzidos dois ensaios, com e sem chance de escolha, com os genótipos CNPA 92-2, CNPA 92-3, JPM 57, STO 285 N, T 953-3-4-2 e T 22-3-, plantados em vasos, no interior de telados. Os ensaios de preferência para alimentação foram efetuados

740 Lara et al. em laboratório, com discos de folhas daqueles seis genótipos. Utilizaram-se larvas de primeiro e terceiro ínstar, efetuando-se 20 repetições e avaliando-se o peso seco do alimento consumido. Constatou-se que a oviposição foi semelhante, estatisticamente, nos genótipos em estudo, excluindo-se portanto qualquer resistência do tipo não-preferência para oviposição. O genótipo CNPA 92-3 foi o menos consumido por larvas de primeiro ínstar, indicando que um dos tipos de resistência desse genótipo a A. argillacea é não-preferência para alimentação. PALAVRAS-CHAVE: Insecta, Gossypium hirsutum, resistência de plantas, antixenose. Entre os fatores responsáveis pela baixa produtividade da cultura do algodoeiro, encontram-se as pragas e entre elas, Alabama argillacea (Huebner, 88), que destrói rapidamente as folhas provocando até 00% de desfolha. Seara (970) observou redução de até 35% na produção do algodoeiro mocó devido ao ataque do curuquerê, além de retardamento do ciclo reprodutivo da planta. Entre as possibilidades de controle desse inseto, encontra-se o uso de variedades resistentes, que é mencionado como tática ideal de controle de pragas. Em algodoeiro encontra-se uma série de aldeídos terpenos, como gossipol, heliocidas e hemigossipolone, que são responsáveis pela resistência das plantas às larvas de várias espécies de lepidópteros. Outros fatores, como pilosidade e nectários, também podem atuar sobre o comportamento de lepidópteros (Lara 99). Nesse sentido, em relação ao curuquerê, a ausência de nectários proporciona uma redução significativa na sua população (Lukefahr & Rhyne 960, Lukefahr et al. 965). Em variedades glabras também ocorre fato semelhante (Lukefahr et al. 966); em plantas desprovidas de glândulas de gossipol há maior preferência para oviposição desse inseto (Jenkins et al. 966). Montandon et al. (986) constataram que larvas de A. argillacea desenvolveram-se relativamente bem em plantas com e sem nectários; o peso do último ínstar foi significativamente maior quando alimentadas em folhas de plantas com nectários. Bleicher (982) observou que o provável tipo de resistência encontrado em linhagens CNPA foi antixenose (e/ou antibiose); larvas criadas nessas linhagens apresentaram menor peso, quando comparadas àquelas criadas em variedades regionais. O mecanismo antibiose foi detectado em genótipos melhorados, derivados da raça primitiva T 953, nos quais menores taxas de sobrevivência de larvas do curuquerê foi observada (Lukefahr et al. 984). Esse tipo de resistência a A. argillacea também ocorre nas raças primitivas T 95, T 284 e T 254 (Penna et al. 989) e no genótipo CNPA 92-3 (R. H. de Oliveira - informação pessoal). Este trabalho teve por objetivo avaliar o tipo de resistência não-preferência para oviposição e alimentação, a A. argillacea, envolvido em genótipos de algodoeiro. Material e Métodos Preferência para oviposição: Efetuou-se o plantio dos genótipos IAC 2, CNPA 2H (suscetível a Helitohis spp. e à ramulose, pilosa), CNPA 7H (tolerante à ramulose e a Helitohis spp., média pilosidade), HR 2 T 6 (resistente a Heliothis spp. e à ramulose, glabro), HR 02 (resistente a Heliothis spp. e à ramulose, glabro, alto teor de gossipol), JPM 57, STO 285 N (suscetível a insetos), SU 0450 (suscetível a Heliothis spp. e à ramulose, pilosa), T 267-2-4, T 277-2-6 (resistente a Anthonomus grandis Boh.), T 295-3-2, T 695-8-22, T 94-274, T 953-3-4-2 e T 22-3-

Dezembro, 999 An. Soc. Entomol. Brasil 28(4) 74 (linhagens oriundas de programa de melhoramento da Texas A & M University, para resistência ao bicudo) em parcelas de quatro ruas de 5 m de comprimento, com espaçamento de m entre linhas, num delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições, em novembro de 996. A adubação no plantio foi de 300 kg/ha de 04-4-08 e mais 50 kg de sulfato de amônio em cobertura, aos 30 dias após a emergência; capinas e demais tratos culturais foram feitos de acordo com as recomendações normais para a cultura. Aos 40 e 47 dias após emergência das plantas, foram efetuadas duas pulverizações com deltametrina, Decis 50 SC, na dose de 200 ml/ha, para diminuir a provável infestação de A. grandis e assim eliminar possíveis alterações fisiológicas nas plantas causada pelo seu ataque. A contagem de ovos de A. argillacea foi realizada em 0 folhas de 0 plantas/parcela, no seu terço superior, entre a 3 a e 6 a folha mais nova do ponteiro, efetuando-se dois levantamentos, aos 65 e 80 dias após a emergência das plantas. Paralelamente foi realizado um ensaio com chance de escolha, em gaiolas de 2,0 m de altura por 2,0 m de largura, com os genótipos CNPA 92-2, CNPA 92-3, JPM 57, STO 285 N, T 953-3-4-2 e T 22-3-, alguns dos quais vêm se revelando promissores ao melhoramento visando à resistência a A. argillacea, como os CNPAs e o T 953-3-4-2. Foram utilizadas três plantas por vaso, sendo liberados 24 casais após terem passado o período de pré-oviposição, quando as plantas tinham 70 dias de idade. Em outro ensaio, sem chance de escolha, com plantas aos 75 dias de idade, foram liberados quatro casais adultos por gaiola. A contagem dos ovos foi realizada cinco dias após infestação em ambos ensaios. Os dois ensaios tiveram quatro repetições. Preferência para alimentação: Foram realizados testes com e sem chance de escolha com aqueles mesmos seis genótipos, que foram plantados em vasos e mantidos em casa de vegetação, de onde as folhas com 70 dias de idade foram coletadas, lavadas e cortadas em discos de 2,5 cm de diâmetro, colocadas sobre um papel filtro umedecido, utilizandose seis discos por placas de 4 cm de diâmetro, no interior das quais foram liberadas 30 larvas recém-eclodidas, no teste com chance. No teste sem chance, utilizou-se apenas um disco por placa, liberando-se cinco larvas. A avaliação foi efetuada após a constatação de mais de 70% de consumo do disco de qualquer dos materiais. Discos iguais, de cada genótipo, foram secos em estufa a 45 0 C por 24 horas e posteriormente pesados, para se obterem os valores de consumo em peso seco. O mesmo foi realizado com larvas de 3 o ínstar, utilizando-se, neste caso, a proporção de uma larva por disco, num total de seis por placa no teste com chance e uma, no teste sem chance. Todos os testes foram mantidos em BOD, com temperatura e fotofase controladas (27 ± 2 o C, 70 ± 0% de U.R. e fotofase de 4 horas). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 20 repetições para cada teste. Os dados de todos os ensaios foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P 0,05). Resultados e Discussão Preferência para oviposição: No ensaio de campo (Tabela ), o número de ovos/0 folhas variou de,7 (T 267-2-4 ) a 5,5 (T 953 3-4-2, HR 2 T 6, SU 0450) na primeira avaliação, e de,3 (T 277 2-6, CNPA 7H) a 4,7 (HR 02) na segunda. Não se detectou diferença significativa entre esses dados, o que sugere que esses materiais não influenciam o comportamento de oviposição de A. argillacea. Em telado, com chance de escolha, a oviposição variou de 29 ovos/planta (T 953 3-4-2) a 36,3 (JPM 57) e, nos testes sem chance de escolha, de 30 (CNPA 92-3) a 34 (T 953 3-4-2). Nos dois testes não foi observada diferença significativa entre os tratamentos. Esses resultados confirmam aqueles obtidos em campo, comprovando a

742 Lara et al. Tabela. Número de ovos (±EP) de A. argillacea, por 0 folhas, em genótipos de algodoeiro, em condições de campo. Jaboticabal, SP. 996/97. Tratamentos Número de ovos em 0 folhas Primeira avaliação Segunda avaliação HR 2 T 6 5,5 ±,94 4,5 ±,32 SU O450 5,5 ±,94 3,3 ±,29 T 953 3-4-2 5,5 ± 0,50 2,0 ± 0,4 IAC 2 4,5 ±,32 2,0 ± 0,88 CNPA 2H 4,0 ±,22 2,0 ± 0,6 STO 285 N 4,0 ±,47 2,0 ±, T 695 8-22 4,0 ±,08 2,3 ± 0,63 T 22 3-3,7 ±,45 4,3 ± 0,48 JPM 57 3,5 ±,9 3,5 ± 0,7 T 295 3-2 3,3 ± 0,85,8 ± 0,44 CNPA 7H 3,0 ± 0,9,3 ± 0,56 HR 02 2,7 ± 0,67 4,7 ±,20 T 94 274 2,3 ± 0,88,7 ± 0,5 T 277 2-6 2,0 ± 0,58,3 ± 0,58 T 267-2-4,7 ± 0,33 4,0 ± 0,63 F 0,78 ns,8 ns CV(%) 30,48 34,39 ns Não Significativo Dados originais; para análise foram transformados em (x + 0,5) /2. ausência de preferência para oviposição nos genótipos avaliados. R. H. Oliveira (informação pessoal) também não constatou diferença estatística entre os dados de oviposição nos genótipos com os quais trabalhou, em Campina Grande, PB; entre eles encontravam-se CNPA 92-2 e CNPA 92-3. Resultado semelhante, com o genótipo T 953 3-4-2, também já havia sido constatado por Lukefahr et al. (984) em Surubim, PE. Preferência para alimentação: Nos testes de preferência para alimentação, com chance de escolha, as larvas recém-emergidas mostraram menor consumo do genótipo CNPA 92-3 (4,32 mg), diferindo significativamente do consumo verificado em STO 285 N (8,88 mg), que foi o mais consumido (Tabela 2). Nos demais genótipos o consumo foi intermediário e não diferiu dos dois extremos. Com larvas de terceiro ínstar, o genótipo T 953 3-4-2 foi o menos consumido (2,95 mg), seguido pelo CNPA 92-3 (4,60 mg), o qual não mostrou diferença significativa com os tratamentos CNPA 92-2 (7,95 mg) o mais consumido, seguido do STO 285 N (7,79 mg). Deve-se ressaltar que no genótipo T 953 3-4-2 já foi constatada resistência a A. argillacea, do tipo antibiose (Lukefahr et al. 984). Em teste sem chance de escolha, com larvas recém-emergidas (Tabela 3), o CNPA 92-3 (4,87 mg) foi o menos consumido e STO 285 N (0,38 mg) o mais consumido. Tal resultado foi semelhante ao obtido nos testes com chance de escolha, com larvas recém-emergidas. Com larvas de terceiro

Dezembro, 999 An. Soc. Entomol. Brasil 28(4) 743 Tabela 2. Peso seco (±EP) de discos foliares de genótipos de algodoeiro consumido por larvas de A. argillacea, em teste com chance de escolha. Jaboticabal, SP, 997. Tratamentos Consumo (mg) por larvas de Primeiro ínstar Terceiro ínstar STO 285 N 8,88 ±,29 a 7,79 ±,4 a CNPA 92-2 7,9 ±,07 ab 7,95 ±,4 a JPM 57 7,88 ± 0,89 ab 4,7 ± 0,94 ab T 22 3-7,7 ±,04 ab 7,24 ±,52 ab T 953 3-4-2 6,68 ± 0,89 ab 2,95 ± 0,64 b CNPA 92-3 4,32 ± 0,69 b 4,60 ±,2 ab F 2,49* 3,59* CV(%) 3,99 42,25 * Significativo a 5% de probabilidade. Dados originais; para análise foram transformados em (x + 0,5) /2. ínstar, embora aparentemente o consumo no genótipo CNPA 92-3 tenha sido menor, não foi observada diferença significativa enpreferência alimentar, mostrando que ele apresenta resistência do tipo não-preferência para alimentação, mecanismo esse revelado Tabela 3. Peso seco (±EP) de discos foliares de genótipos de algodoeiro consumido por larvas de A. argillacea, em teste sem chance de escolha. Jaboticabal, SP, 997. Tratamentos Consumo (mg) por larvas de Primeiro ínstar Terceiro ínstar STO 285 N 0,38 ±,27 a 6,89 ± 089 T 22 3-8,52 ± 0,74 ab 6,84 ± 0,90 T 953 3-4-2 7,68 ± 0,77 abc 5,55 ± 0,90 JPM 57 7,63 ±,07 abc 7,27 ± 0,7 CNPA 92-2 6,2 ±,2 bc 6,83 ± 0,93 CNPA 92-3 4,87 ± 0,93 c 4,99 ± 0,76 F 3,98*,26 ns CV(%) 30,39 30,36 Dados originais; para análise foram transformados em (x + 0,5) /2. ns Não significativo. * Significativo a 5% de probabilidade. tre os genótipos. Através desses resultados observa-se que o genótipo CNPA 92-3 ficou entre os menos consumidos em todos os testes para por larvas de primeiro ínstar. Agradecimentos Os autores expressam seus agradeci-

744 mentos ao CNPq e à CAPES pelas bolsas de Produtividade em Pesquisa e de Mestrado, concedidas ao primeiro e segundo autores, respectivamente. Literatura Citada Bleicher, E., 982. Resistência de genótipos de algodoeiro ao curuquerê, Alabama argillacea (Huebner, 88) Lepidoptera - Noctuidae. An. Soc. Entomol. Brasil :97-202. Jenkins, J.N., F.G. Maxwell & H.N. Lafever. 966. Comparative preference of insects for glanded and glandless cottons. J. Econ. Entomol. 59:352-356. Lara, F.M. 99. Princípios de resistência de plantas a insetos. 2 ed. São Paulo, Ed. Ícone. 336 p. Lukefahr, M.J., R. Braga Sobrinho & R. de M. Vieira. 984. Texas 953, Gossypium hirsutum L. como fonte de resistência ao curuquerê do algodoeiro Alabama argillacea Huebner. Campina Grande: EMBRAPA CNPA, p. (Boletim de Pesquisa, 6). Lukefahr, M.J., C.B. Cowan, T.R. Pfrimmer & L.W. Noble. 966. Resistance of experimental cotton strain 54 to the bollworm and cotton leafhopper. J. Econ. Entomol. 59:393-395. Lara et al. Lukefahr, M.J. & C. L. Rhyne. 960. Effects of nectariless cottons on populations of three lepidopterous insects. J. Econ. Entomol. 53:242-244. Lukefahr, M.J., D.F. Martin & J.R. Meyer. 965. Plant resistance to five lepidoptera attacking cotton. J. Econ. Entomol. 58:56-58. Montandon, R., H.J. Williams, W.L. Sterling, R.D. Stipanovic & S.B. Vison. 986. Comparison of the development of Alabama argillacea and Heliothis virescens fed glanded and glandless cotton leaves. Environ. Entomol. 5:28-3. Penna, J.O.V., J. Fallieri & L. Ferreira. 989. Avaliação de 5 raças primitivas de algodoeiro quanto a antibiose ao curuquerê. Pesq. Agropec. Brasil. 24:033-036. Seara, H.S. 970. Perdas causadas pelo curuquerê (Alabama argillacea Huebner) e pelo ácaro do bronzeamento (Heterotergum gossypii Kefer) na cultura do algodão mocó. Pesq. Agropec. Nordeste 2:5-. Recebido em 25//98. Aceito em 20/09/99.