8º Congresso de Pós-Graduação UMA EXPERIÊNCIA DE PARCERIA ENTRE EMPRESAS DO SETOR DE CERÂMICA VERMELHA E ESTUDANTES DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA.



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Transcrição:

8º Congresso de Pós-Graduação UMA EXPERIÊNCIA DE PARCERIA ENTRE EMPRESAS DO SETOR DE CERÂMICA VERMELHA E ESTUDANTES DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITETURA. Autor(es) FERNANDA DE ANGELE FERREIRA Orientador(es) SÍLVIA HELENA CARVALHO RAMOS VALLADÃO DE CAMARGO 1. Introdução Com a globalização, surge um novo cenário mercadológico, a abertura da economia e instalação de empresas internacionais no Brasil torna a concorrência ainda mais acirrada, em um mercado globalizado os empresários e gestores brasileiros passam a viver uma nova realidade e enfrentar novos desafios. Na década de 90, os produtos importados chegaram para competir com os produtos nacionais, oferecendo tecnologia, qualidade e soluções rápidas a baixo custo, a competitividade não dá espaço para a falta de qualidade e produtividade, surgem novos modelos de gestão, o empresário brasileiro precisou acompanhar essas mudanças, uma nova cultura precisou ser incorporada ao processo produtivo. O setor cerâmico brasileiro começou a passar por dificuldades financeiras, consequência da intensa expansão no Brasil de grandes empresas mundiais, que inseriram no mercado produtos importados e substitutos, ou seja, aqueles feitos a partir de outras matérias-primas, mas que atendem as mesmas necessidades que os produtos feitos de cerâmica vermelha, dentre esses substitutos encontramos o cimento, o plásticos PVC, o vidro e o gesso, assim ocasionando uma acirrada disputa com os fabricantes nacionais. (ACERTAR, 2005) Na década seguinte, 2000, a situação financeira se tornou insustentável para todo o setor cerâmico de tubos, telhas, blocos e lajotas, empresas como Knauf, Guardian Brasil, Saint-Gobain e Lafarge Gypsum se fortalecem no Brasil e o setor cimenteiro que se concentra em poucas empresas de grande porte e com forte lobby junto aos órgãos do governo e a órgãos regulamentadores como Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), se fortalece no mercado e desenvolve várias ações de marketing na divulgação de seus produtos através de ações da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). (ESTUDOS DE MERCADO SEBRAE, 2010) O setor cerâmico encontrava-se numa situação que os economistas chamam de concorrência perfeita, ou seja, um grande número de empresas produzindo o mesmo produto com custos semelhantes; existência de um grande número de consumidores com a mesma informação sobre a oferta existente no mercado; existência de homogeneidade nos produtos ou serviços oferecidos e inexistência de barreiras à entrada ou à saída de empresas no mercado. Não existindo qualquer incentivo para praticar um preço diferente do preço de mercado, se uma empresa pratica um preço mais elevado, perderá imediatamente toda a procura, pois, os seus produtos são homogêneos aos da concorrência, por outro lado, se pratica um preço abaixo do que o preço de mercado, não resistirá por muito tempo, pois, numa situação de concorrência perfeita, o preço de mercado corresponde a uma situação de lucro econômico nulo, um preço mais baixo originará uma acumulação de prejuízos não sustentáveis no longo prazo.

Vislumbrava-se uma oportunidade de recuperar as perdas, ou seja, desenvolver atividades voltadas para o aumento da rentabilidade, adequação do mix de produtos, marketing, logística, qualidade, relacionamento com os clientes, qualificação profissional e expansão para novos negócios, entre outras. Nesse cenário, em 2006, algumas associações cerâmicas existentes, a ACERTAR (Associação de Cerâmica Vermelha de Tatuí e região) ACERVIR (Associação de Cerâmica Vermelha de Itú e região), ACERTUBOS (Associação Latino Americana dos Fabricantes de Tubos Cerâmicos) e ANICER (Associação Nacional de Cerâmica) resolveram se unir e buscar soluções em conjunto, estabelecendo à partir dessa união inicial outras alianças com sindicatos, órgãos governamentais e instituições de ensino que resultaram em ações que contribuíram para o desenvolvimento de todos envolvidos. 2. Objetivos Esta pesquisa se propõe a apresentar e compartilhar uma experiência de integração entre empresa-universidade onde a empresa divulga seus produtos, tecnologias e contribui para o conhecimento técnico de alunos da graduação de engenharia civil e arquitetura sobre alvenaria de vedação e estrutural com materiais de cerâmica vermelha. 3. Desenvolvimento Em 1934, o professor G. F. Gause, da Universidade de Moscou, conhecido como o pai da biologia matemática, publicou os resultados de um conjunto de experiências nas quais colocava colônias de animais muito pequenos (protozoários) do mesmo gênero em um frasco com uma quantidade adequada de nutrientes. Se os animais fossem de espécies diferentes, conseguiam sobreviver e continuar vivos em conjunto, se fossem da mesma espécie, não conseguiam. Essa observação conduziu ao Princípio de Gause da Exclusão Competitiva: duas espécies que conseguem seu sustento de maneira idêntica não podem coexistir. (HENDERSON, 1998, p.3) Porter (1999, p. 63) define que estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades, escolher atividades diferentes de seus concorrentes. Para uma empresa ter um desempenho acima da média a longo prazo, é necessário criar uma vantagem competitiva sustentável, existem dois tipos básicos de vantagem competitiva que uma empresa pode possuir: baixo custo ou diferenciação. (Porter, 1989, p.9) O valor nasce quando uma empresa cria vantagem competitiva para o seu comprador, reduzindo seu custo ou elevando seu desempenho, que deve ser, contudo, percebido por ele, para que seja recompensado com um preço-prêmio, o que significa que as empresas devem comunicar seu valor aos compradores por meio de propaganda ou pela força de vendas. (PORTER, 1989, p. 48). Se um homem... fizer uma ratoeira melhor que a de seu vizinho, mesmo que ele tenha construído sua casa na floresta, o mundo fará uma trilha de terra batida até sua porta estas palavras, atribuídas a Ralph Waldo Emerson em uma de suas conferências no século XIX, parecem conter uma antevisão dos grandes chamamentos que surgiram no século seguinte: gerencie no sentido da singularidade, desenvolva uma competência que o distinga, crie uma vantagem competitiva. (GHEMAWAT, 1998, p. 29) 3.1 Alianças Estratégicas Para Wright et al. (2000, p. 145) as alianças estratégicas podem ser realizadas por motivos políticos, econômicos ou tecnológicos e as alianças têm duas principais vantagens, primeiro por poder continuar independente e separada, há pouco aumento do custo burocrático e de coordenação, segundo cada empresa pode se beneficiar com a aliança estratégica sem assumir sozinha custos e riscos de explorar novas oportunidades de negócios e uma desvantagem das alianças é que um parceiro pode receber mais do que oferece, possuem menos conhecimentos tecnológicos e recebem conhecimentos recentes igualmente a todos os parceiros para competir igualmente no mercado. Porter (1989, p.52) observa que as coalizões se prestam bem à ampliação do escopo da empresa sem que haja necessidade de ampliar concretamente sua presença no mercado, compartilhando atividades de uma cadeia de valores. Assim, são considerados pelo autor dois tipos de coalizões: as coalizões verticais e as coalizões horizontais. As coalizões verticais ocorrem entre fornecedores (para trás

ou a montante) e clientes (para frente ou a jusante), as horizontal ocorrem entre concorrentes, como por exemplo, uma parceria com outra empresa da mesma indústria para realização de marketing em conjunto. As relações intra e interempresas, principalmente as envolvendo pequenas e médias organizações é uma das principais tendências que vêm se intensificando na economia moderna, a formação e o desenvolvimento de redes de empresas estão ganhando relevância em países industrializados, como, Itália, Japão e Alemanha como também em países emergentes, como México, Chile, Argentina e o Brasil. (AMATO NETO, 2008, p.34) O Brasil enfrenta problemas de desemprego, problemas sociais crônicos especialmente com a distribuição de renda, o desenvolvimento econômico local ou sistema produtivo local pode ser a saída para o país superar esses problemas, gerando empregos, aumentando a produtividade e consequentemente, a qualidade de vida da população. (CASAROTTO FILHO e PIRES, 2001, p.23) O Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE) em parceria com algumas confederações de indústrias como a de São Paulo e Minas Gerais, e recentemente com o Poder Público, com seus governos estaduais e com o governo federal, definiu como prioritário em seu Plano Plurianual (PPA) ações para os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e sua Política Industrial. (GERENCIA DE PROJETOS DE COMPETITIVIDADE E TECNOLOGIA, 2010, p.06) No Brasil, em 2002, as micro, pequenas e médias empresas representam 99% das empresas, 64% do pessoal ocupado e apenas 35% do valor adicionado, se comparado com os EUA, o número de empresas representa 98%, com 74% do pessoal ocupado e 65% de valor adicionado. Como podemos ver, a diferença de produtividade em relação ao tamanho é enorme e pode ser trabalhada. (GERENCIA DE PROJETOS DE COMPETITIVIDADE E TECNOLOGIA, 2005, p. 7) 4 Metodologia Esta pesquisa é qualitativa (de campo) e compreende uma leitura exploratória (investigação bibliográfica) sobre os temas: aliança, vantagem competitiva e estratégia. É também um estudo comparativo com uma pesquisa descritiva no formato estudo de caso realizado junto à 3 associações, entidades que congregam pequenas indústrias cerâmicas do interior do Estado de São Paulo, realizada com objetivo de identificar as dificuldades vividas pelo grupo, levantar dados sobre algumas estratégias desenvolvidas e os resultados obtidos. 4.1 Estratégia de Coleta e Análise de Dados Quanto à coleta de dados sobre as dificuldades vividas pelo grupo, estratégias desenvolvidas e resultados obtidos serão considerados dados fornecidos pelo próprio grupo através de registros, documentos e observação do participante. 5. ESTUDO DE CASO Com o objetivo de buscar uma maior divulgação do setor e dos materiais de cerâmica vermelha, as associações ACERTAR, ACERVIR e ACERTUBOS buscaram apoio da FIESP, SENAI, SINDUSCON-SP para a participação em uma importante feira do setor da construção civil, a FEICON (Feira Internacional da Construção) o que resultou em 2006, na construção de uma casa cerâmica de 60m², o que atraiu a atenção de milhares de pessoas, profissionais e estudantes, que não conheciam o bloco cerâmico estrutural e nem o sistema construtivo estrutural, que consiste em uma construção que proporciona uma economia de até 30% no custo final da obra e por se tratar de blocos cerâmicos o conforto térmico e acústico é superior aos produtos concorrentes. Durante essa exposição em 2006, o setor cerâmico tomou conhecimento que os profissionais relacionados a construção civil de forma geral e estudantes da área tinham pouco conhecimento sobre os produtos e sua tecnologia, pois, na grade curricular, recebem informações apenas sobre os materiais de cimento, devido ao forte lobby que o setor cimenteiro tem junto a essas instituições. Após a feira uma das ações adotadas foi de parceria entre empresa-universidade, onde estudantes de engenharia civil e arquitetura visitam uma das empresas associadas, conhecem todo o processo produtivo e recebem informações de um engenheiro técnico responsável sobre o mix de produtos e sua aplicação. Outra ação desenvolvida é a participação nas universidades através de palestras e divulgação de um vídeo que foi desenvolvido pela ANICER (Associação Nacional de Cerâmica) que mostra passo-a-passo de uma construção utilizando o sistema construtivo estrutural.

Com a finalidade de divulgação e fortalecimento do setor, a estratégia de construção da casa cerâmica se repetiu em 2008, 2009 e 2010, foi registrada a marca Casa Cerâmica e criado um site onde se encontra diversas informações sobre os produtos e tecnologia, www.casaceramica.com.br. 4. Resultado e Discussão São inúmeras as vantagens proporcionadas pelas alianças, no entanto, as principais vivenciadas pelas associações em parceria com as instituições de ensino são: a) divulgação de novas tecnologias; b) troca de experiências; c) compartilhamento de informações; d) contribuição para a especialização da mão-de-obra; e) melhoria da reputação do setor; f) maior acesso a instituições; g) maior atenção de programas governamentais; h) maior valorização do produto pelos clientes. 5. Considerações Finais Através dessa experiência, pode-se observar que quando o grupo se une em torno de um mesmo objetivo consequentemente se fortalece, através do know-how que possui sobre um mesmo assunto acabam encontrando as melhores soluções para alcançar esse objetivo, e quando não encontram essa solução, em grupo, fica mais fácil comprar por ela, seja algo intangível como uma consultoria, ou tangível como a participação em uma importante feira da construção civil, porque as despesas são rateadas pelo grupo, sozinha as empresas não seriam capazes de desenvolvê-las. Percebe-se que, as atividades desenvolvidas em grupo, tem seus esforços divididos e seus resultados multiplicados. O estudo comprova que as alianças formadas entre os empresários ceramistas concorrentes, é fundamental para o sucesso do setor, através das ações desenvolvidas em conjunto o setor adquiriu vantagem competitiva e os resultados obtidos ilustram que as alianças estratégias possibilitaram a superação de dificuldades das empresas. Referências Bibliográficas ACERTAR. Depoimento verbal dado pelos ceramistas em reuniões administrativas. 2005. AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais. Oportunidades para as pequenas e médias empresas. 1 ed. São Paulo: Atlas: Fundação Vanzolini, 2008. 163 p. ANICER. Associação Nacional de Cerâmica. g=institucional.asp&secao=3&categoria=60&selmenu=3> Acesso em 27 jul. 2010. CASAROTTO FILHO, N. e PIRES, L. H. Redes de Pequenas e Médias Empresas e Desenvolvimento Local: estratégias para a conquista da competitividade global com base na experiência italiana. 2 ed., São Paulo: Atlas, 2001.173 p. ESTUDOS DE MERCADO SEBRAE / ESPM. Cerâmica Vermelha para construção: telhas, tijolos e tubos. D32DE1BCB832574C1004E1EC5/$File/NT00038DA6.pdf> Acesso em: 21 abr. 2010. GERENCIA DE PROJETOS DE COMPETITIVIDADE E TECNOLOGIA. Experiências dos APLs da Fiesp. Disponível em: downloads/apl.pdf> Acesso em: 21 abr. 2010. GHEMAWAT, P. Vantagem sustentável. In: MONTGOMERY, C. A.; PORTER, M. E. (Coord.). Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Tradução de Bazan tecnologia e lingüística. 18. ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. 501 p. HENDERSON, B. D. O que o mundo dos negócios deve a Darwin e outras reflexões sobre a dinâmica da competição. In:

MONTGOMERY, C. A.; PORTER, M. E. (Coord.). Estratégia: a busca da vantagem competitiva. Tradução de Bazan tecnologia e lingüística. 18.ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. 501 p. PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DAS INDÚSTRIAS CERÂMICAS DE TATUÍ E REGIÃO. Disponível em: Acesso em: 21 abr. 2010. PORTER. M. E. Vantagem Competitiva: Criando e sustentando um desempenho superior. Tradução de Elizabeth Maria de Pinho Braga. Revisão técnica de Jorge A. Garcia Gomes. 35. ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 1989. 512 p.. Competição. On competition: estratégias competitivas essenciais. Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. 6. ed., Rio de Janeiro: Campus, 1999. 515 p. WRIGHT, P. KROLL, M. J. e PARNELL, J. Administração estratégica: conceitos. Tradução Celso A. Rimoli e Lenita R. Esteves. São Paulo: Atlas, 2000. 433 p.