CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS MAYARA DE SOUSA DA MARCENA ÍNDICE DE EVASÃO EM UM PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL DA REGIÃO AMAZÔNICA

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Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS MAYARA DE SOUSA DA MARCENA ÍNDICE DE EVASÃO EM UM PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL DA REGIÃO AMAZÔNICA Porto Velho 2016

MAYARA DE SOUSA DA MARCENA ÍNDICE DE EVASÃO EM UM PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL DA REGIÃO AMAZÔNICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário São Lucas, como requisito de aprovação para obtenção do Título de Bacharel em Fonoaudiologia Orientadora: Prof. M.ª Fernanda Soares Aurélio Patatt. Porto Velho 2016

MAYARA DE SOUSA DA MARCENA ÍNDICE DE EVASÃO EM UM PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL DA REGIÃO AMAZÔNICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário São Lucas, como requisito de aprovação para obtenção do Título de Bacharel em Fonoaudiologia Orientadora: Prof. M.ª Fernanda Soares Aurélio Patatt. Porto Velho, 05 de dezembro de 2016. Avaliação/Nota: BANCA EXAMINADORA M.ª Virginia Braz da Silva Centro Universitário São Lucas Esp. Tamier Viviane Souza Costa Centro Universitário São Lucas M.ª Fernanda Soares Aurélio Patatt Centro Universitário São Lucas

ÍNDICE DE EVASÃO EM UM PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL DA REGIÃO AMAZÔNICA 1 Mayara de Sousa Da Marcena 2 RESUMO: O presente estudo objetivou verificar o índice de evasão no reteste, bem como ao final do diagnóstico no programa de Triagem Auditiva Neonatal do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro e relacionar este índice com a presença de indicador de risco para a deficiência auditiva, com o local de internação do neonato e com a procedência materna. Além disso, buscou constatar o indicador de risco para a deficiência auditiva mais prevalente de acordo com a adesão ou não ao programa. Tratase de um estudo quantitativo, transversal, realizado no período de maio a julho de 2016, do qual participaram 652 neonatos. Realizou-se a coleta das variáveis de interesse mediante entrevista com as genitoras ou responsáveis pelos neonatos, investigação nos prontuários dos recém-nascidos, bem como no banco de dados da TAN do hospital supracitado e da clínica Limiar. Dentre os neonatos que falharam na primeira triagem (n=84; 12,9%), 74 deveriam retornar para realizar reteste, sendo que 59,5% (n=44) retornou e 40,5% (n=30) não compareceu. Ao final da etapa de diagnóstico, constatouse que 73,8% dos neonatos aderiram ao programa e 26,2% evadiram do programa. Evidenciou-se maior evasão de neonatos com indicador de risco para a deficiência auditiva, provenientes da unidade neonatal (p<0,001), cujas mães são provenientes do interior do estado (p=0,028). O indicador de risco mais prevalente na amostra foi a utilização de medicação ototóxica. Pode-se concluir que o índice de evasão na amostra estudada foi 26,2%, achado que mostrou relação com a presença de indicador de risco para a deficiência auditiva, o local de internação dos neonatos, bem como com a procedência materna, sendo a utilização de medicação ototóxica o indicador de risco mais prevalente, tanto dentre os recém-nascidos que aderiram quanto dentre os que evadiram do programa. Palavras-chaves: Recém-Nascido; Indicador de Risco; Triagem Neonatal; Testes Auditivos. ABSTRACT: This study aimed to verify the evasion rate during retest, as well as to the end of the diagnosis in the Neonatal Hearing Screening Program of Dr. Ary Pinheiro Base Hospital, and to relate this rate to the presence of a risk indicator for hearing impairment, with neonate s place of stay and with the maternal origin. Furthermore, this research sought to verify the risk indicator for the most prevalent hearing loss in accordance with to whether or not to join the program. It is a quantitative and cross-sectional study carried out from May to July 2016, in which 652 neonates have participated. The variables of interest were collected through interviews with the mothers or guardians of the neonates, investigation in the medical records of the newborns, as well as in the TAN database of the abovementioned hospital and from Limiar clinic. Among the neonates who failed in the first screening (n=84, 12.9%), 74 were expected to return to retest, while 59.5% (n=44) returned and 40.5% (n = 30) did not attend. At the end of the diagnostic phase, it was found that 73.8% of the neonates joined the program and 26.2% evaded. It was evidenced a higher evasion in neonates with a risk indicator for hearing impairment, from the neonatal unit (p <0.001), whose mothers came from the interior of the state of Rondônia (p = 0.028). The most prevalent risk indicator in the sample was the use of ototoxic medication. It can be concluded that the rate of evasion in the sample studied was 26.2%. This finding was related to the presence of a risk indicator for hearing impairment, with neonate s place of stay, as well as maternal origin. In addition, the use of ototoxic medication is the most prevalent risk indicator, both among newborns who joined to and among those who evaded the program. Keywords: Newborn; Risk Indicator; Neonatal screening; Hearing Tests. 1 Artigo apresentado no curso de graduação em Fonoaudiologia do Centro Universitário São Lucas 2016, como requisito parcial para conclusão do curso, sob orientação da professora Mestre Fernanda Soares Aurélio Patatt. Email: fernanda.aurelio@saolucas.edu.br. 2 Mayara de Sousa Da Marcena, graduanda em Fonoaudiologia do Centro Universitário São Lucas 2016. Email: mayara_fono@outlook.com.

5 1 INTRODUÇÃO A audição normal é essencial para a aquisição de fala e linguagem, tornando-se o elemento principal para que a criança se desenvolva oralmente. Diante disso, faz-se necessário realizar a triagem auditiva neonatal (TAN) que tem como objetivo detectar precocemente uma perda auditiva, a qual é capaz de afetar a qualidade de vida e o desenvolvimento da criança de uma forma geral (GATANU, 2016), visto que compromete a cognição, a linguagem, o desenvolvimento escolar, acadêmico e socioemocional deste indivíduo (JCIH, 2007). O Ministério da Saúde recomenda a realização da TAN antes da alta hospitalar, preferivelmente entre as primeiras 24 e 48 horas de vida e, no máximo, durante o primeiro mês de vida, exceto em casos que a saúde do recém-nascido esteja comprometida e impedindo a realização dos exames (BRASIL, 2012). As três etapas preconizadas para programas de TAN (triagem, diagnóstico funcional e reabilitação) fazem parte de um processo contínuo e indissociável, para que se alcance o desfecho esperado em crianças com perdas auditivas permanentes. A primeira etapa (triagem) consiste no teste e reteste da função auditiva, sendo sucedida das etapas de diagnóstico e reabilitação. A TAN sem as etapas subsequentes não será efetiva (BRASIL, 2012). A evasão, tanto no reteste da TAN quanto na etapa subsequente, atrasa o diagnóstico de deficiência auditiva, postergando o início da intervenção e influenciando negativamente no desenvolvimento da criança. Estudos desenvolvidos em programas de TAN de Passo Fundo (RS), Canoas (RS), Porto Velho (RO), Belo Horizonte (MG), Vila Velha e Vitória (ES) constataram índices de evasão no reteste de 26%, 24%, 24,3%, 27,9% e 46,3%, respectivamente (GATTO, 2006; FAISTAUER et al., 2012; BOTELHO et al., 2010; MOURA et al., 2015; BARREIRA-NILSEN et al., 2007), tendo os programas de Passo Fundo (RS) e de Belo Horizonte (MG) registrado índice de evasão ao final do programa de 14,22% e 48,6%, nesta ordem (GATTO, 2006; MOURA et al., 2015). Pesquisa realizada no hospital público referência da capital de Rondônia apontou índice de evasão no diagnóstico de 57,7%, apesar do índice de evasão no reteste ter se mostrado inferior aos supracitados (12,5%) (SILVA, 2014).

6 Em contrapartida, apesar do elevado índice de evasão no reteste, evidenciado nos programas desenvolvidos em Vila Velha e Vitória (ES), não foi verificada evasão dentre os RN encaminhados para o diagnóstico (BARREIRA- NILSEN et al., 2007). Estudo desenvolvido no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo (RS), constatou que o índice de evasão dentre os neonatos com indicador de risco para deficiência auditiva (IRDA) mostrou-se maior, tanto no reteste quanto na etapa de diagnóstico, quando comparado ao índice de evasão dos neonatos sem IRDA (GATTO, 2006). No entanto, estudo realizado em um hospital secundário da cidade de São Paulo, mostrou que o índice de evasão foi maior dentre os RN advindos do alojamento conjunto (44%) quando comparado ao índice de evasão dos RN da unidade neonatal (26,6%) (AZEVEDO, et al., 2004). Estudo desenvolvido no período de agosto de 2012 a agosto de 2013, em Porto Velho (RO), não encontrou relação entre a evasão na etapa de diagnóstico e a procedência materna, sendo a evasão de RN de mães da capital de Rondônia, de 47% e de RN de mães provenientes do interior do estado, de 53% (SILVA, 2014). Segundo a literatura compilada os motivos da evasão podem estar relacionados ao nível de escolaridade materno (BARREIRA-NIELSEN et al., 2007), a falta de conhecimento dos pais e/ou responsáveis quanto a importância da detecção precoce da deficiência auditiva, a dificuldade em adequar a rotina diária com o prazo definido para o reteste e avaliação diagnóstica (FERNANDES e NOZAWA, 2010; ALVARENGA et al., 2012), a pouca importância atribuída às questões relacionadas à audição e a TAN (MELLO et al., 2013) e até mesmo ao esquecimento (TAKISHIMA et al., 2014). Os IRDA mais prevalentes em estudos realizados em programas de TAN de diferentes estados brasileiros são: medicamentos ototóxicos, permanência em UTIN, prematuridade, histórico de surdez na família, ventilação mecânica e infecções congênitas (DURANTE et al., 2004; PEREIRA et al., 2007; AMADO et al., 2009; ONODA et al., 2011; DIDONÉ et al.2013. O Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP), em Porto Velho (Rondônia), conta com o programa de TAN desde 2002, sendo este desenvolvido pela clínica de Avaliação e Reabilitação da Audição LIMIAR, que é uma clínica privada conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), até fevereiro de 2015. A partir desta data, a primeira etapa do programa (triagem teste e reteste) passou a ser de

7 responsabilidade do próprio hospital, sendo as etapas de diagnóstico e intervenção de responsabilidade da referida clínica. Este programa, desde o princípio, busca respeitar os padrões de qualidade exigidos para programas de TAN, porém ainda não se tem conhecimento dos índices de evasão, principalmente ao final da etapa de diagnóstico, após as modificações supracitadas. Portanto, fez-se necessária a realização desse estudo, afim de evidenciar os índices de evasão, fornecendo assim, informações para que estratégias sejam criadas a fim de diminuir tais números. Sendo assim, o presente estudo objetivou verificar o índice de evasão no reteste, bem como ao final da etapa de diagnóstico do programa de TAN do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP) e relacionar este índice com a presença de indicador de risco para a deficiência auditiva (IRDA), com o local de internação do neonato e com a procedência materna. Além disso, buscou-se constatar o IRDA mais prevalente de acordo com a adesão ou não ao programa. 2 MÉTODOS Trata-se de um estudo quantitativo de caráter transversal, avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos sob o número 1.498.361. O mesmo foi desenvolvido entre o período de 16 de maio a 31 de julho de 2016, no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP) e na Clínica de Avaliação e Reabilitação da Audição Limiar, ambos em Porto Velho Rondônia. O primeiro trata-se de um hospital público referência no atendimento a gestantes e neonatos de alto risco advindos da capital, interior do estado além de estados vizinhos, sendo o responsável pela primeira etapa (teste e reteste) do programa de TAN. Já, a clínica Limiar é a instituição responsável pelas etapas de diagnóstico e intervenção do referido programa. A primeira etapa do programa de TAN (teste e reteste, quando necessário) é realizada antes da alta hospitalar, através do registro das Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) e, em caso de falha em RN de baixo risco, é solicitado retorno em 15 dias. Os RN de alto risco, que passam na TAN, são encaminhados para a clínica

8 Limiar para a realização do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico Automático (PEATE-A), em virtude da presença de IRDA, respeitando o recomendado para RN de alto risco (JCIH, 2007; LEWIS et al., 2010, BRASIL, 2012). Já, os neonatos de alto risco que falham, são encaminhados diretamente para avaliação diagnóstica, também na clínica Limiar, sem realização de reteste. Para a composição da amostra da presente pesquisa, foram considerados os seguintes critérios de inclusão: RN do ALCON e da unidade neonatal do HBAP, que realizaram a TAN no período da coleta de dados, cujos pais ou responsáveis consentiram com sua participação assinando o TCLE. Para a realização do cálculo amostral, utilizou-se como base o número médio de RN triados no período de quatro meses no referido hospital (n=1200), tempo estimado para a coleta de dados. Adotando-se um erro de 5% e um nível de confiança de 95% chegou-se a um tamanho amostral de 292 recém-nascidos. Foram abordados 658 pais ou responsáveis, os quais concordaram com a participação do neonato no presente estudo. Destes, 6 foram excluídos devido ausência das variáveis de interesse no prontuário do RN e/ou da genitora. Diante disso, a amostra foi composta por 652 RN. As mães ou responsáveis pelos RN do ALCON foram abordados no dia da realização da TAN, a fim de receber explicações sobre os objetivos, a relevância e os procedimentos empregados no presente estudo e assinar o TCLE. Na unidade neonatal, as mães eram abordadas, com os mesmos objetivos, durante o horário de visita, em virtude de as mesmas já terem recebido alta hospitalar. Após o consentimento, deu-se início a entrevista com os mesmos a fim de obter informações como: histórico familiar de deficiência auditiva na infância, consanguinidade, cidade de procedência materna, tabagismo, uso de drogas ilícitas, uso de bebidas alcoólicas e ocorrência de infecções congênitas (rubéola, toxoplasmose, Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), hepatite B e C, herpes, sífilis, citomegalovírus), todas durante o período gestacional. Em seguida, foi realizada a coleta nos prontuários dos RN a fim de obter informações referentes ao local de internação (alojamento conjunto ou unidade neonatal), ocorrência de IRDA e resultado da TAN. Posteriormente, as pesquisadoras realizaram a investigação no banco de dados da TAN a fim de confirmar os resultados da triagem registrados nos prontuários do RN, coletar os resultados nos casos em que os mesmos não

9 constavam registro nos prontuários, buscar o resultado da TAN dos RN que falharam no primeiro teste e voltaram para reteste após a alta hospitalar, bem como coletar a conduta fonoaudiológica após a TAN (reteste, encaminhamento para PEATE-A ou encaminhamento para diagnóstico). Ao final, foram coletados no banco de dados da clínica Limiar, os resultados do PEATE-A dos neonatos encaminhados devido a presença de IRDA, bem como os resultados da avaliação diagnóstica dos RN encaminhados em virtude da falha na TAN. Todos os dados compilados foram registrados no formulário de coleta (APÊNDICE A) proposto por Silva (2014) e adaptado pelas pesquisadoras, com a finalidade de garantir a organização e manter a qualidade da coleta. Após, foram tabulados em planilhas do Excel e submetidos aos testes estatísticos Igualdade de Duas Proporções e Qui-Quadrado, ambos com nível de significância de 5% (p 0,05). O teste estatístico Igualdade de Duas Proporções foi utilizado a fim de verificar o índice de evasão no reteste e ao final da etapa de diagnóstico, bem como o tipo de IRDA de acordo com a adesão ou não ao programa. Já, o teste estatístico Qui-Quadrado foi utilizado para verificar a relação entre o índice de evasão com as variáveis presença de IRDA, local de internação e procedência materna. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 652 RN que fizeram parte da pesquisa, 87,1% (n=558) passou e 12,9% (n=84) falhou no primeiro teste realizado com Emissões Otoacústicas Evocadas Transientes (EOAT). Dentre os 84 RN que falharam na primeira triagem com EOAT, 74 deveriam retornar para realizar reteste, sendo que destes, 59,5% (n=44) retornou e 40,5% (n=30) não compareceu. O índice de comparecimento ao reteste mostrouse significativo quando comparado a evasão (p=0,021). Ainda que o índice de retorno dos neonatos para o reteste tenha demonstrado significância, a presente pesquisa evidenciou que o índice de evasão no reteste foi superior ao encontrado em estudos desenvolvidos em programas de TAN de um hospital privado da cidade de Passo Fundo (RS), de Hospitais Universitários de Canoas (RS) e Santa Maria (RS) e de hospitais públicos de Porto Velho (RO) e Belo Horizonte (MG), os quais registraram, respectivamente, índices

10 de evasão no reteste de 26%, 24%, 28,1%, 24,3% e 27,9% (GATTO, 2006; FAISTAUER et al., 2012; DIDONÉ et al., 2013; BOTELHO et al., 2010; MOURA et al., 2015). Porém, encontrou índice de evasão no reteste inferior ao constatado em estudo realizado em duas maternidades públicas do estado do Espírito Santos (Vila Velha e Vitória), que apontou índice de 46,3% (BARREIRA-NILSEN et al., 2007). O índice de RN que finalizaram a etapa de diagnóstico foi significativamente maior do que o índice de evasão (Tabela 1). Porém, apesar de não ser um indicador de qualidade, julga-se que a evasão foi elevada, visto que 26,2% dos RN que iniciaram as etapas recomendadas não as finalizaram, ou seja, não se tem conhecimento da audição destes neonatos. Tabela 1: Distribuição dos neonatos quanto a adesão ao programa de Triagem Auditiva Neonatal do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro N % P-valor Finalizaram o programa 481 73,8% <0,001 * Evadiram do programa 171 26,2% Total 652 Teste estatístico: Igualdade de Duas Proporções (p 0,05) Legenda: N= número; % = porcentagem; < = menor; * = valor estatisticamente significante O índice observado na presente pesquisa corrobora com a literatura compilada que constata que o percentual de RN que finalizam o programa é superior ao número de neonatos que evadem (BOTELHO et al., 2010; FRANÇOZO et al., 2010; BARBOZA et al., 2013; MELLO et al., 2013; MOURA et al., 2015). Índices de evasão, após a etapa de diagnóstico, de 14,22% e 48,6% foram evidenciados no Hospital São Vicente de Paulo (Passo Fundo RS) (GATTO, 2006) e em uma maternidade pública do estado de Minas Gerais (MOURA et al., 2015). Acredita-se que o índice de evasão no programa onde o presente estudo foi desenvolvido poderia ter se mostrado menor se os RN de risco para a deficiência auditiva realizassem o PEATE-A antes da alta hospitalar, o que ainda não é possível devido ausência de equipamento para a realização deste exame, sendo o mesmo realizado em uma clínica privada da cidade de Porto Velho, conveniada ao SUS. A fim de otimizar o comparecimento para a realização do PEATE-A as fonoaudiólogas do programa sempre enfatizam a importância deste exame, bem como das etapas subsequentes, sendo o agendamento realizado antes da alta hospitalar.

11 Verificou-se que há associação entre a presença de IRDA e a evasão do programa de TAN, sendo que os RN com IRDA foram os com maior índice de evasão (Tabela 2). Tabela 2: Relação da presença de indicadores de risco para a deficiência auditiva com a evasão no programa de Triagem Auditiva Neonatal do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro Sem IRDA Com IRDA Total P-valor N % N % N % Finalizaram o programa 414 92,2% 67 33% 481 74% <0,001 * Evadiram do programa 35 7,8% 136 67% 171 26% Teste estatístico: Qui-quadrado (p<0,05) Legenda: N = número; % = porcentagem; IRDA = indicador de risco para deficiência auditiva; < = menor; * = valor estatisticamente significante Os resultados encontrados na presente pesquisa confirmam o evidenciado em pesquisa realizada no hospital São Vicente de Paulo, que também constata maior índice de evasão dos RN que apresentam IRDA com o percentual de 32% no reteste e 67% para o diagnóstico (GATTO, 2006). Ratificando o referido anteriormente, acredita-se que a evasão ocorreu principalmente dentre os RN de risco para a deficiência auditiva em virtude destes neonatos terem que realizar o PEATE-A após a alta hospitalar, momento no qual os RN mais evadiram do programa. Quando analisada a distribuição dos IRDA de acordo com a adesão ou não ao programa, verificou-se que a utilização de medicação ototóxica pelo neonato foi o IRDA mais recorrente em ambas as situações (Tabela 3). Quando comparada a ocorrência da utilização de medicação ototóxica com os demais IRDA, dentro de cada situação, evidenciou-se significância estatística (p<0,001). Tabela 3: Distribuição do tipo de indicador de risco para a deficiência auditiva de acordo com a adesão ao programa de Triagem Auditiva Neonatal do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro Evasão Finalizaram o programa Evadiram do programa N % N % Hereditariedade 18 26,9% 21 15,4% Permanência na UTI por mais de 5 dias 15 22,4% 28 20,6% Ventilação assistida 5 7,5% 8 5,9% Ototoxico 37 55,2% 68 50,0% Toxoplasmose 4 6,0% 9 6,6%

12 Rubéola 0 0,0% 2 1,5% Sífilis 3 4,5% 6 4,4% Citomegalovirus 0 0,0% 3 2,2% Anomalias Craniofaciais 4 6,0% 1 0,7% Malária na gestação 0 0,0% 1 0,7% HIV 0 0,0% 2 1,5% Hepatite 0 0,0% 1 0,7% Consanguinidade 3 4,5% 5 3,7% Tabagismo durante a gestação 2 3,0% 15 11,0% Bebiba alcoólica durante a gestação 0 0,0% 11 8,1% Drogas Ilícitas durante a gestação 1 1,5% 3 2,2% Total 67 136 Teste estatístico: Igualdade de Duas Proporções (p<0,05) Legenda: N = número; % = porcentagem; UTI = unidade de terapia intensiva; HIV = vírus da imunodeficiência humana O resultado do presente estudo mostra que o IRDA com maior prevalência, tanto entre os RN que finalizaram a etapa de diagnóstico quanto entre os que evadiram do programa, foi a utilização de medicação ototóxica, achado que corrobora o encontrado em estudo realizado em duas maternidades públicas do Espírito Santo, no qual o indicador de maior ocorrência foi a utilização de medicação ototóxica (BARREIRA-NIELSEN et al., 2007). Outras pesquisas apontaram o uso de medicação ototóxica como segundo IRDA mais prevalente (DURANTE et al., 2004; PEREIRA et al., 2007; AMADO et al., 2009; ONODA et al., 2011; DIDONÉ et al. 2013). Tais achados divergem do constatado em estudos realizados em uma maternidade do interior paulista, bem como na pesquisa realizada no hospital São Vicente de Paulo os quais encontraram a hiperbilirrubinemia tratada com fototerapia e a permanência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), respectivamente, como IRDA mais prevalentes (KEMP et al., 2015; GATTO, 2006). Constatou-se, na presente pesquisa, que os RN que mais evadiram do programa foram os internados na unidade neonatal, achado que diferiu estatisticamente quando comparado ao índice de evasão dos neonatos do ALCON (Tabela 4).

13 Tabela 4: Relação da evasão com o local de internação dos neonatos triados no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro UNIDADE ALCON Total NEONATAL P-valor N % N % N % Finalizaram o programa 433 80% 48 43% 481 74% <0,001 * Evadiram do programa 107 20% 64 57% 171 26% Teste estatístico: Qui-quadrado (p<0,05) Legenda: N = número; % = porcentagem; ALCON = alojamento conjunto; < = menor; * = valor estatisticamente significante Esse resultado vai ao encontro do averiguado por Azevedo et al. (2004) em estudo realizado em um hospital privado da cidade de São Paulo, o qual evidencia 44% de evasão dentre os RN do alojamento conjunto e 26,6% dentre os neonatos da unidade neonatal. Este achado também pode ser justificado pela impossibilidade, ainda existente, de realizar o PEATE-A antes da alta hospitalar, nos RN de risco para a deficiência auditiva. Tendo em vista que a presença de IRDA é mais encontrada em RN internados na unidade neonatal, são estes os que mais necessitam a realização de PEATE-A, mediante resultado passa no registro das EOA. O fato do exame ser realizado após a alta hospitalar e os RN não comparecerem, justificam a maior evasão dentre os neonatos da unidade neonatal. A partir disso, destaca-se a importância da realização dos exames recomendados para neonatos de risco, ainda referente a primeira etapa, antes da alta hospitalar. Evidenciou-se relação entre o índice de evasão e a procedência materna, sendo tal índice mais evidente dentre os RN de mães provenientes do interior do estado (Tabela 5). Tabela 5: Relação entre a evasão do programa de triagem auditiva neonatal do Hospital de base Dr. Ary Pinheiro e a variável cidade de procedência materna Finalizaram o programa Evadiram do programa Total N % N % N % Capital 344 72% 107 63% 451 69% Interior de Rondônia 134 28% 60 35% 194 30% Interior de outro estado 3 1% 4 2% 7 1% Total 481 74% 171 26% 652 100% P-valor = 0,028

14 Teste estatístico: Qui-quadrado (p<0,05) Legenda: N = número; % = porcentagem; IRDA = indicador de risco para deficiência auditiva; < = menor; * = valor estatisticamente significante Este achado diverge do encontrado em estudo desenvolvido no mesmo hospital, entre agosto de 2012 e agosto de 2013, que não encontrou relação entre a evasão na etapa de diagnóstico e a procedência materna, sendo a evasão de RN de mães da capital de Rondônia, de 47% e de RN de mães provenientes do interior do estado, de 53% (SILVA, 2014). Acredita-se que esta divergência esteja relacionada a mudança da equipe responsável pelo programa de TAN, visto que no período do estudo referido os profissionais envolvidos com a TAN eram outros, os quais já atuavam no programa há mais de dez anos, sendo necessário rever a conduta adotada pelas fonoaudiólogas do atual programa, aprimorando a devolutiva às genitoras ou responsáveis pelo RN com vistas a enfatizar a importância da finalização de todas as etapas preconizadas para programas de TAN. Além disso, vale ressaltar que a situação econômica de Porto Velho (RO), bem como do país em geral, mudou significativamente entre o período no qual foi desenvolvido o estudo de Silva (2014) e período no qual foi realizada a presente pesquisa. No período em que foi desenvolvido o estudo de Silva (2014) o Brasil encontrava-se economicamente estável e Porto velho em ascensão, período no qual o desemprego não assolava a população, tanto da capital quanto do interior, visto a quantidade de emprego gerada pelas usinas hidrelétricas na região, fato que acredita-se ter favorecido o comparecimento das mães e seus RN ao reteste e etapa diagnóstica. O resultado do presente estudo vai de encontro ainda ao observado em pesquisa desenvolvida pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, que constatou que a distância física entre o serviço e a moradia das famílias não interferiu no comparecimento para a realização do reteste (FERNANDES E NOZAWA, 2010). Em contrapartida, acreditase que, no presente estudo, a evasão foi maior dentre os RN de mães provenientes do interior do estado em virtude da distância para a realização das etapas subsequentes a primeira triagem, motivo já apontado pela literatura (QUIDICOMO et al., 2011; MELLO et al., 2013; TAKISHIMA et al., 2014) e agravado pela situação econômica atual do país.

15 Julga-se que a diferença observada nos resultados da presente pesquisa quando comparado com os achados do estudo de Fernandes e Nozawa (2010) deva-se também a diferença na situação econômica do Brasil, visto que os sujeitos inseridos no referido estudo foram submetidos a TAN entre maio de 2002 e junho 2004, momento no qual o país mostrava-se economicamente estável o que implica na melhor situação econômica das famílias, favorecendo o retorno dos RN para reteste. Os achados do presente estudo contribuem para a fonoaudiologia assim como para o programa de triagem no qual foi desenvolvido, visto que reforçam a importância da comunicação entre os profissionais e a família, a fim de esclarecer o objetivo e a importância da TAN, bem como a relevância da finalização deste programa, principalmente dentre os RN com IRDA, internados na unidade neonatal, cujas mães residem no interior do estado, que foram os que apresentam maior índice de evasão. A limitação mais relevante encontrada ao desenvolver esta pesquisa referese a coleta dos dados após a alta hospitalar (PEATE-A e diagnóstico), visto que não há um banco de dados único do programa. O banco de dados da triagem realizada no HBAP não tem ligação com o banco de dados da clínica Limiar, responsável pela realização do PEATE-A nos RN de risco e pelo diagnóstico audiológico. A partir disso, sugere-se a criação de um banco de dados único referente ao programa de TAN do HBAP, que deve ser alimentado por uma única pessoa ou que todos os envolvidos sejam treinados para preenchê-lo da mesma maneira, a fim de garantir a qualidade no registro das informações e facilitar o controle dos padrões de qualidade do programa. 4 CONCLUSÃO O índice de evasão do programa de TAN do HBAP no reteste foi de 40,5% e ao final da etapa de diagnóstico foi de 26,2%. O índice de evasão ao final do programa mostrou relação com as variáveis presença de IRDA, local de internação e procedência materna, evidenciando-se maior prevalência dentre os neonatos com IRDA, internados na unidade neonatal, cujas mães são provenientes do interior do estado.

16 Por fim, pode-se concluir que o IRDA mais prevalente, tanto entre os RN que aderiram ao programa quanto entre os RN que evadiram, foi a utilização de medicação ototóxica. REFERÊNCIAS ALVARENGA, K.F. Triagem auditiva neonatal: motivos da evasão das famílias no processo de detecção precoce. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v.17, n. 3, 2012. AMADO, B.C.T.; ALMEIDA, E.O.C.; BERNI, P.S. Prevalência de indicadores de risco para surdez em neonatos em uma maternidade paulista. Revista CEFAC, v. 11, p.18-23, 2009. AZEVEDO, R. F.; et al. Avaliação da Implantação de programa de triagem auditiva em hospital de nível secundário. Revista Paulista de Pediatria, v. 22, n. 2, p, 77-84, jun. 2004. BARBOZA, A. C. S.; et al. Correlação entre perda auditiva e indicadores de risco em um serviço de referência em triagem auditiva neonatal. Audiology Communication Research, v. 18, n.4, p. 285-92, 2013. BARREIRA-NIELSEN. C.; NETO, H. A. F.; GATTAZ, G. Implantation process of a Hearing Health Program in two public maternity hospitals. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v.12, n. 2, p. 99-105, 2007. BOTELHO, M. S. N.; et al. Caracterização da triagem auditiva neonatal da Clínica Limiar em Porto Velho Rondônia. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 76, n. 5, 2010. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. Diretrizes de atenção da triagem auditiva neonatal. 1.ed. Brasília DF: p. 19, 2012. DIDONÉ, D. D.; et al. Correlação dos indicadores de risco para deficiência auditiva com a "falha" na triagem auditiva neonatal. Revista Saúde (Santa Maria), v.39, n.1, p. 113-120, 2013.

17 DURANTE, A. S.; et al. A implementação de programa de triagem auditiva neonatal universal em um hospital universitário brasileiro. Pediatria (São Paulo), v. 26, n. 1, p. 78-84, 2004. FAISTAUER, M.; et al. Implementação do programa de triagem auditiva neonatal universal em hospital universitário de município da região Sul do Brasil: resultados preliminares. Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul, v. 56, n. 1, p. 22-5, 2012. FERNANDES, J. C.; NOZAWA, M. R. Estudo da efetividade de um programa de triagem auditiva neonatal universal. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, n.2, p. 353-361, 2010. FRANÇOZO, M. F. C.; et al. Adesão a um programa de triagem auditiva neonatal. Saúde e Sociedade, v.19, n.4, p. 910-918, 2010. GATANU. Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal Universal. Disponível em: http://gatanu.org/secoes/programadetratamento/itens/triagem/subitens/introducao-2. Acesso em: 25 out. 2016. GATTO, C.I. Triagem auditiva neonatal: um programa experimental. 2006. 1-86 p. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de Santa Maria - Centro de Ciência da Saúde, Santa Maria, 2006. JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING. Year 2007 Position Statement: principles and Guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. v, 120, n. 4, 2007. KEMP, A.A.T.; et al. Neonatal hearing screening in a low-risk maternity in São Paulo state. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v.81, n.5, p.505-13, 2015. MOURA, R.P.; et al. Avaliação da implementação de um protocolo de triagem auditiva neonatal específica para crianças com indicadores de risco em uma maternidade pública de Minas Gerais. Revista Médica de Minas Gerais, v. 25, n. 2, p. 224-232, 2015. MELLO, J. M.; SILVA, E. C.; RIBEIRO, V. P.; MORAES, A. M. S. M.; DELLA-ROSA, V. A. Índice de retorno ao reteste em um programa de triagem auditiva neonatal. Revista CEFAC, v.15, n.4, p. 764-772. Jul-ago, 2013.

18 ONODA, R.M.; AZEVEDO, M.F.; SANTOS, A.M.N. Triagem auditiva neonatal: ocorrência de falhas, perdas auditivas e indicadores de riscos. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 77, n. 6, 2011. PEREIRA, K.S.P.; et al. Programa de triagem auditiva neonatal: associação entre perda auditiva e fatores de risco. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 19, n. 2, maio-ago. 2007. QUIDICOMO, S.; et al. Triagem auditiva neonatal em uma instituição hospitalar no município de Cascavel PR. IN: ENCONTRO INTERNACIONAL DE AUDIOLOGIA, 26. 2011, Macéio. Anais do 26º Encontro Internacional de Audiologi. Macéio, 2011. P. 3014. SILVA, V.B. Resultados do programa de triagem auditiva neonatal do hospital de base Dr. Ary Pinheiro de Porto Velho Rondonia no período de agosto de 2012 a agosto de 2013. 2014. 103 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Brasília, Brasília, 2014. TAKISHIMA, M.; SOUZA, D. V.; TAKANO, O. A.; SOUZA, S. C.; ZAVALA E ZAVALA, A. A.; MITRE, E. I. Análises dos motivos de Evasão do Programa de Triagem Auditiva em um Hospital Público Universitário. Revista de Estudos Sociais, v.16, n. 31, p. 159, 2014.

19 APÊNDICE A FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS ALCON Resp. Coleta: IDENTIFICAÇÃO DA COLETA Nº: Data da coleta: / / Local : DADOS DA MÃE MÃE: LEITO: CARTÃO SUS:. RG: SSP/ Idade:... DATA NASC:.../.../... END.:. Nº. Bairro. CEP.: Cidade:. Fone: Fone/recado: Escolaridade: Estado civil: Renda familiar: R$ (valor aproximado) GESTAÇÃO E PARTO PRÉ-NATAL: sim ( ) não ( ) Nº de consultas:... Local/pré-natal: PVH ( ) Outros: Parto: vaginal ( ) cirúrgico ( ) Fórceps ( ) A termo ( ) Pré- termo ( ) Data / / Horário: Local/parto: HB ( ) MME ( ) outros: SOROLOGIAS/PRÉ-NATAL: Sífilis ( ) toxo ( ) Rubéola ( ) Cito ( ) Herpes ( ) HIV ( ) Hepatite ( ) Mês/infecção:... Tratamento: sim ( ) não ( ) Qual? HIPERTENSÃO: sim ( ) não( ) Medicamento: sim ( ) não ( ) Dosagem:. DIABETES: sim ( ) não ( ) Medicamento: sim ( ) não ( ) Dosagem:. ITU: sim ( ) não ( ) Tratamento: sim ( ) não ( ) medicamento: Dosagem: Tipo sanguíneo: Coombs indireto: positivo ( ) negativo ( ) OUTROS MEDICAMENTOS (utilizados na gestação):. USO DE DROGAS ILÍCITAS: sim ( ) não ( ) Qual?. FUMA: sim ( ) não ( ) nº de cigarros/dia:... ALCOOL: sim ( ) não ( ) Freq. (nº de dias da semana):. REMÉDIOS CASEIROS: sim ( ) não ( ) Qual? CONSANGUINIDADE: sim ( ) não ( ) Grau de parentesco: D.A NA FAMÍLIA: sim ( ) não ( ) Causa: Grau de parentesco SÍNDROME NA FAMÍLIA: sim ( ) não ( ) Qual

20 DADOS DO RECÉM-NASCIDO Nome do RN: INTERNAÇÃO: ALCON ( ) dias: Alto risco: ( ) dias: Médio risco ( ) dias: PERMANÊNCIA EM UTIN: Sim ( ) Não ( ) Nº de dias: INCUBADORA: SIM ( ) NÃO ( ) nº de dias: DATA NASC.:.../.../... Hora do Nasc.: Peso: IG: Capurro ( ) New Ballard ( ) Apgar: 1.../5... Horário do banho: Gênero: ( F ) ( M ) Circular de cordão: sim ( ) não ( ) Chorou: sim ( ) não ( ) Reanimação: sim ( ) não ( ) Risco de óbito: sim ( ) não ( ) Bolsa Rota: sim ( ) não ( ) Nº de horas:... SEPSE NEONATAL: sim ( ) não ( ) VMEC (dias): CPAP(dias): HOOD(dias):. O2circulante(dias) HIPERBILIRRUBINEMIA: Sim ( ) Não ( ) TRATAMENTO: Fototerapia ( ) Exsanguineo transfusão ( ) Ventilação Mecânica: SIM ( ) NÃO ( ) TRATAMENTO COM ANTIBIÓTICOS: Sim ( ) Não ( ) MEDICAMENTOS: 1) Dose: Nº Dias: 2) Dose: Nº Dias: 3) Dose: Nº Dias: TRIAGEM AUDITIVA TESTE RETESTE EOAT: DATA:.../.../... Horário do teste: OD... OE... EOAT: DATA:.../.../... Horário do teste: OD:.OE.:... PEATE-A: DATA:.../.../... Horário do teste: OD:...OE.:... PEATE-A: DATA:.../.../... Horário do teste: OD:...OE.:...

21 DIAGNÓSTICO AUDIOLÓGICO TIMPANOMETRIA (data:.../.../...): OD: OE: EOAPD (data:.../.../...): OD: OE: EOAT (data:.../.../...): OD: OE: PEATE/Click(data:.../.../...): OD: OE: PEATE/VO ( /./ ) OD: OE: PEATE/FE(.../.../...): OD: OE: OBS.:

22 DIAGNÓSTICO OTORRINOLARINGOLÓGICO Parecer: CONDUTA: Monitoramento ( ) Tratamento/ Medicamento ( ) Protetização ( ) Fonoterapia ( ) Abandono ( )

ANEXO A PARECER CONSUBTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 23

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ANEXO B TERMOS DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO 27