A SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS BILIONÁRIOS NO PERÍODO ENTRE 2009 E 2012 François E. J. de Bremaeker Rio de Janeiro, abril de 2014
A SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS BILIONÁRIOS NO PERÍODO ENTRE 2009 E 2012 François E. J. de Bremaeker Economista e Geógrafo Gestor do Observatório de Informações Municipais Consultor da Associação Brasileira de Prefeituras (ABRAP) Consultor da Associação Brasileira de Câmaras Municipais (ABRACAM) Membro do Núcleo de Estudos Urbanos da Associação Comercial de São Paulo (bremaeker@gmail.com) A efetiva apuração do esforço fiscal realizado pelo Município deve se basear no curso de um mandato, vez que saldos positivos podem ser obtidos propositalmente em um exercício financeiro para sua utilização em um ano posterior, geralmente no final do mandato, momento em que são apresentados resultados de obras e programas aos eleitores. Os 47 Municípios que obtiveram receita orçamentária acima de R$ 1 bilhão em 2012 representam 0,84% do total de Municípios do País e concentravam 29,23% da população em 2012. Estes Municípios detiveram no período entre 2009 e 2012 o equivalente a 36,91% das receitas orçamentárias do conjunto de Municípios do país e realizaram 37,20% do montante das despesas orçamentárias no mesmo período. Fazem parte do elenco de Municípios bilionários 21 Munic ipios das capitais. Os 5 que não fazem parte são: Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Macapá (AP) e Palmas (TO). Os Municípios bilionários realizaram no decorrer do mandato um superávit da ordem de R$ 9,521 bilhões, que representou 26,30% do superávit realizado pelo conjunto dos 5.568 Municípios entre 2009 e 2012 (R$ 36,206 bilhões). O superávit alcançado pelos Municípios bilionários foi equivalente a 1,87% do montante da receita orçamentária apurada no período. Quanto aos demais Municípios, eles realizaram no decorrer do mandato um superávit da ordem de R$ 26,685 bilhões, que representou 73,70% do superávit realizado pelo conjunto dos Municípios. O superávit alcançado pelos Municípios do interior foi equivalente a 3,14% do montante da receita orçamentária apurada no período.
O resultado fiscal dos demais Municípios, comparando-se a relação superávit/receita orçamentária, foi 1,68 vezes superior ao dos Municípios bilionários no período entre 2009 e 2012. Entretanto, em termos absolutos esta relação é de 2,80 vezes. A relação entre o montante da receita orçamentária dos Municípios bilionários e os demais é de 1,71 vezes. Ao se considerar o período entre 2009 e 2012, verifica-se que 29 Municípios bilionários apresentam resultado superavitário e 18 apresentam resultado deficitário. Na região Norte 1 Município apresenta superávit orçamentário (Belém) e 1 Município déficit orçamentário (Manaus). Na região Nordeste 4 Municípios apresentam superávit orçamentário (Teresina, Fortaleza, Recife e Aracaju) e 5 Municípios apresentam déficit orçamentário (São Luís, Natal, João Pessoa, Maceió e Salvador). Na região Sudeste 18 Municípios apresentam superávit orçamentário (Betim, Contagem, Juiz de Fora, Uberlândia, Campos dos Goytacazes, Macaé, Barueri, Campinas, Jundiaí, Paulínia, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santos, São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo e Sorocaba) e 9 Municípios apresentam déficit orçamentário (Belo Horizonte, Vitória, Duque de Caxias, Niterói, Rio de Janeiro, Guarulhos, Osasco, Santo André e São Caetano do Sul). Na região Sul 5 Municípios apresentam superávit orçamentário (Curitiba Londrina, Joinville, Caxias do Sul e Porto Alegre) e 1 Município apresenta déficit orçamentário (Florianópolis). Na região Centro-oeste 1 Município apresenta superávit orçamentário (Goiânia) e 2 Municípios apresentam déficit orçamentário (Campo Grande e Cuiabá). Em termos absolutos os maiores resultados superavitários foram obtidos pelos Municípios de São Paulo (R$ 2,017 bilhões), Macaé (R$ 0,937 bilhão), Fortaleza (R$ 0,844 bilhão), Curitiba (R$ 0,682 bilhão), Joinville (R$ 0,641 bilhão), São Bernardo do Campo (R$ 0,615 bilhão), Campinas (R$ 0,532 bilhão), Porto Alegre (R$ 0,531 bilhão) e Recife (R$ 0,516 bilhão). Em termos absolutos os maiores resultados deficitários foram encontrados nos Municípios de São Luís (R$ 0,559 bilhão), Guarulhos (R$ 0,359 bilhão), Salvador (R$ 0,296 bilhão), Duque de Caxias (R$ 0,260 bilhão), Rio de Janeiro (R$ 0,202 bilhão) e Belo Horizonte (R$ 0,133 bilhão).
Considerando-se a relação resultado fiscal/receita orçamentária, as maiores relações superavitárias foram obtidas pelos Municípios de Macaé (15,47%), Joinville (14,04%), Paulínia (12,97%), Jundiaí (9,33%), Caxias do Sul (6,92%), Betim (6,45%), São José do Rio Preto (6,26%), Barueri (6,23%), Uberlândia (6,08%), Campos dos Goytacazes (6,08%), São Bernardo do Campo (5,89%), Fortaleza (5,57%) e Santos (5,13%). Considerando-se a relação resultado fiscal/receita orçamentária, as maiores relações deficitárias foram encontradas nos Municípios de São Luís (8,38%), Duque de Caxias (4,42%), Guarulhos (3,70%) e Salvador (2,25%).
TABELA 1 SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS DAS CAPITAIS NO PERÍODO ENTRE 2009 E 2012. BRASIL RECEITA DESPESA RESULTADO RESULTADO E ORÇAMENTÁRIA ORÇAMENTÁRIA FISCAL FISCAL SOBRE GRANDES RECEITA REGIÕES (R$) (R$) (R$) (%) TOTAL 510.011.104.100 500.490.159.514 9.520.944.586 1,87 Manaus 9.710.156.515 9.759.505.527-49.349.012-0,51 Belém 7.152.865.713 7.099.484.243 53.381.470 0,75 São Luís 6.670.589.314 7.229.813.560-559.224.246-8,38 Teresina 5.423.395.929 5.404.324.609 19.071.320 0,35 Fortaleza 15.159.114.350 14.314.818.238 844.296.112 5,57 Natal 4.862.214.450 4.925.715.426-63.500.976-1,31 João Pessoa 4.923.308.685 5.017.249.719-93.941.034-1,91 Recife 11.190.391.293 10.674.757.313 515.633.980 4,61 Maceió 5.071.816.762 5.150.164.633-78.347.871-1,54 Aracaju 3.983.757.183 3.899.517.837 84.239.346 2,11 Salvador 13.192.628.386 13.488.896.118-296.267.732-2,25 Belo Horizonte 23.872.630.348 24.005.697.156-133.066.808-0,56 Betim 4.578.736.169 4.283.221.196 295.514.973 6,45 Contagem 3.892.876.923 3.718.733.884 174.143.039 4,47 Juiz de Fora 3.623.880.090 3.488.901.902 134.978.188 3,72 Uberlândia 4.579.012.103 4.300.612.189 278.399.914 6,08 Vitória 5.301.408.656 5.336.415.866-35.007.210-0,66 Campos dos Goytacazes 7.738.988.078 7.268.195.417 470.792.661 6,08 Duque de Caxias 5.886.485.751 6.146.499.436-260.013.685-4,42 Macaé 6.054.901.405 5.118.312.308 936.589.097 15,47 Niterói 4.564.547.928 4.589.762.216-25.214.288-0,55 Rio de Janeiro 64.420.418.673 64.622.840.069-202.421.396-0,31 Barueri 6.275.725.729 5.884.963.285 390.762.444 6,23 Campinas 11.104.625.027 10.572.539.598 532.085.429 4,79 Guarulhos 9.689.168.803 10.048.057.950-358.889.147-3,70 Jundiaí 4.548.066.239 4.123.941.907 424.124.332 9,33 Osasco 5.409.825.942 5.415.477.640-5.651.698-0,10 Paulínia 3.654.835.539 3.180.953.603 473.881.936 12,97 Piracicaba 3.531.874.019 3.466.975.116 64.898.903 1,84 Ribeirão Preto 5.741.821.852 5.584.870.826 156.951.026 2,73 Santo André 6.074.072.080 6.154.991.261-80.919.181-1,33 Santos 6.028.127.994 5.718.690.039 309.437.955 5,13 São Bernardo do Campo 10.427.481.163 9.812.818.857 614.662.306 5,89 São Caetano do Sul 3.482.571.237 3.526.666.123-44.094.886-1,27 São José do Rio Preto 3.530.410.753 3.413.918.085 116.492.668 3,30 São José dos Campos 6.302.022.330 5.907.596.578 394.425.752 6,26 São Paulo 124.219.199.584 122.201.791.999 2.017.407.585 1,62 Sorocaba 5.528.600.848 5.310.194.347 218.406.501 3,95 Curitiba 19.461.241.069 18.778.999.897 682.241.172 3,51 Londrina 3.792.817.099 3.612.402.327 180.414.772 4,76 Florianópolis 3.783.888.753 3.788.169.110-4.280.357-0,11 Joinville 4.569.133.298 3.927.826.037 641.307.261 14,04 Caxias do Sul 4.517.717.382 4.204.993.766 312.723.616 6,92 Porto Alegre 15.118.807.537 14.588.275.433 530.532.104 3,51 Campo Grande 7.388.381.705 7.425.279.138-36.897.433-0,50 Cuiabá 3.958.065.900 4.016.673.254-58.607.354-1,48 Goiânia 10.018.497.514 9.979.654.476 38.843.038 0,39 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional 2009, 2010, 2011 e 2012. TABULAÇÃO DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker
Ao se verificar os resultados fiscais ano a ano, observa-se que em 17 Municípios bilionários foi encontrado resultado superavitário em todos os 4 anos: Fortaleza, Recife, Betim, Contagem, Juiz de Fora, Uberlândia, Macaé, Barueri, Jundiaí, Paulínia, Santos, São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Curitiba, Joinville e Caxias do Sul. Em 10 Municípios foi constatado resultado superavitário em 3 anos e deficitário em apenas 1 ano: Aracaju, Campos dos Goytacazes, Osasco, Piracicaba, Ribeirão Preto, São Paulo, Sorocaba, Londrina, Porto Alegre e Goiânia. Em 13 Municípios foi apresentado resultado superavitário em 2 anos e deficitário nos outros 2 anos: Manaus, Belém, Teresina, Natal, Salvador, Vitória, Niterói, Rio de Janeiro, Campinas, Santo André, São Caetano do Sul, Florianópolis e Campo Grande. Em 7 Municípios foi constatado resultado superavitário em apenas 1 ano e deficitário em 3 anos: São Luís, João Pessoa, Maceió, Belo Horizonte, Duque de Caxias, Guarulhos e Cuiabá. Em nenhum Município foi registrado resultado deficitário em todos os 4 anos.
TABELA 2 SITUAÇÃO FISCAL DOS MUNICÍPIOS BILIONÁRIOS NO PERÍODO ENTRE 2009 E 2012. BRASIL RESULTADO RESULTADO RESULTADO RESULTADO E FISCAL FISCAL FISCAL FISCAL GRANDES 2009 2010 2011 2012 REGIÕES (R$) (R$) (R$) (R$) TOTAL 1.055.480.366 3.061.702.281 1.867.567.631 3.536.194.308 Manaus 31.894.406-11.172.698-83.625.147 13.554.427 Belém -11.482.839 86.316.619 11.254.143-32.706.453 São Luís 40.949.626-345.963.626-121.887.087-132.323.159 Teresina -32.697.025 11.312.003 42.204.012-1.747.670 Fortaleza 85.928.899 77.669.094 152.002.871 528.695.248 Natal -83.629.044-15.461.227 8.588.171 27.001.124 João Pessoa 78.136.456-13.889.191-67.789.784-90.398.515 Recife 99.662.804 51.360.836 96.244.548 268.365.792 Maceió -41.620.019-13.663.139 24.863.802-47.928.515 Aracaju -9.863.521 3.559.080 10.504.306 80.039.481 Salvador -217.646.436-244.809.378 110.611.433 55.576.649 Belo Horizonte -163.742.325-28.521.250 132.629.163-73.432.396 Betim 27.364.458 62.624.388 62.745.614 142.780.513 Contagem 3.789.789 25.722.345 91.054.922 53.575.983 Juiz de Fora 43.060.002 30.142.075 1.612.343 60.163.768 Uberlândia 12.768.721 29.430.133 102.547.721 133.653.339 Vitória -88.668.799-16.876.479 25.536.622 45.001.446 Campos dos Goytacazes 184.274.798-9.533.825 92.421.434 203.630.254 Duque de Caxias 10.293.421-30.096.604-185.198.201-55.012.301 Macaé 58.191.486 199.066.471 301.169.299 378.161.841 Niterói -8.629.469 30.297.438-60.725.450 13.843.193 Rio de Janeiro 897.035.456 964.312.187-902.536.040-1.161.232.999 Barueri 37.440.279 77.269.802 118.785.247 157.267.116 Campinas -302.784.969-53.918.657 399.464.766 489.324.289 Guarulhos -92.931.685-160.952.284-215.789.050 110.783.872 Jundiaí 97.322.938 94.890.139 103.743.139 128.168.116 Osasco 5.364.966-57.644.347 43.249.129 3.378.554 Paulínia 83.018.976 94.141.279 128.044.466 168.677.215 Piracicaba 27.893.147-17.540.552 36.893.272 17.653.036 Ribeirão Preto -27.668.385 14.587.504 142.247.844 27.784.063 Santo André 22.256.082 11.660.417-34.266.830-80.568.850 Santos 50.728.191 87.471.257 81.265.326 89.973.181 São Bernardo do Campo 81.982.662 43.831.843 166.057.820 322.789.981 São Caetano do Sul -7.122.688 79.735.190 56.228.385-172.935.773 São José do Rio Preto 64.517.131 11.563.230 18.405.186 22.007.121 São José dos Campos 55.181.278 118.592.472 27.671.521 192.980.481 São Paulo -196.317.360 1.222.405.967 106.134.134 885.184.844 Sorocaba 97.379.749 65.172.272-4.166.533 60.021.013 Curitiba 78.114.354 237.927.848 149.642.232 216.556.738 Londrina 26.072.729 40.799.036-4.854.327 118.397.334 Florianópolis -13.763.421 26.016.007 22.221.479-38.754.422 Joinville 47.119.662 106.495.429 172.023.605 315.668.565 Caxias do Sul 32.206.373 77.321.449 103.770.976 99.424.818 Porto Alegre 152.793.098 143.886.087 293.381.293-59.528.374 Campo Grande 16.017.861-28.020.102 24.164.475-49.059.667 Cuiabá -24.729.014-46.942.500 38.359.094-25.294.934 Goiânia -169.982.433 31.128.243 50.662.287 127.034.941 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional 2009, 2010, 2011 e 2012. TABULAÇÃO DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker
François E. J de Bremaeker Economista e Geógrafo. Membro do Núcleo de Estudos Urbanos do Conselho de Política Urbana da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) Membro da Rede de Diálogo do Observatório da Equidade do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES-PR) Consultor da Associação Brasileira de Prefeituras (ABRAP) Consultor da Associação Brasileira de Câmaras Municipais (ABRACAM) Membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Paraíba do Sul (RJ) desde 2010, sendo eleito Presidente em 2012. Presta consultoria para associações municipalistas e é professor-consultor da Oficina Municipal. Sócio-Benemérito da Associação Brasileira de Servidores de Câmaras Municipais (ABRASCAM) e destaque ABRASCAM em 2002 pelo trabalho em prol do reconhecimento profissional nos legislativos municipais, e em 2003, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido em defesa dos servidores e do Serviço Público Municipal Membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Municípios - seccional Rio de Janeiro (ABM-RJ) Consultor da Escola de Gestão da Associação Brasileira de Municípios (ABM) Participou do Fórum sobre Federalismo do Comitê de Articulação Federativa da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (CAF/SRI- PR) É colunista da seção de economia da Revista Painel de Compras Municipais É articulista da Revista Correio dos Estados e Municípios É articulista do Jornal do Interior, da União dos Vereadores do Estado de São Paulo (UVESP). Escreve para diversos veículos de comunicação e sítios na Internet. Foi assessor técnico do Instituto Brasileiro de Administração Municipal por 38 anos, de 1971 a 2008 (aposentado). Foi membro do extinto Conselho de Desenvolvimento das Cidades da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FECOMERCIO-SP) e jurado do 2º Prêmio de Sustentabilidade. Foi consultor da Associação Transparência Municipal, onde atuava como Gestor do Observatório de Informações Municipais (2008 a 2013). Foi Conselheiro-suplente do Fórum de Consórcios e do Federalismo da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), representando a Associação Transparência Municipal. Foi Membro do Conselho de Desenvolvimento Territorial de Paraíba do Sul (RJ), entre 2011 e 2012.