I ENCONTO REGIONAL DE QUÍMICA: Ciência, Tecnologia e Sociedade

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Transcrição:

Governo do Estado do Rio Grande do Norte Secretaria de Estado de Educação e Cultura SEEC UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE UERN Faculdade de Ciências Exatas e Naturais FANAT DEPARTAMENTO DE QUIMICA DQ I ENCONTO REGIONAL DE QUÍMICA: Ciência, Tecnologia e Sociedade Efeitos da salinidade na concentração de nitrogenados, sobrevivência e mortalidade de beijupiras Gilberto Gomes freire Junior, Luis Di Souza, Felipe de Azevedo Silva Ribeiro, Celicina Maria da Silveira Borges Azevedo, Daniele Ferreira Marques, Natalia Rocha Celedonio. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Departamento de Química, Mossoró / RN. *gilberto-gomes200@hotmail.com Resumo A aqüicultura é uma atividade econômica que tem crescido muito no Brasil, e em especial no Rio Grande do Norte. Uma possibilidade bastante promissora e com grande perspectiva de crescimento no Brasil é a piscultura de espécies marinhas, sendo um dos destaques o beijupirá, Rachycentron canadum. Este trabalho foi realizado em conjunto com o setor de Aqüicultura do Departamento de Ciências Animais em Mossoró-RN da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), teve como objetivo avaliar a influencia dos compostos nitrogenados (NO 3 -, NO 2 -, NH 3 ) no cultivo do beijupirá em águas com diferentes salinidades, obtidas através da mistura de água de poço salobra com águas residuais de salinas (águas mães). Resultados mostram que a salinidade influencia fortemente na sobrevivência e desenvolvimento dos peixes. Palavras-Chave: Beijupirá, Nitrogenados, Salinidade. Abstract Aquaculture is an economic activity that has grown a lot in Brazil, and especially in Rio Grande do Norte. A promising possibility and with great prospects for growth in Brazil is piscultura of marine species, one of the highlights Beijupirá, Rachycentron canadum. This work was carried out in conjunction with the aquaculture sector of the Department of Animal Sciences in Mossoró-RN Rural Federal University of Semi-arid (UFERSA), aimed to evaluate the influence of nitrogen (NO3-, NO2-, NH3) in the cultivation of Beijupirá water with different salinities, obtained by mixing with brackish well water, saline wastewater (water mothers). Results show that salinity strongly influences the survival and development of fish. Keywords: Beijupira, Nitrogen, Salinity. Introdução A aqüicultura é uma atividade econômica que tem crescido muito no Brasil, e em especial no Rio Grande do Norte, que se destaca como o maior produtor de camarão marinho do Pais. Entretanto, em função do surgimento de doenças, baixos preços do camarão no

mercado externo, falta de credito e especialmente a falta de pesquisas que sirvam de base para um crescimento sustentável da atividade, levaram a uma queda, tanto da produtividade, como da área da produção na região de Mossoró (COSTA, 2005). Esta situação fez com que existam hoje muitos tanques prontos que não estão sendo usados. Portanto, buscar alternativas para diversificar a produção aquicola da região, tornando-a mais viável e menos susceptível as oscilações de mercado e incidência de doenças, é de fundamental importância para um melhor aproveitamento da infra-estrutura montada, trazendo mais ganhos para os aqüicultores Uma possibilidade bastante promissora, com grande perspectiva de crescimento no Brasil, é a piscultura de espécies marinhas de alto valor comercial sendo um dos destaques o beijupirá, Rachycentron canadum (LINNAEUS, 1766). Este peixe vem sendo cultivado em varias partes do mundo, e por ser um peixe eurihalino pode ser cultivado em águas interiores de baixa salinidade, em viveiros escavados em terra. Um fato interessante é que na região de Mossoró, além de viveiros escavados sem uso, existem também resíduos com alta concentração salina ( águas mãe ) resultante da atividade salineira. Estes resíduos que hoje são um sério problema ambiental poderiam ser usados para aumentar a salinidade das águas dos viveiros na criação de beijupirá. As criações exigem, para terem sucesso, água de boa qualidade em abundância e condições físicas e químicas adequadas do solo e da água onde ela está instalada. Em viveiros de criação de peixes é comum o acúmulo de resíduos orgânicos que alteram a qualidade da água. Vários fatores físicos, químicos e biológicos determinam a qualidade da água de um viveiro. Dentre os principais fatores a serem monitorados e compreendidos estão os compostos nitrogenados (amônia, nitrato e nitrito). Os peixes confinados normalmente recebem alimento (ração) com altos níveis de proteínas e outros ingredientes necessários ao seu desenvolvimento. Parte dessas proteínas (70 %) é assimilada pelo animal e convertida em proteína animal. O restante é eliminado e o nitrogênio contido nestes resíduos pode ser excretado como nitrogênio orgânico na forma de fezes ou como amônia, que é a principal forma de excreção de nitrogênio dos peixes. Uma vez no tanque a amônia é oxidada a nitrito por bactérias do gênero nitrossomonas, que na presença de oxigênio transforma amônia em nitrito (NO 2 - ). 2NH 3 + 3O 2 2HNO 2 + H 2 O + energia O HNO 2 dentro da água se dissolve liberando o íon nitrito (NO 2 - ). Este é uma substancia altamente tóxica para os peixes, mas o mesmo é um intermediário, já que na presença de oxigênio, logo bactérias do gênero nitrospira o transformam em nitrato (NO 3 - ). 2HNO 2 + O 2 2HNO 3 + energia A descarga desses resíduos no ambiente pode criar desequilíbrio ecológico e proporcionar sérios problemas ambientais. Para evitar isso, normas regulam a quantidade desses elementos que podem ser descartados no ambiente. (Resolução Conama 357/05). A piscicultura vem sendo enfocada e tratada por alguns setores governamentais e não governamentais, como uma atividade impactante ao meio ambiente (Albanez & Albanez, 2000). Segundo Pillay (1992) citado por Matos et al. (2000), os principais impactos ambientais causados pela aqüicultura são os conflitos com o uso dos corpos d água, a sedimentação e obstrução dos fluxos de água, a hipernutrificação e eutrofização causada pela descarga dos efluentes de viveiros e a poluição por resíduos químicos empregados nas diferentes fases do cultivo.

O controle da qualidade da água, através da manutenção de condições adequadas de temperatura, salinidade, ph, oxigênio e compostos nitrogenados, entre outros, é importante para manter os peixes saudáveis. Ainda existe muita controvérsia entre os autores sobre quais seriam os limites ideais desses parâmetros na criação do beijupirá. Considerando estes fatos, este trabalho teve como objetivo analisar a qualidade da água com diferentes salinidades na criação de Rachycentron canadum, e sua influencia no desenvolvimento e mortalidade dos peixes. METODOLOGIA O trabalho foi realizado em conjunto com a Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), no Setor de Aqüicultura do Departamento de Ciências Animais em Mossoró-RN, usou-se 24 tanques de polietileno tampados de 1000L de capacidade, sistema de aeração e sistema de purificação com filtros biológicos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco tratamentos e quatro repetições cada. Os tratamentos foram: águas de seis (6) diferentes salinidades {4g/l (caixas 3, 11, 15, 19), 7g/l (caixas 10, 12, 16, 24), 15 g/l (caixas 9,13, 5, 4), 25 g/l (caixas 6, 8, 18, 21), 35g/l (caixas 7, 17, 25, 1) ppm}. As diferentes salinidades foram obtidas através da mistura de água mãe com água do poço. Em cada caixa foram colocados 10 peixes com 10 gramas em média. Para avaliação dos compostos nitrogenados (NH 3, NO 2 - e NO 3 - ), a cada 15 dias, foram coletadas amostras em frascos escuros, do tipo âmbar, previamente limpos e secos. Antes da coleta os frascos foram lavados três vezes com a água do próprio viveiro, sendo que após cada lavagem a água usada era descartada. A coleta foi feita sempre entre 16.00 e 17.00 horas, no centro da caixa e a profundidade de aproximadamente 30 cm da superfície. Após a coleta as amostras foram imediatamente transportadas até o Laboratório de Análises Físico-químicas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). As analises foram feitas usando métodos colorimétricos padrões (Standart Methods), via comparação com curva padrão previamente feita no aparelho. O aparelho usado foi o Espectrômetro UV-Visível, modelo UV-mini, marca SHIMADZU. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados obtidos para os compostos nitrogenados mostram comportamentos típicos exemplificado na figura 1 e com a caixa 3, para todas as caixas, embora com valores absolutos diferentes em uma. Figura 1- Compostos nitrogenados em função de tempo de criação para a caixa 3. Este comportamento estabilização da amônia com o tempo é comum em sistemas onde se usa biofiltros e é confirmado pelo comportamento típico do aumento do nitrato e estabilização ou aumento do nitrito. Nas demais coletas os resultados não apresentaram um comportamento típico definido, provavelmente, em função do surgimento do parasita

Amyloodinium que de alguma forma, não determinada neste trabalho, altera o equilíbrio do sistema com as concentrações de nitrogenados passando a ter comportamento indeterminado nas coletas seguintes em todas as caixas, como exemplificado na figura 2 para a caixa 3. Figura 2- Concentração de nitrato em função do tempo de criação para a caixa 3. A diminuição da concentração após 21 dias (coleta 4) ocorre por que com a contaminação dor amyloodinium as caixas os peixes foram tirados das caixas que foram limpas e tratadas com produtos para combater a praga. Após a lavagem as caixas foram novamente cheias com água de mesma salinidade que anteriormente e os peixes recolocados nas mesmas, no entanto, o comportamento típico que vinha sendo notado não continuou a se repetir e os resultados passaram a não ter um comportamento bem definido para nenhuma das três variáveis. Os resultados deste trabalho indicam que com a concentração de nitrito próxima a 2 ppm, (figura 3), combinada com concentração de nitrato inferior a 10 ppm (figura 4), tornam as condições da água de salinidades elevadas inadequadas para a vida dos peixes causando mortalidade. Este fato, possivelmente, fez com que grande parte dos peixes morresse durante o experimento e as caixas em que eles se encontravam fossem retiradas do experimento. Estas concentrações se mostraram tóxicas em trabalho anterior e parecem ser a causa da mortalidade observada nas outras salinidades, independentemente da presença da praga, que não apareceu no trabalho anterior, embora a sua presença altere as concentrações dos nitrogenados na água como visto neste trabalho. Figura 3 Concentração de nitrito nas diversas caixas após 66 dias de criação.

Figura 4 Concentração de nitrato nas diversas caixas após 66 dias de criação. Com respeito a descarga dos efluentes gerados os resultados mostram que para a maioria das caixas o residúo final está com a concentração de nitrato e nitrito acima dos parametros recomendados pelo conama. (Resolução CONAMA 2005). Isto indica que a água de criação dese ser submetida a tratamento adequado para ser descartada em cursos hidricos. Considerando todas as caixas os resultados mostram que ocorre 100 % de mortalidade para a salinidade de 35 g/l e sobrevivência de 70 % e 97.5 %, respectivamente, paras as salinidades de 4 e 7 g/l. Nas salinidades de 15 e 25 g/l aproximadamente 37.5 e 20 % dos peixes sobrevivem, respectivamente. Estes resultados gerais da figura 5 indicam que as melhores salinidades para a criação do beijupirá estariam entre 4 e 7 g/l. Figura 5- % de sobrevivencia em função da salinidade da água após 66 dias de criação. Trabalho anterior realizado no mesmo local e pelos mesmos pesquisadores; (Gomes, 2010) mostraram que a Salinidade de 4g/l Não era apropriada para a criação dos peixes. Esta diferença nos resultados se deve ao fato dos peixes usados nos dois trabalhos terem tamanhos muito diferentes ( 100g trabalho anterior e 10g trabalho atual). Assim os resultados indicariam que o Beijupira pode ser criado também em aguas com 4 g/l desde que introduzida nesta salinidade no tamanho de 10g. Estes resultados concordam com o de outros autores que discordam entre si das melhores condições para criação dos animais. Além da sobrevivencia, outro fator importante para o desenvolvimento da atividade é o desenvolvimento dos peixes, já que peixes que crescem mais rápido sob as mesmas condições são nais rentáveis economicamente. A figura 6 mostra o peso dos peixes em função da salinidade da água onde foram criados.

Figura 6- Massa dos peixes em função da salinidade da água após 66 dias. Estes resultados indicam um ganho de peso bem maior (%) para a salinidade de 4 % quando comparada com a salinidade de 7 %. Este resultado indica que a melhor salinidade para a criação de Beijupirá é a de 7 g/l, desde que se inicie a criação com peixes de 10g. No caso especifico deste trabalho para a criação na salinidade de 4 g/l o peso total obtido no final do experimento foi de 1377 g (27 peixes X 51 g ) e para a salinidade de 7 g/l foi de 1638 g ( 39 peixes X 42 g), o que representa um aumento % de aproximadamente 16 % em favor dos peixes criados na salinidade de 7 g/l. CONCLUSÕES Mesmo com as dificuldades causadas com o aparecimento de pragas durante o experimento, os resultados permitem concluir que: a- Aproximadamente 70 % dos beijupiras de 10g conseguem sobreviver em águas com salinidade de 4 g/l. b- A melhor salinidade para a criação dos beijupiras é a de 7 g/l que combina sobrevivência próxima de 100% com melhor desenvolvimento dos peixes. c- O aparecimento do vírus amyloodinium altera as condições típicas dos compostos nitrogenados na água de criação e pode contribuir com a mortalidade observada. Agradecimentos : Ao CNPQ pelo apoio financeiro dado ao projeto nutrição, sanidade e valor Beijupirá, Rachycentron canadum, cultivado no nordeste do Brasil. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBANEZ, J.R.; ALBANEZ, A.C.M.P. Lavras: UFLA/FAEPE, 2000. 22p. COSTA, J.E.L. Universidade Federal do Semi-Árido, Mossoró, Rio Grande do Norte. 2005. Conselho nacional do meio ambiente (CONAMA) Resolução nº357, de 17 de março de 2005. DENSON, M.R., STUART, K.R., SMITH, T.I.J., WEIRICH, C.R., SEGARS, A. Journal of the World aquaculture Society, Baton Rouge, v.34 p.496-504, 2003. DITTY, J.G., SHAW, R.F. Fishery bulletin, Newport, v.90, p. 668-677, 1992.

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