RESOLUÇÃO IBA Nº 04/2017

Documentos relacionados
CONSIDERANDO o desenvolvimento da profissão atuarial no Brasil e a maior abrangência de atuação do profissional atuário em sua atividade técnicas,

CONSIDERANDO o desenvolvimento da profissão atuarial no Brasil e a maior abrangência de atuação do profissional atuário em sua atividade técnicas,

Práticas Atuariais em Seguros e Pensões. 7. Provisões Técnicas Thaís Paiva

CPA Nº 011 Provisões Técnicas para Despesas Supervisionadas Susep

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS (CPA) CPA Nº 005 Provisão de riscos a decorrer PROVISÃO DE PRÊMIOS NÃO GANHOS (PPNG) SUPERVISIONADAS SUSEP

RESOLUÇÃO IBA Nº 11/2016

RESOLUÇÃO IBA Nº 03/2016. O INSTITUTO BRASILEIRO DE ATUÁRIA - IBA, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

RESOLUÇÃO IBA Nº 05/2016

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS ORIENTAÇÃO (CPAO)

CONSIDERANDO o desenvolvimento da profissão atuarial no Brasil e a maior abrangência de atuação do profissional atuário em sua atividade técnicas,

RESOLUÇÃO IBA Nº 03/2018

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS (CPA) CPAO Nº 005 Provisão de riscos a decorrer PROVISÃO DE PRÊMIOS NÃO GANHOS (PPNG) SUPERVISIONADAS SUSEP

8 Congresso Brasileiro de Atuária. Desafios na Estimativa da Provisão de Sinistros Relacionados às Demandas Judiciais

CIRCULAR SUSEP Nº 462, DE

Dispõe sobre a criação do Pronunciamento Atuarial CPA Princípios Atuariais.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS (CPA) CPA 004 Provisão de Excedente Técnico (PET) SUPERVISIONADAS SUSEP

RESOLUÇÃO IBA Nº 04/2016

RESOLUÇÃO CNSP N o 89, de ANEXO.

1 Introdução. 2 Responsabilidade da Administração

Práticas Atuariais em Seguros e Pensões. 3. Provisões Técnicas Thaís Paiva

RESOLUÇÃO IBA Nº 04/2018

RESOLUÇÃO IBA 02/2016

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS (CPA) CPAO 004 Provisão de Excedente Técnico (PET) SUPERVISIONADAS SUSEP

Seguro alguns pontos. Ricardo Luiz Menezes da Silva

Dispor sobre a Nota Técnica Atuarial de Carteira que deverá ser encaminhada quando do início de operação em ramos de seguro e dá outras providências.

Banco de Dados e Indicadores Atuariais

NORMA E PROCEDIMENTOS NP OBJETIVO DEFINIÇÃO BENEFÍCIOS DA POLÍTICA CORPORATIVA CONTÁBIL... 2

CNseg / CGR / GT Modelos Internos. IN DIOPE nº14/07. Aplicabilidade no mercado regulado SUSEP

Sinistros x Outras Despesas Operacionais

Quadro de sugestões - CPA Nº PROVISÃO DE EXCEDENTE TÉCNICO (PET)- ORIENTAÇÃO - SUPERVISIONADAS SUSEP

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS (CPA)

Provisões Técnicas (obrigações com segurados) geram Ativos Garantidores (bens para cobrir provisões) Teste de Adequação de Passivos (TAP)

MINISTÉRIO DA FAZENDA Superintendência de Seguros Privados CIRCULAR SUSEP N XXX, DE 20XX.

Normas Internacionais de Avaliação. IVS Negócios e Participações em Negócios

Sinistros x Outras Despesas Operacionais

CPC 33 BENEFÍCIOS A EMPREGADOS

Preenchimento dos Quadros do FIP e Quadros Estatísticos Orientações da Susep ao Mercado

Resolução IBA xxx Dispõe sobre a criação do Pronunciamento Atuarial CPA 009 Distinção das Hipóteses Atuariais e Referenciais Atuariais.

Sinistros x Outras Despesas Operacionais

O INSTITUTO BRASILEIRO DE ATUÁRIA - IBA, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

O INSTITUTO BRASILEIRO DE ATUÁRIA - IBA, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS (CPA) CPA Nº 015. Provisões de Riscos a Decorrer SUPERVISIONADAS SUSEP. Julho/2018

probabilidades associadas. O nome para esse método estatístico de estimativa é valor esperado.

Brasilprev Seguros e Previdência S.A.

CIRCULAR SUSEP Nº 517, DE

CONSIDERANDO o desenvolvimento da profissão atuarial no Brasil e a maior abrangência de atuação do profissional atuário em sua atividade técnicas,

Sinistros x Outras Despesas Operacionais

CONTEÚDO CAPÍTULO III - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS ANEXOS RESOLUÇÃO CNSP Nº 317, DE

Provisões Técnicas Orientações da Susep ao Mercado

CIRCULAR SUSEP Nº 259, de 5 de julho de 2004

CIRCULAR Nº 272, DE 22 DE OUTUBRO DE 2004

CONTABILIDADE GERAL. Procedimentos Específicos. Plano de Benefícios Pós-Emprego Evidenciação e Contabilização Parte 2. Prof.

IFRS 4 e Solvência 2: Tudo o que você sempre quis saber, mas têve medo de perguntar!

Plano de Benefícios pepsico

Guia Prático IFRS 17. Fluxos de caixa futuros

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

Papel do Atuário na Gestão de Negócios Gláucia Carvalho Superintendente Atuarial ENA

CONTABILIDADE PÚBLICA

TEMA 04. Normas Prudenciais e Provisões Técnicas. TEMA 04. Normas Prudenciais e Provisões Técnicas Empresas de Capitalização e EAPC

IFRS 4 (FASE II) Thiago Pedra Signorelli. 1º Seminário de Contabilidade da FEBRABAN. 14 de abril de 2016

Estatísticas do Mercado Segurador

IFRS 17 Insurance Contracts. Outubro 2017 Ivandro Oliveira

Portaria Nº 865, de 06 de junho de 2001

CPC 25 - PROVISÕES, PASSIVOS CONTINGENTES E ATIVOS CONTINGENTES

Superintendência de Estudos e Projetos Dados até Abril de Caderno de Estatísticas do Mercado Segurador

ASSOCIAÇÃO ASSISTENCIAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR CRUZ AZUL SAÚDE

CPC 23 - POLÍTICAS CONTÁBEIS, MUDANÇAS DE ESTIMATIVAS E RETIFICAÇÃO DE ERROS

ASSOCIAÇÃO POLICIAL DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE APAS VALE DO RIBEIRA

Superintendência de Estudos e Projetos Dados até Novembro de Estatísticas do Mercado Segurador

Austral Resseguradora S.A. 30 de junho de 2011 com Relatório dos Auditores Independentes sobre as. Demonstrações Financeiras Intermediárias

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA MATEMÁTICA E DA NATUREZA INSTITUTO DE MATEMÁTICA DEPARTAMENTO DE MÉTODOS ESTATÍSTICOS

Auditoria Atuarial Independente Orientações da Susep ao Mercado

10.5 PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS DA CONTROLADORA E SUAS CONTROLADAS

LAUDO DE AVALIAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO CONTÁBIL DA PALAZZO DI SPAGNA INCORPORAÇÕES SPE LTDA.

Calendário Normativo - Agosto 2017 RESOLUÇÃO CNSP Nº 321,

Cria o COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS CPA, e dá outras providências.

BAUMER S.A. Mogi Mirim - SP NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM 31 DE JUNHO 2012 E 2011.

Previndus - Plano Básico de Benefícios Definido I - Sebrae/RJ 1

Provisões Técnicas Uma nova visão e novas práticas

WILMA TORRES & RENATA JULIBONI

BrasilPrev Previdência Privada S.A.

MINUTA. MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS RESOLUÇÃO CNSP N o XXXXX DE 2014.

MANUAL DE GESTÃO DE RISCO PARA FUNDOS DE INVESTIMENTOS OBJETIVO

Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

CPC 12 - AJUSTE A VALOR PRESENTE

CPA 002 AUDITORIA ATUARIAL INDEPENDENTE SUPERVISIONADAS SUSEP

Estatísticas do Mercado Segurador

RESOLUÇÃO IBA Nº 09/2016

NORMAS e PROCEDIMENTOS de GESTÃO ATUARIAL APLICÁVEIS à PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA. César Neves SUSEP/DICON/CGCOM

Demonstrações Financeiras Em 31 de Dezembro de 2015 e 2014 ÍNDICE

Relatório da Administração QGMI Construção S.A.

TEMA 04. Normas Prudenciais e Provisões Técnicas. TEMA 04. Normas Prudenciais e Provisões Técnicas Empresas de Capitalização e EAPC

SMV SERVIÇOS MÉDICOS LTDA. Divinópolis - MG DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DO EXERCÍCIO FINDO EM 31 DE DEZEMBRO DE 2018

CONTABILIDADE PÚBLICA

NBC TG 25 - Contingências Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos. Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já

NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2016 E 2017 (Valores expressos em reais)

Relatório da Administração Engetec Participações em Engenharia e Construção S.A.

CONTABILIDADE GERAL. Balanço Patrimonial. Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes - Parte 2. Prof. Cláudio Alves

Transcrição:

RESOLUÇÃO IBA Nº 04/2017 Publicada em 15 de agosto de 2017 Dispõe sobre a criação do Pronunciamento Atuarial CPA 012 PROVISÃO DE SINISTROS OCORRIDOS E NÃO AVISADOS (IBNR) E AJUSTE DA PROVISÃO DE SINISTROS A LIQUIDAR (IBNER) - SUPERVISIONADAS SUSEP O INSTITUTO BRASILEIRO DE ATUÁRIA - IBA, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, CONSIDERANDO o desenvolvimento da profissão atuarial no Brasil e a maior abrangência de atuação do profissional atuário em suas atividades técnicas, CONSIDERANDO a necessidade de prover fundamentação apropriada para interpretação e aplicação do disposto na legislação vigente, RESOLVE: Art. 1º - Nos termos do artigo 1º do regulamento do Decreto-Lei nº 806, de 04.09.1969, que dispõe sobre o exercício da profissão de atuário, aprovado pelo Decreto nº 66.408, de 03.04.1970, esta resolução tem por objetivo apresentar os melhores procedimentos e critérios a serem utilizados na constituição e acompanhamento da IBNR e do IBNER das Sociedades supervisionadas pela SUSEP. Art. 2º - O CPA 012 é parte anexa desta Resolução e poderá ser alterado com o objetivo de adaptar-se à evolução do trabalho do atuário e/ou de sua atividade profissional, em conformidade com as normas emanadas pelo IBA a respeito. Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação. Rio de Janeiro, 15 de agosto de 2017. JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS MONTELLO Vice-Presidente em Exercício

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS ATUARIAIS (CPA) CPA Nº 012 Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados (IBNR) e Ajuste da Provisão de Sinistros a Liquidar (IBNER) SUPERVISIONADAS SUSEP 20 de junho de 2017

SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO...4 II. OBJETIVO...4 III. ALCANCE E RESPONSABILIDADE...4 IV. CONSIDERAÇÕES GERAIS...4 V. DEFINIÇÕES...7 VI. PRINCÍPIOS...8

I. INTRODUÇÃO 1. O presente Pronunciamento Técnico (Pronunciamento) destina-se a estabelecer os princípios básicos que norteiam a estimação da Provisão de Sinistros Ocorridos e Não avisados (IBNR, do inglês Incurred But Not Reported) assim como o ajuste da Provisão de Sinistros a Liquidar, conhecido como IBNER (Incurred But Not Enough Reported). Foi elaborado tomando-se como base algumas referências bibliográficas, e em especial aquela denominada Estimating Unpaid Claims Using Basic Techniques de Jacqueline Friedland, publicado pela Casualty Actuarial Society em Julho de 2010. II. OBJETIVO 2. O objetivo deste Pronunciamento é fornecer à comunidade atuarial os princípios e metodologias usualmente utilizados para a avaliação da Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados assim como do ajuste da Provisão de Sinistros a Liquidar, o IBNER. III. ALCANCE E RESPONSABILIDADE 3. Este Pronunciamento terá seu alcance baseado nas normas e orientações emitidas pelos órgãos reguladores e pelo Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), e será aplicável às seguintes companhias: Sociedades Seguradoras; Entidades Abertas de Previdência Complementar; e Resseguradores Locais. 4. A escolha de metodologias é de exclusiva responsabilidade do atuário e, desta forma, não representa uma atribuição ou responsabilidade do Instituto Brasileiro de Atuária (IBA). IV. CONSIDERAÇÕES GERAIS Escopo 5. A Provisão de Sinistros Total deve contemplar todos os sinistros ocorridos e ainda não liquidados, sejam já conhecidos ou não da Sociedade. Desta forma, devem ser consideradas estimativas tanto para os sinistros já ocorridos e ainda não conhecidos, quanto para a expectativa do desenvolvimento futuro da provisão registrada para os sinistros já avisados e

ainda pendentes de liquidação, levando-se em consideração inclusive a possibilidade de sinistros serem reabertos. Onde: PSL =Provisão de Sinistros a Liquidar, constituída para sinistros ocorridos e já avisados, mas ainda pendentes de liquidação; IBNR = provisão constituída para sinistros ocorridos e ainda não avisados IBNER = ajuste realizado sobre a PSL para contemplar a estimativa de desenvolvimento sobre os valores registrados para os sinistros pendentes de liquidação, bem como daqueles que depois de liquidados eventualmente serão reabertos; PDR 1 = Provisão para Despesas Relacionadas a sinistros, constituída para cobrir as despesas relacionadas a sinistros já ocorridos, despesas estas que estejam ainda pendentes de liquidação. 6. Sob o ponto de vista prático, considera-se a data do cadastro do sinistro, quando há a efetiva constituição da PSL, como base para a data de aviso. Abrangência 7. Também devem ser estimados outros montantes correspondentes a sinistros já ocorridos como, por exemplo, as recuperações de resseguro e expectativa de salvados/ressarcimentos relacionados a esta obrigação. 2 Estimativa 8. A metodologia escolhida pelo atuário deve refletir suas expectativas sobre o desenvolvimento futuro dos sinistros de cada carteira analisada. O atuário tem a responsabilidade de analisar os resultados de sua projeção e ajustá-la de forma a refletir suas expectativas, principalmente 1 Para mais detalhes sobre Provisão Técnica de Despesas, ver CPA nº 011 que trata sobre este tema. Esse documento tem como escopo apenas as provisões relacionadas a sinistros, e daqui por diante não fará referências a despesas com sinistros. 2 As recuperações de resseguro e expectativas de salvados/ressarcimentos serão objeto de CPAs específicos, e, portanto não constituem escopo deste documento.

quando os dados históricos, por quaisquer razões, não refletirem o desenvolvimento futuro esperado. 9. O valor de abertura da PSL deve ser avaliado periodicamente para determinar a acurácia do critério utilizado, observando-se nos casos de eventuais alterações os consequentes impactos nas estimativas de IBNER, assim como se faz necessário acompanhar os sinistros encerrados e reabertos para verificar a qualidade do processo de encerramento.

V. DEFINIÇÕES Provisão de Sinistros a Liquidar PSL 10. A Provisão de Sinistros a Liquidar é definida pela soma dos valores estimados para os sinistros já avisados e ainda pendentes de liquidação. Ajuste para Sinistros Ocorridos e Não Suficientemente Avisados - IBNER 11. O ajuste de IBNER está relacionado ao desenvolvimento futuro dos sinistros já avisados à companhia, que ainda estão pendentes de liquidação. Este desenvolvimento pode ser positivo ou negativo, representando a possibilidade de variação a maior ou a menor sobre os valores provisionados para sinistros na PSL, devendo ser considerado somente quando não for possível a reavaliação de cada sinistro individualmente. 12. Desenvolvimento é definido como o conjunto de mudanças que podem ocorrer entre datas de avaliação da base de sinistros, durante o processo de estimação das provisões, até que todas as movimentações dos referidos sinistros sejam registradas. Provisão para Sinistros Ocorridos e Ainda Não Avisados IBNR 13. Dois elementos compõem a Provisão de IBNR. O primeiro é o IBNR Puro, cujo montante referese ao atraso normal e esperado entre a data de ocorrência e a data de aviso do sinistro à companhia. O segundo refere-se à provisão de sinistros em trânsito, que deve abranger o prazo entre o aviso do sinistro e o efetivo registro nos sistemas da companhia. Desta forma, deve-se utilizar a data de cadastro, de modo a contemplar estes aspectos. 14. A provisão de IBNR deve considerar uma estimativa dos valores finais de sinistros já ocorridos e ainda não avisados na companhia, considerando o desenvolvimento que é esperado após o aviso do sinistro. Provisão de IBNR Total

15. A provisão de IBNR Total deve considerar uma estimativa dos valores finais de sinistros já ocorridos e ainda não liquidados, quer já tenham sido avisados ou não, subtraindo-se desta os montantes de sinistros já avisados até a data da avaliação. VI. PRINCÍPIOS 16. As provisões de sinistros devem ser baseadas em estimativas derivadas da adoção de premissas razoáveis e metodologias atuariais apropriadas, em todas as datas de contabilização em que houver compromissos financeiros futuros relacionados aos sinistros já ocorridos, estejam eles já avisados ou não. 17. A incerteza inerente à estimativa das provisões de sinistros deve ser atuarialmente mensurada. O verdadeiro valor do passivo relacionado aos sinistros em qualquer data contábil é conhecido somente quando o valor total final dos sinistros for estabelecido. 18. O valor mais apropriado para a provisão, dentre um intervalo de estimativas atuarialmente possíveis e decorrentes da aplicação de diferentes metodologias, dependerá da adequação relativa das estimativas obtidas, considerando a aplicabilidade de cada uma das metodologias utilizadas às características da carteira em análise, volume e confiabilidade do histórico de dados disponíveis, contexto operacional, dentre outros aspectos. Considerações 19. Compreender as tendências e mudanças que afetam as bases de dados é pré-requisito para a aplicação dos métodos atuariais de provisionamento. O conhecimento de como mudanças em políticas de subscrição de riscos, tratamento dos sinistros, processamento e contabilização de dados, bem como mudanças no contexto regulatório e social afetaram a experiência, é essencial para a interpretação e avaliação acurada dos dados observados, bem como para a escolha do método a ser adotado. 20. O conhecimento das características gerais da carteira segurada é também relevante para a adequada mensuração da provisão. Este conhecimento inclui familiaridade com o perfil das apólices vigentes, franquias ou parcelas dedutíveis e limites de apólices. Homogeneidade 21. A precisão das provisões de sinistros é aprimorada através do agrupamento de carteiras que apresentam características similares, tais como, comportamentos da experiência dos sinistros,

liquidação e tamanho da distribuição das perdas. Para produtos heterogêneos, tais como multirriscos e riscos diversos, deve ser levada em consideração a segregação da experiência, de tal forma que sejam reorganizados grupos de características semelhantes. Outro exemplo é a distinção entre riscos comerciais e de pessoas, e também entre coberturas a primeiro e segundo risco, além de sinistros administrativos e judiciais. De forma geral, decisões a respeito da segregação ou consolidação de segmentos dos dados devem sempre buscar minimizar os efeitos de distorções que possam afetar os procedimentos de estimação. Credibilidade 22. O grau de credibilidade deve ser mensurado pelos atuários, com relação às bases de dados utilizadas na estimação das provisões de sinistros. 23. A credibilidade pode ser maior, quando os grupos forem homogêneos ou quando se tratar de uma quantidade de sinistros significativa a ser analisada em determinado grupo. Genericamente, um grupo de sinistros deve ser grande o suficiente para ser estatisticamente confiável. Trabalhar com grupos homogêneos requer refinamento e subdivisão da base total. Se por um lado subdivisões dos dados em grupos menores podem gerar comportamentos mais confiáveis de desenvolvimento, por outro lado, pode gerar uma base de dados muito segmentada para obtenção de resultados confiáveis. Esta situação requer ponderar a homogeneidade versus o tamanho das bases de dados para cada grupo. Assim, uma definição de linhas de negócio e coberturas para a estimação de provisões de sinistros pode ser adequada para companhias grandes, e não para pequenas. Nas situações em que há um grupo muito pequeno de sinistros para análise, informações externas do mercado podem ser uma boa alternativa como auxílio para a obtenção de resultados confiáveis. Disponibilidade de dados 24. Os dados devem atender os requerimentos básicos para a correta avaliação das provisões. Minimamente, os valores observados nas bases de dados precisam estar conciliados com os valores contabilizados. Padrão de abertura 25. O atraso entre a data de ocorrência e a data de aviso de um sinistro depende da linha de negócio e das práticas da empresa em questão. Em geral, sinistros de danos são reportados mais rapidamente, enquanto sinistros de ramos de responsabilidade são mais demorados.

26. Uma revisão das práticas da companhia deve ser feita para garantir que as hipóteses utilizadas com respeito ao desenvolvimento futuro são apropriadas. Se uma mudança de prática é detectada, seu impacto no desenvolvimento projetado para os sinistros deve ser avaliado. Padrão de Encerramento 27. O período de tempo entre o registro do sinistro e seu encerramento, com ou sem pagamento, pode afetar no método escolhido para estimar a provisão. Linhas de negócio com pouco tempo até o encerramento do sinistro são menos sujeitas a incertezas. Por exemplo, um sinistro de colisão tende a ser rapidamente encerrado e o valor final é usualmente próximo ao originalmente estimado. Inversamente, um sinistro de RCF quase sempre requer mais tempo para ser regulado e, além disso, o valor final pode oscilar mais significativamente em relação ao valor original. Padrão de desenvolvimento 28. O padrão de desenvolvimento deve ser cuidadosamente revisado. Os procedimentos da companhia irão afetar a maneira como a PSL irá se desenvolver e qualquer mudança nestas práticas pode afetar a consistência do histórico. 29. Se a PSL foi estabelecida utilizando seu valor presente, deve-se avaliar se o histórico de desenvolvimento precisará ser reconstruído para remover o efeito do desconto. Frequência e Severidade 30. As estimativas de provisões tendem a ser mais exatas para linhas de negócio com baixa severidade e alta frequência de sinistros do que a partir de um grupo de alta severidade e baixa frequência de sinistros. 31. Portanto, a avaliação das provisões para baixa frequência/elevadas severidades vai normalmente requerer uma análise mais extensa. Se os dados históricos não refletem a carteira atual, ajustes devem ser feitos de modo a refletir a expectativa de tais alterações.

Reabertura de sinistros 32. A propensão à reabertura de sinistros varia substancialmente entre as linhas de negócios. Sinistros judiciais podem ocasionar aumentos nas reaberturas de sinistros, assim como trocas nos procedimentos de regulação de uma companhia. Observe-se, contudo, que um índice relevante de reaberturas pode ser um indicativo de erro nos procedimentos de cancelamento da Sociedade. Mudanças Operacionais 33. A instalação de um novo sistema para a operação das linhas e negócios, uma reorganização dos sinistros, mudanças na prática de regulação de sinistros, nos programas de subscrição ou na abrangência dos riscos cobertos/excluídos descritos nas Condições Gerais e Regulamentos são exemplos de mudanças operacionais que podem afetar o desenvolvimento futuro dos sinistros. O cálculo das provisões deve refletir a expectativa do impacto de tais mudanças. Mudanças nas apólices 34. Mudanças nos limites contratados nas apólices tais como franquias, bônus/malus, entre outros, podem afetar tanto o valor final dos sinistros quanto a quantidade de sinistros. Influências Externas 35. Também deve ser analisado o impacto das influências externas no desenvolvimento futuro dos sinistros. Influências externas incluem o ambiente regulatório e/ou econômico, como por exemplo, aspectos associados à inflação. Desconto Financeiro e Premissas Realistas, Atuais e Não Tendenciosas 36. As provisões abrangidas devem ser estimadas ou calculadas com base em valores presentes esperados, considerando as devidas taxas de desconto livres de risco, as quais independem do rendimento dos ativos da sociedade. Tanto a estrutura a termo de taxa de juros, utilizada para o desconto dos fluxos, quanto as demais premissas necessárias para a estimação dos valores presentes esperados como, por exemplo, frequência, severidade e desenvolvimento das despesas devem ser baseadas em informações realistas, atuais e não tendenciosas.

Excepcionalmente, quando não houver diferença material relevante entre o valor descontado e o valor não descontado das obrigações, as provisões poderão ser calculadas com base em valores não descontados. Métodos 37. Uma discussão detalhada sobre a metodologia e aplicabilidade das práticas de cálculo das provisões de sinistros está além do escopo deste documento. A seleção do método mais adequado de estimativa de provisões é de responsabilidade do atuário. Normalmente o atuário examinará as indicações de mais de um método para a estimativa do montante necessário para a liquidação final dos sinistros já ocorridos em uma certa data. 38. No CPA de Orientação (CPAO) Nº 012 referente à Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados (IBNR) e Ajuste da Provisão de Sinistros a Liquidar (IBNER), entretanto, são discutidas algumas considerações sobre os procedimentos para a estimação de sinistros ocorridos e não pagos.