1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA Historial

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Transcrição:

Índice Pág. 1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2 1.1- Historial 2 1.2- Recursos humanos e técnicos 3 1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3 2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5 DE LEIRIA 2.1- Boletins emitidos 5 2.2- Resumo do Ano Agrícola de 2007 6 2.3- Ciclo vegetativo das culturas 9 2.4- Evolução dos inimigos das culturas 10 2.4.1- Vinha 10 2.4.1.1 Pragas 10 2.4.1.2 Doenças 13 2.4.2- Pomóideas 18 2.4.2.1- Pragas 18 2.4.2.2- Doenças 25 2.4.3- Olival 29 2.4.3.1- Pragas 29 2.4.3.2- Doenças 33 2.5- Balanço fitossanitário 35 3- OUTRAS ACTIVIDADES 37 3.1- Condicionamento da vinha 37 3.2 Acções de sensibilização/divulgação de 38 metodologias dos avisos 3.3- Ensaios inseridos na candidatura da ex-drabl ao Programa Agro 38 1

1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 1.1- Historial A Estação de Avisos de Leiria é um serviço da responsabilidade do Ministério da Agricultura, está afecta à Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral (DRABL) Divisão de Protecção das Culturas e é supervisionado pelo Serviço Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA). Territorialmente inclui a área dos concelhos de Leiria, Ansião, Pombal, Marinha Grande, Batalha, Porto de Mós e Alvaiázere, dispondo de uma rede meteorológica e biológica/fenológica. As principais culturas abrangidas, desde o início, são as pomóideas, a vinha e o olival. O papel dos Avisos consiste na emissão de uma circular de aviso com indicação para a realização dos tratamentos nas alturas mais oportunas bem como listas para os produtos fitofarmacêuticos homologados, dentro de uma boa prática agrícola. 1995 foi o ano de inauguração desta Estação de Avisos. Instalaram-se 8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs), foi adquirido material informático (computador e impressora) e material de laboratório de apoio: frigorífico, estufa, microscópio, lupa biocular, pinças, bistoris etc Em 1996 e 1997 decorreram as fases experimentais desta Estação através da testagem do software das EMAS. Em 1998 esta Estação de Avisos entrou oficialmente em funcionamento, formada por dois técnicos, tendo contado nas campanhas de 1998 e 1999 com a colaboração de uma técnica profissional. Em 2001 e 2002 esta Estação teve a colaboração de uma estagiária mas desde então restringe-se aos dois técnicos. 2

1.2- Recursos humanos e técnicos Desde 1995, fazem parte desta Estação de Avisos 2 elementos: Marta Maria Filipe de Oliveira Caetano (Eng.ª Agrária) e José Manuel Heleno Batalha (Engº Técº Agrário). A Estação de Avisos ocupa dois gabinetes do Edifício da DRABL em Leiria, sendo um dos quais um pequeno laboratório onde se encontra o material técnico usado na execução dos trabalhos: - 1 microscópio Olympus Ch-2, lâminas e lamelas - 1 lupa binocular Olympus SZ60-1 máquina dobradoura de papel - 1 Estufa Heraeus - 1 Frigorífico Edesa - 1 computador Azus Version New PCB R2.0-1 impressora/ scanner/ copiadora hp750-8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs): 6 da marca Campbell e 2 da Vórtice - 1 insectário - 1 termopluviohumectógrafo - Material de laboratório (pinças, agulhas, placas de petri, lâminas, lamelas ) 1.3- Rede meteorológica e biológica/fenológica Para a elaboração dos boletins fitossanitários, a Estação de Avisos de Leiria, a mais recente estação pública, está equipada com 8 EMAs (não possuindo nenhuma estação meteorológica clássica de apoio) e vários postos de observação biológicos para as culturas que supervisiona (Fig. 1). Em 2007, a transmissão de dados das Estações Automáticas passaram a ser feitos por via GSM tendo sido substituído o modem e requalificadas todas as Estações, tendo algumas delas sido deslocalizadas. Na requalificação, os sensores de humidade e temperatura e folha molhada foram calibrados assim como os hudómetros. Para além 3

desta tarefa, a empresa Quantific ficou também responsável pela manutenção de todo o equipamento. Toda esta remodelação ficou abrangida pelo projecto AGRO 8.2 no que diz respeito à modernização do Serviço Nacional dos avisos Agrícolas e só ficou concluída em finais de 2007, pelo que até meados deste ano apenas era possível aceder aos dados de 4 EMAs tal como em 2006. As estações emitem dados diários e horários de temperatura (máxima, mínima e média), humidade e precipitação que chegam ao computador central da Estação de Avisos via modem. Os sensores de folha molhada permitem determinar o número de horas que a folha permaneceu molhada no dia. Este valor deverá ser comparado com o obtido no termopluviohumectógrafo para averiguar a sua fiabilidade. A Estação de Avisos recorre ainda a uma rede de postos de observação biológicos (POB), onde são colocadas armadilhas para acompanhamento do voo das pragas e onde se observam semanalmente os vários órgãos da planta de acordo com o estado de desenvolvimento da planta e o dos seus inimigos. Esta informação é depois cruzada com os dados climáticos extraídos das EMAS e com os conhecimentos sobre bioecologia dos inimigos para os quais emitimos avisos, permitindo, depois, determinar as alturas mais oportunas para a realização dos tratamentos. Figura 1 Rede meteorológica e biológica/fenológica da Estação de Avisos de Leiria em 2008. 4

2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS DE LEIRIA 2.1- Utentes inscritos e boletins emitidos Em 2008 registaram-se 184 inscrições, número que se tem mantido sensivelmente igual desde à alguns anos e que traduz a fidelidade dos utentes a este serviço, no entanto, com a ajuda ao arranque da vinha que teve início este ano e que permanecerá por mais 3 anos, prevê-se que o número de utentes possa diminuir. Esta situação, a juntar ao desânimo sentido por parte dos agricultores devido à falta de rendimento desta actividade, à sua dureza e exigência em termos humanos e à falta de quem lhes suceda poderá agravar ainda mais esta situação. Se antes sentiam esse trabalho monetariamente compensado, e eram muitos os que viviam exclusivamente dela, actualmente não conseguem competir com a elevada concorrência do mercado externo e os preços dos produtos não pagam, na maior parte das vezes, os encargos subjacentes. Num inquérito efectuado em 2005, por esta Estação de Avisos aos seus utentes, era-lhe reconhecido valor na sua actividade. Em 2006 voltamos a questionar se estavam satisfeitos com o serviço e quais as sugestões que propunham para melhorá-lo e sentimos que este serviço era muito importante para todos, no entanto, dada a conjuntura desfavorável que este sector atravessa, teme-se uma quebra sentida na adesão a este serviço. Os utentes incluem: agricultores, cooperativas e adegas, serviços oficiais e particulares, que por sua vez fazem chegar os avisos a outros agricultores não inscritos pelo que o número de agricultores a beneficiar deste serviço é muito superior ao número de utentes inscritos. O valor da assinatura anual foi de 12,97. Foram emitidas 16 circulares contendo avisos para o tratamento das principais pragas e doenças das pomóideas, vinha e olival, bem como a indicação dos produtos homologados para o seu combate e informações para alguns inimigos do pessegueiro e citrinos. 5

2.2- Resumo do Ano Agrícola 2008 As condições atmosféricas são determinantes não só no desenvolvimento dos inimigos das culturas como das próprias culturas existindo fases particularmente sensíveis, nomeadamente altura do vingamento e crescimento dos frutos, quer na fase inicial, para impedir que eles se deformem, quer na final para se atingirem bons calibres e índices de maturação. As condições atmosféricas ocorridas em 2008 estão resumidas nas figuras 2 e 3 que revelam a temperatura e precipitação ocorridas em duas EMAs situadas respectivamente em Leiria e Porto de Mós. O tempo durante a campanha revelou-se chuvoso e propício ao desenvolvimento de doenças, tal como em 2007, principalmente nos meses de Janeiro, Abril e Maio e decorreu seco no final da campanha. Relativamente à temperatura foi um ano ainda mais ameno do que 2007, já de si sem grandes oscilações. O Inverno não foi muito frio e no Verão não se atingiu nenhum pico de calor como em anos anteriores como o de 2006 que provocaram algum escaldão na fruta. No final da campanha, principalmente a partir de Agosto, o tempo decorreu seco beneficiando com isso a qualidade dos frutos, uma vez que as doenças que ocorrem nesta fase, junto á maturação quer em vinha quer em olival não encontrem condições muito favoráveis para não se expandiram muito. 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 mm ºC 30 25 20 15 10 5 0 Prec T. Min T Máx T. Med Meses Fig 2-Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico da Barreira, concelho de Leiria, em 2008. 6

60 40 ºC 30 25 20 Prec T Min T Máx mm 15 20 10 5 0 0 Meses Fig 3-Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico das Brancas, concelho de Batalha, em 2008. Nas pomóideas a produção revelou-se dentro do que era esperado apesar de ter havido alguns problemas na altura do vingamento devido às oscilações de temperatura que se fizeram sentir e que provocou o abortamento de alguns frutinhos nas variedades mais precoces. No fim da campanha apesar do tempo seco atingiramse bons calibres devido ás reservas de água no solo, à rega e à monda de frutos que os agricultores já se habituaram a realizar e a aceitar como prática necessária para se atingir uma boa qualidade de fruta. Em termos sanitários o pedrado voltou novamente em força mas apesar dos vários períodos de infecção registados quem tratou logo de início esta doença de forma oportuna e com os produtos adequados não teve grandes problemas. Para além do pedrado, o cancro teve boas condições para se dispersar principalmente nas variedades vermelhas. A incidência de bitter-pit no período pós colheita foi também referida pelos técnicos das cooperativas fruteiras, devendo-se não só á falta de aplicações em cálcio, mas também ás condições atmosféricas sentidas nomeadamente as oscilações de temperaturas. Na vinha, e no que respeita á produção, o ano revelou-se ligeiramente abaixo do que normal com os agricultores a queixarem-se da falta de chuva, problemas em controlar o míldio e de algum escaldão. Este último muitas vezes devido a uma desparra e desfolha mais violenta. 7

Os cachos no final apresentavam-se mais engelhados nas vinhas não regadas. Algumas castas, como é o caso da touriga nacional acusaram algum desavinho e bagoinha devido às oscilações de temperatura verificadas na floração/alimpa. Segundo informação colhida nas adegas esta referida baixa de produção teve consequências na qualidade do vinho tinto, que parece ter melhorado, não se revelando tanto nos brancos. Em termos gerais a qualidade foi superior à colheita de 2007. Quanto aos inimigos das culturas o míldio não se manifestou de forma tão violenta como em 2007. Os sintomas que apareceram foram facilmente controlados e no final as perdas devido a esta doença foram insignificativas. O bago negro black rot continua a aparecer embora de forma muito esporádica e por essa razão voltou a não ser feita qualquer referência a ele nas nossas circulares. O oídio é considerado nesta região o principal inimigo da vinha, no entanto a sua manifestação ficou-se dentro dos parâmetros normais para a região. No olival, o rendimento e principalmente a qualidade do azeite foram bons, apesar da azeitona se apresentar ligeiramente engelhada no final da campanha devido à desidratação, no entanto, no lagar apresentou bom rendimento. Com o tempo seco a azeitona apresentou-se sem sintomas de gafa gerando azeites com um índice de acidez rondando os 0,5%. Em 2007 esta doença foi responsável em certos casos por perdas quase totais de produção e por azeites de má qualidade. A mosca iniciou o seu voo cedo como se tem verificado em anos anteriores e não causou problemas para quem fez os tratamentos nas alturas oportunas apesar da pressão ter sido maior este ano. A produção não foi uniforme devido às chuvas ocorridas por altura da floração que contribuíram para a bagoinha nesta cultura. As variedades mais tardias foram mais afectadas por esta situação pelo que se observaram olivais com pouca produção e outros com boa produção.. Em termos de rendimento, mesmo na galega foi acima da média. Como vem sendo habitual na zona de Pombal a produção foi menor do que em Porto de Mós. 8

2.3- Ciclo vegetativo das culturas Vinha- As datas representam uma média na região uma vez que ela é distinta, constituída por vários microclimas, e para além disso as castas encontram-se misturadas. Na figura 4 estão definidas as datas dos estados fenológicos da vinha em geral. O abrolhamento tem acontecido tardio nos últimos anos. Este ano antecipouse em quase 2 semanas comparativamente a 2007, no entanto o pintor teve início quase uma semana depois comparativamente a 2007. As temperaturas muito amenas registadas ao longo do Verão atrasaram prolongaram um pouco o ciclo vegetativo. Mantém-se a irregularidade da rebentação. Vindima E. F. A C E F H I J K L M Data Fev 15-Mar 9-Abr 10-Abr 28-Abr 12-Mai 30- Mai 15- Jun 23-Jun 14 Jul 28-Jul 17 - Set Fig 4- Datas dos estados fenológicos (E. F.) dominantes nas vinhas da região de Leiria em 2008. Macieira Tal como na vinha, as macieiras rebentaram um pouco mais cedo, a floração foi também um pouco mais precoce, no entanto a maturação teve lugar sensivelmente na mesma altura não se tendo verificado perdas por escaldão como nos anos anteriores. Na figura 5 estão referenciadas as datas dos estados fenológicos da macieira. Os calibres foram razoáveis devido à monda que já está praticamente instituída entre os agricultores. A maturação depende das variedades, mas nas dominantes nesta região, esta fase decorre entre fins de Julho e meados de Outubro. 9

E. F. A C D E E2 F G I J Data Fev 17 Mar 24 Mar 30-Mar 7-Abr-Abr 15 Abr 23 Abr 30 Abr 12-Mai Fig 5 Datas dos estados fenológicos dominantes da macieira na região de Leiria em 2008. Oliveira O abrolhamento foi igualmente tardio, como em 2006 e 2007, o vingamento foi mais precoce mas no final da campanha as azeitonas começaram a pintar ao mesmo tempo que no ano anterior. Na figura 6 pode observar-se os estados fenológicos da oliveira e respectivas datas dominantes na região. Em meados de Novembro os olivais da região de Leiria e Porto Mós estavam com a azeitona colhida, enquanto em Alvaiázere e Ansião a colheita só aconteceu início de Dezembro, por serem zonas mais tardias. O rendimento em azeite mesmo na variedade galega foi bastante bom. E. F. A B C E F I J Data Mar 19 Mar 31 Mar 24 Abri 5- Mai 20 Mai 2 Jun Fig 6 Datas dos estados fenológicos da oliveira dominantes na região de Leiria em 2008. 10

2.4- Evolução dos inimigos das culturas 2.4.1- Vinha 2.4.1.1- Pragas Traça da uva (Lobesia botrana) A traça apresentou um voo ainda mais baixo do que o verificado em 2007 e também já em 2006 (fig. 7). A primeira geração foi pouco nítida sem um pico bem definido e com um índice de capturas baixo. Esta geração ataca as inflorescencias e o seu ataque tem o efeito de monda natural impedindo que os futuros cachos não fiquem demasiado compactos pelo que normalmente não se aconselha tratar tal como foi avisado a 21 de Abril e 6 de Maio. Foram observados menos ninhos comparativamente a 2007 e não se atingiu o NEA em qualquer um dos postos biológicos. Tem-se observado um decréscimo gradual da incidência desta primeira geração, no entanto constata-se não existir uma correlação visível na incidência das outras gerações. 250 200 150 Mourã P. Mós Alcanadas Pombal 100 50 0 Figura 7 -Curva de voo da traça da uva registada em postos biológicos da região de Leiria em 2008. 11

A segunda geração foi ainda mais fraca que a primeira e mais fraca comparativamente a 2007 com um pico pouco saliente a ser alcançado na terceira semana de Junho e o posto de Pombal, contrariamente a 2007, a registar o menor número de capturas. A 11 de Junho foi emitido um aviso que referia o início da 2ª geração da traça mas que ainda não era necessário tratar uma vez que a incidência de ovos nos cachos era nula. Uma semana depois a 18 de Junho, referia-se que já se tinham iniciado as posturas e aconselhava-se a tratar com um produto ovicida/larvicida ou mais tarde com um produto larvicida. No final de Junho registaram-se ovos de traça nos bagos já com cabeça negra e uma semana depois em 7 de Julho, fazia-se o aconselhamento para a aplicação de um produto larvicida, um pouco antes do pico do voo, com um ovicida ou uma semana depois com um produto larvicida. Em 2006 a terceira geração foi fraca, comparativamente às anteriores, mas em 2007 e 2008 esta situação inverteu-se, o que reforça mais a ideia da não existência de uma ligação directa nas capturas entre gerações. Esta última geração foi mais intensa que as anteriores, com o posto das Alcanadas e Mourã a registarem o maior índice de capturas logo seguida de Porto Mós. O voo teve início no final de Julho, tal como em 2007 e atingiu o pico no início de Setembro. A 11 de Agosto referia-se no aviso o início desta geração avisando para tratarem mais para o fim da semana com um produto ovicida/larvicida. Em finais de Agosto e inícios de Setembro foram observados muitos ovos de traça no posto das Alcanadas e Porto Mós atingindo-se o NEA que nesta fase é muito curto: 1 a 10% de bagos atacados e que confirmou a oportunidade do tratamento aconselhado. Nesta fase, é necessário ter cautela nos tratamentos, uma vez que estamos já perto da colheita a temos que atender aos Intervalos de Segurança (I.S.) dos produtos. O tratamento aqui, mais do que evitar perdas de produção, vai prevenir a instalação da podridão que aproveita as feridas provocadas pelas lagartas nos bagos para se desenvolver. No final da campanha os estragos causados pela traça foram mínimos. 12

Cochonilha algodão (Planococcus ficus) O panorama desta praga continua a ser o mesmo de anos anteriores. É uma praga que se apresenta muito localizada nas vinhas da região mas que se não for tratada pode dar cabo da produção. O tratamento de Inverno passa pela descamação da casca, uma vez que as cochonilhas se instalam debaixo do ritidoma, seguida de uma pulverização molhando bem o tronco com Malatião + Óleo Mineral ou Óleo de Verão. Esta indicação foi dada a 30 de Janeiro. Na altura das vindimas devem-se marcar as árvores que apresentem sintomas de ferrujão presença de fumagina. A 11 de Junho começaram a observar-se a saídas das larvas nos nossos postos de observação justificando a emissão de um aviso a aconselhar a tratar com um produto à base de malatião, clorpirifos e óleo de verão dirigido ao tronco e ramos do interior da videira. 2.4.1.2- Doenças Míldio (Plasmopora viticola) 2008 foi um ano em que esta doença teve um comportamento dentro do que é normal, ou seja, apareceu em várias alturas durante o ciclo vegetativo da videira, mas os agricultores que estiveram atentos e seguiram os nossos conselhos não tiveram problemas em controlá-la. Os oósporos começaram a ser colocados na estufa em meados de Fevereiro demorando mais de 4 dias a germinarem a uma temperatura de 22ºC. A 5 de Março o tempo de germinação diminuiu para 3 dias, tendo-se observado zoósporos no dia 8. A germinação em menos de 24 horas só aconteceu no final do mês de Março, primeiro em Leiria, depois na região de Porto Mós. Em Pombal houve dificuldade em definir este momento, uma vez que as folhas se encontravam muito degradadas devido aos insectos do solo. Foram 8 os períodos de infecção desta doença observados ao longo do ano e que estão distribuídos na escala temporal definida na figura 8. O início de cada 13

período está assinalado com um círculo oval, que corresponde ao dia em que ocorreu infecção, e termina com a data prevista para o aparecimento das manchas. Estão indicadas com setas as 9 circulares de avisos com referência a esta doença. 15MAI 2 JUN 16ABR 30ABR 12MAI 22MAI SMS SMS SMS 7ABR 24ABR 29 ABR 15MAI 26 MAI 5JUN 15JUN 23JUN 3JUL 12JUL 1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL 1 AGO 15 AGO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO 8 ABRIL 21 ABR 6 MAI 13 MAI 23 MAI 18 JUN 7 JUL 28 JUL 11 AGO Figura 8- Períodos de infecção de míldio registados ao longo do ano de 2008. Com as chuvas caídas no início de Abril, muitas das vinhas já apresentavam pampanos com mais de 10cm de comprimento, encontrando-se em condições de serem atacadas por este fungo, que nesta altura já se apresentava maduro por toda a região. As chuvas caídas a 5 e 6 de Abril motivaram o envio de um sms a 7 de Abril para tratarem com um produto de acção curativa. O aviso emitido no mesmo dia, aconselhava um tratamento até ao dia 18 para quem não tivesse tratado por sms, embora só se esperassem manchas a 22 de Abril. As chuvas caídas de 16 a 20 de Abril provocaram novas infecções cujas manchas se previam aparecer a partir de 30 de Abril tendo sido emitido um aviso a 21 de Abril a aconselhar um tratamento assim que fosse possível com um fungicida sistémico. A 28 de Abril Foram observadas manchas de míldio na vinha do posto da Mourã, em Leiria, e em outros postos da região pelo que a 6 de Maio, na circular n.º 6 se aconselhava a continuarem a manter as vinhas protegidas. O terceiro período de infecção a 29 de Abril a 15 de Maio ficou coberto por este aviso. As chuvas de 12 e 13 de Maio provocaram novas infecções pelo que também em consequência dos orvalhos sentidos em dias anteriores foi emitida uma circular de aviso a 13 de Maio a referir esta instabilidade do tempo e a aconselhar um tratamento com um produto sistémico. A continuação das chuvas nos dias seguintes de 15 a 19 de Maio causaram novos períodos de infecção com as manchas a aparecerem a 2 de 14

Junho, no entanto, este período de infecção ficou coberto pelo aviso do dia 13 e 23 de Maio, este último reforçando o anterior. O período de infecção de 26 de Maio a 5 de Junho ficou coberto pelo aviso de 23 de Maio. O período de infecção de 15 a 23 de Junho deveu-se às chuvas caídas numa fase de crescimento exuberante da cultura pelo que foi emitido um alerta em sms para tratarem de imediato e emitido um aviso a 18 de Junho para tratarem de imediato com um produto de contacto no caso de não chover. O último período de infecção deu-se a 3 de Julho, foi emitido um sms uma vez que se previa para o fim-de-semana mais chuva. A 7 de Julho o aviso aconselhava um tratamento para quem não tivesse tratado por sms podendo nesta fase optar por um fungicida com cobre. Para prevenir ataques na folhagem nova e que provoca por vezes desfoliação foram emitidos os avisos do dia 28 de Julho e de 11 de Agosto, continuando a aconselhar fungicidas com cobre. O míldio acabou por ser bem controlado ao nível dos cachos e das folhas não se tendo observado, como em 2007, um descontrolo da doença até ao fim da campanha ao nível das folhas. Refere-se a presença desta doença ainda a 11 de Agosto em cachos e folhas nos postos da Batalha, Porto Mós e Leiria mas no início de Setembro esta situação estava perfeitamente controlada por quem não se descuidou. OÍDIO (Uncinula necator) Este fungo tem sido, em anos anteriores, uma doença chave da cultura da vinha. Em 2007 e 2008, apesar do ano húmido que se fez sentir e que provocou um crescimento exuberante dos lançamentos fechando as copas das vinhas e contribuindo para infecções de oídio, isso não se verificou da forma que se esperava devido à sensibilização que tem sido feita por parte dos serviços no sentido de despamparem as vinhas favorecendo desta forma o arejamento e diminuindo a incidência desta doença. Foram observados ataques de oídio com alguma intensidade a partir de finais de Junho até meados de Agosto. Antes daquela data os ataques foram muito esporádicos. As referências a esta doença tiveram início a 7 de Abril na fase de cachos 15

visíveis, fase muito sensível da doença, à base de enxofre em pó. A partir desta fase até ao pintor e desde que haja condições de humidade é necessário que as vinhas estejam protegidas, existem contudo alturas de maior sensibilidade a esta doença que foram referidas. Aconselhou-se um segundo tratamento a 21 de Abril a juntar à calda antimíldio. A 6 e 23 de Maio com os orvalhos sentidos aconselhava-se novamente a juntar um produto anti-oídio à calda anti-míldio. A 11 de Junho referia-se que a partir da floração/alimpa até ao pintor é uma fase muito sensível a esta doença, e dado que esta região tem nesta altura um clima muito favorável ao seu desenvolvido chamava-se a atenção para tratarem as vinhas com produtos sistémicos desde que não existissem focos declarados desta doença devido aos problemas de resistência que pode causar. A 18 de Junho aconselhava-se a continuarem a manter as vinhas protegidas e a arejadas. A 7 e 28 de Julho fazia-se referência a continuarem a manter as vinhas protegidas devido à instabilidade meteorológica aconselhando a aplicação de produtos à base de enxofre em pó ou dinocape evitando as horas de maior calor. PODRIDÃO CINZENTA (Botrytis cinérea) Ano sem problemas com esta doença, uma vez que o tempo que antecedeu as vindimas e as próprias vindimas decorreram sem chuva, proporcionando uvas de elevada qualidade. Os casos pontuais que ocorreram deveram-se ao descuido em relação aos tratamentos e ao facto de manterem a vinha muito fechada impedindo o arejamento. A pouca chuva caída no final do ciclo vegetativo aliada à baixa incidência de traça e ao oídio que não se manifestaram de forma tão intensa como é habitual, contribuíram para que esta doença se mantivesse em níveis controláveis. A 23 de Maio as vinhas encontravam-se no estado fenológico floração/alimpa, fase muito sensível a esta doença devido ao risco do fungo poder ser arrastado para as sementes, pelo que se aconselhava a tratarem. A 7 de Julho e nas castas mais sensíveis aconselhou-se outro tratamento antes do fecho do cacho. Tinham-se já observado ataques deste fungo no cacho e a 16

Primavera chuvosa provocou um desenvolvimento exuberante das cepas formando o típico chapéu. Para uma maior eficácia dos tratamentos aconselhava-se a arejarem os cachos fazendo uma desfolha gradual. Com a entrada do pintor a sensibilidade a esta doença aumenta, no entanto considerou-se que a doença se encontrava controlada uma vez que o tempo permaneceu seco. Nos nossos postos de observação foram detectados ataques de botrytis nos finais de Maio nas folhas nas castas Aragonês, Fernão Pires e Touriga Nacional em Leiria. Entre Maio e Agosto apenas foram detectados focos muito esporádicos que não justificavam qualquer tratamento. ESCORIOSE (Phomopsis vitícola) É uma doença em progressão na região que deixou de ser exclusiva de vinhas velhas. A proliferação de viveiristas que vivem à margem da lei e que não cumprem os requisitos necessários na produção de garfos sanitariamente isentos de doenças, tem favorecido a disseminação desta doença. Vinhas com dois e três anos apresentam já sintomas de escoriose comprometendo logo de início o vigor da videira, a sua formação e o rendimento. A poda curta, a talão, a mais generalizada na região e a que apresenta menos custos por não necessitar de empa, pode ser muito prejudicial para o rendimento da vinha uma vez que em cepas com escoriose, os gomos da base podem não abrolhar e, a acontecer em talões, a produção fica logo comprometida. A Primavera chuvosa que se fez sentir esta ano criou condições favoráveis ao desenvolvimento desta doença, no entanto, não se considera que esta tenha progredido muito devido à sensibilidade cada vez maior dos agricultores relativamente a ela. Insistiu-se novamente nas medidas profilácticas na altura da poda de forma a evitar a sua propagação e, tratamentos químicos preventivos no estado D E Saída das folhas folhas livres. Informaram-se os agricultores das medidas profilácticas a implementar contra esta doença em 30 de Janeiro onde se chamava a atenção para: a) podar as videiras mais infectadas no fim, deixando nestas mais dois gomos para o caso dos da base não rebentarem, 17

b) queimar a lenha da poda, c) não enxertar com garfos infectados, d) desinfectar com lixívia o material de poda depois de podar videiras infectadas para videiras sãs. Na luta química preventiva, aconselhou-se tratar a 11 de Março dando à escolha duas estratégias: a) duas intervenções com produtos não sistémicos (enxofre, folpete, mancozebe, metirame, propinebe), sendo uma no estado D (saída das folhas) e outra no estado E (folhas livres), ou b) uma só intervenção com um produto sistémico (azoxistrobina, famoxadona + fosetil de alumínio, folpete + fosetil de alumínio, mancozebe + fosetil de alumínio) no estado E (folhas livres). 2.4.2- POMÓIDEAS PRAGAS BICHADO (Laysperesia pomonella) Esta praga continua a ser muito importante, mas desde que tratada na altura oportuna não causa grandes prejuízos. Nos últimos anos o bichado tem mantido voos ininterruptos sem picos bem definidos durante toda a campanha mas este ano registaram-se 4 picos bem definidos na curva de voo (Fig. 9). Os dois primeiros picos referem-se às duas primeiras gerações e os dois restantes à segunda geração. Tal como em 2007, o posto das Cortes (Leiria) apresentava uma maior incidência de voo na primeira geração e o posto de Porto Mós apresentou na segunda geração. A 16 de Abril todos os postos registaram capturas desta praga e na mesma altura foi detectado o primeiro bichado no insectário. Na figura 10 é possível observar a curva de emergência do bichado onde se pode observar que foi entre meados de Maio e meados de Junho que as emergências foram mais intensas. 18

Foram colocados casais em mangas de posturas a 24 e 28 de Abril, no entanto, não resultaram posturas possivelmente de vido ao facto de ao longo da Primavera e início de Verão ocorrerem ventos ao crepúsculo e que dificultaram o acasalamento deste insecto. 30 25 P. Mós Conqueiros Cortes N.º de capturas 20 15 10 5 0 21- Abr 05- Mai 19- Mai 02- Jun 16- Jun 30- Jun 14-Jul 28-Jul 11- Ago 25- Ago Figura 9- Curva de voo do bichado em postos biológicos da região de Leiria em 2008. 10- Set 22- Set A 6 de Maio fez-se referência ao início de voo da primeira geração do bichado e recomendava-se um insecticida ovicida/larvicida. As condições meteorológicas eram favoráveis à ocorrência de posturas: pouco vento e temperaturas acima dos 15º ao crepúsculo. Na manga de postura detetaram-se as primeiras posturas a 25 de Maio, altura em que o voo começou a aumentar e a 11 de Junho a circular do aviso fazia referência à observação de frutos já picados bem como às temperaturas crepusculares serem muito favoráveis às posturas e assim se iriam manter o resto da semana pelo que se recomendou a observação dos 1000 frutos dando preferência aos que se encontrassem encostados devendo tratar se detectassem entre 5 a 10 frutos bichados aconselhando-se um produto de acção larvicida. Esta recomendação foi reforçada em 18 de Junho devido ao voo estar elevado. Já na segunda geração desta praga, a 28 de Julho referia-se o voo estar muito activo aconselhando-se novo tratamento. Esta situação foi reforçada a 11 de Agosto. Por enquanto não se observa muita quebra de eficácia dos insecticidas utilizados no seu combate. 19

LAGARTA MINEIRA (Phyllonorycter blancardella) Confirma-se que desde que os pesticidas utilizados no combate a outras pragas sejam oportunos, pouco agressivos para a fauna auxiliar e se rodem as famílias químicas dos produtos, esta praga é perfeitamente controlável com poucos ou nenhum tratamento. O desaparecimento do mercado de certas substâncias activas muito tóxicas para os predadores desta praga fez descer significativamente a importância do seu ataque, de tal maneira que nos últimos dois anos raramente verificamos ataques significativas desta lagarta. Este ano a lagarta continuou a manter-se em níveis pouco preocupantes (fig. 10) apenas a 18 de Junho devido a um pico registado se aconselhou um tratamento cindicionado, a juntar ao do bichado, para quem observa-se mais de 100 galerias em 100 folhas. N.º de capturas 600 500 400 300 200 P. Mós Conqueiros Cortes 100 0 22- Mar 07-Abr21-Abr05-Mai19-Mai02-Jun16-Jun30-Jun14-Jul 28-Jul 11- Ago 25- Ago 10-Set22-Set Figura 10- Capturas de lagarta mineira pontuada em postos biológicos da região de Leiria em 2008. As capturas nos postos de observação, à excepção do posto dos Conqueiros (Leiria), onde se registou um aumento da incidência desta lagarta de 2007 para este ano, não foram além das 300 capturas/semana. 20

MOSCA DA FRUTA (Ceratitis capitata) Embora se verifique que cada vez mais esta praga está para ficar e aumentar, não só fruto do aumento das temperaturas como pelo número elevado de hospedeiros que a sustentam e ainda pela saída do mercado de produtos que a controlavam, o ano de 2008 não foi tão mau em macieiras como à partida se pensou, devido aos ataques inesperados em variedades precoces do grupo gala. Os prejuízos apesar de existirem não foram maiores dos observados em anos anteriores devido não só à grande sensibilização por parte dos agricultores na aplicação no cedo de insecticidas bem como a utilização da captura em massa e uso de medidas culturais para diminuir a densidade populacional desta praga. Os nossos postos situando-se em propriedades privadas reflectem esta situação. O voo teve início em meados de Julho tal como em 2007 antecipando-se em cerca de um mês comparativamente a 2006. O ataque verificado em prunóideas foi forte tanto nos pessegueiros como em ameixeiras no entanto, pela observação da curva de voo nos nossos postos (Fig. 11), em maçãs, ela foi relativamente baixa à semelhança de 2007, mesmo no posto dos Conqueiros onde no ano passado se atingiram as 200 capturas/semana. 40 35 Cortes P. Mós Conqueiros 30 N.º capturas 25 20 15 10 5 0 21- Jul 28- Jul 4- Ago 11- Ago 18- Ago 25- Ago 1-Set 11- Set 15- Set 22- Set 29- Set 6-Out 13- Out 20- Out 27- Out Figura 11- Capturas de mosca da fruta em postos biológicos da região de Leiria em 2008. 21

É característico nesta praga ela intensificar-se a partir de meados de Setembro, altura em que a maioria das variedades de maçã na região estão a entrar na maturação ou já se encontram maduras e ficam mais susceptíveis. Este ano essa tendência manifestou-se a partir de meados do mês de Agosto mas com um índice de capturas abaixo do que é habitual. Em finais de Outubro e comparativamente aos anos anteriores, a intensidade de voo da mosca foi mais baixa em todos os postos. Uma das razões para esta situação prende-se com o facto desta praga ser bastante temida na região e estando ainda bem presente os prejuízos sofridos em 2004 e 2005. Aconselhou-se um primeiro tratamento em 28 de Julho para as variedades mais precoces de macieira quando já se havia detectado a presença da praga nesta cultura e se referia que os ataques em prunóideas tinham sido gravosos. A 11 de Agosto recomendámos um tratamento total uma vez que praticamente todas as variedades mais predominantes na região tinham entrado na maturação. As capturas apontavam para a necessidade de vigilância e aconselhava-se a observarem os frutos picados. A 5 de Setembro indicou-se novo tratamento, desta vez para as variedades mais tardias. Já se tinham observados frutos picados nas variedades mais predominantes da região. O posto dos Conqueiros que em 2007 tinha registado à colheita um índice de frutos picados em 15%, este ano não foi além dos 5%. O posto das Cortes, Leiria, registou à colheita um índice de frutos picados em cerca de 10% o que é bastante elevado. Em todos os avisos emitidos se chamou a atenção para o cumprimento para com os Intervalos de Segurança dos produtos uma vez que o ataque da mosca acontece junto à colheita. Em 24 de Outubro avisava-se os fruticultores a não deixarem frutos no chão dos pomares ou das árvores, constituindo esta situação um viveiro para a mosca. Aconselhava-se a enterrar ou destruir a fruta para diminuir a densidade populacional da praga para o ano seguinte. 22

COCHONILHA S. JOSÉ (Quadraspidiotus perniciosus) Continua a ser uma praga interdita na comercialização da fruta e como tal de tratamento obrigatório nos pomares onde está instalada. Com a saída do mercado do metidatião, uma das substâncias activas que melhor a combate tem-se manifestado uma evolução da população em vários pomares da região. A cochonilha apresenta-se muito localizada quer na região, quer mesmo dentro dos pomares, obrigando o agricultor a fazer observações de forma a ficar a conhecer e a marcar as árvores contaminadas. A 11 de Março, perto do início da rebentação, altura em que as formas hibernantes estão mais sensíveis, deu-se a indicação para ser feito um tratamento dirigido ao tronco e pernadas com óleo de verão a 4% ou óleo mineral mais malatião. Nesta Estação de Avisos o acompanhamento desta praga passa pela observação das eclosões das jovens larvas conjuntamente com a temperatura média acumulada acima dos 7,3ºC, a partir de 1 de Janeiro. A curva de voo dos adultos machos nunca se conseguiu traçar por a armadilha sexual com feromona, por razões que desconhecemos, não os capturar. Colocaram-se as cintas armadilhas brancas à volta dos troncos no princípio de Abril e apanharam-se as primeiras larvas à semelhança de 2007, no posto das Cortes seguido do de Porto Mós no início de Maio. A temperatura acumulada para essa altura era de 521,8ºC e 606,5ºC em duas EMAs localizadas em Leiria e Porto Mós, respectivamente, situando-se o primeiro valor dentro do intervalo de valores estudado (500-525º) e o segundo acima. A emergência deu-se logo de início com intensidade pelo que foi emitido uma circular de aviso a 6 de Maio a referir a saída das larvas móveis e a aconselhar a molhar bem os troncos. Em 2006 a saída das larvas deu-se aos 409º o que nos levou a sugerir um estudo mais pormenorizado desta metodologia A eclosão da segunda geração deu-se no início de Julho com fraca incidência, tal como em 2007 e a 7 de Julho aconselhava-se a tratar esta praga nos pomares onde ela se encontra-se presente. A temperatura acumulada rondava nessa altura os 1170ºC em Leiria e os 1357ºC em Porto Mós, valores respectivamente abaixo e acima do estudado -1270ºC- mas que não fogem muito daquele valor. 23

Todos os tratamentos são apenas dirigidos aos pomares onde se verifique a presença da praga. AFÍDEOS (Aphis spp.; Dysaphis plantaginea) Dos vários piolhos que atacam as pomóideas o mais preocupante é sem dúvida o cinzento devido à deformação que provoca nos raminhos terminais e frutos que acaba por os proteger dos tratamentos. A sua presença nos nossos postos de observação não tem alcançado níveis preocupantes, no entanto, todos os anos fazemos referência a este afídeo. A 7 de Abril a circular de aviso aconselhava à observação de 100 folhas e a tratar se observassem folhas a começar a ficar enroladas. No piolho verde o NEA é de 15% de raminhos com colónias. Em Abril detectámos um aumento de infestação de afídeo verde ultrapassando o NEA em todos os nossos postos de observação. Esta praga aprecia órgãos verdes e tenros e a chuva ocorrida na Primavera favoreceu este desenvolvimento. A 21 de Abril a circular de aviso aconselhava a observarem 100 rebentos e a tratar caso 15% estivessem infestados. Nova chamada de atenção a 6 de Maio foi feita por se ter continuado a observar ataques intensos desta praga. O tempo continuava chuvoso e os pomares verdejantes. A 7 de Julho a observação de focos com alguma intensidade aconselhava a observarem novamente os raminhos. ÁCAROS (Panonychus ulmi Koch) Foi dada uma primeira indicação de tratamento a 11 de Março dirigido às formas hibernantes de insectos e ácaros, numa altura em que o abrolhamento estava próximo do início. As eclosões nas tabuinhas tiveram início na segunda semana de Março mas com baixa intensidade e no campo em finais de Abril foram detectadas algumas ninfas embora em níveis muito baixos. O pico das eclosões ocorreu na segunda semana de Maio, embora no campo não se tenha verificado este facto, no entanto, como o seu controlo deve ser feito logo de início, aconselhou-se, a 6 de Maio, 24

e apesar do tempo com chuva não ir muito favorável, a fazerem observações a 100 folhas do terço inferior dos ramos e a tratar só se 50 a 75% das folhas estivessem ocupadas, em macieira, e 40% na pereira. Esta população manteve-se baixa nos postos biológicos. Apesar dos pomares estarem verdejantes, a chuva não favorece o desenvolvimento desta praga exercendo antes um efeito de lavagem. A 11 de Junho refere-se a observação de focos de infecção intensos em alguns pomares recomendadndo vigilância através da observação de 100 folhas e a tratar se observassem, com a ajuda de uma lupa de bolso, 50 a 75 folhas ocupadas com formas móveis. Detectamos a sua presença nos nossos pomares embora em níveis baixos. O tempo durante a campanha não lhe foi favorável e os níveis populacionais nunca atingiram o NEA nos nossos postos de observação. A aplicação de produtos à base de abamectina também têm contribuído para manter a praga em níveis aceitáveis. A 28 de Julho voltou-se novamente a constatar um aumento populacional no posto dos Conqueiros (Leiria). Neste mesmo dia foi emitida uma circular referindo a baixa pressão desta praga mas para não descurarem as observações a efectuar. Esta recomendação foi novamente reforçada a 11 de Agosto. Este terá sido o ano onde esta praga causou menos problemas. Normalmente os anos secos são mais favoráveis. 2.4.2-2- DOENÇAS PEDRADOS (Venturia spp.) Em 2007, o tempo durante a Primavera e na campanha, decorreu chuvoso o que aliado ao inoculo deixado em 2006 criou condições óptimas para o desenvolvimento desta doença. No final da campanha os prejuízos não foram muito elevados porque os agricultores estão já muito sensibilizados para esta doença e normalmente não descuram os tratamentos. Apesar das oscilações de temperatura ocorridas no vingamento não se verificou uma baixa na produção porque a monda dos frutos incidiu em frutos atacados com pedrado e os restantes compensaram no aumento de calibre. 25

As folhas de macieira com peritecas foram colhidas e colocadas no chão no final de Outono de 2007 para se acompanhar a evolução do fungo em condições naturais. A maturação das peritecas principiou na segunda semana de Março, mas só no início de Abril foi generalizada a toda a região. Na figura 12 apresenta-se um diagrama temporal com a sequência dos vários períodos de infecção e os sms e avisos emitidos ao longo do ano à excepção do primeiro e último aviso. Foram identificados 9 períodos de infecção de pedrado (segmentos de recta) e calculados os respectivos períodos de incubação e aparecimento de manchas. Os círculos ovais representam os dias em que ocorreram as infecções. O primeiro tratamento foi aconselhado a 17 de Março via sms devido à chuva ocorrida e dos pomares de pereira e de algumas variedades macieiras no estado C3-D. A 18 de Março era enviado o aviso aconselhando o tratamento às manchas para quem não tivesse efectuado em sms. A 7 de Abril foi emitido novo sms aconselhando tratamento curativo imediato e no mesmo dia saía o aviso aconselhando a ter o pomar protegido até ao dia 18, apesar de só se esperaraem as manchas a 21 de Abril. 16ABR 28 ABR 12MAI 21MAI 26MAI 4JUN SMS SMS SMS SMS 17MAR 31MAR 7ABR 21ABR 29ABR 12MAI 15MAI 30 MAI 16JUN 25JUN 3JUL 11JUL 15 MAR 1 ABR 15 ABR 1 MAI 15 MAI 1 JUN 15 JUN 1 JUL 15 JUL 1 AGO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO AVISO 18MAR 7 ABR 21ABR 6MAI 13MAI 23MAI 18JUN 7JUL 28 JUL Figura 12- Períodos de infecção de pedrado ocorridos em 2008. O período de infecção de 16 a 28 de Abril, causou infecções graves devido à chuva contínua que se fez sentir durante dias seguidos, tendo ficado parte coberto pelo aviso anterior, para quem tratasse até ao dia 18, e também pelo aviso de 21 de Abril uma vez que se esperavam as manchas dessa infecção para o dia 28 de Abril. Este 26

aviso aconselhava um produto de acção mista. Entre os finais de Abril e finais de Maio ocorreram infecções sucessivas deste fungo, como se pode observar pela figura 13, impedindo a realização de tratamentos atempadamente obrigando à emissão de avisos num curto espaço de tempo. As infecções de 29 de Abril, com as manchas a aparecerem até 12 de Maio ficou coberto pelo aviso de 6 de maio onde se referia a presença de manchas em vários pomares que se encontravam em grande desenvolvimento vegetativo. O aviso de 13 de Maio foi consequência das chuvas caídas a 12 e 13 de Maio e da previsão de novas chuvas que vieram a confirmar-se no período de 15 a 19 de Maio causando novas e graves infecções. Quem conseguiu tratar com oportunidade nesta fase conseguiu cobrir estes períodos de infecção com um produto de acção mista. Quem assim não fez, o aviso de 23 de Maio veio cobrir este último período de infecção onde se previa o aparecimento das manchas a 30 de Maio. O aconselhamento à alternância dos produtos sistémicos foi sempre assinalada. Neste último aviso fazia-se referência, também, à forte incidência desta doença nas variedades mais temporãs. Este aviso cobriu o período de infecção seguinte: 26 de Maio a 4 de Junho. O período de infecção seguinte foi consequência das chuvas caídas a 15 e 16 de Junho com as manchas a aparecerem a 25. Foi enviado um alerta em sms para tratarem de imediato com um produto de acção curativa e foi enviado a 18 de Junho um aviso para tratarem antes do aparecimento das manchas com um produto de contacto, caso o tempo decorra seco. Um último alerta em sms foi enviado a 3 de Julho devido à chuva ocorrida e à previsão de chuva para os dias seguintes. O aviso foi enviado a 7 de Julho a alertar para os pomares onde tivesse chovido e que apresentassem manchas deveriam tratar aconselhando um produto de contacto uma vez que não se previa chuva nos dias seguintes. Os aguaceiros ocorridos nos finais de Julho foram responsáveis pela emissão do aviso a 28 de Julho onde se referia a possibilidade de terem ocorrido novas infecções e se aconselhava a manter o pomar protegido utilizando produtos não sistémicos. Finalmente, a 24 de Outubro, aconselhava-se nos pomares que tivessem sido fortemente atacados por esta doença, a fazerem um tratamento à base de ureia a 5% molhando bem as folhas da árvore e do chão. 27

As infecções de pedrado ocorreram de forma quase contínua sobrepondo-se em algumas alturas. Esta doença manteve-se activa na cultura até bastante tarde e causou prejuízos sérios nos pomares que não foram tratados nas fases de infecção e com os produtos adequados, realçando a importância dos tratamentos terem de ser oportunos. As mondas efectuadas aos frutos com pedrado acabaram por diminuir o inóculo dos pomares e dada a boa carga verificada este ano, os prejuízos devido ao pedrado não foram tão gravosos como se esperava serem e a quantidade também não foi muito afectada. Quem seguiu as nossas indicações os estragos causados pelo pedrado não foram muito significativos. CANCRO (Nectria galigena) Nos anos chuvosos e nas variedades mais susceptíveis sabe-se que esta doença se desenvolve mais activamente. Como não existem produtos que combatam esta doença, o modo de actuação passa pela aplicação de medidas profilácticas que controlem a sua dispersão. Foi dada uma primeira indicação para limpeza de feridas e aplicação de cobres a 30 de Janeiro de forma a impedir a entrada dos esporos. A 24 de Outubro chamava-se à atenção para limparem e desinfectarem bem as feridas existentes bem como novas provocadas pela poda. As feridas causadas pela queda das folhas também são uma porta de entrada a este agente e que este tratamento também vai proteger. 28

2.4.3- OLIVEIRA 2.4.3.1- PRAGAS TRAÇA DA OLIVEIRA (Prays oleae) Esta praga tem 3 gerações distintas e o seu desenvolvimento está estreitamente ligado à fenologia da cultura. As larvas da geração filófaga começaram a aparecer em meados de Fevereiro, altura em que terminam a fase mineira e começam a roer as folhas e os rebentos dos ramos jovens para completarem o seu desenvolvimento. Na observação de 100 raminhos, o número de galerias observadas atingiu um máximo em meados de Março, no entanto, o tratamento a esta geração só se justifica em olivais novos por poder comprometer a sua formação. Este ano o índice de capturas foi significativamente abaixo do observado em 2007 registando-se uma primeira geração a antófaga- muito fraca e que decorreu entre meados de Março e início de Maio (Fig. 13). Os adultos da geração filófaga fazem as posturas nos botões florais e as lagartas alimentam-se das peças florais tecendo de seguida uma teia à sua volta para puparem. A oliveira floresceu muito e apesar das condições de instabilidade que se verificaram na altura da floração e que prejudicaram o vingamento em alguns olivais não se justificou a emissão de um aviso até porque não se atingiu o NEA. Normalmente esta geração funciona como uma monda natural dos frutos. A segunda geração, a carpófaga, ataca os frutinhos provocando a sua queda quer à entrada como à saída das larvas. Este tratamento deve posicionar-se logo a seguir ao pico de voo antes da lenhificação do caroço. A indicação de tratamento deuse logo a seguir ao pico do voo, a 18 de Junho, tendo este sido igualmente mais fraco do que em 2007 e já em 2006. Aconselhava-se a tratarem quando o fruto tivesse dimensão de um grão de pimenta. Tem-se verificado que os ataques de traça não causam prejuízos de maior na região e os tratamentos só pontualmente se justificam, no entanto, dada a 29

complexidade das observações a efectuar, não é possível ao agricultor acompanhar a praga sozinho pelo que, na dúvida, trata. N.º de capturas 60 50 40 30 20 10 P.Mós Alcanadas Pombal Alvaiàzere 0 22-Mar5-Abr19-Abr3-Mai17-Mai31-Mai14-Jun28-Jun12-Jul26-Jul9-Ago23-Ago6-Set20-Set4-Out18-Out Figura 13- Capturas de traça de oliveira em postos biológicos da região da Leiria em 2008. MOSCA DA AZEITONA (Dacus oleae) A mosca continua a ser a praga chave dos olivais da região e responsável por perdas de produção. Este ano registou-se um maior número de capturas de adultos nas armadilhas de monitorização, comparativamente a 2007, em proporção com os frutos perfurados. A curva de voo deste ano (Fig. 14), comparativamente a 2007, revela um índice de capturas de adultos nas armadilhas superior, no entanto, registaram-se um maior número de azeitonas picadas possivelmente devido ao facto de não se ter registado nenhum pico calor que em 2006 foram responsáveis pela elevada mortalidade de ovos e larvas. Nos nossos postos de observação o voo foi mais intenso relativamente a 2007, mas não tão intenso como em 2006. O posto de Alvaiázere atingiu as 180 capturas/semana enquanto em 2007 nenhum posto ultrapassou as 70 capturas/semana. A 28 de Julho referia-se no aviso para manterem vigilância nos olivais, apesar de não se ter atingido o NEA: 8 a 12% de formas vivas. 30