UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS. O poder governamental político do Estado brasileiro: uma análise a partir da Teoria da Dominação de Max Weber.



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Transcrição:

O poder governamental político do Estado brasileiro: uma análise a partir da Teoria da Dominação de Max Weber. Maria das Graças Carvalho de Morais Montes Claros MG

O poder governamental político do Estado brasileiro: uma análise a partir da Teoria da Dominação de Max Weber. Maria das Graças Carvalho de Morais 1 RESUMO O Poder político do Estado Brasileiro evoluiu numa dimensão política visível, aliado à ampliação da capacidade administrativa política. Contudo, algumas áreas são demarcadas por uma visão de desenvolvimento puramente político-ideológica. Numa visão racional, realista e objetiva da performance do Estado brasileiro, ainda se encontram indícios de dominação tradicional, principalmente, no interior do país. Quando nos remetemos à leitura da Teoria da Dominação tradicional de Max Weber, observamos alguns pontos para uma reflexão teórica sobre a política exercitada na forma dominada e subserviente. Para melhor entender o conteúdo apresentado, apresentamos uma leitura dos três tipos puros de dominação na visão de Max Weber: legal, carismática e tradicional. Com isto, objetivo explanar, com base na teoria weberiana, aspectos da história do poder político brasileiro. PALAVRAS-CHAVE : Estado. Poder. Dominação. Brasil 1 Graduada em Direito pela Universidade Paulista-UNIP- Brasília-DF. Assessora Parlamentar no poder público municipal, em Montes Claros-MG; aluna na disciplina isolada, teorias do Poder, Mestrado em Desenvolvimento Social na Unimontes.

I- Introdução É perceptível e até necessário que em toda sociedade onde há grupos ordenados, com regras e hierarquias, haja sujeitos dominados e dominantes. Isto é um pressuposto para que um indivíduo ou grupo detenha o poder. Contudo, é necessário que esta autoridade do poder dominante seja legitimada e reconhecida. para Max Weber, o poder é uma prerrogativa do Estado. Ainda Segundo Max Weber, a definição de dominação tem estreita ligação com o desejo de ter alguém pronto a obedecer, ou seja: dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, entre determinadas pessoas indicáveis.(weber-1904) E a dominação é necessária quando se deseja manter a ordem numa sociedade. Para este autor, existem três tipos puros 2 de dominação: legal, carismática e tradicional. Como tipo-ideal, a dominação legal baseia-se em estatutos que podem ser modificados e criados desde que o mesmo esteja pré-estabelecido 3. A tradicional é aquela baseada na crença, e nos poderes de senhores, em contextos onde um manda e o outro obedece. Diferentemente da dominação legal, este tipo não é baseado na formalidade mas na tradição religiosa, política, etc. Já a dominação carismática é dada em virtude da devoção ao carisma, sendo comum ser exercida por pessoas que exercem ações de caráter comunitário. Neste tipo, quem manda é o líder e o que obedece é o apóstolo. Difere das anteriores: por não se prender à burocracia ou à tradição. Carisma é uma qualidade do sujeito. Mas embora guardando diferenças no plano teórico, como tipos-ideais, na realidade histórica, elementos dos diferentes tipos podem estar presentes em determinado contexto. Além do mais, a dominação não chega a ser algo pré-determinado, pois não há como afirmar que quem prepondera hoje não será dominado amanhã. Quando lemos Max Weber sobre a Teoria da Dominação, e buscamos estabelecer um paralelo à política brasileira, das Capitanias Hereditárias até a atualidade, percebemos na démarche da política nacional, um desejo quase-oculto de manter características da dominação tradicional através dos tempos. Talvez, em certos atores políticos, um desejo quase inconsciente, mas notório. E, por vezes, torna-se mesmo um objetivo da ação política. Para melhor apreensão do caso brasileiro à luz da teoria weberiana, some-se o conceito de patrimonialismo deste autor. Nesta trilha teórica, não se pode ignorar, como lembra Rodriguez (2012), a contribuição de Raimundo Faoro com sua elaborada análise de formação social brasileira, à luz de arquétipo weberiano de patrimonialismo. 2 Por tipos puros, entenda-se a categoria teórico-metodológica weberiana de tipo-ideal, ou seja, um modelo teórico nunca encontrado na realidade como descrito, mas que orienta a pesquisa e a compreensão da realidade sociocultural. (WEBER, 1904). 3 Os estudos weberianos sobre burocracia apresentam conteúdos relacionados a este tipo de dominação.

II- Poder e dominação na história política: um breve olhar sobre o percurso nacional. 2.1- Brasil-colônia A evolução do poder da política brasileira desde os tempos do Brasil-colônia, é apresentada, sinteticamente, nos limites deste artigo, com vistas a estabelecer um paralelo com fundamentos teóricos weberianos. Para tanto, remeto ao contexto das capitanias hereditárias, seguindo até os dias atuais, buscando o entendimento da dominação política e suas consequências, com base em Max Weber. Quando implementada a política de colonização pela coroa portuguesa a um território habitado por povos denominados indígenas, inicia-se um dos aspectos do processo de dominação a partir de 1530: a imposição de um poder de Estado (metrópole portuguesa) a sociedades sem Estado, como diria Pierre Clastres. No processo, os povos nativos não tinham cidadania e a colonização e domínio do território (não sem resistência das populações indígenas) deu-se através de distribuição de capitanias hereditárias pela coroa portuguesa a membros da nobreza, resultando na instalação de um governo geral em 1548. No inicio, a economia das colônias fundava-se na extração do pau Brasil, passando à exploração da cana-de-açúcar para exportação. Com a evolução das exportações, o Brasil entra na rota do comercio exterior e passa a ser cobiçado e ocupado por senhores de terras, em um sistema de plantation, cuja mão-de-obra seria composta maciçamente de trabalhadore/as africano/as escravizado/as, o que não significou total ausência de homens e mulheres livres no mundo do trabalho. Com o desenvolvimento crescente a coroa portuguesa anuncia a derrama, era uma medida de cobrança de impostos atrasados, resultando então na Inconfidência Mineira. Verificamos então, nesta breve colocação sobre a fase de colonização, que a dominação era forte presença no comportamento do poder governamental da época, dando visibilidade é claro, a uma aceitação da outra parte em ser governado. 2.2-Brasil-Império Após a declaração de Independência, em 1822, o Brasil passa a ser governado por Dom Pedro I. Logo que se findaram as lutas contra a resistência portuguesa nas províncias, teve inicio a criação da Assembléia Constituinte. Contudo, quando se observou que esta Assembléia daria origem a uma votação de uma constituição que iria restringir os poderes imperiais, as tropas do exército, sob ordens expressas do Imperador, impediram a conclusão dos trabalhos. Em 1824, foi outorgada a Constituição tida como inovadora. Através dela o Imperador poderia fiscalizar os outros poderes. Dava-se-lhe o nome de Poder Moderador. Percebemos novamente, neste período da nossa história a dominação de uma forma bastante burocrática, dando predominância a um tipo de dominação patriarcal,

tradicional. Era o Imperador sendo o senhor dos atos. Não podemos negar no entanto, que a partir do 2º reinado, aconteceram fatos importantes como abolição da escravatura. 2.3- Brasil-República: a república brasileira, seus hiatos, e tipos de dominação Segundo Silvia Carla Pereira de Brito Fonseca, idéias republicanas no Brasil não surgem extamente em torno da proclamação da República. São anteriores e o projeto de instituição de uma república federativa já estava presente no cenário político do Primeiro Reinado (1822-1831), e no período das regências (1831-1840). Mas, diz a autora, a palavra república possuía significados diferentes na primeira metade do século XIX: de acordo com a herança do Antigo Regime, era associada à identificação de um território regido pelas mesmas leis, ou submetido ao mesmo governante, independente da forma de governo. Mas também era compreendida como a precedência do bem comum e a prevalência da lei e da Constituição sobre os interesses individuais. Em terceiro lugar, o conceito de república denotava o governo eletivo e temporário" (FONSECA 2007, p. 1) Diz ainda a autora que o jornal fluminense Nova Luz Brasileira em artigo de 9 de julho de 1831, dizia: A Nova Luz quer que o Povo Brasileiro fique certo (...) que não deve confiar em mandatário, cujo poder não é revogável e temporário (FONSECA, 2007, p. 1) É portanto, em meio a este conjunto de significações que em 15 de novembro de 1889, é decretado o fim do período imperial pelo Marechal Deodoro da Fonseca, através de um golpe militar de Estado. 2.3.1- República Velha No Brasil, o período de 1889 a 1930, conhecido como República Velha. demarcase pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmouse como país exportador de café, e cuja indústria avançava significativamente. Revoltas e problemas sociais explodiam no território brasileiro. A República Velha comporta algumas subdivisões e, em seu contexto, em que pese a palavra República, com origem no latim res publica, significar coisa pública, institui-se um estrutura de poder que, a partir do plano municipal, todo o sistema político do país, com hipertrofia da dominação privada através da figura do coronel, sobre o poder público estatal 4. Com isto, o mandonismo, o apadrinhamento, a fraude eleitoral, o controle privado dos serviços públicos, tinha como linha o controle da população. A forma de poder político consistia na figura de uma liderança local, o coronel, que definia as escolhas dos eleitores em candidatos por ele indicados, pelo que ficou conhecido como voto de cabresto. Como período histórico, o coronelismo compreende o intervalo desde a Proclamação da República (1889) até a prisão 4 Esta forma de mandonismo origina-se no período colonial, com o quase- absoluto poder do chefe local. O fenômeno foi evoluindo para formas mais elaboradas de controle, passando pelo coronelismo até as modernas formas de clientelismo. Vale lembrar que o cargo de Coronel da Guarda Nacional origina-se da criação da própria Guarda Nacional no Período Regencial, diferindo-se da patente militar do Exército e, como fenômeno social e político, teve lugar após o advento da República.

dos coronéis baianos, na Revolução de 1930 e a implantação do Estado Novo em 1937. Mas, como figura integrante da Guarda Nacional, os oficiais civis tiveram uma existência entre 1831 e 1918 (ou 1924). 5 Um primeiro momento da República Velha é o que ficou conhecido como República da Espada (1889 a 1894): proclamação da República, em 15/11/1889, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. De 1889 a 1891, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca foi chefe do Governo Provisório, renunciando em 1891,sendo substituído pelo vice-presidente Floriano Peixoto que intensificou a repressão aos que ainda apoiavam a monarquia. A primeira Constituição Republicana data de 1891, substituindo a antiga que seguia os ideais da monarquia. A constituição de 1891 garantiu alguns avanços políticos, como o presidencialismo, o voto aberto e universal, no entanto, interdito a mulheres, analfabetos, militares de baixa patente) em que pesem as limitações, por representar interesses das elites agrárias Um segundo momento é reconhecido como República das Oligarquias, com o período que vai de 1894 a 1930 marcado pelo governo de presidentes civis ligados ao setor agrário, pelo Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Estes, controlavam as eleições, alternando-se no poder, com o apoio da elite agrária do país. Um terceiro momento é identificado como o da política do café-com-leite, quando alternavam-se, na presidência da república, políticos de Minas Gerais e São Paulo, os dois estados mais ricos da nação e que dominavam o cenário político da república. Um quarto momento ficou conhecido como o da política dos governadores, desenhada no governo do presidente paulista Campos Salles, e que visava manter no poder as oligarquias. Tratava-se de uma troca de favores políticos entre governadores e presidente: este apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados; aqueles davam suporte à candidatura presidencial e ao governo federal. Observamos nesse breve estudo sobre o período da República, características marcantes de dominação, caracterizada por ser dominada pela oligarquia cafeeira e pela conhecida aliança política "café com leite" (entre São Paulo e Minas Gerais), a elite cafeeira revezava na presidência do Brasil, movida pelos seus interesses políticos e econômicos. Um quinto momento pode ser visto na crise da República Velha e no Golpe de 1930. Nas eleições para presidência, em 1930, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Mas o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, rompendo com o pacto do café-com-leite. O PRM, então, juntou-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul, formando a Aliança Liberal, e lançando Getúlio Vargas à presidência. Júlio Prestes vence sob alegação, pela Aliança Liberal, de fraudes eleitorais. Sob a liderança de Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal, e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930, o fim da República Velha e o início do que ficou conhecido como Era Vargas. 5 Para detalhes, ver: http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/coronelismo/, 2010. Consulta em 16/12/12

Em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, a história do Brasil destaca a industrialização do país e a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos. Vargas era um político formado na linha do tradicionalismo, contudo, ao assumir o poder diferenciou-se dos outros governantes, quando buscou o apoio dos trabalhadores, classe até então mantida sempre a margem da vida pública. Ele introduziu no país mudanças ousadas aos olhos dos mais conservadores. Anistiou os participantes do movimento político revolucionário de 1922 e 1930. Criou o Ministério do Trabalho, proporcionando aos trabalhadores segurança no âmbito dos direitos como: carteira de trabalho, jornada de trabalho, salário mínimo, férias remuneradas, estabilidade no emprego, institutos de aposentadoria, além de reorganizar e oficializar o sindicalismo brasileiro, atrelando-o ao Estado. Cuidou de manter a organização do sindicalismo brasileiro, como forma de atrelar ao Estado os movimentos sindicais. Como era de se esperar, sua política baseada no populismo encontra uma oposição forte, dos setores conservadores, principalmente pela União Democrática Nacional- UDN, liderada por Carlos Lacerda e apoiado pelos militares. Quando em 1954, atentaram contra a vida do deputado Carlos Lacerda, a culpa foi diretamente atribuída à guarda pessoal de Vargas, pois na tentativa de assassinato foi morto um major da aeronáutica. O presidente foi forçado a renunciar. Nesse confronto e temendo a renúncia Vargas suicida com um tiro no peito, na manhã de 24 de agosto de 1954. Assim conta a história... Em síntese, o governo na Era Vargas adotou medidas controladoras, ditatoriais e paternalistas, mas também contou com aspectos modernos na industrialização do país e na inovação das políticas trabalhistas. Há nesse período um misto de dominação legal, tradicional, com pinceladas da dominação carismática. Percebe-se um domínio dentro da legalidade, contudo, uma permanência da tradicionalidade, da força de quem manda mais. Com a Presidência de Vargas, demarcada pelas referidas características, pode-se falar de um tipo de dominação carismática: a força de um novo líder, diferenciado os anteriores, tendo o apoio das massas populares para as quais tratava-se de uma visão inovadora, que atuava junto com a população buscando novas formas de inserção popular. Assim, mesmo sendo um governo de medidas controladoras, conseguiu agregar a força popular 6. Depois da morte de Getúlio Vargas, o primeiro a ocupar a cadeira na transição do Governo de 1954, faltando dezesseis meses para o cumprimento do mandato presidencial ainda em curso, foi o vice-presidente Café Filho, que governou de 25 de agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955, licenciando-se por problemas de saúde. Carlos Coimbra da Luz, Presidente da Câmara dos deputados, assumiu no dia 8 de novembro de 1955, no dia seguinte, se desentendeu com o General Henrique Teixeira Lott, então ministro da Guerra. General Lott, que havia se desligado do governo, desconfiou que Carlos Luz estava ligado ao grupo eu pretendia impedir a posse ao futuro presidente. Lott deu um golpe de estado para retirar Carlos Luz da Presidência, em 11 de novembro de 1955. A Presidência passou para o presidente do Senado, Nereu de Oliveira Ramos, no dia 6 As opiniões divergem. Na análise da história, há quem considere o suicídio do Vargas um exemplo perfeito de manipulação da opinião pública post mortem. Mas não é função desse artigo fazer juízo de valor de nenhum período da história, nem teria tal pretensão.

11 de novembro de 1955. Depois de recuperado, Café Filho não pode retornar à Presidência em virtude da oposição da Câmara dos Deputados. O Congresso decretou estado de sítio por sessenta dias. Em 31 de janeiro de 1956, Juscelino Kubitschek de Oliveira, eleito com 36% dos votos, assumiu a presidência do Brasil, tendo João Goulart eleito como vice. O Governo Juscelino Kubitschek é o período de governo republicano vivido entre 1956 e 1961. Assumiu o governo no dia 31 de janeiro de 1956, ficando no poder até 31 de janeiro de 1961, quando passou o cargo para Jânio Quadros. Sua eleição foi marcada pelo plano de ação "Cinquenta anos em cinco", marca do desenvolvimentismo, já que o ideal era trazer ao Brasil o desenvolvimento econômico e social. Trouxe diversas empresas estrangeiras para o país, dentre elas, as automobilísticas, incentivando o comércio de carros, além de televisões e outros bens de consumo. Em resumo, procurou alinhar a economia brasileira à economia a americana. Na teoria era um projeto muito bom, mas na prática não foi tanto, a começar pelo fato de que Juscelino propôs (e fez) empréstimos junto a centros financeiros americanos, endividando o Brasil. A política econômica desenvolvimentista de Juscelino apresentou pontos positivos e negativos. A entrada de multinacionais gerou empregos, porém, deixou o país mais dependente do capital externo. O investimento na industrialização não comportou uma política de desenvolvimento rural, prejudicando o trabalhador do campo e a produção agrícola. O país ganhou uma nova capital, porém, a dívida externa, contraída para esta obra, aumentou significativamente. A migração e o êxodo rural descontrolados fizeram aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas grandes capitais do sudeste do país. A gestão de Juscelino Kubitschek, em particular a construção da cidade de Brasília, não esteve a salvo de críticas dos setores oposicionistas. No Congresso Nacional, a oposição política ao governo de JK vinha da União Democrática nacional- UDN e ganhou maior força no momento em que as crescentes dificuldades financeiras e inflacionárias (decorrentes principalmente dos gastos com a construção de Brasília) fragilizaram o governo federal. A UDN fazia um tipo de oposição ao governo baseada na denúncia de escândalos de corrupção e uso indevido do dinheiro público. A construção de Brasília foi o principal alvo das críticas da oposição. No entanto, a ação de setores oposicionistas não prejudicou seriamente a estabilidade governamental na gestão de JK. Na sucessão presidencial de 1960, a vitória coube a Jânio Quadros, que obteve expressiva votação. Naquela época, as eleições para presidente e vice-presidente ocorriam separadamente, em candidaturas independentes. Assim, o candidato da UDN a vicepresidente era Milton Campos, mas quem venceu foi o candidato do PTB, João Goulart. Desse modo, João Goulart iniciou seu segundo mandato como vice-presidente. Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentaram vetar a chegada do vice-presidente João Goulart o Jango - ao posto presidencial. Tendo sérias desconfianças sobre a trajetória política de Jango, alguns membros das Forças Armadas alegavam que a passagem do cargo colocava em risco a segurança nacional. De fato, vários grupos políticos conservadores associavam o então vice-presidente à ameaçadora hipótese de instalação do comunismo no Brasil. Com isso, diversas autoridades militares ofereceram uma carta ao Congresso Nacional reivindicando a extensão do mandato de Ranieiri Mazzilli, presidente da Câmara que assumiu o poder enquanto Jango estava em viagem à China. Inicialmente, esses militares se manifestavam a favor da realização de novas eleições para que a possibilidade

de ascensão de Jango fosse completamente vetada. No entanto, outros políticos e militares, como o Marechal Lott, eram a favor do cumprimento das regras políticas. Foi nesse contexto, que várias figuras políticas da época organizaram a chamada Campanha da Legalidade, em que utilizavam os meios de comunicação para obter apoio à posse de João Goulart. Dentre outros políticos, destacava-se Leonel Brizola, cunhado do vice-presidente, que participou efetivamente do movimento. Paralelamente, sabendo das pressões que o cercavam, Jango estendeu sua viagem realizando uma visita estratégica aos EUA, como sinal de proximidade ao bloco capitalista. Com a possibilidade do golpe militar enfraquecida por essas duas ações, o Congresso Nacional aprovou arbitrariamente a mudança do regime político nacional para o parlamentarismo. Dessa maneira, os conservadores buscavam limitar significativamente as ações do Poder Executivo e, consequentemente, diminuir os poderes de Jango. Dessa forma que, em 7 de setembro de 1961, João Goulart assumiu a vaga deixada por Jânio Quadros. O insucesso do parlamentarismo acabou forçando a antecipação do plebiscito que decidiria qual sistema político seria adotado no país. Em 1963, a população brasileira apoiou o retorno do sistema presidencialista, o que acabou dando maiores poderes para João Goulart. Com a volta do antigo sistema, João Goulart defendeu a realização de reformas que poderiam promover a distribuição de renda por meio das chamadas Reformas de Base. O conjunto de ações oferecidas por João Goulart desprestigiava claramente os interesses dos grandes proprietários, o grande empresariado e as classes médias. Com isso, membros das Forças Armadas, com o apoio das elites nacionais e o apoio estratégico norte-americano, começaram a arquitetar o golpe contra João Goulart. Ao mesmo tempo, os grupos conservadores realizaram um grande protesto público com a realização da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. A tensão política causada por manifestações de caráter tão antagônico foi seguida pela rebelião de militares que apoiavam o golpe imediato. Sob a liderança do general Olympio de Mourão filho, tropas de Juiz de Fora-MG, marcharam para o Rio de Janeiro com o claro objetivo de realizar a deposição de Jango. Logo em seguida, outras unidades militares e os principais governadores estaduais do Brasil endossaram o golpe militar. O, então, o presidente voltou para o Rio Grande do Sul tentando mobilizar forças políticas para deter a ameaça golpista. Entretanto, a eficácia do plano engendrado pelos militares acabou aniquilando qualquer possibilidade de reação por parte de João Goulart. No dia 4 de abril de 1964, o Senado Federal anunciou a vacância do posto presidencial e a posse provisória de Rainieri Mazzilli como presidente da República. Foram dados os primeiros passos para a ditadura militar no Brasil. O período do Governo de João Goulart, de estilo populista e de esquerda, voltado para o povo e os menos favorecidos, tentando promover a redistribuição de rendas entre outros benefícios, era sem sombra de dúvidas uma ameaça a grande elite brasileira e seus senhores. Chegou a gerar preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista. Podemos ver nesta fase no âmbito do Estado moderno, caracterizado pela dominação legal, a dominação carismática que Jango exercia sobre o povo. Ele representava uma esperança de justiça e inserção social. Esta época de esperançosas mudanças foi ceifada pelo golpe militar de 1964.

2.3.2- Um segundo hiato na República: o regime ditatorial civil-militar Um segundo hiato na república brasileira, de mais longa duração que o de Vargas, inicia-se em 1964, com a ditadura civil-militar. Um período da política brasileira em que militares governaram o Brasil, de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar. Em um clima de crise política e tensões sociais avançando no país, no dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixou o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, foi decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1) pelo qual mandados de políticos opositores ao regime militar foram cassados e foi tirada a estabilidade de funcionários públicos. O Genaral Castello Branco foi eleito pelo Congresso Nacional, Presidente da República, em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assumiu uma posição autoritária. Castelo Branco estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados; cidadãos e cidadãs tiveram direitos políticos e constitucionais cancelados, e os sindicatos receberam intervenção do Governo Militar. Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo, com autorização para apenas dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro-MDB e a Aliança Renovadora Nacional-ARENA. Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares. O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação. No período da ditadura, o país foi tomado por atos institucionais os famosos AI s- que vieram a diminuir a liberdade individual, como também as garantias fundamentais, com o argumento de ser em nome da segurança nacional. Período de maior dominação não houve, a ditadura por si só, já demonstra total domínio, com grandes doses de prepotência, arrogância, e em um paradigma maior, crueldade. Não existe muito o que discorrer sobre esse paralelo, haja vista que não há chance de entendimento diferenciado do que a ditadura propõe. Dominação completa e absoluta. Em 1982, Dante de Oliveira foi eleito deputado federal pelo PMDB, e apresentou o projeto de uma emenda constitucional estabelecendo eleições diretas. No dia 2 de março de 1983 foi apresentada a Proposta de Emenda Constitucional número 05. Após muitas intervenções dos militares, vence a mobilização popular que, através de mobilizações, força uma transição para a democracia.

2.3.3- Nova república Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito Presidente do Brasil. Não chegou a tomar posse e assumiu, então, seu vice, José Sarney. Contudo, a democracia só se completa em 1988, com a promulgação da nova Constituição Brasileira. Em 1989 acontece a primeira eleição direta para presidente, sendo eleito Fernando Collor de Melo, como presidente e Itamar Franco, como vice. Após período de crise econômica em função do pacote de modernização, tinha como decisões: volta do cruzeiro, como moeda, congelamento de preços e salários, bloqueio de contas correntes e poupanças por 18 meses, e demissão de funcionários com dissolução de órgãos públicos. Seu governo perdeu legitimidade e foi pedido seu impeachment. Para evitá-lo, renunciou. Assumiu o governo, Itamar Franco, em 1992. Tentando um governo menos autoritário, procurou o apoio dos partidos de esquerda. O Brasil vivia momentos difíceis: inflação aguda e crônica, recessão prolongada e desemprego. Itamar fez um plebiscito em 1993, para que o povo decidisse sobre a forma de Governo no Brasil. Foi montado um plano contra a inflação pelo Ministro da Economia, Fernando Henrique Cardoso, o FHC, que veio a ser o sucessor de Itamar na Presidência, governando o país por dois mandatos (1º de janeiro de 1995 a 1º de janeiro de 2003). Em 2003, foi eleito como Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula. Foi líder sindical e parlamentar da esquerda brasileira foi um governante carismático. Seus dois mandatos (2003 a 2010)caracterizaram pela estabilidade econômica, intensas negociações com Organização Mundial do Comercio, fim da dívida externa, reconhecimento e respeito dos países mais bem sucedidos em relação ao Brasil, implementação de uma rede de proteção sócia. Institui na área de Educação o Programa de Universidade para Todos- Pro UNI. Durante o Governo Lula, o risco Brasil teve o mais baixo índice da história brasileira. Mas foi um período de crises, com denúncias de corrupção derrubando vários ministros. Em âmbito geral, o governo Lula foi bem avaliado e, em decorrência, foi eleita em 2011, a Presidenta Dilma Roussef, do mesmo partido político e apoiada pelo Presidente Lula. A história nos mostra que partir de 1985, com a eleição de Tancredo Neves o Brasil começa a sair do período escuro do medo que impunha a ditadura. Governos posteriores à ditadura tiveram problemas de administração política, continuamos a ver uma grande dose de dominação na condução das administrações, mas a maior parte no campo legal, ou seja, podendo ser mudada dentro de uma legalidade respaldada pela lei brasileira. Remetemos então a leitura de MaxWeber, quando ele fala sobre a burocratização do Estado, ele reflete sobre a ligação com a dominação legal, pois quando há a burocratização do indivíduo, consequentemente vem cercear a liberdade do mesmo. Daí ele alerta para o cuidado com o equilíbrio.

Considerações finais Brasil, país jovem, no entanto vivenciou vários processos políticos. Ao ler sobre a política em nosso país, percebemos uma vasta história, de certa forma dinâmica e até rica, conduzida por processos diferenciados, com métodos de dominação, o que é previsível e necessário na visão de Max Weber. Alguns mais perceptíveis outros menos, em função da legalidade. Remetendo ao estudo da dominação em Max Weber, há sempre de ter seres dominantes e dominados na política, seja ela por processo democrática, ditadura ou outra forma de governo, precisa ter alguém que se deixe dominar. Contudo, na visão de Weber é importante, isso não é um problema, pois assim Weber chega a um conceito de legitimidade. Pois para ele, há bases legítimas de dominação. Com a nossa história não foi diferente, no decorrer dos séculos tivemos períodos de dominação legal, carismática e tradicional, anteriormente já pontuados no decorrer desse trabalho. Importante concluir, que Max Weber, em seus estudos não nega, que a dominação se faz necessária para manter em ordem a sociedade e tudo que gira em torno dela. No entanto, ele alerta para o cuidado com a burocratização que é advinda da dominação legal, onde o poder de autoridade é legalmente assegurado. Esta burocratização excessiva, sem o devido equilíbrio, tolhe a liberdade individual (tema de um dos estudos do autor), que é um dos bens mais preciosos do ser humano. Apresentamos neste trabalho, as várias fases de Governo do Brasil, fazendo um paralelo com as formas de dominação, podendo então concluir, que o nosso país, desde as capitanias hereditárias até os dias atuais passou por várias formas de governo envolto em várias formas de dominação. Mas, na verdade, a conclusão relevante, ao que me parece é por em diálogo as ideias de um clássico com a realidade política nacional, para melhor entendê-la em suas particularidades, entendendo que isto não esgota o tema, mas é um ponto de vista importante para tratá-lo.

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