MICROENCAPSULAÇÃO DE LACTOBACILLUS PROBIÓTICO E APLICAÇÃO EM SMOOTHIE

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Transcrição:

MICROENCAPSULAÇÃO DE LACTOBACILLUS PROBIÓTICO E APLICAÇÃO EM SMOOTHIE Júlia Machado Silberschmidt ¹; Cristiane Pereira de Oliveira ²; Cynthia Jurkiewicz Kunigk ³ ¹ Aluna de Iniciação Científica da Escola de Engenharia Mauá (EEM/CEUN-IMT); ² Aluna de Mestrado da Escola de Engenharia Mauá (EEM/CEUN-IMT); ³ Professora da Escola de Engenharia Mauá (EEM/CEUN-IMT). Resumo. Os consumidores atualmente buscam alimentos que além de serem saborosos, também apresentem características funcionais. O desenvolvimento de um smoothie probiótico vem ao encontro desta proposta, aliando os benefícios e o sabor das frutas, à funcionalidade de microrganismos probióticos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a sobrevivência de Lactobacillus rhamnosus microencapsulado, adicionado em smoothie de frutas durante 21 dias de e durante a simulação gastrintestinal in vitro. A bactéria foi encapsulada em alginato de cálcio, utilizando a técnica da extrusão, com dois diferentes diâmetros de cápsulas e, em seguida, foi adicionada ao smoothie. Durante os 21 dias de a 5 C foi realizada a contagem do probiótico e avaliada a resistência gastrintestinal no primeiro e 21º dia. Durante o do smoothie, a contagem de L. rhamnosus permaneceu elevada (acima de 10 7 UFC/g) independentemente das células estarem encapsuladas ou livres. O aumento do diâmetro das cápsulas reduziu a viabilidade do microrganismo no final da simulação gastrintestinal in vitro. Introdução O termo probiótico se refere aos microrganismos que ao serem ingeridos vivos e em quantidade adequada apresentam benefícios à saúde do hospedeiro (SATHYABANA, et al. 2014). A ocorrência destes benefícios depende do alimento em que o probiótico está inserido e da cepa utilizada (STANTON, et al. 2001), porém uma dose diária de 10 6 células viáveis por grama de produto foi proposta por LEE e SALMINEN (1995). Nos alimentos os probióticos devem permanecer viáveis e em número elevado, durante toda vida útil do produto. Entretanto, como alguns alimentos apresentam características e condições de não favoráveis à sobrevivência da bactéria, faz-se necessário a utilização de técnicas que ajudem na proteção do microrganismo, como por exemplo, a microencapsulação. A microencapsulação pode ser realizada por meio de spray-drying, leito fluidizado, extrusão, técnica de separação de fases/coacervação, emulsão, imobilização em gordura e em grânulos de amido (MENEZES, et al. 2013). Também é possível, para a mesma técnica de encapsulação, variar as condições de processo (composição da solução encapsulante, temperatura, vazão, etc) de forma a obter cápsulas com características mais adequadas à sobrevivência da bactéria no alimento. A técnica da extrusão consiste no preparo de uma solução hidrocolóide, como alginato de sódio, na qual são adicionados os microrganismos. A extrusão desta suspensão é realizada por meio de uma seringa, gotejando-a em uma solução de endurecimento do hidrocolóide (CaCl2), onde as cápsulas são formadas instantaneamente. O tamanho e o formato das microcápsulas variam de acordo com o diâmetro da seringa utilizada, com a viscosidade da solução de alginato, e com a distância entre o dispositivo e a solução de cloreto de cálcio. Os smoothies, por apresentarem alta concentração de mais de uma fruta, podem ser classificados como sucos tropicas, apresentando características diferenciais de cremosidade, leveza e frescor (TEIXEIRA 2012). Entretanto, devido ao seu baixo ph não são considerados veículos adequados para microrganismos probióticos, uma vez que valores de ph menores que 4,5 dificultam a sobrevivência das bactérias durante a vida de prateleira do produto refrigerado.

Sendo assim, a microencapsulação da cultura pode ser uma alternativa para aumentar sua viabilidade em bebidas de alta acidez, como os smoothies. Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência do diâmetro das microcápsulas de alginato de cálcio contendo Lactobacillus rhamnosus, na sobrevivência do microrganismo, adicionado em smoothie de frutas amarelas comercial, durante 21 dias de e durante a simulação gastrintestinal in vitro. Material e Métodos Preparo da cultura probiótica A cultura liofilizada de Lactobacillus rhamnosus HN001 (DuPont) foi cultivada em frascos contendo 99 ml de caldo MRS, durante 21 h em estufa à 37,0 ºC. O caldo foi centrifugado (Mega 21R, Hanil) por 15 minutos em temperatura de 4 C e rotação de 6000 rpm, para obtenção do pellet, que foi lavado duas vezes com solução salina estéril 0,85%, suspenso em 20 ml de salina e adicionado em 180 ml da solução encapsulante de alginato de sódio. Microencapsulação A técnica de encapsulação utilizada foi a de extrusão conforme descrita por BOSCARIOLI (2010) com modificações. A solução encapsulante de alginato de sódio 1,0% contendo a bactéria probiótica foi aspergida, através de um bico aspersor tipo leque, em uma solução de cloreto de cálcio 0,1 M onde as cápsulas eram formadas. As cápsulas permaneceram 30 min na solução antes de serem separadas por filtração. A separação das cápsulas da solução de cloreto de cálcio foi feita por meio de duas peneiras de aço inox de diferentes aberturas de malha, 710 e 250 µm, e por papéis de filtro qualitativo. A lavagem foi feita com solução salina 0,85% estéril. As cápsulas retidas na peneira com abertura de 250 µm e nos papéis de filtro foram adicionadas ao smoothie. A variação das condições de processo geram cápsulas com características diferentes. Para este estudo foram produzidos dois diferentes tipos de cápsulas, as quais estão descritas na tabela 1. Tabela 1 Descrição das condições de processo para produção de cápsulas com diferentes diâmetros. Vazão Solução Vazão Ar Composição da Solução Diâmetro Cápsula Encapsulante Comprimido Encapsulante (ml.min -1 ) (L.min -1 (µm) ) 1 Alginato de sódio 1,0 % 12,1 ±0,5 6,3 ± 0,2 34 ± 8 2 Alginato de sódio 1,0 % 12,1 ±0,5 3,72 ± 0,09 231 ± 17 Adição do microrganismo ao smoothie Em tubos de polipropileno estéreis de 15 ml foram adicionados 1,0 g das cápsulas e 10,0 g de smoothie. As amostras foram homogeneizadas em agitador vortex, e armazenadas a 4 C por 21 dias. Para a adição das células livres, foram adicionados 20 ml de smoothie ao pellet formado e homogeneizado em agitador mecânico. Esta suspensão foi transferida para um saco plástico estéril e 240 ml de smoothie foram adicionados. A mistura foi homogeneizada em stomacher (Seward) a 260 rpm por 1 minuto, e frações de 10,00 g foram transferidas para tubos de 15 ml estéreis, que foram armazenados a 4 C por 21 dias

Simulação gastrintestinal A simulação gastrointestinal foi realizada segundo metodologia descrita por MADUREIRA, et al. (2011) e VERRUCK, et al. (2015) com algumas modificações. A simulação apresenta três etapas: fase gástrica (FG), fase duodeno (FD) e fase íleo (FI). As amostras para determinar a contagem de probióticos foram retiradas após 30 min (FG30) e 90 min (FG90) da fase gástrica, após 30 min da fase duodeno (FD) e após 60 min da fase íleo (FI). Na fase gástrica, foi adicionado HCl 1M para redução do ph entre 2,1 e 2,5 e solução de pepsina (P7012, Sigma-Aldrich) na concentração de 25 g/l preparada em HCl 0,1 M, de modo que a concentração no meio de reação fosse 1,25 g/l. Nesta fase, a amostra foi submetida a uma agitação de 130 rpm, por 90 minutos. Para a etapa do duodeno foi adicionado NaHCO3 1 M para aumento do ph entre 4,5 a 5,2, e, em seguida utilizou-se uma solução contendo 2 g/l de pancreatina (P1750, Sigma- Aldrich) e 12 g/l de sais biliares bovino e ovino (B8381, Sigma-Aldrich) em NaHCO3 0,1 M. A concentração final no meio de reação foi de 0,55 g/l de pancreatina e 3,3 g/l de sais biliares. Os tubos permaneceram sob agitação de 45 rpm durante 30 min. Na fase íleo foi adicionado NaHCO3 1M para aumento do ph entre 6,3 a 6,5 e solução 2 g/l de pancreatina e 12 g/l de sais biliares em NaHCO3 0,1M para correção da concentração no meio de reação para 0,55 g/l e 3,3 g/l respectivamente. O tubo permaneceu sob agitação de 45 rpm durante 60 minutos. Enumeração de L. rhamnosus Para a quantificação de L. rhamnosus no smoothie durante o e durante a simulação gastrintestinal as amostras encapsuladas foram diluídas em solução tampão fosfato, ph 7,0, e homogeneizada em Stomacher à 230 rpm por 10 min. Já as amostras contendo células livres foram diluídas em solução salina 0,85% estéril e homogeneizadas em Stomacher à 260 rpm por 1 min. Após as diluições as amostras foram cultivadas em agar MRS (Oxoid) e as placas foram incubadas em estufa à 37,0 ºC por 48 horas. Planejamento experimental e análise estatística Foram avaliados 3 tratamentos: células livres no smoothie (T1), bactérias encapsuladas em alginato 1,0% com vazão de ar comprimido de 3,7 L/min (T2) e bactérias encapsuladas em alginato 1,0% com vazão de ar comprimido de 6,3 L/min (T3). Em cada um dos tratamentos, para acompanhamento da sobrevivência da bactéria no smoothie, foram realizadas análises microbiológicas nos dias 1, 7, 14 e 21. Já a simulação gastrintestinal foi realizada apenas nos dias 1 e 21 de. Para análise estatística dos dados, foi realizada análise de variância e método de Tukey, com nível de significância de 5,0%. Resultados e Discussão A tabela 2 apresenta os valores médios para as contagens de L. rhamnosus no smoothie durante os 21 dias de a 5 C. As contagens de L. rhamnosus livre e encapsulado em cápsulas de maior diâmetro não apresentaram diferença significativa ao longo do. Entretanto quando a encapsulação foi realizada em cápsulas de menor diâmetro, as contagens tiveram uma redução significativa (p < 0,05) no 21º, 0,7 log em relação ao primeiro dia de. As cápsulas de menor diâmetro reduziram a viabilidade da bactéria no smoothie no 21º dia de s quando comparada com as células livres.

ph Tabela 2 Contagem de L. rhamnosus durante 21 dias de Log UFC/g Tempo (dias) Livre 1 8,27±0,08 Aa 8,2±0,2 Aa 7,94±0,01 Aa 7 8,2±0,1 Aa 7,99±0,09 Aa 7,8±0,2 Aa 14 8,2±0,2 Aa 7,83±0,04 ABa 7,7±0,3 Aa 21 8,2±0,1 Aa 7,5±0,3 Bb 7,7±0,1 Aab A,B médias com letras maiúsculas sobrescritas em comum na mesma coluna não diferem significativamente (p >0,05). a,b médias com letras minúsculas sobrescritas em comum na mesma linha não diferem significativamente (p > 0,05). Para todos os tratamentos avaliados a contagem de L. rhamnosus ao final de 21 dias de permaneceu acima de 10 7 UFC/mL, indicando boa resistência da bactéria ao baixo ph do smoothie. No início do o ph dos smoothies dos três tratamentos variou de 3,53 a 3,70 e com 21 dias a variação foi de 3,56 a 3,59 (Figura 1). 3,75 3,70 3,65 3,60 3,55 3,50 3,45 3,40 1 7 14 21 Tempo (dias) Células Livres Figura 1 - Valores de ph do smoothie durante 21 dias de Na simulação gastrintestinal in vitro realizada no 1º dia de (Tabela 3), a análise estatística demonstrou haver interação significativa entre o tratamento e a fase da simulação. Para as células livres e encapsuladas, as contagens foram semelhantes ao longo da simulação e entre os tratamentos, sem diferença significativa (p > 0,05). Na fase gástrica as contagens se mantiveram constantes, sem apresentar redução significativa (p > 0,05), entretanto na fase duodeno e íleo a redução foi de 5 log nos dois tratamentos. Na encapsulação com cápsulas de maior diâmetro, a redução na contagem do probiótico na fase gástrica (FG90) foi de 1 log, entretanto não significativa (p > 0,05). Já na fase íleo (FI) a redução da contagem da bactéria foi de 4,8 log.

Log UFC/g Tabela 3 Contagem de L. rhamnosus durante simulação gastrintestinal no dia 1 de Fase Livre Log UFC/g Início 8,27±0,08 Aa 8,1±0,1 Aa 7,94±0,01 Aa FG30 8,1±0,2 Aa 7,9±0,1 Aa 6,95±0,02 ABa FG90 8,1±0,2 Aa 8,1±0,2 Aa 6,8±0,2 ABa FD 3,23±0,01 Bb 3±1 Bb 5,69±0,07 Ba FI 3,7±0,3 Ba 3,6±0,8 Ba 2±0 Cb A, B, C médias com letras maiúsculas sobrescritas em comum na mesma coluna não diferem a, b, c médias com letras minúsculas sobrescritas em comum na mesma linha não diferem Analisando cada uma das fases (Figura 2), é possível observar que os tratamentos não apresentam diferença significativa (p > 0,05) até o final da fase gástrica. Na fase duodeno, as cápsulas maiores se mostraram mais eficazes na proteção do microrganismo, porém, na fase íleo (FI), ocorreu uma queda de 75% na contagem do probiótico, atingindo valor significativamente menor (p < 0,05) do que dos outros tratamentos. Já para as células livres e encapsuladas com menor diâmetro, as contagens não diferiram significativamente (p > 0,05) durante todo o teste de simulação gastrintestinal in vitro. 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Células Livres 0 Início FG30 FG90 FD FI Figura 2 - Contagem de L. rhamnosus durante simulação gastrintestinal no dia 1 do Para a simulação no 21º dia, a análise estatística também mostrou haver interação significativa entre a fase da simulação e o tratamento. Os resultados estão na tabela 4.

Log UFC/g Tabela 4 - Contagem de L. rhamnosus durante simulação gastrintestinal no dia 21 de Log UFC/g Fase Livre Início 8,2±0,1 Aa 7,7±0,1 Aa 7,7±0,1 Aa FG30 8,11±0,01 Aa 7,5±0,3 Aa 7,6±0,1 Aa FG90 7,7±0,2 Aa 7,2±0,3 Aa 7,1±0,7 Aa FD 2±1 Bb 4,4±0,3 Bab 5,2±0,5 Ba FI 3±2 Ba 3,1±0,9 Ba 1,79±0,02 Ca A, B, C médias com letras maiúsculas sobrescritas em comum na mesma coluna não diferem a, b, c médias com letras minúsculas sobrescritas em comum na mesma linha não diferem No dia 21, as células livres e encapsuladas tiveram comportamento semelhante ao observado na simulação do dia 1. Na fase gástrica tanto as células livres como encapsuladas não apresentaram variação significativa (p > 0,05), mantendo a contagem inicial. Na fase duodeno (FD) a maior redução do número de probióticos foi observada para as células livres (6,2 log), diferindo significativamente (p > 0,05) da redução para células encapsuladas com maior diâmetro (2,5 log). Por outro lado, na fase íleo (FI) as contagens no tratamento com cápsulas maiores apresentou a maior redução (3,4 log), enquanto no tratamento com células livres e com cápsulas de menor diâmetro, a variação não foi significativa (p > 0,05) (Figura 3). 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Início FG30 FG90 FD FI Células Livres Figura 3 - Contagem de L. rhamnosus durante simulação gastrintestinal no dia 21 do No final da fase íleo o tratamento com cápsulas de maior diâmetro apresentou contagens significativamente menores (1,7 log) que o tratamento com células livres, no primeiro dia de, entretanto no vigésimo primeiro dia a diferença não foi significativa (p > 0,05), embora a contagem tenha sido 1 log menor. Já o tratamento com cápsulas de diâmetro menor, apresentou contagens que não diferem significativamente dos resultados com células livres, não demonstrando vantagem em relação a aplicação direta do microrganismo no smoothie.

Conclusões O microrganismo probiótico Lactobacillus rhamnosus apresentou elevada viabilidade em bebida de alta acidez (smoothie) durante os 21 dias de em refrigeração, tanto livre como encapsulado em alginato de cálcio. A variação do diâmetro da cápsula não demonstrou influência significativa na sobrevivência do probiótico Lactobacillus rhamnosus. Na simulação gastrintestinal in vitro, o aumento no diâmetro da cápsula foi desfavorável à proteção da bactéria durante, principalmente, o final da simulação (fase íleo). A encapsulação de L. rhamnosus em alginato de cálcio não demonstrou vantagem em relação a aplicação direta das bactérias ao smoothie, independentemente do seu diâmetro. Referências Bibliográficas BOSCARIOLI, M. Influência de prebióticos na encapsulação de bactérias probióticas adicionadas em sorvete. Exame de Qualificação de Mestrado da Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, 2010. LEE, Y.K., e S. SALMINEN. The coming of age of probiotics. Vol. 6, em Trends in Food Science & Technology, 241-245. 1995. MADUREIRA, A. R., M. AMORIM, A. M. GOMES, M. E. PINTADO, e F. X. MALCATA. Protective effect of whey cheese matrix on probiotic strains exposed to simulated gastrointestinal conditions. Vol. 44, em Food Research International, 465-470. 2011. MENEZES, C. R., et al. Microencapsulação de probióticos: avanços e perspectivas. Em Ciência Rural, 1309-1316. 2013. SATHYABANA, S., K. RANJITH, P. BRUTHA, VIJAYABHARATHI. R., e V. BRINDHA. Co-encapsulation of probiotics with prebiotics on alginate matrix and its effect on viability in simulated gastric environment. Vol. 57, em Trends in food science and technology, 419-425. 2014. STANTON, C., et al. Market potential for probiotics. The American Journal of Clinical Nutrition, 2001: 476S-483S. TEIXEIRA, N. J. F. T. Estudo da influência de amido resistente e do tempo de aeração na viabilidade de microrganismos probióticos em smoothie de frutas. Dissertação, Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul, 2012. VERRUCK, S., E.S. PRUDÊNCIO, C.R.W. VIEIRA, E.R. AMANTE, e R.D. de M.C AMBONI. The buffalo Minas Frescal cheese as a protective matrix of Bifidobacterium BB- 12 under in vitro simulated 88 gastrointestinal conditions. Vol. 63, em LWT - Food Science and Technology, 1179-1183. 2015.