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Transcrição:

POESIA DE

ESTILO Modernismo 2ª Geração (1930 1945) Fase de Consolidação ÉPOCA Crack da bolsa de Nova York (1929); radicalização política (direita / esquerda); Revolução de 30 e Estado Novo (Getúlio Vargas); Guerra Civil Espanhola (1936-39); Segunda Guerra Mundial (39-45); ANL (Aliança Nacional Libertadora) Luís Carlos Prestes POESIA PROSA CECÍLIA MEIRELES, JORGE DE LIMA, MURILO MENDES, VINICIUS DE MORAES GRACILIANO RAMOS, RACHEL DE QUEIRÓS, JOSÉ LINS DO REGO, JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA

1ª POESIA IRÔNICA 2ª POESIA SOCIAL 3ª POESIA METAFÍSICA 4ª POESIA OBJETUAL ALGUMA POESIA (1930) BREJO DAS ALMAS (1934) SENTIMENTO DO MUNDO (1940); JOSÉ (1942) A ROSA DO POVO (1945) NOVOS POEMAS (1948) ; CLARO ENIGMA (1951); FAZENDEIRO DO AR (1954); A VIDA PASSADA A LIMPO (1959) LIÇÃO DE COISAS (1962) BOITEMPO (1968)

1ª FASE: POESIA IRÔNICA OBRAS: ALGUMA POESIA; BREJO DAS ALMAS INFLUÊNCIA DA 1ª GERAÇÃO: VERSOS LIVRES, LINGUAGEM COLOQUIAL, PARÓDIA, HUMOR, COTIDIANO, POEMA PIADA, ANTILIRISMO INTENCIONAL EXEMPLOS: POEMA DAS SETE FACES, NO MEIO DO CAMINHO, CIDADEZINHA QUALQUER, QUADRILHA, DENTADURAS DUPLAS

Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. (...) Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.

Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus.

João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.

No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.

2ª FASE: POESIA SOCIAL OBRAS: SENTIMENTO DO MUNDO, A ROSA DO POVO POESIA ENGAJADA, PARTICIPANTE, SOCIALISTA, RESISTÊNCIA CONTRA A DITADURA, A GUERRA, O CAPITALISMO, SOLIDADERIEDADE, PERPLEXIDADE EXEMPLOS: MÃOS DADAS, ELEGIA 1938, O OPERÁRIO NO MAR, JOSÉ, A FLOR E A NÁUSE, NOSSO TEMPO, A MORTE DO LEITEIRO

Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama protesta, e agora, José?

Há pouco leite no país, é preciso entregá-lo cedo. Há muita sede no país, é preciso entregá-lo cedo. Há no país uma legenda, que ladrão se mata com tiro. Então o moço que é leiteiro de madrugada com sua lata sai correndo e distribuindo leite bom para gente ruim. (...) Da garrafa estilhaçada, no ladrilho já sereno escorre uma coisa espessa que é leite, sangue... não sei. Por entre objetos confusos, mal redimidos da noite, duas cores se procuram, suavemente se tocam, amorosamente se enlaçam, formando um terceiro tom a que chamamos aurora.

Preso à minha classe e a algumas roupas, Vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias espreitam-me. Devo seguir até o enjoo? Posso, sem armas, revoltar-me? Olhos sujos no relógio da torre: Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera. O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse.

3ª FASE: POESIA METAFÍSICA OBRAS: CLARO ENIGMA; FAZENDEIRO DO AR IMPASSE, NEGATIVIDADE, NIILISMO, AUTOFECHAMENTO, TENDÊNCIA CLASSICIZANTE, MEMÓRIA, EROTISMO EXEMPLOS: OFICINA IRRITADA, LEGADO, A MÁQUINA DO MUNDO, HABILITAÇÃO PARA A NOITE, ELEGIA

Eu quero compor um soneto duro como poeta algum ousara escrever. Eu quero pintar um soneto escuro, seco, abafado, difícil de ler. Quero que meu soneto, no futuro, não desperte em ninguém nenhum prazer. E que, no seu maligno ar imaturo, ao mesmo tempo saiba ser, não ser. Esse meu verbo antipático e impuro há de pungir, há de fazer sofrer, tendão de Vênus sob o pedicuro. Ninguém o lembrará: tiro no muro, cão mijando no caos, enquanto Arcturo, claro enigma, se deixa surpreender.

Que lembrança darei ao país que me deu tudo que lembro e sei, tudo quanto senti? Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu minha incerta medalha, e a meu nome se ri. E mereço esperar mais do que os outros, eu? Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti. Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu, a vagar, taciturno, entre o talvez e o se. Não deixarei de mim nenhum canto radioso, uma voz matinal palpitando na bruma e que arranque de alguém seu mais secreto espinho. De tudo quanto foi meu passo caprichoso na vida, restará, pois o resto se esfuma, uma pedra que havia em meio do caminho.

4ª FASE: POESIA OBJETUAL OBRAS: LIÇÃO DE COISAS, BOITEMPO SÍNTESE, CONCISÃO, INFLUÊNCIAS DO CONCRETISMO, EXEMPLOS: A BOMBA, ISSO É AQUILO, AMAR-AMARO

A bomba é uma flor de pânico apavorando os floricultores A bomba é o produto quintessente de um laboratório falido A bomba é estúpida é ferotriste é cheia de rocamboles A bomba é grotesca de tão metuenda e coça a perna A bomba dorme no domingo até que os morcegos esvoacem A bomba não tem preço não tem lugar não tem domicílio A bomba amanhã promete ser melhorzinha mas esquece A bomba

O fácil o fóssil o míssil o físsil a arte o enfarte o ocre o canopo a urna o farniente a foice o fascículo a lex o judex o maiô o avô a ave o mocotó o só o sambaqui

EU M AIOR QUE O MUNDO FASE IRÔNICA EGOCENTRISMO EU MENOR QUE O MUNDO POESIA SOCIAL SOLIDARIEDADE EU IGUAL AO MUNDO POESIA METAFÍSICA/OBJETUAL VAZIO/DESCRENÇA

1. O INDIVÍDUO (UM EU TODO RETORCIDO) 2. FAMÍLIA (A FAMÍLIA QUE ME DEI) 3. TERRA NATAL (UMA PROVÍNCIA, ESTA) 4. AMIGOS (UM CANTAR DE AMIGOS) 5. SOCIAL (NA PRAÇA DE CONVITES) 6. AMOR (AMAR-AMARO) 7. POESIA (A POESIA CONTEMPLADA) 8. LÚDICOS (UMA, DUAS ARGOLINHAS) 9. EXISTENCIAL (UMA VISÃO, OU TENTATIVA DE, DA EXISTÊNCIA)