PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO TRIMESTRAL DE ACOMPANHAMENTO DE TARIFAS Janeiro a Março de 2013 Rubens Rosental Eduardo Mattos 1
Índice 1)Reajuste Tarifário...3 2) Concessões...5 3)Encargos...7 4) Metodologia...8 5) Elevação das Tarifas...9 6) Questões Gerais... 10 2
1)Reajuste Tarifário A Aneel divulgou no dia 24 de janeiro de 2013 a tabela com a redução das tarifas de energia residencial que será praticado pelas 63 distribuidoras do setor. A homologação dos percentuais de corte das distribuidoras foi aprovada em reunião extraordinária da diretoria. Entre as principais concessionárias de distribuição listadas na tabela de corte nas tarifas residenciais estão a paulista Eletropaulo (- 18,25%), a mineira Cemig (-18,14%), a paranaense Copel (-18,12%), a carioca Light (-18,10%) e a também paulista CPFL Paulista (-18,07%). A distribuidora que obteve o maior desconto foi a Uhenpal, RS, com redução de 25,94%. A redução maior veio em razão do fim dos subsídios que tinham os custos repassados à tarifa da concessionária. As tarifas da Energisa Borborema (PB) tiveram aumento médio de 7,74% para o consumidor desde o dia 4 de fevereiro de 2013, como resultado da revisão tarifária periódica da distribuidora. O reposicionamento tarifário aprovado pela Aneel foi - 1,91%, com a inclusão do componente financeiro de 0,16% e a retirada de custos financeiros do ano anterior, correspondentes a 9,49%. Na alta tensão, o impacto médio será de 7,84%, enquanto na baixa tensão o percentual de correção será de 7,56%. Além da revisão, a agência aprovou os limites dos indicadores de qualidade DEC e FEC que medem a duração e a frequência das interrupções de energia - para o período de 2014 a 2017. A empresa atende 166 mil unidades consumidoras em seis municípios da Paraíba. A diretoria da Aneel aprovou a abertura das audiências públicas de revisão tarifária de três distribuidoras do grupo Neoenergia. A proposta preliminar prevê redução média de -4,46% para os consumidores da Coelba (BA) e aumento médio de 0,77% para a Cosern (RN) e de 3,12 % para a Celpe (PE). No caso da Coelba, o efeito médio da revisão sobre as tarifas será de -0,16% na alta tensão e de -6,86% para os consumidores atendidos em baixa tensão. O período de contribuições será iniciado no dia 5 de fevereiro de 2013 e encerrado em 8 de março de 2013, com sessão presencial prevista para o dia 7 de março de 2013, em Salvador. As novas tarifas entrarão em vigor no próximo dia 22 de abril de 2013. Além das revisões, a Aneel vai submeter à audiência pública os limites dos indicadores de continuidade 3
DEC e FEC que medem a duração e frequência das interrupções de energia por conjuntos de consumidores das distribuidoras. Na Coelba e na Cosern, esses indicadores serão definidos para o período de 2014 a 2018, enquanto na Celpe eles serão definidos de 2014 a 2017. 4
2) Concessões As hidrelétricas que serão prorrogadas a partir das regras da MP 579 tiveram calculadas pela Aneel suas Receitas Anuais de Geração, sendo que a RAG inicial terá vigência entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2013. As usinas da Chesf receberão as maiores receitas no período. O complexo de Paulo Afonso receberá R$ 252,620 milhões no primeiro semestre; a de Xingó, de R$ 190,663 milhões; e a de Luiz Gonzaga (Itaparica), R$ 94,528 milhões. A hidrelétrica de Furnas que receberá a maior RAG será a de Marimbondo, com R$ 65,831milhões entre janeiro e julho de 2013. Henry Borden da Emae ficará com R$ 47,820 milhões e Jacuí, da CEEE-GT, terá R$ 10,547 milhões. Ao todo, a Aneel definiu a RAG de 33 usinas. Aneel cogita rejeitar parte dos pedidos de renovação das 44 concessões de distribuidoras que vencem entre 2014 e 2017. Um ultimato, com a imposição de planos detalhados de investimentos para melhorar indicadores de qualidade no curto prazo, pode ser a alternativa. Ao todo, 44 distribuidoras estão na reta final de suas concessões e declararam formalmente à Aneel - sem exceção - o interesse em prorrogá-las, mas os termos e condições que elas precisarão aceitar ainda só devem sair nas próximas semanas. André Pepitone, diretor da Aneel, lembra que, enquanto o processo de renovação dos contratos nos segmentos de geração e transmissão observou um "viés econômico" (redução de tarifas), as regras para a distribuição "certamente terão um viés atrelado à qualidade do serviço prestado ao consumidor". De acordo com Pepitone, a área técnica da Aneel está preparando relatórios com os números de cada distribuidora com pedido de renovação do contrato, mas muitas têm apresentado "má qualidade" dos serviços. Ele foi taxativo no alerta às distribuidoras: "Se a empresa estiver prestando um serviço ruim, a agência vai recomendar que não se renove a concessão e que ela vá para relicitação. Caberá ao MME a palavra final sobre as concessões, com base na recomendação da Aneel de aprovar ou rejeitar a renovação dos contratos. Aneel espera uma regulamentação do MME para iniciar o processo de renovação de concessões das distribuidoras. A informação é do diretor-geral da agência, Nelson Hübner, acrescentando que 44 contratos de distribuição de energia vencerão até 2017. "Pressa não tem, mas essa regulamentação pode sair ainda no 5
primeiro semestre. A prioridade foi renovar os contratos de geração e transmissão porque isso acarretava modicidade tarifária", afirmou Hübner. Segundo ele, como a modicidade tarifária é calculada em revisões periódicas, a renovação das concessões contemplaria outros aspectos, como regras mais claras de qualidade. "Podemos ter instrumentos mais efetivos para até mesmo retomar concessões nos casos de má prestação de serviços", completou o diretor-geral, lembrando que tudo dependerá da regulamentação do ministério. 6
3)Encargos Aneel fixou no dia 18 de fevereiro de 2013, as cotas de custeio referentes ao PROINFA para abril de 2013. O valor total a ser desembolsado pelas transmissoras será de R$ 17,9 milhões. A Eletronorte será a transmissora que vai recolher a maior cota seguida da Chesf. A menor cota ficou com a Itatim. A data-limite de recolhimento vai até o dia 10 de março. A Aneel também fixou nesta segunda-feira os valores das quotas referentes aos encargos da CCC e da CDE, para o mês de dezembro de 2012. Somando os dois encargos as transmissoras vão recolher juntas R$ 37,2 milhões. Novamente quem vai recolher a maior cota será a Eletronorte, a Chesf vem logo em seguida. O menor desembolso será da Itatim. A TFSEE da Ampla (RJ) para o período de março de 2013 a fevereiro de 2014 será de R$ 7,4 milhões e o da Cooperativa de Eletrificação Rural de Resende vai ser de R$ 26,1 mil. O valor da TFSEE é divido em duodécimos, sendo que a parcela do mês de competência terá vencimento no dia 15 do mês seguinte. 7
4) Metodologia Julião Coelho, diretor da Aneel, informou que já existe parecer jurídico da procuradoria da agência favorável à mudança, mesmo com a vedação de alterações mensais de tarifas pela lei do Plano Real. Segundo ele, lei específica do setor prevê essa possibilidade, que, portanto, não teria de ser submetida ao Congresso. Para que os consumidores saibam como anda o custo real da energia, Coelho pretende manter a previsão de apresentar aos consumidores bandeiras verde, amarela ou vermelha, sobre o nível de custo de geração. Pela previsão atual, essas bandeiras começarão a surgir nas contas nos próximos meses, mas uma cobrança diferenciada só começaria em 2014. O secretário Altino Ventura lembra que, durante o racionamento, o consumo de energia caiu 20% no país e passadas a crise e as restrições o consumo recuperou apenas 5%, eliminando os 15% que se referiam à ineficiências do sistema: A crise mostrou que é possível reduzir o consumo sem desconfortos para as famílias. 8
5) Elevação das Tarifas O ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou na manhã do dia 05 de fevereiro de 2013 que a redução na conta de energia elétrica, colocada em prática pelo Governo Federal desde o final do mês passado, fará com que o Brasil desocupe o seu posto entre os países com a tarifa mais cara mundo e passe a figurar entre os que estão abaixo da média mundial. Mantega também afirmou que a redução na conta, de até 18% para o consumidor residencial, representará uma economia de R$ 9 bilhões para as famílias do país. Com esse dinheiro elas poderão ir às compras, investir, disse após reforçar que a medida deve estimular o consumo. O ministro ressaltou que o governo vem se esforçando para desonerar a economia do país, com o que qualificou como uma verdadeira campanha de redução dos tributos, que deve chegar a 1% do PIB, afirmou Mantega, que incluiu o setor de infraestrutura como um dos que será beneficiado pelo empenho pela desoneração. A redução nas tarifas de energia foi um dos principais fatores que contribuíram para a redução do IPC-S. Segundo a FGV, o IPC-S da segunda semana de fevereiro caiu 0,33 pontos, o que representa uma variação de 0,55% em relação à semana anterior. Ainda de acordo com a FGV, nesta semana, cinco das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação. O principal destaque partiu do grupo Habitação, que saiu de uma queda de 0,59% para um decréscimo de 1,25%. A principal influência para este movimento, ainda segundo a FGV, partiu do item de eletricidade residencial (- 9,00% para -13,39%). Também apresentaram quedas em suas variações os item de Alimentação, Educação, Leitura e Recreação; Despesas Diversas; e Vestuário. Em contrapartida, registraram aumento em suas taxas os itens Transportes e Comunicação. O grupo Saúde e Cuidados Pessoais repetiu a taxa de variação registrada na última apuração. 9
6) Questões Gerais Em artigo para o Valor Econômico, o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) Nelson Fonseca Leite discorre sobre a geração de energia térmica no Brasil. Para o presidente da Abradee, o cenário a curto prazo da geração hidrelétrica de energia no país é da manutenção da seca e dos baixos níveis dos reservatórios, o que acarretará em maior uso da fonte termoelétrica e no aumento do preço das contas de luz, o que deve onerar ainda mais o consumidor. Em artigo para o jornal O Globo, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg analisa a política econômica do país baseando-se nos recentes reajustes na tarifa de energia e no custo dos combustíveis. Para o jornalista, a dissonância na política econômica do governo Dilma Rousseff reduzindo a tarifa de luz em 18,5% para os consumidores e aumentando o preço dos combustíveis já com projeção de novo aumento no futuro dificulta o cálculo do efeito da inflação na economia do país. 10