O PERFIL DO EGRESSO DO SISTEMA PRISIONAL DE UBERLÂNDIA. Palavras-chave: Perfil do Egresso. Reintegração Social. Sistema Prisional.



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Transcrição:

O PERFIL DO EGRESSO DO SISTEMA PRISIONAL DE UBERLÂNDIA Fernanda de Magalhães * Marília Nogueira Neves ** Resumo O presente artigo, fruto da monografia do curso de Serviço Social, procura identificar o perfil dos egressos do sistema prisional de Uberlândia, perpassando pela realidade dos sistemas carcerários desta cidade, onde foi possível observar que a prisão é resultado do atual acúmulo de necessidades sociais, como a falta de emprego, má distribuição de renda e deficiência na educação. A literatura apresenta uma situação de dupla exclusão dos cidadãos que já passaram por privação de liberdade: a que acomete a maioria das pessoas empobrecidas e vítimas de um sistema excludente, acrescida do estigma de criminoso impresso nos egressos do sistema prisional. O objetivo é traçar um breve perfil destes cidadãos, destacando a percepção deles perante a reintegração na sociedade. Palavras-chave: Perfil do Egresso. Reintegração Social. Sistema Prisional. INTRODUÇÃO No início da década de 1990 o Brasil e alguns países da América Latina se inseriram no processo de globalização e no projeto neoliberal, o que trouxe como consequência um crescimento ainda maior da desigualdade social e um aumento significativo da criminalidade. Neste contexto não houve políticas públicas de proteção social que diminuíssem os impactos causados. Wacquant (2001) aponta que o Brasil tem uma economia de desigualdades sociais vertiginosas e pobreza de massas combinadas, que alimentam o crescimento da violência criminal e do flagelo social brasileiro. Assim sendo, o crime e o mercado informal tornaramse uma forma de sobrevivência dos pobres. Desta forma, percebe-se que a ausência de acesso a serviços básicos implica a falta de ativos para obter oportunidades e torna o indivíduo vulnerável. A pouca escolaridade, por exemplo, reflete em baixa qualificação profissional, o que leva ao desemprego e, * Aluna do Curso de Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia. * Assistente Social; professora do Curso de Serviço Social da Faculdade Católica de Uberlândia; mestranda da PUC Goiás e orientadora do presente artigo.

consequentemente, a uma renda insuficiente. Isso faz com que muitos cidadãos vejam na criminalidade o único meio possível de obter recursos. Na cidade de Uberlândia, a realidade não se difere das demais regiões do país. É possível perceber a vulnerabilidade social do público carcerário assim como dos egressos do sistema prisional que retomam a liberdade sem perspectivas reais de manutenção da própria vida e de seus familiares, vendo no crime o meio mais provável de sobrevivência. No intuito de promover a cidadania, reduzir as vulnerabilidades sociais e evitar a reincidência criminal e/ou reduzir seus efeitos, o Governo de Minas Gerais, através da Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) instituiu o Programa de Reintegração Social do Egresso do Sistema Prisional (PRESP) por meio dos Núcleos de Prevenção à Criminalidade (NPCS), espalhados nas cidades com maiores índices de violência do Estado. O objetivo geral deste artigo é traçar o perfil dos egressos do sistema prisional de Uberlândia. Assim, consta de três partes: a primeira fala do sistema prisional brasileiro, abordando questões históricas e conceituais, como a Lei de Execuções Penais; a segunda aborda a prevenção à criminalidade em Minas Gerais, enfocando a cidade de Uberlândia através do PRESP; a terceira detém-se nos resultados da pesquisa, apresentando relatos obtidos nas entrevistas, nos quais é possível perceber os obstáculos enfrentados pelos entrevistados durante a reintegração social pós privação de liberdade e o perfil dos egressos do sistema prisional de Uberlândia. Na finalização, apresentam-se as Considerações Finais e as Referências. 1. A PRISÃO E SEUS ASPECTOS CONCEITUAIS E HISTÓRICOS Segundo Camargo (1990), a prisão passou a ser considerada no início do século XIX, nos países já industrializados, como a pena das sociedades civilizadas. A autora explica que, anteriormente ocupara somente uma posição secundária no sistema de penas, tendo como finalidade garantir a presença do suspeito à disposição dos seus juízes, ou do condenado à espera da execução da sua sentença. Outro fator importante, de acordo com Camargo (1990), foi a industrialização, a qual trouxe a necessidade de muita mão-de-obra, e a prisão apareceu também como meio privilegiado de transformar pessoas ociosas em população trabalhadora. A autora explica que os corpos dos condenados, mais do que punidos, deveriam ser transformados em corpos dóceis, através de técnicas de coerção, processos de treinamento, até se traduzirem em novos

comportamentos, produtivos e socialmente úteis. A autora explicita que a prisão foi projetada como uma empresa de modificação de indivíduos, assim como a escola, as oficinas e outros. Essas instituições não estão isoladas, evidentemente, mas bem articuladas com leis, medidas administrativas, enunciados científicos, princípios filosóficos, morais etc. formando mecanismos, dispositivos disciplinares que garantem a ordem desse tipo de sociedade. O grande objetivo do conjunto de dispositivos disciplinares não é manter as estruturas sociais pela força embora não a exclua mas sim pelo cumprimento de normas de conduta bem determinadas (CAMARGO, 1990, p. 134). Partindo de uma visão social, a instituição prisional como um todo ou simplesmente de fora para dentro, é resultado do atual acúmulo de necessidades sociais como falta de emprego, aumento da violência, deficiência na educação, de acordo com Focault (1997). Neste contexto, a criminalidade é resultante das transformações do capital, associadas às desigualdades de classes e precariedade das políticas públicas, que não viabilizam métodos e técnicas de prevenção à criminalidade, buscando efetivamente o tratamento das questões que possivelmente colaboram para a incidência do indivíduo no mundo do crime, fatores esses interligados ao desemprego, fome, falta de escolaridade e desigualdades sociais, questões essas que seguem em contrapartida com os mínimos sociais e direitos à cidadania. 1.1. Sistema prisional brasileiro e a lei de execuções penais De acordo com Torres (2001), a Constituição Federal de 1988, dedicou parte expressiva de seu texto aos direitos, garantias individuais e coletivas dos cidadãos brasileiros. O cerne de defesa dos direitos humanos encontra-se inscrito no caput do artigo 5 o que define que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a brasileiros e estrangeiros, residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (Constituição Federal, 1988). O sistema penitenciário brasileiro está regulamentado pela Lei de Execuções Penais (LEP n o 7.210 de 11/07/1984), preconiza em seu artigo 1 o o objetivo de efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e ao internado. Em seu artigo 10 está disposta a assistência ao preso e ao internado como dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade, estendendo-se ao egresso 1. Compõem este rol a assistência: material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. 1 Egresso: Segundo o dicionário, egresso significa aquele que saiu, que se afastou. Pessoa que deixou a clausura. Saída, retirada. Neste trabalho, refere-se àquele que deixou o sistema prisional.

A LEP determina como deve ser executada e cumprida a pena de privação de liberdade 2 e restrição de direitos 3. Contempla os conceitos tradicionais da justa reparação, satisfação pelo crime que foi cometido, o caráter social preventivo da pena e a ideia da reabilitação. Dotando os agentes públicos de instrumentos para a individualização da execução da pena, aponta deveres, garante direitos, dispõe sobre o trabalho dos reclusos 4, disciplina as sanções; determina a organização e competência jurisdicional das autoridades; regula a progressão de regimes de direitos. De acordo com Torres (2011), a organização do sistema prisional sofre variações nos estados da federação, porém estão sob a jurisdição do Ministério da Justiça, que conta com um órgão específico para o tratamento da questão, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), que atua no âmbito das propostas de políticas e fiscalização nesta área, sendo que a administração dos presídios propriamente dita está a cargo dos estados. Nos estabelecimentos penais do país estão os presos condenados sob a jurisdição das Secretarias de Justiça ou de Administração Penitenciária dos estados. Segundo o DEPEN, no levantamento realizado em dezembro de 2010, o resultado mostra que a população carcerária do Brasil em sua maioria é composta de jovens em idade ativa (53% tem menos de 30 anos), com baixa escolaridade (64% são analfabetos ou semianalfabetos), com grande inserção na prática de crimes de furtos e roubos (50%) e com um alto índice de presos com até oito anos de condenação (50%). Outro fator detectado pelo DEPEN é que a grande maioria dos presos são homens. Em dezembro de 2010 havia uma população de 445.705 reclusos nas penitenciárias 5 do país. 2 Privação de liberdade: De acordo com o Código Penal, a pena privativa de liberdade é a pena corporal imposta ao condenado pela prática de um crime/delito ou contravenção, que poderá ser de reclusão, detenção ou prisão simples. A diferença está na quantidade de pena prevista pela lei ao crime praticado, o que influenciará na forma (regime) de início de cumprimento da pena (fechado; semiaberto ou aberto). 3 Restrição de direitos: Conforme informado no Código Penal, as penas restritivas de direitos são autônomas (e não acessórias) e substitutivas (não podem ser cumuladas com penas privativas de liberdade); também não podem ser suspensas nem substituídas por multa. As penas restritivas de direito foram paulatinamente introduzidas como uma alternativa à prisão. 4 Reclusos: O dicionário explica que recluso significa metido em cela. Encarcerado. Recolhido a convento. Afastado do convívio do mundo: viver recluso. Aquele que vive em clausura, ou foi condenado à pena de reclusão. 5 Penitenciária: De acordo com site oficial do Ministério da Justiça, penitenciárias significa estabelecimentos penais destinados ao recolhimento de pessoas presas com condenação à pena privativa de liberdade em regime fechado.

Deste total, 417.517 eram homens e 28.188 eram mulheres. Some-se a este contingente mais de 50.546 presos, entre homens e mulheres, nas carceragens 6 policiais de todo país. Ainda de acordo com pesquisas realizadas pelo DEPEN, em dezembro de 2005, a população habitacional do país indicava 126.799.183 habitantes, destes, 294.237 estavam reclusos. A cada 100 mil habitantes, 232 estavam presos. No intervalo de dezembro de 2006 até dezembro de 2007 o número foi de 383.480 presos para 422.373. No ano de 2008 aumentou para 451.219 segundo INFOPEN 7. Conforme dados coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até dezembro de 2010 havia cerca de 191.480.630 habitantes no território nacional, destes segundo DEPEN e INFOPEN, 496.251 estavam reclusos, ou seja, proporcionalmente, a cada 100 mil habitantes, 259 estavam presos. Em relação aos anos de 2005 aos dias atuais, a população carcerária quase dobrou. Em dezembro de 2010, a população de Minas Gerais contava com 20.033.665 habitantes segundo DEPEN, e a cada 100 mil habitantes existiam cerca de 231 presos. Com dados retirados do site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) com base nos dados fornecidos SEDS, em Minas Gerais em 2010 existiam 46.293 presos, sendo 8.978 presos cumprindo suas penas nas cadeias 8, onde a capacidade máxima é de 5.004 presos e o restante cumprindo em penitenciária e outros estabelecimentos prisionais. 1.2. A realidade do sistema prisional de Uberlândia Em Uberlândia, de acordo com DEPEN, a Penitenciária Profº João Pimenta da Veiga, contava em 2009 com 370 presos, e o Presídio Profº Jacy de Assis com capacidade para 936, contava com cerca um mil e quatrocentos presos em regime fechado. 6 Carceragem: Segundo descrito no dicionário, carceragem significa a ação de encarcerar. Gasto com a manutenção dos presos. 7 O INFOPEN corresponde a um programa de computador de coleta de Dados do Sistema Penitenciário no Brasil, para a integração dos órgãos de administração penitenciária de todo Brasil, possibilitando a criação dos bancos de dados federal e estaduais sobre os estabelecimentos penais e populações penitenciárias. É um mecanismo de comunicação entre os órgãos de administração penitenciária, criando pontes estratégicas para os órgãos da execução penal, possibilitando a execução de ações articuladas dos agentes na proposição de políticas públicas. 8 Cadeia: De acordo com o site oficial do Ministério da Justiça, cadeias públicas correspondem aos estabelecimentos penais destinados ao recolhimento de pessoas presas em caráter provisório, sempre de segurança máxima.

Segundo informações do Diretor Geral da Penitenciária Pimenta da Veiga, o local foi inaugurado em 2003, com capacidade para atender 396 sentenciados e atualmente encontramse 450 sentenciados, sendo que destes, 53 são do sexo feminino, o que significa que 88% da população carcerária da Penitenciária é composta por homens. No que se refere à faixa etária dos sentenciados, consta que varia entre 19 a 73 anos quanto por % e em se tratando do grau de escolaridade, 15 se declaram analfabetos, 31 semialfabetizados, 265 informam ter o ensino fundamental incompleto, 76 possuem ensino fundamental completo, 32 possuem o ensino médio completo, 01 tem superior completo, 03 não informaram o grau de escolaridade e os demais (27 sentenciados) são novos no sistema e não foram atendidos pela equipe técnica, o que inviabiliza a precisão da informação. De acordo com o Diretor Geral da Penitenciária acima citada, dos 450 sentenciados que se encontram na Penitenciária atualmente, estima-se que 60% recebem visitas regulares de familiares. Outro fator relevante é o número de sentenciados que estão estudando atualmente: somente 108 se encontram-se devidamente matriculados e frequentando a escola na Unidade Prisional. Destes, 86 são do sexo masculino e 22 do sexo feminino. Com relação ao Presídio Professor Jacy de Assis, a atual Diretora de Atendimento e Ressocialização informou que o local foi inaugurado em 1998 e conta atualmente com 1.652 detentos, divididos entre 1.569 do sexo masculino e 83 do sexo feminino. Ou seja, 95% dos sentenciados são homens. Assim, é possível perceber que em ambas as instituições o número de homens é bastante superior à quantidade de mulheres reclusas. O nível de escolaridade dos reclusos nesse Presídio se apresentou baixo. 27 dos presos informaram ser analfabetos, 136 disseram ser semi-alfabetizados, 890 possuem o ensino fundamental incompleto, 470 afirmaram ter o ensino fundamental completo, 123 ensino médio completo e 6 possuem ensino superior completo. Os dados repassados pela Diretora de Ressocialização sobre a faixa etária dos detentos do Presídio apontou uma população carcerária jovem. Foram contabilizados 642 presos com idade entre 18 e 24 anos. Os demais variam da seguinte maneira: 422 entre 25 e 29 anos, 277 entre 30 e 34 anos, 216 ente 35 e 45 anos e 92 a partir de 46 anos. Do levantamento total restaram 3 reclusos que não informaram a idade. 2. PREVENÇÃO À CRIMINALIDADE EM MINAS GERAIS A política de prevenção à criminalidade de Governo de Minas Gerais foi instituída junto à SEDS, com o propósito de trabalhar programas e projetos de prevenção social às

violências e criminalidades, implantando um novo paradigma de segurança pública como política social que busca garantir prevenção com participação e cidadania. De acordo com Leite (2009), a Superintendência de Prevenção à Criminalidade (SPEC) tem por objetivo elaborar e coordenar ações de prevenção à criminalidade nos níveis social e situacional mediante a construção de novas relações entre a sociedade civil e os órgãos componentes do sistema de defesa social e justiça, visando a segurança pública e a garantia do exercício de cidadania principalmente por pessoas, grupos e localidades mais afetados pelo fenômeno da violência e da criminalidade urbana. O crescimento dos indicadores de criminalidade nos grandes centros urbanos do Brasil, sobretudo a partir da década de 1980, trouxe a necessidade de repensar a política de segurança pública historicamente desenvolvida pelos governos, destacando a violência como tema prioritário na agenda pública nacional. Em Minas Gerais, estudos sistêmicos evidenciaram um aumento progressivo da criminalidade violenta a partir da segunda década de 1990, exigindo respostas mais efetivas ao fenômeno (LEITE, 2009, p. 28). Um dos programas do Governo de Minas Gerais é o NPCS, uma política da SEDS, que em parceria com o município tem por objetivo prevenir a criminalidade e reintegrar o egresso na sociedade por meio dos programas: Central de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas (CEAPA), Controle de Homicídios Fica Vivo! e o PRESP. A CEAPA, conforme explica Leite (2009) busca criar condições para o acompanhamento e aplicação de penas alternativas no sistema prisional. Seu corpo técnico é formado por psicólogos, assistentes sociais e advogados que oferecem atendimento multidisciplinar. São estes profissionais que encaminham os beneficiários, caso necessitem da rede de serviços disponível na região. O Programa de Controle de Homicídios Fica Vivo! é voltado para jovens de 12 a 24 anos em situação de risco social 9, residentes nas áreas com maior índice de criminalidade. Tais localidades foram identificadas através de estudo realizado pelo Centro de Estudos da Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Polícia Militar e Civil, bem como funcionários das administrações municipais e estadual, sobre experiências de controle de homicídios que possibilitou elaborar um projeto adaptado ao contexto de Minas Gerais, conforme explica Leite (2009). 9 De acordo com o dicionário de termos técnicos da Assistência Social da Prefeitura de Belo Horizonte (2007), situação de risco social refere-se à probabilidade de ocorrência de um evento de origem natural, ou produzido pelo ser humano, que concretiza a passagem da situação de vulnerável a vulnerabilizado, afetando a qualidade de vida das pessoas e ameaçando sua subsistência.

O PRESP visa acolher o egresso do sistema prisional, promovendo políticas sociais para sua reintegração na sociedade e garantir o cumprimento dos direitos previstos e criar condições para evitar a reincidência criminal. Os dois Núcleos de Prevenção à Criminalidade (NPCs) de Uberlândia foram inaugurados em 2005 pela SEDS de Minas Gerais, por meio da Superintendência de Prevenção à Criminalidade, se localizam no bairro Morumbi e região Central, e contam com os três programas citados anteriormente: PRESP, Fica Vivo! e CEAPA. 2.1. Programa de Reintegração Social do Egresso do Sistema Prisional de Uberlândia O PRESP foi criado em 12/04/2003, a partir do Decreto nº 43.295/03 e com base na Lei de Execução Penal nº 7210/84. Segundo Oliveira (1996), trata-se de um equipamento da política pública de inclusão social que objetiva o atendimento e acolhimento de indivíduos que já passaram pela privação de liberdade, promovendo condições para a retomada à vida social coletiva, de forma a garantir autonomia e responsabilização. O Programa oferece aos indivíduos acolhimento psicológico, atendimento jurídico, assistência social nos termos da LEP e condições de retomada ao convívio social e familiar. Os atendidos são encaminhados ao PRESP pelo Poder Judiciário Vara de Execuções Criminais da Comarca de Uberlândia, quando da progressão do sentenciado para o regime aberto ou livramento condicional que, no caso de Uberlândia, são cumpridos sob as mesmas condicionalidades. Dessa forma, uma das condições obrigatórias é a entrevista psicossocial e jurídica e o comparecimento mensal ao NPC para assinatura referente ao regime. Neste contexto, o PRESP reconhece as precárias e desumanas condições de retorno à sociedade dos sentenciados e entendendo este estado de situação de vida como fator de risco e reentrada prisional, o Programa busca fazer cumprir o art. 25 da LEP n o 7.210/84, que se define como um equipamento da política de inclusão social do egresso do sistema prisional e seus familiares, que passa a assumir a incumbência de garantir ao egresso do sistema prisional o acesso a seus direitos sociais básicos. O PRESP de Uberlândia, conta atualmente com uma equipe de Técnicos Sociais das áreas de Direito, Psicologia e Serviço Social, além de estagiários, que trabalham para a desconstrução do imaginário social 10 de criminoso e excluído, visando inseri-lo no mercado de trabalho e efetivar a sua reintegração social. 10 Segundo Lídiston Pereira da Silva, psicólogo e coordenador Técnico do Psicossocial da Fundação de Apoio ao Egresso do Sistema Penitenciário, o imaginário social compreenderá melhor a reintegração como social na

De acordo com Leite (2009), as pesquisas realizadas a cerca do perfil da população carcerária no Brasil demonstram que o sistema penal segrega do convívio social uma parte da população já anteriormente excluída dos direitos sociais básicos. Assim, as pessoas egressas do sistema prisional refletem, na perspectiva social o mesmo grau de exclusão da maioria da população brasileira. O agravante é que, além deste padrão, somam-se aos egressos do sistema prisional, novas características, tais como: [...] a qualidade de criminoso, a subjetividade afetada pela vivência em reclusão, as relações sociais corroídas pela distância imposta pela prisão, o estigma de violência-criminalidade reforçada na condição de sujeito do sistema prisional. Esses impactos da experiência prisional incidem de forma indelével sobre o indivíduo (LEITE, 2009, p. 171). Através do PRESP, são desenvolvidas várias ações, tais como, estudo das alternativas para resolução dos problemas oriundos do débito com o Estado que impossibilitam a reabilitação do egresso. Trabalha também com regulamentações do Estado que prevê incentivos fiscais para a inclusão dos mesmos no mercado de trabalho, que é um dos principais órgãos excludentes. 2.2. O Serviço Social no Programa de Reintegração Social do Egresso Historicamente, o egresso do sistema prisional encontra grandes dificuldades e obstáculos para se reintegrar na sociedade, segundo Leite (2009). Os condenados passam, na perspectiva social, o mesmo grau de exclusão que a maioria da população brasileira só que como egressos do sistema prisional, possuem também novos elementos de exclusão: o carimbo de criminoso, o estigma social, a subjetividade destroçada, as relações sociais dizimadas, a violência-criminalidade reforçada na vivência estabelecida na prisão. As pesquisas realizadas acerca do perfil da população carcerária demonstram que o sistema penal segrega do convívio social uma parte da população já anteriormente excluída dos direitos sociais básicos. Este dado não cria uma relação necessária entre exclusão e criminalidade, uma vez que não é uma proposição lógica extrair da exclusão a criminalidade, pois tanto existem excluídos não-criminosos como criminosos não-excluídos. Porém, do universo criminal, a pena de prisão recai para os já excluídos socialmente (aqueles já marginalizados, desprovidos dos direitos sociais fundamentais básicos) (LEITE, 2009, p. 170). proporção em que conseguir problematizar a violência oriunda da vulnerabilidade social. Constata-se a predominância no imaginário social da ideia de que a violência é parte de um mau caráter. De uma personalidade desviada. De uma natureza obscura no fundo da alma humana. Tais convicções induzem o imaginário pessoal a se compor na ideia de que a violência é própria de sua identidade de ser no mundo. A violência sendo própria do individuo, do desviante, do marginal, a inclusão social não pode ser pensada como possível.

A inclusão social de pessoas que possuem um passado criminal esbarra-se em barreiras tais como: o preconceito da sociedade, a falta de preparo profissional, a falta de estudo, dentre outros. As políticas públicas voltadas para atender essas questões existem, mas não atendem de forma satisfatória a demanda existente. Torna-se necessário, pois, refletir quais são os limites e as possibilidades de se trabalhar a inclusão social do egresso, explica Leite (2009). Nesta realidade, o Serviço Social tem papel importante e muito a contribuir no planejamento, na operacionalização e na implementação de ações capazes de provocar mudanças nas condições de vida dessas pessoas, já que se trata de uma profissão que busca a intervenção investigativa, através da pesquisa e análise da realidade social, atuando na formulação, execução e avaliação de serviços, programas e políticas sociais que visam a preservação, defesa e ampliação dos direitos humanos e justiça social. Sustentados pelo projeto ético-político do Serviço Social, os Assistentes Sociais reconhecem que a precariedade das condições de trabalho que não atinge somente este profissional, mas todas as categorias. E é neste contexto que o profissional prepara-se para atuar, ter um olhar crítico da realidade, conquistar novos espaços, saber desempenhar seu papel de mediador da prestação de serviços sociais entre o capital/trabalho. Segundo Netto (1999), o projeto ético-político do Serviço Social articula em si mesmo os seguintes elementos constitutivos: uma imagem ideal da profissão, os valores que a legitimam, sua função social e seus objetivos, conhecimento teóricos, saberes interventivos, normas e práticas, o que deixa claro sua importância e a necessidade de agir com coragem no enfrentamento dos desafios, sabedoria e crença em um futuro mais digno para toda população. A dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e programas sociais; a ampliação e a consolidação da cidadania são explicitamente postas como garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras. Correspondentemente, o projeto se declara radicalmente democrático considerada a democratização como socialização da participação política e socialização da riqueza socialmente produzida (NETTO, 1999, p. 16). Sob a perspectiva do compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e atuando como uma categoria que entende a promoção humana como processo refletivo e crítico, os Assistentes Sociais que atendem os egressos do sistema prisional através do PRESP e dos demais programas dos NPCs, constroem mediações rompendo com práticas assistencialistas e institucionalizadas, compreendem as particularidades que compõem a

realidade das pessoas que estiveram presas e assim buscam com intencionalidade, alternativas interventivas possíveis de transformar determinada realidade. Neste sentido, o PRESP tem o intuito de proporcionar aos egressos, oportunidades e possibilidades de condução de suas vidas e formas de romper os vínculos com a criminalidade. Visando conhecer o perfil destes egressos, apresentar-se-á o resultado do estudo realizado no NPC de Uberlândia, no período de abril a setembro de 2010. 3. CRIMINALIDADE: EGRESSOS JOVENS, SOLTEIROS, COM BAIXA ESCOLARIDADE E ENVOLVIDOS EM CRIMES DE FURTO, ROUBO E ASSALTO EM UM PERSPECTIVA COMPARATIVA Um fenômeno observado durante a realização deste estudo e confirmado pelo autor Adorno (1996) é a acentuada desproporção entre homens envolvidos no crime quando comparados às mulheres. O autor explica que se trata de um fator mais geral, atestado em outras pesquisas sobre criminalidade, cuja ainda está por ser feita, pois aquelas que apelam para elementos socioculturais, como o papel da mulher na sociedade, sua forma de inserção, seu confinamento no espaço doméstico, dentre outros, correntes tanto no debate público quanto presentes em estudos antropológicos e sociológicos parecem insatisfatórios. Adorno (1996) afirma que em estudo realizado sobre a reincidência criminal, foi possível verificar que estatisticamente a mulher delinqüente é tão reincidente quanto o homem. Outro fator relevante e reforçado pelo referido autor é o número de pessoas jovens envolvidas na criminalidade. Segundo Zaluar (1993), a entrada dos jovens na criminalidade organizada e violenta tem a ver, entre outros aspectos, com a valorização de símbolos próprios da juventude, como ter dinheiro no bolso ou vestir-se com roupas atraentes e bonitas. A estes valores, acrescem a valorização da arma de fogo e a disposição gratuita para matar. A situação conjugal é elemento na construção das representações coletivas sobre a criminalidade. As uniões formais são eleitas como modelo ideal na sociedade. A partir disso, consideram-se desviantes as uniões consensuais e todas as demais formas de relacionamento que se distanciem do padrão estabelecido. Sob esta perspectiva, acredita-se que delinquentes venham de famílias que não se baseiam em uniões formais. De acordo com Adorno (1996), a escolaridade também deve ser analisada, pois é um dos componentes fundamentais da cidadania: Por um lado, a escola é vista como a agência de socialização por excelência, muitas vezes até detentora de um papel superior ao desempenhado pela família na formação de novos cidadãos. Depositam-se na escola não poucas expectativas: o aprendizado de conhecimentos formais, o respeito à ordem constituída e às hierarquias, a

valorização de símbolos nacionais e morais, a internalização de hábitos metódicos e sistemáticos. Por outro lado, espera-se que a escola habilite seus educandos a competir e a desfrutar das oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho. Por essa via, a escola é valorizada como veículo de mobilidade e de ascensão social. (ADORNO, 1996, p. 13). Deste modo, é comum suspeitar-se de que um conjunto de circunstâncias sociais que impeçam alguns cidadãos de ter acesso à escola e ao ensino, mesmo que seja o ensino fundamental, do que resultam fortes pressões para delinquir. Isto então explica o motivo da baixa escolaridade dos egressos do sistema prisional. Assim, a escolaridade dos egressos é baixa, não porque sejam criminosos, mas sim, porque a escolaridade da população, no seu conjunto, se retém nos níveis elementares. O envolvimento dos egressos em crimes contra o patrimônio revela as conseqüências das mazelas da contradição capital-trabalho, que determinam a conduta do cidadão, reservando a ele, trabalhador, alternativas de sobrevivência que, seja qual for a escolhida, sempre beneficiarão o capital. As contradições do sistema capitalista explicam o processo criminalizador com base na lógica de funcionamento da relação capital-trabalho. A força de trabalho, diretamente integrada à produção vive a desigualdade da relação entre o seu esforço e o benefício recebido, entre a energia gasta e a recompensa pela cessão do seu tempo de trabalho ao capital. A força de trabalho excedente, desempregada, se vê obrigada a garantir a sua existência através de artifícios e de estratégias de sobrevivência que vão do biscate ao crime. É a utilização de meios ilegítimos para compensar a falta dos meios legítimos de sobrevivência (DORNELES, 1992, p. 57). Portanto, traçar o perfil do egresso do sistema prisional é o primeiro passo para a criação de um leque de possibilidades a serem estudadas e desvendadas a cerca dos resultados obtidos. Desta forma é possível compreender, criticamente, quem são os egressos. 3.1. A percepção dos egressos no retorno à sociedade após privação e liberdade Diante de uma realidade de exclusão, já descrita anteriormente, os egressos vivenciam o preconceito e as dificuldades de se integrar na sociedade, pós-privação de liberdade. [...] podemos considerar que o quadro de exclusão social tende a aumentar, pois a apropriação privada e a ausência de uma política distributiva de renda contribuirão para a criação de um contingente cada vez maior de desempregados e de marginalizados socialmente. Numa sociedade como a nossa, em que o acesso ao trabalho, à moradia, à saúde e à educação não é para todos, certamente vamos conviver com o agravamento dos rebatimentos da questão social (SIQUEIRA, 2001, p. 57).

A exclusão social adquire força e se torna mais visível em razão do projeto de sociedade vigente, no qual apenas a minoria tem o domínio das riquezas produzidas por todos. Neste sentido, as pessoas com passado criminal são duplamente excluídas, pois a situação de encarceramento já é fruto desta realidade e, dentro do cárcere, são vítimas de todas as mazelas que a exclusão social é capaz de produzir. Fui usuário de crack e cocaína durante muitos anos. Me envolvi no crime por causa disso. Ainda fumo maconha e não tenho interesse de parar. Acho a sociedade preconceituosa com as pessoas que já estiveram presas e isso atrapalha muito a conseguir um bom emprego. Eu consegui um emprego formal em uma construtora como servente de pedreiro, mas meu chefe não sabe do meu passado criminal. Eu não pretendo contar porque tenho medo de perder o emprego (egresso do sistema prisional I). Segundo Dupas (1999), é possível identificar alguns exemplos de cidadãos que podem ser tratados como excluídos: os desempregados de longo prazo, os empregados submetidos a trabalhos precários e não qualificados, os velhos e os não protegidos pela legislação, os que ganham pouco, os sem-terra, os sem habilidades, os analfabetos, os evadidos da escola, os deficientes físicos e mentais, os viciados em drogas, os delinquentes e presos, as crianças problemáticas e que sofrem abusos, os trabalhadores infantis, as mulheres, os estrangeiros, os imigrantes e os refugiados, as minorias raciais, religiosas e em termos de idiomas, os que recebem assistência social, os residentes em vizinhanças deterioradas e os pobres que têm consumo de bens e serviços 11 abaixo do nível considerado de subsistência. Através dos exemplos citados acima, é possível perceber que em todos eles o cidadão é privado de algum serviço essencial para a vida humana, e em se tratando de um preso ou egresso do sistema prisional, o peso do preconceito é duplicado e pode ser percebido nos relatos dos egressos entrevistados: Eu considero a sociedade preconceituosa e isto atrapalha a conseguir emprego. Já sofri na pele a discriminação e sou dependente químico e luto contra as drogas. Isso atrapalha mais ainda a conseguir um emprego (egresso do sistema prisional II). A sociedade é muito preconceituosa com quem já foi preso. Para conseguir uma oportunidade de trabalho eu preciso estudar mais e acabar o preconceito das pessoas. Quando alguém descobre que eu já fui preso, não quer nem saber o motivo, a minha história de vida, enfim, não quer saber nada. Já me trata como vagabundo, gente que não presta (egresso do sistema prisional III). 11 São as despesas ou gastos de toda a população com bens e serviços existentes na economia. Exemplo: vestuário, alimentação, higiene, tratamento dentário, etc.

De acordo com Siqueira (2001), a pena de prisão traz consigo um conjunto de fatores de repressão exercido tanto de forma psicológica quanto física. Os efeitos dos elementos na vida do cidadão não param quando ele deixa a prisão, pois a coerção, principalmente a psicológica, traz consigo a participação da sociedade, que se encarrega das mais variadas formas de lembrar ao ex-preso que ele já esteve lá e que, a qualquer tempo, pode retornar. Na época em que eu estava precisando de dinheiro eu encontrei no tráfico de drogas uma forma rápida e fácil de conseguir o que eu queria. Foi assim que eu me envolvi no crime. No entanto, não valeu à pena, pois o sofrimento na prisão foi muito maior (egresso do sistema prisional IV). Para Adorno (1996) é comum crer-se que delinquentes possuem uma natureza distinta dos demais cidadãos que contribuíram ou vêm contribuindo para a marcha do processo civilizatório. É como se aqueles fossem portadores de uma natureza e um pouco mais distantes da cultura. É como se eles não tivessem conserto aos olhos do senso comum. Demonstrando indignação, os relatos abaixo de egressos do sistema prisional reforçam o pensamento do autor: Quero fazer tudo certo, mas sofro discriminação. Esse preconceito atrapalha muito a conseguir emprego e isso pode acabar incentivando a pessoa a voltar para o crime. Eu tive a sorte de conseguir um emprego formal, mas a maioria não consegue. Acho importante melhorar a capacitação profissional para crescer no trabalho (egresso do sistema prisional V). Sempre trabalhei de pedreiro. Atualmente faço bicos e acredito que para conseguir uma oportunidade melhor no mercado de trabalho, preciso melhorar minha capacitação profissional e acabar com o preconceito da sociedade. Quem já foi preso e quer trabalhar para recomeçar a vida precisa de um voto de confiança (egresso do sistema prisional VI). O que se observa nos discursos acima e que é comum em todos eles é o preconceito que a sociedade imprime nas pessoas que, por algum motivo, já passaram pela prisão. E em consequência disto, evidencia-se um ciclo de exclusão-inclusão-exclusão, na qual o cidadão ao tentar se reintegrar na sociedade após a privação de liberdade, se vê novamente excluído, porém, com um agravante: o estigma de criminoso. 3.2. Discussão dos dados Os resultados da pesquisa com os egressos atendidos pelo PRESP têm a intenção de apresentar o perfil destas pessoas e ainda abrir possibilidades para outros estudos.

A pesquisa foi realizada por amostragem não probabilística acidental 12, por meio da qual foram entrevistados 20 (vinte) egressos do sistema prisional de Uberlândia participantes do PRESP, que concordaram em participar da mesma. Seus nomes são sigilo absoluto, visando à ética e resguardando os pesquisados. Todos os entrevistados, aleatoriamente escolhidos, foram do sexo masculino, o que confirmou que a maioria dos egressos é homem. Outro fator constatado foi o estado civil solteiro ser predominante para os entrevistados: 60% e 40% mantém união estável. É importante ressaltar que de modo geral, a cultura brasileira elege as uniões formais como indicativas de comportamento responsável, moralmente digno e conforme as normas dominantes. Sob essa perspectiva, no senso comum, acredita-se que delinquentes provenham de famílias desorganizadas, por isso entendendo-se aquelas resultantes de duas ou mais uniões ou aquelas nas quais o provedor é a mulher, mãe com filhos, abandonada pelo companheiro, ou também, aquelas em que não existe o registro oficial do casamento. A estatística também revelou um número significativo de egressos jovens, com até 40 anos. A faixa etária dos entrevistados aponta 80% abaixo desta idade. O nível de escolaridade dos entrevistados corresponde a 75% de ensino fundamental incompleto, 15% de ensino médio incompleto e 10% ensino médio completo. Os números reforçam a baixa escolaridade dos egressos, o que também confirma uma deficiência no processo educacional destes cidadãos. Ainda sob o aspecto de formação dos egressos, foram questionados sobre cursos profissionalizantes e, 20% já fizeram algum curso desta natureza. Os demais nunca fizeram. Isto comprova falta de qualificação profissional, acrescida de baixa escolaridade da maioria. Outros dados obtidos através da pesquisa referem-se à situação ocupacional e renda familiar dos entrevistados. Os números mostram que 15% dos egressos possuem emprego formal. Os demais são: 30% desempregados, 25% autônomos, 15% possuem emprego informal e 15% exercem outros tipos de atividades. Um fator percebido durante as entrevistas foi o desinteresse de alguns egressos em se obter um emprego formal. A justificativa refere-se aos descontos na folha de pagamento, já que os salários pagos são baixos, não sendo suficiente para manter uma vida com mínima dignidade 13. Assim, alguns optam pela informalidade, deixando os benefícios do emprego formal para obter uma renda maior. 12 De acordo com Mattar (1996), amostragem não probabilística acidental é a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo. 13 Esta afirmação implica em condições mínimas para uma vida digna, para uma vida humana. Implica em possuir cada pessoa as condições mínimas de sustento físico próprio, bem como as condições mínimas para que

A renda familiar dos entrevistados está assim distribuída: 10% possuem até um salário mínimo, 35% de um a dois salários mínimos, 25% de dois a três salários mínimos, 20% acima de três salários mínimos e 10% não souberam informar qual a renda familiar. Em se tratando do tempo de reclusão dos egressos entrevistados, nota-se que mais da metade ficaram reclusos em até no máximo dois anos, ou seja, permaneceram durante este período em regime fechado. Somente 10% ficaram presos por mais de dois anos. Por fim, a maioria dos egressos foi condenada a delitos de crime contra o patrimônio, identificados aqui por assalto, roubo e furto 14. Os números apontam que 70% dos entrevistados cometeram assalto, furto ou roubo, 10% foram condenados pela Lei Maria da Penha, que corresponde aos crimes de violência contra mulher, 5% se enquadraram em tentativa de homicídio, 5% foram presos por porte ilegal de arma e 10% cometeram tráfico de drogas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecer quem são os egressos do sistema prisional e compreender a realidade na qual eles estão inseridos é o primeiro passo para entender as motivações que levam estas pessoas a se envolverem na criminalidade. Ao analisar o perfil dos egressos atendidos pelo PRESP em Uberlândia, percebe-se a vulnerabilidade social desse público (maioria homens, jovens, solteiros, baixa escolaridade e pouca qualificação profissional inseridos no mercado informal de trabalho). Suas fragilidades sociais são evidenciadas no modelo econômico vigente no país que visa a lógica do consumo, o desemprego e a distribuição desigual das riquezas produzidas, o que forma um conjunto de violações de direitos que dificultam o acesso do sujeito a um a vida digna e ética. Isto demonstra o contexto de exclusão que esses indivíduos enfrentam e o círculo vicioso que se forma em torno de suas vidas. Expostos a condições precárias, às quais estão submetidos desde seu nascimento, muitos indivíduos ingressam no mundo do crime, por possa participar da vida social de seu Estado, se relacionando com as pessoas que estão ao seu redor e que fazem parte da sociedade na qual vive. 14 A diferença entre furto, roubo e assalto está na forma como são praticados. Segundo informações extraídas da Wikipedia, roubo é o ato de subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. Furto é uma figura de crime prevista nos artigos 155 do Código Penal Brasileiro, e 203º do Código Penal Português, que consiste na subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, com fim de assenhoramento definitivo. Difere do roubo por ser praticado sem emprego de violência contra a pessoa ou grave ameaça. O assalto é a forma popular de se referir ao roubo.

motivações diversas (melhorar de vida, revolta, status, dinheiro). Ao regressarem do sistema prisional, onde cumpriram pena em virtude dos atos ilícitos cometidos, esses indivíduos voltam para a mesma realidade em que viviam antes de serem presos, nas mesmas condições de vulnerabilidade e sem grandes perspectivas futuras, fato que, em muitos casos, acarreta a reincidência delitiva. Na realidade, a volta para o convívio social torna-se ainda mais difícil, uma vez que os egressos carregam agora o estigma de serem ex-presidiários. Desse modo, tentar escapar do retorno à criminalidade transforma-se em uma tarefa árdua. Contribui para agravar o cenário acima descrito o próprio sistema penitenciário existente. Presídios sem condições físicas e estruturais de acolhimento dos presos, celas superlotadas, precárias condições de higiene, violência e corrupção são fatores que impedem a reabilitação daqueles que foram apenados, o que, em tese, seria o principal objetivo do sistema prisional. Eles se mantêm ociosos a maior parte do tempo; não existem cursos profissionalizantes ou para educação, não existem formas de capacitar o indivíduo para que, ao sair do cárcere, seja capaz de se reinserir e se auto-prover, restando como opção mais fácil o retorno ao crime. O PRESP surge, então, como uma forma de abrandar o contexto de vulnerabilidade no qual os egressos estão submetidos ao saírem do sistema prisional e, portanto, reduzir a reincidência delitiva. Importante destacar que esse apoio dado pelo PRESP já ocorre antes da saída do indivíduo da prisão. Os técnicos sociais realizam visitas às penitenciárias visando aproximar o preso do Programa e divulgando os benefícios que essa política pode trazer. Assim, ao sair da condição de cárcere, o indivíduo sabe onde obter apoio para prosseguir sua vida. O Serviço Social neste contexto é de extrema importância, uma vez que o profissional atua na direção da transformação social do egresso, segundo o projeto ético-político da profissão. O seu desafio está em representar os interesses individuais e coletivos da população, na busca de um atendimento que não se limite ao emergencial, mas que defenda e amplie os direitos sociais historicamente conquistados. Neste sentido, o Assistente Social procura combater situações ofensivas à dignidade do homem promovendo a vida humana como um bem inviolável, ao qual nenhum outro se iguala. A relação Assistente Social e egressos atendidos no PRESP exige um repensar da relação sociedade/subjetividade, demandando articulação efetiva entre: construção da identidade individual/coletiva, na defesa de direitos, busca de autonomia e rompimento com as práticas criminais. Referências

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