PERFIL NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE ALUNOS DO CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO EM GOIÁS

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Transcrição:

PERFIL NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE ALUNOS DO CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO EM GOIÁS OLIVEIRA, Ingryd Garcia de 1 ; FERNANDES, Talita Lalau 1 ; LEMOS, Juliany Moreira 2 ; MARTINS, Karine Anusca 1 Palavras-chave: estado nutricional, consumo alimentar, alimentação escolar Introdução O estado nutricional define-se como a relação entre a ingestão dos nutrientes por meio da alimentação e o gasto energético do organismo para suprir as necessidades nutricionais (MELLO, 2002). Existem três tipos de manifestação do organismo frente ao estado nutricional: eutrofia/normalidade (equilíbrio entre consumo e necessidades energéticas); carência nutricional (deficiências gerais ou específicas de energia e nutrientes que resultam na instalação de processos adversos à saúde) e distúrbio nutricional (problemas relacionados ao consumo inadequado de alimentos), tanto por escassez ou excesso, como a desnutrição e a obesidade (SISVAN, 2012). A avaliação do estado nutricional se faz de suma importância para a identificação de possíveis distúrbios não condizentes ao desenvolvimento padrão do indivíduo, e assim elaborar-se medidas de intervenção com vistas a melhorar a qualidade de vida, com ênfase na prevenção e promoção da melhoria dos padrões alimentares (TIRAPEGUI; RIBEIRO, 2009). Sua importância decorre da influência decisiva que o estado nutricional exerce sobre a morbimortalidade, o crescimento e o desenvolvimento (FISBERG; MARCHIONI; CARDOSO, 2004). Nas últimas décadas o Brasil vivenciou modificações no perfil nutricional de sua população, o que ocorreu devido à transição nutricional (DOS ANJOS et. al., 2003). Houve declínio da ocorrência de desnutrição em ritmo acelerado e aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade, em especial, em crianças e adolescentes (MONTEIRO; AERTS; ZORT, 2010). Resumo revisado por: Karine Anusca Martins. Título: IMPLANTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR NO CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO (CEPAE); Código: FANUT- 107; 1 Faculdade de Nutrição - Universidade Federal de Goiás. ingryd-gdo@hotmail.com 2 CEPAE - Universidade Federal de Goiás.

A obesidade na infância e na adolescência é preocupante, pois, caso não seja controlada, o prognóstico é de aumento da morbidade e diminuição da expectativa de vida (MONTEIRO; AERTZ; ZORT, 2010). Concomitante à prevalência da obesidade, ocorre modificações expressivas no padrão alimentar da população. Principalmente no que se refere à redução no consumo de cereais integrais, leguminosas, raízes e tubérculos (ANDRADE; PEREIRA; SIECHIERI, 2003). A identificação, prevenção e tratamento dos distúrbios nutricionais, principalmente sobrepeso e obesidade, atualmente com alta prevalência na população, são fundamentais no processo de crescimento e desenvolvimento de adolescentes. O estado nutricional é um excelente indicador da qualidade de vida, e deve ser acompanhado em todos os estágios de desenvolvimento no intuito de se identificar precocemente necessidades de intervenção (MELLO, 2002). Diante da necessidade de caracterização do perfil nutricional dos alunos do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG) e do aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade, realizou-se avaliação nutricional e aplicou-se questionário de frequência alimentar, para propor medidas de intervenção educacional com ênfase na promoção da saúde no ambiente escolar e monitoramento destes distúrbios nutricionais. O presente estudo tem por objetivo caracterizar o perfil nutricional dos escolares dos Ensinos Fundamental e Médio do CEPAE e analisar a frequência de consumo alimentar como fatores condicionantes do estado nutricional. Metodologia A avaliação nutricional e aplicação do questionário de frequência alimentar foram realizadas com 590 alunos do Ensino Fundamental e Médio do CEPAE-UFG, com faixa etária entre 10 e 20 anos. A coleta de dados ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2011. As medidas antropométricas utilizadas para diagnóstico foram peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC). Utilizou-se técnica de coleta de dados padronizada por Lohman, Roche, Martorell (1988). Aplicou-se questionário de frequência alimentar que caracteriza de forma qualitativa o consumo de alimentos como: doces, hortaliças frutas, cereais, leguminosas, carnes, vísceras, peixe, ovos, leite e derivados, embutidos e salgadinhos de pacote, frituras, refrigerantes e sopas. De acordo com a frequência de consumo, os alunos marcavam no questionário as seguintes opções: não como, como no máximo 1 vez por semana, como

poucas vezes por semana (2-6) e como todo dia. A análise dos dados antropométricos, frequência alimentar e cálculo do IMC foram obtidos utilizando-se software Excel 2007. Resultados e discussão A população em estudo apresentou maior prevalência de eutrofia (74,5%), sendo que no Ensino Fundamental foi de 66,0% e no Ensino Médio 83,0%. Os resultados encontrados superam os achados da literatura nacional, em que alunos de escolas públicas apresentam 64,0% de normalidade do IMC (MONTEIRO et al., 2010). Este mesmo estudo constatou uma alta prevalência de sobrepeso e obesidade, 21,1%, superior ao encontrado no presente estudo (12,0% e 7,0%, de sobrepeso e obesidade, respectivamente), achados que também são inferiores ao estudo realizado em Canoas/RS, em que a prevalência de sobrepeso foi de 14,4% e obesidade (15,6%) (ROMAGNA et. al., 2010). Apesar da maioria da população avaliada ser caracterizada por prevalência de eutrofia, as porcentagens de sobrepeso e obesidade merecem atenção especial entre os escolares, o que confirma a tendência substancial de incremento da massa corporal para estatura durante a adolescência. Nesse sentido nota-se a necessidade de desenvolvimento de ações de promoção da saúde para melhorar este quadro (DOS ANJOS et al., 2003). Em relação ao baixo peso houve prevalência de 8,5%, sendo que, no Ensino Fundamental foi de 12,0% e no Ensino Médio foi de 5,0%. A prevalência de baixo peso foi superior a encontrada por Dos Anjos et al. (2003), 7,3% e Monteiro et. al. (2010), 8,2%. Em relação à frequência de consumo alimentar aplicada aos alunos do Ensino Fundamental, do sexto ao nono ano, nota-se alguns hábitos alimentares já instalados em adolescentes que podem ser prejudiciais a saúde na vida adulta. Dos alunos que responderam o questionário, 35,8% e 37,7% relataram que comem biscoitos e bolachas recheadas e bolo de 2 a 6 vezes por semana, respectivamente. Houve também 37,26%, 32,1% e 35,37% que relataram ingerir batata frita, salgados fritos e beber refrigerante, respectivamente, de 2 a 6 vezes por semana. Porém, podem-se notar também alguns hábitos que podem trazer benefícios á saúde, se preservados. Como, por exemplo, o fato de que 90,1% dos alunos referiram que ingerem arroz e 72,64% consomem feijão, todos os dias. Esse é um dado essencial para a manutenção de um estado nutricional adequado pelo fato de

que a mistura de arroz e feijão possui proteína de alta biodisponibilidade contendo uma combinação de excelente qualidade de todos os aminoácidos (TEBA et al., 2009). Além disso, aproximadamente, 50,0% dos alunos consomem frutas e verduras (tomate, pepino, cenoura, e outros) todos os dias. E as hortaliças, como alface, acelga, agrião, repolho, couve e outros também são ingeridos, todos os dias, por aproximadamente 45,0% dos alunos. Em relação às carnes, 66,5% consomem carne vermelha diariamente, 32,1% não ingerem peixes e 16,0% não consomem ovo (cozido, frito ou omelete). O consumo de leite foi maior (91,5%) que o iogurte e o queijo. Já com os alunos do Ensino Médio, obteve-se os seguintes resultados: em relação ao peixe, 30,6% relataram que não ingerem. Este é um dado preocupante, visto que o peixe é uma importante fonte de Omega-3, que é essencial para a prevenção e tratamento de doenças cardíacas, controle de peso e diabetes, entre outras funções (SANTOS et al., 2006). O arroz (87,73%) e o feijão (71,16%) também estão entre os alimentos que são consumidos todos os dias, pelos alunos do Ensino Médio. Aproximadamente 50,0% dos alunos relataram ingerir salgado frito pelo menos uma vez por semana. Dos adolescentes que responderam o questionário, 85,2% relataram que ingerem refrigerante, sendo que 30,0% destes, o consomem diariamente. Alguns hábitos alimentares identificados justificam a prevalência da eutrofia na maior parte da população estudada, dentre eles estão: ingestão diária de arroz e feijão, carnes vermelhas, hortaliças e frutas. Entretanto, o consumo de alimentos industrializados (chocolates, salgadinhos de pacote, batata frita e refrigerante, biscoitos e bolachas recheadas) podem justificar os índices de desnutrição que apareceram, entre outros fatores prejudiciais à composição corpórea e estado nutricional (BRASIL, 2006). Conclusões Diante dos resultados obtidos, ressalta-se a importância de realização de ações voltadas para a promoção da saúde e prevenção de agravos, como a obesidade, pois são de extrema importância no meio escolar. A escola é o local em que a faixa etária predominante se encontra em fase de crescimento, desenvolvimento e formação de hábitos que serão determinantes no perfil nutricional e consequentemente no estilo de vida.

Nesse sentido o ambiente escolar é visto como um ambiente favorável ao desenvolvimento dessas ações, uma vez que, incentiva a formação de hábitos alimentares saudáveis, permite o acesso a uma alimentação adequada (alimentação escolar) e práticas de atividades físicas. Referências Bibliográficas ANDRADE, R. G.; PEREIRA R. A.; SIECHIERI, R. Consumo alimentar de adolescentes com e sem sobrepeso do Município do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n. 3, p.1485-1495, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, 2006. 210p. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Disponível<http://nutricao.saude.gov.br/sisvan.php?conteudo=perguntas_respostas_om c#pergunta1>. Acesso em 26 abr. 2012. DOS ANJOS, L. A.; DE CASTRO, I. R. R.; ENGSTROM, E. M.; AZEVEDO, A. M. F. Crescimento e estado nutricional em amostra probabilística de escolares no Município do Rio de Janeiro, 1999. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n.1, p.171-179, 2003. FISBERG, M. R.; MARCHIONI, D. M. L.; CARDOSO, M. R. A. Estado nutricional e fatores associados ao déficit de crescimento de crianças frequentadoras de creches públicas do Município de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 812-818, 2004. LOHMAN, T.G.; ROCHE, A.F.; MARTORELL, R. Antropometric standardization reference manual. Abridged Edition. Illinois: Human kinetics books. 1988. 89p. MELLO, E. D.; O que significa a avaliação do estado nutricional. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v.78, n.5, p. 357 358, 2002. MONTEIRO, L. N.; AERTS, D.; ZART, V. B. Estado nutricional de estudantes de escolas públicas e fatores associados em um distrito de saúde do Município de Gravataí, Rio Grande do Sul. Epidemiologia e Serviço de Saúde, Brasília, v. 19, n.3. p. 271-281, 2010. ROMOGMA, E.S.; DA SILVA, M. C. A.; BALLARDIM, P. A. Z. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes de uma unidade básica de saúde em Canoas, Rio Grande do Sul, e comparação do diagnóstico nutricional entre os gráficos do CDC 2000 e da OMS 2006. Scientia Medica, Porto Alegre, v.20, n.3, p. 228-231, 2010. SANTOS, C. R. B.; PORTELLA, E. S.; AVILA, S. S.; SOARES, E.A. Fatores dietéticos na prevenção e tratamento de comorbidades associadas à síndrome metabólica. Revista de Nutrição. [online], Campinas, v. 19, n.3, p. 389-401, 2006. TEBA, C. S; ASCHERI, J. L. R; CARVALHO, C. W. P. Efeito dos parâmetros de extrusão sobre as propriedades de pasta de massas alimentícias pré-cozidas de arroz e feijão. Alimentos e Nutrição, Araraquara. v. 20, n. 3, p. 411-426, 2009. TIRAPEGUI, J.; RIBEIRO, S. M. L. O Processo de Avaliação Nutricional. In:_. Avaliação Nutricional: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap.1, p.3-9, 2009.