CAPÍTULO IV PAISAGENS DAS REGIÕES VITÍCOLAS DO RIO GRANDE DO SUL

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Transcrição:

CAPÍTULO IV PAISAGENS DAS REGIÕES VITÍCOLAS DO RIO GRANDE DO SUL Loiva Maria Ribeiro de Mello Rudimar Zanesco Os membros do Conselho da Europa signatários da Convenção Europeia de Paisagem reconhecem que a paisagem é em toda a parte um elemento importante da qualidade de vida das populações nas áreas urbanas e rurais, independentemente de serem áreas degradadas ou de grande qualidade, em áreas consideradas notáveis ou em áreas da vida quotidiana (GABINETE de Documentação e Direito Comparado, 2000). Segundo Gómez-Miguel (2014), atualmente estão em pleno desenvolvimento três aspectos relacionados com a paisagem dos vinhedos: o reconhecimento como Patrimônio da Humanidade, o aproveitamento no enoturismo e formação de especialistas para assegurar sua manutenção com desenvolvimento sustentável. As paisagens das regiões vitícolas estão sendo valorizadas por estudiosos, empresários, turistas e até por consumidores. O assunto é abordado com os mais diversos enfoques ligados: a preservação de aspectos culturais, a história, a forma de vida das comunidades, ao turismo, a agregação de valor, dentre outros. São temas abordados em convênios, resoluções e políticas públicas. No Brasil, a abordagem da paisagem da vitivinicultura é muito recente. Segundo Falcade (2003), que desenvolveu estudos sobre a paisagem vitivinícola brasileira, usando a tipologia de Fabianne Joliet, destaca duas classificações no Rio Grande do Sul: mosaico de vinhedos e mar de vinhedos. A primeira forma associada a Serra Gaúcha e a segunda as regiões da Campanha e Serras do Sudeste. Destaca que há elementos nas paisagens vitícolas brasileiras que devem ser preservados, pois são partes da identidade cultural dessa sociedade. Por exemplo, na Serra Gaúcha, entre esses elementos, destacam-se as cantinas e casas feitas em basalto e o uso dos plátanos como sustentação na periferia dos vinhedos. Com o objetivo de agregar valor às informações estatísticas e demais informações contidas nos capítulos anteriores, ilustrando de alguma forma os aspectos culturais ligados as regiões de produção de uvas do estado, este capítulo apresenta imagens de vinhedos e do entorno, tomadas por fotógrafos amadores, na sua maioria, nos locais onde a viticultura é representativa. Na Serra Gaúcha, especificamente na MR Caxias do Sul, principal região produtoras de uvas para processamento do país, a vitivicultura está fortemente ligada ao enoturismo. A globalização da economia contribuiu para que os gestores passassem a se preocupar com a preservação do patrimônio cultural, das edificações, dos vinhedos e dos utensílios utilizados. Nesse sentido, também as comunidades despertaram para a importância da preservação e no uso da paisagem como agregação de valor dos produtos e na prestação dos serviços ligados ao turismo. As figuras 1 a 4 mostram que há diversidade de cultivos na região, com a presença de laranjeiras, pessegueiros, plantações de milho e de cebola..

Através das imagens, também se observa as áreas acidentadas com presença de vinhedos e de áreas de preservação (Figuras 5 e 6).

Os diferentes estádios de desenvolvimento da videira podem ser observados pelas Figuras 7 a 10. Na figura 7, a videira ainda em repouso, com a presença dos produtores realizando a poda da videira. Na figura 8, o início da brotação e formação dos cachos, que aparecem por ocasião da floração. A figura 10, representa um vinhedo de alta produtividade, com uvas ainda verdes. Na MR Caxias do Sul, o sistema de condução mais frequente é o latada, utilizado em especial para as cultivares americanas e híbridas, usadas para elaboração de suco e vinho de mesa, conforme pode ser visto pelas figuras 11 e 12. O sistema espaldeira e o Y, em vinhedos para elaboração de vinhos finos de qualidade são representados nas Figuras 13 e 14.

A beleza natural da região é fato. As figuras 15 a 18 mostram alguns detalhes da região, de vales, rios, vegetação, rochas,...

A presença de casarões antigos de madeira e de basalto na zona rural, alguns deles restaurados, para agregar valor aumentando a renda através da diversificação, oferecendo serviços aos turistas, muitos ligados ao setor alimentício. As figuras 19 a 22 exemplificam essa realidade.

A cultura religiosa representada com a presença de capitéis e capelas, está presente em todo a zona rural da MR Caxias do Sul (Figuras 23 a 26). Na MR Vacaria o cultivo de vinhedos com variedades de uvas Vitis vinifera, é realizado num ambiente de pomares e culturas anuais extensivas, conforme Figuras 27 e 28.

Nas MR Campanha Ocidental, Campanha Central Campanha Meridional e Serras do Sudeste, onde a viticultura é mais recente e voltada para produção de vinhos finos, há presença de vinhedos extensos, pecuária e culturas anuais extensivas, a exemplo das figuras 29 e 30.

REFERÊNCIAS GABINETE de Documentação e Direito Comparado. Decreto nº 4, 2005. Convenção Europeia da Paisagem. Florença, 20 out. 2000. Disponível em: <http://www.gddc.pt/siii/docs/dec4-2005.pdf >. Acesso em: 12 dez. 2016. GÓMEZ-MIGUEl, V. D. Paisaje del viñedo. Universidad Politécnica de Madrid (UPM), 2014. Disponível em: <http://www.acenologia.com/cienciaytecnologia/paisaje_vinedo_cienc0414.htm>. Acesso em: 12 dez. 2016. FALCADE, I. Paisagens vitícolas brasileiras. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VITICULTURA E ENOLOGIA,10., 2003, Bento Gonçalves, RS. Anais... Bento Gonçalves, RS: Embrapa Uva e Vinho, 3 a 5 dez. 2003. p.33. Disponível em: < http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/anais/cbve10/cbve10-palestra04.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2016.