AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS DE CAPACITAÇÃO DO NUTEAD/UEPG: SOB A PERCEPÇÃO DOS PARTICIPANTES

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DAS PROPOSTAS DE CAPACITAÇÃO DO NUTEAD/UEPG: SOB A PERCEPÇÃO DOS PARTICIPANTES Ponta Grossa/PR Maio/2016 Maria Luzia Fernandes Bertholino dos Santos - Universidade Estadual de Ponta Grossa - mluzia@nutead.org Fernanda Bassani - Universidade Estadual de Ponta Grossa - fernandab@nutead.org Eliane de Fátima Rauski - Universidade Estatual de Ponta Grossa - efrauski@nutead.org Hermínia Regina Bugeste Marinho - Universidade Estadual de Ponta Grossa - herminia@nutead.org Tipo: INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA (IC) Natureza: RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA Categoria: PESQUISA E AVALIAÇÃO Setor Educacional: EDUCAÇÃO CONTINUADA EM GERAL RESUMO Apresenta-se o resultado de uma pesquisa cujo objetivo foi obter uma avaliação da percepção dos participantes dos projetos de capacitação Plano Anual de Formação Continuada PAFC e Plano Inovador de Capacitação PIC realizados durante os anos de 2011 a 2015, promovidos pelo Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, com propostas de temas no âmbito da Educação a Distância - EaD para o público envolvido e interessado nesta modalidade de ensino na perspectiva de preparar potenciais sujeitos para atuarem neste cenário. Para tanto foi elaborado um questionário elaborado no Google Drive e enviado por e-mail ao público cadastrado no sistema de inscrições do NUTEAD e obteve-se um retorno de 6,27% de respondentes. Foi identificado o índice de participação, avaliados os treinamentos, palestras e disciplinas, além do Prêmio de Inovações Educativos e Ensino Virtual e qual o nível de proficiência tecnológica antes e depois das capacitações. Conclui-se que as propostas de capacitação devem ser contínuas traçando rumos inovadores e complementares, incentivando e preparando o público interessado para cada vez mais encantar-se com essas possiblidades e dinamizar o aprendizado e recursos para a educação. Palavras-chave: Capacitação. Educação continuada. Avaliação. EaD.

2 Introdução A Universidade Estadual de Ponta Grossa, envolvida no contexto da Educação a Distância - EaD desde o ano de 2000, criou o Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância, em 2002, que vem consolidando sua trajetória nas últimas duas décadas com cursos de graduação, pósgraduação, extensão e de capacitação. Surge então a expectativa de entender a estrutura da EaD, e efetivamente de como lidar com a tecnologia educacional em épocas de ritmos acelerados, multiplicação de suportes informacionais, novas configurações estruturais da tecnologia e organizacionais no campo da Educação. Questiona-se, portanto, a forma de estruturação da EaD, os métodos para planejamento, criação e organização de conteúdos, a escolha das mídias e a definição dos atores em todo este cenário. No ano de 2016 a Lei de Diretrizes e Bases - LDB que criou a EaD completa 20 anos, bem como a Universidade Aberta do Brasil - UAB, 10 anos (Decreto 5.800 de 08/06/06). São datas marcantes para se avaliar esse contexto educacional na modalidade a distância. Esse desafio conduz a busca de esclarecimentos, pesquisas, produção científica e treinamentos que foram concretizados pelos projetos de capacitação propostos pelo NUTEAD com investimentos da UAB. Esta pesquisa apresenta então o resultado da investigação junto aos participantes de dois projetos de formação e capacitação promovidos pelo NUTEAD/UEPG, realizados no período de 2011 a 2015, cujo principal objetivo foi obter uma avaliação da percepção dos participantes dessas propostas, apresentadas ao público envolvido com a EaD, e na perspectiva de preparar potenciais sujeitos para atuarem neste cenário, esclarecendo questões, trazendo nomes renomados na área para palestras, cursos e disciplinas em ambiente virtual de aprendizagem para promover atualização e vivência do contexto da EaD. Importante destacar que os Projetos realizados foram o Plano Anual de Formação Continuada - PAFC (2011-2015) e o Plano Inovador de Capacitação - PIC (2013-2015), os quais apresentaram uma abordagem flexível e aberta proporcionando ao participante a construção do seu conhecimento sobre a EaD. O objetivo do PAFC foi oportunizar aos docentes, tutores e técnicos o acesso aos conteúdos, metodologias e mídias, tutoria e avaliação em EaD numa formação consistente e atualizada nesta modalidade, buscando assim a troca de experiências e produção coletiva do conhecimento. E o objetivo do PIC, como extensão das propostas do PAFC, foi propor mudanças educativas possíveis com ações tecnológicas simples e criativas, visando integrar conteúdos e contextos com associações socializadoras. (RAUSKI et al., 2015). Revisão de literatura O contexto histórico coloca a humanidade em transformações e revoluções sociais, cujos fatos mostram as inquietudes e incertezas que vão se encaixando a novos paradigmas e formas que interferem no cenário social, político e econômico. Os atores que são os principais elementos que compõem o drama que se desenrola mundialmente. A linha do tempo da educação identifica as diversas etapas defendidas por correntes teóricas e filosóficas que envolveram tantas reformas educacionais e o processo de educar. A década de 90 foi marcada por mudanças e reformas educacionais que ocorreram em diferentes países e de acordo com Brooke (2012, p.326) ao tratar das reformas educacionais destaca que "na maioria dos países, são especificados os objetivos gerais de descentralizar a gestão, melhorar a

3 qualidade, equidade e eficiência dos sistemas, dar maior autonomia e também de cobrar maior responsabilidade da escola, investir mais e melhor na formação do professor e conectar a escola com as demandas da sociedade." Beloni (2012) reflete sobre os desafios das novas tecnologias da informação, sua aplicação na EaD, a interatividade da midiatização e da sociedade e suas aplicabilidades pedagógicas e consequentemente das funções do professor e do aluno colocando em questão a redefinição da formação de professores diantes das mudanças globais da sociedade contemporânea. Da mesma forma, Santarosa e Conforto (2012) destacam a forte expansão, no século XXI, da interconexão aproximando o cenário escolar do ambiente da cibercultura, a busca da fluência digital que estimulam educadores e estudantes a buscarem a capacitação para uso das tecnologias digitais para uma interação sociocultural. As propostas de Piva Junior (2013) buscam apresentar etapas de implantação da informática nas escolas e refletir sobre a postura do educador integrando a tecnologia neste espaço destacando os recursos tecnológicos, os softwares educacionais, a Internet, as comunidades, o planejamento e principalmente a postura das pessoas envolvidas nessa integração. E acrescenta: "[...] desafia as crenças dos professores sobre suas identidades, como suas bases de autoridade e sua noção sobre o valor que agregam ao ensino." (PIVA JUNIOR, 2013, p.115). E neste mesmo pensamento, Silva e Spanhol (2014, p.34) reforçam que "o suporte tecnológico associado à vida moderna, à sociedade do conhecimento e à economia globalizada remete a uma reflexão necessária sobre o papel das TICs na concepção das dinâmicas sociais para o indivíduo do século XXI e nas relações destas com a educação." Assim, Ricardo (2013 p. 29) salienta que "além das contribuições das tecnologias de informação e comunicação sejam inegáveis para a EAD em tempos de cibercultura, precisamos superar problemas básicos [...] como a formação e capacitação de professores, incluindo a questão da autoria nesse processo." Observa-se então que as práticas pedagógicas na EaD são objeto de pesquisa e destaque com temas retratados por Faria e Lopes (2014) enfocando os fundamentos dessa prática, o tempo e a autonomia dos sujeitos na EaD, o planejamento, o plano de desenvolvimento institucional, a qualidade, a tutoria em EaD e a avaliação desse processo buscando colaborar com a caminhada formativa dos envolvidos. A literatura apresenta diversas iniciativas que mostram propostas que envolvem processo de capacitação, que abordam desde o aspecto da intervenção na formação e reflexão docente para o exercício profissional contemporâneo, com sentido interdisciplinar e de potencialização das competências docentes ampliadas à EaD, proposta de formação continuada, desenvolvida na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - UERGS (DERIVI et al. 2015); até a reflexão sobre os caminhos da EaD e sua relação com a formação humana numa perspectiva conectivista focalizando nos aspectos técnico-administrativos, políticos na execução do Plano de Trabalho (GONTIJO et al. 2015), passando pela análise do papel do professor que atua na EaD a partir de uma perspectiva que estuda a atuação do setor pedagógico, em conjunto com os docentes, no planejamento de ações para a modalidade na Universidade Estadual do Centro-Oeste Unicentro. (ECKJSTEIN; KNUPPEL, 2015). Numa perspectiva mais específica de formação, Castellar e Picazzio (2015) apresentam o Curso de Licenciatura em Ciências na modalidade EaD da Universidade de São Paulo - USP e discutem a formação de professores para o ensino de Ciências e Garcez; Carvalho e Ripa (2015) relatam

4 uma reflexão sobre a prática pedagógica centrada na perspectiva interdisciplinar no Curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC onde a experiência buscou contribuir para a discussão não só dos fundamentos teóricos, mas de uma prática que objetiva a interdisciplinaridade como estratégia que visa construir saberes em prol de transformações paradigmáticas no processo de ensino e aprendizagem na EaD. O trabalho de Souto; Santos e Peres (2015) trata da habilitação para docência on-line em uma universidade da área da saúde considerando o mundo da cibercultura e o processo de ensinar com o uso das tecnologias de informação e comunicação. Há autores, a exemplo de Castro (2015) que refletem sobre as possibilidades formativas na EaD na Universidade Estadual da Paraíba - UEPB como acesso à pós-graduação através desta modalidade, e ainda repensam as estratégias de atuação no contexto da escola e da sala de aula voltadas para compreender e melhor informar sobre a construção de saberes redimensionando o papel da escola e dos professores na contemporaneidade. Diversos outros trabalhos mencionados na publicação organizada pela Câmara de Educação a Distância da Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais - ABRUEM mostram práticas extensionistas para gestores públicos, contribuições para a prática inclusiva em EaD, produção de disciplinas para a EaD, produção de material didático impresso para a EaD, desenhos pedagógicos vivenciados na graduação, pós-graduação e extensão, a educação híbrida e inclusiva que são exemplos práticos que buscam discutir e promover boas práticas envolvendo a EaD. (PRÁTICAS DE EAD..., 2015). Metodologia A pesquisa consiste em uma investigação quantitativa junto aos participantes dos Projetos de Formação e Capacitação PAFC e PIC (2011-2015) representados por: professores formadores, coordenadores de curso, coordenadores de polos, tutores presenciais e on-line, técnicos e outras categorias envolvidas com a EaD. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados o questionário elaborado no Google Drive - Formulários e enviado por e-mail ao público cadastrado no sistema Nutos de Inscrições do NUTEAD representado por 1752 participantes. Obteve-se um retorno de 110 respostas, ou seja, 6,27% de respondentes. Resultados Os temas abordados no PAFC de 2011 a 2015 abrangeram: Oficinas Moodle; Fundamentos e políticas em EaD; Ações de apoio ao aluno EaD; Design de atividades em EaD; Novas tecnologias e produção de material em EaD; Direitos autorais; Mídias e recursos educacionais abertos e aprendizagem em EaD; Políticas e legislação em EaD; Tutoria em EaD com enfoques em comunicação, Interatividade, competências e funções; Teorias pedagógicas e estilos de aprendizagem; Didática do pensamento crítico: habilidades cognitivas e argumentativas; Mobilidade; Formação de professores; Aprendizagem colaborativa e outros sub-temas relacionados. Os temas do Projeto PIC enfocaram: Introdução à EaD; Moodle básico; Recursos educacionais abertos; Recursos gratuitos e aplicativos integradores à Educação; Construindo disciplinas em EaD; Aprendizagem em EaD; Gestão e intervenção educativa; Debates e inovações tecnológicas e Comunicação digital em processos educacionais.

5 Os temas foram aliados a diversas ferramentas e aplicativos explorados nas disciplinas ofertadas, buscando aliar a teoria à prática dos participantes. Os dados respaldam-se na opinião dos participantes dos Projetos de Formação e Capacitação PAFC e PIC representados aqui por 35,5% de tutores on-line, 23,6% de professores formadores, 12,7% de tutores presenciais, 11,8% de coordenadores de polo, 4,5% de coordenadores de curso, 3,6% de técnicos da EaD e ainda 8,2% de respondentes de outras categorias não elencadas no questionário de coleta de dados. O tempo de atuação na EaD é de 1 a 5 anos para 59,1% e de 6 a 10 anos para 35,5% dos respondentes. Há ainda uma pequena parcela de 3,6% que atuam entre 11 a 15 anos e somente 1,8% já atua há mais de 15 anos. Considerado os 20 anos de existência no país pode-se afirmar que quase boa parte do público participante está envolvida nesta proposta desde a última década. Foram identificados os índices de participação nas propostas e avaliação dos treinamentos, das palestras e das disciplinas no ambiente virtual de aprendizagem, a participação no Prêmio de Inovações Educativas e Ensino Virtual e sua avaliação, e ainda foi solicitada uma avaliação comparativa do nível de proficiência em tecnologia antes e depois das participações das capacitações que estão representadas nos gráficos subsequentes. O PAFC, como uma proposta contínua de 2011 a 2015, nos três primeiros anos iniciais, manteve o índice de participação e desistência quase que proporcional, predominando a média de aproximadamente 45% de concluintes integralmente, apresentando decréscimo de índices de conclusão nos anos de 2014 e 2015. (Gráfico 1) Observa-se ainda que no Projeto PIC os índices sempre foram menores, pois ocorria simultaneamente ao PAFC e houve opção em cursar um ou outro, bem como as vagas desse segundo projeto acabaram sendo destinados também para um público externo e segmento de professores do âmbito estadual e municipal de ensino.

6 Na avaliação, dos concluintes, para os treinamentos, ficou evidente que os maiores índices foram para os três melhores conceitos (Excelente, Ótimo e Bom), atingindo os patamares médios de índice de maior evidência. (Gráfico 2) As palestras, ministradas por renomados nomes da EaD, receberam também, em sua maioria, os três melhores conceitos para serem atribuídos (Excelente, Ótimo e Bom). Os índices regular e suficiente, em menores percentuais, foram destacados, e alertam para investigações que possam verificar os baixos índices atingidos. (Gráfico 3) Em relação à avaliação das disciplinas no ambiente virtual de aprendizagem também predominaram os maiores índices para os três melhores conceitos, com maior evidência dos percentuais para o conceito Excelente. (Gráfico 4).

7 O Prêmio de Inovações Educativas e Ensino Virtual foi criado, dentro das propostas do Projeto PAFC, a partir de 2013, buscando incentivar o relato das experiências e práticas em EaD culminando no lançamento dos livros com os artigos apresentados (MULLER et al. 2013, 2014, 2015). Do grande público em potencial para participar, pequenos percentuais de participantes foram atingidos, porém foram crescendo gradativamente entre os anos de 2013 (5,3%), 2014 (8,8%) e a 2015 (11,1%). Mesmo com uma parcela pequena de participantes os objetivos propostos foram atingidos e foram muito bem avaliados pelos participantes que atribuíram sempre os melhores conceitos aos resultados, conforme demonstra o Gráfico 5. Finalizando as avaliações, os respondentes indicaram os seus índices de avaliação em relação ao nível de proficiência tecnológica antes e depois da participação nas capacitações, conforme

8 demonstra o gráfico 6. O crescimento em nível de aprendizagem e aquisição de novos conceitos e habilidades tecnológicas ficou evidenciado que foi modificado com as participações nos projetos de capacitação, pois mostra que o depois atingiu um crescimento significativo em relação ao antes, validando assim as iniciativas que foram empreendidas, mesmo que os dados numéricos não tenham atingido a totalidade da população potencial existente. Considerações finais Construir o conhecimento no âmbito da EaD é uma atividade necessária e importante para os novos rumos dessa modalidade de ensino. Todo esse ambiente exige adaptação, capacitação e envolvimento de todos para melhoria das propostas pedagógicas e uso eficiente do ambiente virtual de aprendizagem e de outras ferramentas compatíveis que visem dinamizar o processo de interatividade entre professor, conteúdo e aluno. Programas e propostas de capacitação buscam o desenvolvimento de habilidades e aplicar o potencial das tecnologias, onde o avanço da vida digital traz muitas possibilidades exigindo do ator do cenário da educação da era da tecnologia e da universalização do conhecimento o constante interesse para descobertas e desenvolvimento de suas habilidades e competências no âmbito da EAD. Cabe ressaltar que, como fruto do resultado de discussões do PAFC de 2011 a 2012, foram publicados dois fascículos das Coletâneas NUTEAD Série docência e tutoria que tratam do tutor, sua formação e sua prática e de resolução de conflitos no âmbito da EaD. O NUTEAD exige uma carga horária mínima de capacitação de seus colaboradores, com apresentação de certificados de conclusão, para atuarem nos cursos ofertados, porém observa-se que muitos manifestam interesse em participar dos projetos, mas ainda encontram dificuldades em concluí-los parcial ou totalmente.

9 Contudo, as propostas devem ser contínuas traçando rumos inovadores e complementares, incentivando e preparando o público interessado para cada vez mais encantar-se com essas possiblidades e dinamizar o aprendizado e não somente atuar como um ator coadjuvante na EaD mas sim o ator principal que envolva o seu público para um espetáculo com muitos recursos para a educação. Referências BELONI, M. L. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 2012. (Coleção Educação contemporânea). BROOKE, N. Marcos históricos na reforma da educação. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012. CASTELLAR, S. M. V.; PICAZZIO, E. Formação de professores em licenciatura semipresencial. In: SOUZA, A. H. de et al. (Org.). Práticas de EAD nas Universidades Estaduais e Municipais do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015. p. 171-178. CASTRO, P. A. As possiblidades formativas na Educação a distância da Universidade Estadual da Paraiba. In: SOUZA, A. H. de et al. (Org.). Práticas de EAD nas Universidades Estaduais e Municipais do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015. p. 190-196. DERIVI, A. G. et al. Formação continuada de docentes: uma experiência em EaD na Uergs. In: SOUZA, A. H. de et al. (Org.). Práticas de EAD nas Universidades Estaduais e Municipais do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015. p. 235-244. EKCSTEIN, M. P. W.; KNUPPEL, M. A. C. A formação do professor para EaD: o papel do setor pedagógico. In: SOUZA, A. H. de et al. (Org.). Práticas de EAD nas Universidades Estaduais e Municipais do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015. p. 151-158. FARIA, A. A.; LOPES, L. F. Práticas pedagógicas em EaD. Curitiba: Intersaberes, 2014. (Série Tecnologias Educacionais). GARCEZ, A. F.; CARVALHO, G. M. D.; RIPA, R. Proposta pedagógica interdisciplinar: relato de experiência do curso de Pedagogia a Distância do Cead/Udesc/UAB. In: SOUZA, A. H. de et al. (Org.). Práticas de EAD nas Universidades Estaduais e Municipais do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015. p. 219-225. GONTIJO, C. R. B. et al. Do quadro às telas: caminhos pedagógicos da EaD na Universidade do Estado de Minas Gerais. In: SOUZA, A. H. de et al. (Org.). Práticas de EAD nas Universidades Estaduais e Municipais do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015. p. 161-170. PRÁTICAS DE EAD nas Universidades Estaduais e Municipais do Brasil: cenários, experiências e reflexões. Florianópolis: UDESC, 2015. PIVA JUNIOR, D. Sala de aula digital: uma introdução à cultura digital para educadores. São Paulo: Saraiva,, 2013.

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