PADRÃO DE RESPOSTA - LÍNGUA E LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA- Grupos D, E, F, G e L TEXTO I



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PADRÃO DE RESPOSTA - LÍNGUA E LITERATURAS DE LÍNGUA PORTUGUESA- Grupos D, E, F, G e L TEXTO I 5 Eu estava deitado num velho sofá amplo. Lá fora, a chuva caía com redobrado rigor e ventava fortemente. A nossa casa frágil parecia que, de um momento para outro, ia ser arrasada. Minha mãe ia e vinha de um quarto próximo; removia baús, arcas; cosia, futicava. Eu devaneava e ia-lhe vendo o perfil esquálido, o corpo magro, premido de trabalhos, as faces cavadas com os malares salientes, tendo pela pele parda manchas escuras, como se fossem de fumaça entranhada. De quando em quando, ela lançava-me os seus olhos aveludados, redondos, passivamente bons, onde havia raias de temor ao encarar-me. Supus que adivinhava os perigos que eu tinha de passar; sofrimentos e dores que a educação e inteligência, qualidades a mais na minha frágil consistência social, haviam de atrair fatalmente. Não sei que de raro, excepcional e delicado, e ao mesmo tempo perigoso, ela via em mim, para me deitar aqueles olhares de amor e espanto, de piedade e orgulho. LIMA BARRETO. Recordações do escrivão Isaías Caminha. Rio de Janeiro; Belo Horizonte: Livraria Garnier, 1989. p.26-27. TEXTO II TEIA de aranha, galho seco da roseira, quem sou? Luz calçada em alpargatas de prata rapta as flores da fronha, quem sou? Pássaro que mora na neblina destila seu canto de água limpa longe, sozinho me diga quem sou. ROQUETTE-PINTO, Claudia. Corola. São Paulo: Ateliê Editorial, 2000. p. 67. 1 a QUESTÃO: (2,0 pontos) Avaliador Revisor Identifique, no discurso confessional do narrador do texto I, aspectos que apontam para a contundente crítica social que se tornou marca da ficção pré-modernista de Lima Barreto. A crítica social se faz presente na descrição da casa frágil, no aspecto físico da mãe, magra e esquálida, por conta do pesado trabalho, e na referência ao descompasso entre a educação e inteligência do narrador e sua condição social. 1

2 a QUESTÃO: (2,0 pontos) Avaliador Revisor O trecho do romance de Lima Barreto (Texto I) e o poema de Cláudia Roquette-Pinto (Texto II) têm em comum reflexões sobre a identidade, desenvolvidas por meio de indagações e dúvidas. Transcreva, de cada texto, um período que exemplifique esse modo de tematizar a questão da identidade. No texto I, serão considerados como resposta certa os trechos transcritos que indiquem a visão do narrador segundo os olhos da mãe. São eles: Não sei que de raro, excepcional e delicado, e ao mesmo tempo perigoso, ela via em mim, para me deitar aqueles olhares de amor e espanto, de piedade e orgulho. Ou: Supus que adivinhava os perigos que eu tinha de passar; sofrimentos e dores que a educação e inteligência, qualidades a mais na minha frágil consistência social, haviam de atrair fatalmente. No texto II: TEIA de aranha, galho seco da roseira,/quem sou? Ou: Luz calçada em alpargatas de prata/rapta as flores da fronha,/quem sou? Ou: Pássaro que mora na neblina/destila seu canto de água limpa/- longe, sozinho /me diga quem sou. 3 a QUESTÃO: (2,0 pontos) Avaliador Revisor No texto I, as ações e a caracterização da personagem da mãe são apresentadas de acordo com a visão do narrador. Para isso contribuem não só a narração em 1 a pessoa, mas também o emprego abundante de verbos e adjetivos. a) Comente o efeito criado pela sequência de verbos em relação ao comportamento da personagem, na seguinte passagem: (1,0 ponto) Minha mãe ia e vinha de um quarto próximo; removia baús, arcas; cosia, futicava. (linhas 2-3) Segundo o narrador, a mãe apresentava aflição e nervosismo diante dos perigos que ele havia de passar. A sequência de verbos ajuda a concretizar a imagem aflita e ansiosa da mãe, que se movimenta de um lado para o outro (ir e vir) e realiza várias ações (remover, coser, futicar). 2

b) Explique, na passagem a seguir, a relação entre a escolha dos adjetivos e locuções adjetivas e a caracterização dos sentimentos experimentados pela mãe em relação ao filho. (1,0 ponto) Não sei que de raro, excepcional e delicado, e ao mesmo tempo perigoso, ela via em mim, para me deitar aqueles olhares de amor e espanto, de piedade e orgulho. (linhas 8-9) O período destacado é marcado pelo uso de vários adjetivos e locuções adjetivas, que retratam as contradições, as variações e as ambiguidades do sentimento materno. Exemplos: raro, excepcional e delicado / perigoso, de amor e espanto / de piedade e orgulho. 4 a QUESTÃO: (2,0 pontos) Avaliador Revisor No texto I, vários recursos gramaticais são usados para garantir a progressão, a coesão e a coerência. Observe no texto o uso das expressões Lá fora (linha 1) e De quando em quando (linha 5). Em seguida: a) Identifique a função sintática exercida por cada uma; (1,0 ponto) A expressão lá fora é adjunto adverbial de lugar e de quando em quando é adjunto adverbial de tempo. Ou: ambas são adjuntos adverbiais. b) Explique a importância dessas expressões para a progressão textual. (1,0 ponto) Essas expressões servem para mostrar o progresso da narrativa no tempo e no espaço. Ou: Tais expressões mostram a sucessão dos acontecimentos no espaço e no tempo, garantindo a progressão da narrativa. Ou: As expressões, ao localizar a ação no tempo e no espaço, contribuem para a progressão textual, porque particularizam os lugares em que a ação se desenrola (lá fora opondo-se ao aqui dentro do espaço da casa) e indicam a passagem do tempo, que dinamiza a ação narrada. Ou: Uma narrativa caracteriza-se por sucessões de acontecimentos e transformações. No caso analisado, as expressões destacadas mostram o desenrolar dos fatos no tempo e no espaço e, com isso, garantem a progressão da narrativa. 3

TEXTO III TEXTO IV Almeida Junior, Ezequiel Freire, s.d., óleo sobre tela, 55X40cm, Coleção da Academia Paulista de Letras. Reprodução fotográfica Isabella Matheus. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/ enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_obras&acao=mais& inicio=1&cont_acao=1&cd_verbete=93 Acessado em: 12 ago 2011. Anita Malfatti, O homem amarelo, 1915-1916, óleo sobre tela, 61X51cm, Coleção Mario de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. Reprodução fotográfica de Romulo Fialdini. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/ enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_obras&acao= mais&inicio=9&cont_acao=2&cd_verbete=323 Acessado em: 12 ago 2011. 5 a QUESTÃO: (2,0 pontos) Avaliador Revisor Os textos III e IV representam diferentes movimentos estéticos da arte brasileira. a) Aponte duas diferenças entre as pinturas, observando os procedimentos de expressão (cor, forma, equilíbrio, contorno, relação entre figura e fundo etc). (1,5 ponto) A resposta deverá contemplar dois aspectos em contraste, entre os seguintes: A pintura III mostra um retrato que se aproxima da representação fiel da realidade. Os traços são proporcionais e bem delineados, as cores mostram fidelidade à representação da figura humana. O fundo neutro, com leve claridade em torno do retrato, deixa sobressair a figura, em que predominam as linhas curvas, o equilíbrio e a fidelidade da representação. Já na pintura de Anita Malfatti, chamam atenção as cores fortes. O rosto amarelo mostra que se trata de uma pintura, não de um retrato convencional ou de uma cópia fiel da realidade. Há um certo desarranjo na figura, no corpo que pende para baixo, na pose cortada, que contrasta com o retrato posado e arrumado de Almeida Junior. O fundo tem cores fortes, que repetem as cores do retrato e há certa mistura de formas e cores entre fundo e figura. No retrato, os traços de contorno do rosto são fortes, geometrizantes e escuros, repetindose nas sobrancelhas e olhos. 4

b) Identifique qual das duas pinturas corresponde aos valores estéticos e aos ideais do Modernismo, sintetizados na seguinte passagem de Mario de Andrade: O modernismo no Brasil foi uma ruptura, foi um abandono consciente de princípios e de técnicas, foi uma revolta contra a inteligência nacional. (Mario de Andrade, O movimento modernista, 1942) (0,5 ponto) O homem amarelo, de Anita Malfatti. Ou: Tendo em vista as características identificadas na questão a, o quadro modernista, que rompe padrões, é O homem amarelo. 5