PERFIL DA AMAMENTAÇÃO NO PRIMEIRO ANO DE VIDA NO MUNICÍPIO DE MIRANDA MS, 2012. Dayane Marcela Carvalho da Silveira (Apresentadora) 1, Adriana Zilly (Colaboradora) 2, Marieta Fernandes (Orientadora) 3. Curso de Enfermagem (dayane_silveira@hotmail.com) 1, (aazilly@hotmail.com) 2, ( marieta_fs@yahoo.com.br) 3. Palavras-chave: Aleitamento materno, comportamento alimentar, desmame. Introdução O Ministério da Saúde propôs a humanização no parto e nascimento, o que prevê segurança e a dignidade da mulher e da criança durante essas fases de suas vidas. Diante disso, preconiza-se encorajar a mãe e apoiá-la à prática da amamentação, imediatamente após o parto, e exclusivamente em livre demanda até o sexto mês de vida do bebê (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Segundo Shapiro et al (2007), o leite humano é adequado à fisiologia do bebê e sua composição é única para atender as necessidades do ser humano. É formado por misturas altamente complexas, sendo caracterizado com mais de 200 constituintes. Basicamente, por proteínas, açúcar, gordura, vitaminas, minerais e água, o que o difere consideravelmente do leite adaptado (leite de vaca). Além disso, a presença de colesterol é maior no leite humano do que no leite de vaca, o que contribui para o desenvolvimento de sistemas enzimáticos, dificultando a instalação de arteriosclerose e distúrbios circulatórios na fase adulta (GONSALVES, 1986). De acordo com o Ministério da Saúde (2002), quando o recémnascido se alimenta exclusivamente com o leite materno até os seis meses, ele se torna imune às infecções gastrointestinais, urinárias e respiratórias, atuando ainda na prevenção da anemia, obesidade, alergias, cáries dentárias, diabetes mellitus, dentre outras patologias. Em 1991, a OMS (Organização Mundial de Saúde) estabeleceu indicadores bem definidos de aleitamento materno que têm sido utilizados no mundo inteiro. Quando a criança recebe leite materno (diretamente do peito ou ordenhado), denomina-se aleitamento materno. Para que este seja exclusivo, a criança deve receber apenas leite materno de sua mãe ou leite materno ordenhado, e não receber outros líquidos ou sólidos com exceção de vitaminas, suplementos minerais ou medicamentos. Após o sexto mês, a criança precisa receber alimentos além do leite materno, que denominamos de alimentação complementar.
Embora a Organização Mundial de Saúde tenha enfatizado a necessidade do AME (Aleitamento Materno Exclusivo) desde o nascimento até os seis meses de vida, e após essa idade, continue sendo amamentada enquanto recebe alimentos complementares até os 24 meses ou mais (WHO, 2002), esta recomendação raramente é cumprida, e a maior parte dos lactentes é amamentada predominantemente, ou seja, são alimentados com chás, águas, sucos além do leite materno (BHANDARI et. al, 2003). Embora o aleitamento materno exclusivo até pelo menos os seis meses de idade seja uma evidência positiva, percebemos que tais índices não são alcançados pela sociedade, tornando-se um grande desafio para os profissionais da saúde. Outros fatores que podem interferir no desmame precoce é o uso da chupeta e ou mamadeira; falta de conhecimento da população em geral e dos profissionais da área da saúde; aspectos culturais; falta de apoio e suporte; condutas inapropriadas; baixa auto-estima da mãe e retorno ao trabalho (CARVALHO, TAMEZ, 2005). Os profissionais de saúde responsáveis pela assistência à mulher devem ter, além de conhecimento sobre amamentação, habilidades clínicas e de aconselhamento (VOLPINI, 2005). Assim, a responsabilidade do sucesso dos programas de incentivo à amamentação é reservada ao profissional de saúde, em especial ao enfermeiro, pois partilha com a mãe a experiência dos momentos iniciais e decisivos do processo da amamentação (SILVA, 1996). As ações de apoio, incentivo e promoção do aleitamento materno devem ocorrer em conjunto com as ações dos profissionais da saúde. É essencial que a equipe de saúde tenha o papel de acolhimento das mães e bebês durante o pré-natal, pré-parto, assim como nas consultas de puericultura, vacinação, teste do pezinho, estando disponíveis para esclarecimento de dúvidas e aflições, incentivando trocas de experiências e disponibilizando, sempre que necessário, uma avaliação singular de cada caso (OLIVEIRA, 2002). À luz do exposto, percebemos que a melhor forma de alimentação para criança, e que traz mais vantagens tanto para a mãe quanto para o recém-nascido é o aleitamento materno (AFFONSO, JESUS, VAZ, 2005). O presente trabalho tem o principal objetivo diagnosticar o perfil da amamentação e alimentação infantil no município de Miranda-MS, para que possamos entender a funcionalidade do profissional enfermeiro no estímulo e apoio à alimentação exclusiva materna. Objetivos O projeto apresenta como objetivo analisar os fatores que contribuíram para que as mães mirandenses amamentassem seus filhos, dentre estes, a participação destas em atividades educativas em grupos, como pré-natal e puericultura.
Materiais e métodos VII SEPECEL Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão Trata-se de um estudo descritivo quantitativo de corte transversal. Os critérios de seleção para a coleta de dados, após aprovação do Comitê de Ética/UNIOESTE, foram: mães de crianças menores de um ano que frequentaram duas Unidades Básicas de Saúde do município de Miranda- MS na busca de atendimento da puericultura e ou sala de vacinação nos meses de janeiro e fevereiro de 2012, e que aceitaram participar da pesquisa voluntariamente. O instrumento para a coleta de dados foi um questionário de 36 questões que versam sobre características maternas e do bebê. A amostra populacional compreendeu 65 crianças acompanhadas de suas mães nas Unidades de Saúde da Família (USF) ou Básica de Saúde (UBS). Resultados e Discussão Foram realizadas 65 entrevistas com mães de crianças menores de um ano que foram em busca de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde de Miranda, MS. A média de idade das entrevistadas foi de 24,5 anos (variação de 14 a 39 anos). Quanto ao nível de escolaridade, o estudo demonstra uma taxa elevada de mulheres que ainda não concluíram seus estudos, como podemos observar na figura 1, em que 60 das entrevistadas possuem apenas o Ensino Fundamental incompleto e apenas 6.2 chegaram concluir o Ensino Superior. O estudo aponta uma baixa prevalência de mães que trabalham fora de casa, como podemos observar na figura 2, 80 delas são do lar, o que pode ter relação com o alto índice de aleitamento materno exclusivo, 41,6 (Figura 4) na cidade. Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Ensino superior incompleto Ensino superior completo 4,6 6,2 10,8 Do lar Diarista Operadora de caixa Professora Babá Camareira Vendedora 4,7 1,5 1,5 1,5 7,7 1,5 6,2 12,3 60 80 Figura 1 Distribuição das mães segundo escolaridade. Figura 2 Distribuição conforme profissão exercida. Os fatores negativos que influem na prática do aleitamento materno devem ser levados em consideração quando a intenção é aumentar as taxas
de amamentação exclusiva. Muitas mães deixam de amamentar precocemente suas crianças alegando ter o leite fraco, ou então, pouca produção de leite, trocando o leite materno pelo leite artificial utilizando-se da mamadeira (CARVALHO, TAMEZ, 2005). Nesta pesquisa, foi possível observar que apenas 12,3 (8 mães) das 65 mulheres entrevistadas desmamaram precocemente seus filhos, e a maioria alega (37,5) que o motivo para tal é a produção de pouco leite para as necessidades da criança.(figura 3). Pouco Leite Problema nas mamas Bebe chorava muito Secou o leite Bebê não quis mais Aleitamento materno exclusivo Misto Artificial/fórmulas 0 37,5 15,3 41,6 25 43,1 Figura 3- Causas do desmame precoce. Figura 4 Perfil alimentar das crianças. Considerações Finais Estudar sobre o perfil da amamentação e práticas alimentares no primeiro ano de vida no município de Miranda levou-me a refletir sobre a importância da orientação e à assistência às mulheres em seu estado gravídico-puerperal. Muitas mães não tiveram apoio após o nascimento de seus filhos, isso pode ter sido um fator determinante no desmame precoce, principalmente após surgimento de problemas com as mamas, como fissuras por exemplo. Com o resultado deste trabalho, os profissionais da saúde terão a possibilidade de organizar estratégias de intervenção para a comunidade de Miranda, com o intuito de incentivar a adesão ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e práticas saudáveis alimentares adequadas para a faixa etária, através de transmissão de conhecimento e acompanhamento das mães de crianças menores de um ano.
Referências. Affonso DP., Jesus EC, Vaz MJR. Mulheres portadoras de HIV: o sentimento em relação a não amamentação. Saúde Coletiva, São Paulo, 2005;2(8):115-119. Bhandari N, Bahl R, Mazumdar S, Martinez J, Black RE, Bhan MK, et al. Effect of community-based promotion of exclusive breastfeeding on diarrhoeal illness and growth: a cluster randomized controlled trial. Lancet. 2003;361:1418-23. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: Nutrição Infantil Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p. CARVALHO, MR, TAMEZ, RN Amamentação: bases científicas. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 2, p.17. FALEIROS, JJ, KALIL G, et al. [Impacto of a Well Baby Care Programo n the promotion of exclusive breastfeeding]. Cad Saude Publica, v.21, n.2, p. 482-489, 2005. GONSALVES, PE. Alimentação natural do bebê, da criança e do adolescente. São Paulo: ALMED, 1986, p. 23-26. Oliveira MIC, Gomes MA. As Unidades Básicas Amigas da Amamentação: uma nova tática no apoio ao aleitamento materno. In: Rego JD, editor. Aleitamento Materno. São Paulo (SP): Atheneu; 2002. p. 343-366. SHAPIRO, RL, S. LOCKMAN, et al. Infant morbidity, mortality, and breast milk immunologic profiles among breast-feeding HIV-infected and HIV uninfected women in Botswana. J. Infect Dis, v. 196, n. 4, p. 562-569, 2007. SILVA, IA. Reflexões sobre a prática do aleitamento materno. Rev. Esc.Enf. USP, São Paulo, v.30, n.1, p. 58-72, abr. 1996. Volpini CCA, Moura EC. Determinantes do desmame precoce no distrito noroeste de Campinas. Revista de Nutrição, 2005; 18(3): 311-319.