Em que medida os avanços tecnológicos. podem influenciar na estrutura das cidades.



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Transcrição:

Em que medida os avanços tecnológicos podem influenciar na estrutura das cidades. Por: Ernani Maia Orientadora: Marta Bogea Faculdade de Belas Artes de São Paulo Lato Sensu São Paulo, Abril de 2002

Ernani Maia Os avanços tecnológicos e as cidades Monografia apresentada a Faculdade de Belas Artes de São Paulo como exigência para a obtenção do título de Especialista em Arquitetura e Cidade. São Paulo, Abril de 2002. 2

A vida é aquilo que acontece enquanto pensamos em outra coisa. O. Wilde 3

Agradecimentos Sou grato a meus pais pelo amor, trabalho e apoio, a Érika Abe pela existência, a Marta Bogea pela dedicação, paciência e competência, a Beto Corazza pela compreensão, e ao Prof. Wesley Santana pelas contribuições multidisciplinares (filosóficas, sociológicas, históricas e etílicas), além de todos aqueles os quais importunei obrigando-os a ouvir meus devaneios sobre a cidade do amanhã. 4

Resumo Esta monografia estuda as mudanças ocorridas nas estruturas das cidades em conseqüência da apropriação dos avanços tecnológicos pela sociedade. Pretende-se detectar as eventuais alterações sofridas nas cidades, sobretudo no período da revolução industrial, pois esta fase pode nos trazer subsídios preciosos para o enfrentamento de uma problemática semelhante, na medida em que os emergentes avanços das tecnologias da informação e da informática já começam a explicitar possíveis alterações na sociedade contemporânea. Este estudo procura resgatar os períodos de grandes mudanças sociais em virtude da evolução científica e tecnológica e analisar em que medida as cidades se reorganizaram e absorveram as evoluções técnicas da humanidade, além de analisar através de alguns modelos de cidades, como arquitetos e urbanistas se apropriaram dos avanços tecnológicos ao planejamento das cidades. Porém, não se pretende aqui, formular uma proposta para as futuras cidades, mais sim, identificar as possíveis condicionantes para um futuro projeto de cidade, que contemple as necessidades de uma nova sociedade, possivelmente virtual (quase transparente), que poderá substituir os deslocamentos e os contatos físicos, por um deslocamento e um contato subjetivo, mediado pelas novas tecnologias, especialmente o computador pessoal. 5

Abstract This theory studies the changes ocurred in the cities structures as a result of the appropriation in tecnological advance by the humaneness. The intention is to detect the possible modifications ocurred in the cities, eventhough during the Industrial Revolution, a period that could bring to us some valious subsidies for a best comprehension about a similar trouble, at the same time that the new information tecnology advances started to show their possibles changes that affects the contemporany society. This study looks for bring back the periods of a social changes caused by scientific evolution and tecnological analyzing wich point the cities was reorganized and absorved the human tecnical evolution, besides analyzing through some cities models, as architects and urbanists appropriated the tecnological advances about the cities master plan. However, there is not our intention to couch a new proposal for the futures cities, but to identify the possible conditionals for a future city master plan, wich contemplated the society needs, possibly virtual (almost transparent), that could substitute the dislocation and the physic contacts, for a subjective dislocation and contact, caused for new tecnologies, especially the personal computers. 6

Sumário Introdução...08 A revolução Industrial e os avanços tecnológicos...13 A cidade e os avanços tecnológicos (novos problemas)...20 A cidade e a busca de novas soluções...36 Projetos, modelos e cidades...51 As utopias do século XIX...54 As cidades racionalistas...63 Novas utopias para novas tecnologias...75 O retorno às cidades tradicionais...94 As cidades caos...96 A sociedade pós-industrial...99 A emergência do agente revolucionário...104 Especulações sobre a nova cidade...107 Bibliografia...117 Crédito das ilustrações...120 7

Introdução. Os avanços tecnológicos presentes nas últimas décadas, sem dúvida vêm abalando consideravelmente muitos aspectos que pareciam consolidados na sociedade, um novo meio de inter-relação pessoal emerge com o advento dos computadores pessoais, sobretudo quando estes se conectam entre si, alterando com eficácia alguns costumes sociais. A suposição mais imediata é que em função dos avanços tecnológicos e principalmente com o aumento no chamado teletrabalho, a mobilidade territorial da sociedade tende a diminuir, o deslocamento físico perderia espaço para o deslocamento virtual possibilitado pelos computadores e pelas redes interativas de comunicação. Com isso, pretende-se neste trabalho analisar as alterações sofridas pelas cidades em virtude das descobertas científicas e avanços tecnológicos, 8

desde a revolução industrial, até a chamada revolução informacional que estamos vivenciando em nossos dias, através das mudanças ocorridas com a emergência das novas tecnologias da informática e da informação. Para podermos formular hipóteses de uma possível nova estruturação de cidade, analisaremos a história a partir do período da revolução industrial, pois através deste período teremos subsídios preciosos para uma eventual proposta de cidade para as próximas décadas, atentando para as especificidades poderemos traçar um paralelo entre as alterações comportamentais e geográficas ocorridas a partir da metade do século XVIII, com as que já estamos identificando em nosso cotidiano. Posteriormente ao resgate histórico analisaremos alguns modelos propostos para cidades a partir das modificações geradas pela evolução tecnológica e científica posterior ao período da revolução industrial. O primeiro modelo a ser analisado será o de Charles Fourier que na urgência de equacionar os problemas causados especialmente pelo aumento demográfico das cidades do século XIX, formula um pensamento urbanístico que em parte será resgatado no século XX pelos chamados urbanistas de vanguarda moderna, aqui apresentados através da obra de Le Corbusier. Em meados do século XX, a partir dos avanços e da difusão, sobretudo dos meios de comunicação de massa, na efervescência da guerra fria e da corrida espacial, surge um grupo de arquitetos e urbanistas ingleses que através de uma linguagem de história em quadrinhos e HQs de ficção científica, formulam uma série de propostas utópicas e futuristas para as cidades das décadas subseqüentes, é o chamado grupo Archigram que despregados das tradições e descomprometidos com a exeqüibilidade das propostas, conseguem 9

vislumbrar cidades móveis, sem território definido, com plena apropriação dos avanços tecnológicos especialmente os meios de comunicação de massa. Estas propostas são aqui apresentadas, pois, os idealizadores com muita propriedade souberam; primeiro, identificar a necessidade de implementação de novas idéias para uma sociedade em meio a mudanças profundas, e segundo porque estes autores apropriaram-se dos avanços tecnológicos e principalmente construtivos disponíveis em sua época, embora as utopias do Archigram não saíram do projeto. Contudo, podemos dizer que ao lado das transformações no povoamento humano devido à domesticação do fogo, da água e do vento, ao lado das transmutações do ambiente natural e construído, provocadas pelas novas energias, devemos acrescentar as transformações geradas pelas novas tecnologias informacionais. Conhece-se a evolução da paisagem rural causada pela distribuição da eletricidade, pela implementação das indústrias, pela organização ferroviária e rodoviária, assim como as mutações da paisagem urbana provocada pelo elevador e o metrô ou pelo automóvel e percebe-se ainda a influência das energias alternativas (energia solar e de outros tipos) sobre a moradia. Então, torna-se pertinente questionar: se não seria agora o momento de nos perguntarmos sobre as relações existentes entre os novos avanços tecnológicos proporcionados especialmente pela evolução da informática, e quais serão as possíveis alterações, sobretudo no ambiente geográfico? Como viver verdadeiramente se o aqui não o é mais e se tudo é agora? Como espacializar o amanhã na fusão instantânea de uma realidade que se tornou dividida entre o tempo da presença (físico / material) e o tempo da telepresença (virtual / transparente)? 10

A idéia deste trabalho não é (ainda) propor um efetivo modelo de cidade para os próximos anos, onde a informática e a informação possivelmente mudem muitas coisas em nosso viver, porém, pretendo que este trabalho subsidie uma tese posterior que como arquiteto e urbanista me sinto na obrigação de desenvolver, para não deixar que os avanços tecnológicos e científicos, que se manifestam com extrema rapidez, nos peguem (mais uma vez) desprevenidos. Pretende-se neste trabalho, resgatar os períodos de grandes mudanças sociais em virtude da evolução científica e tecnológica e analisar em que medida as cidades se reorganizaram e absorveram as evoluções técnicas da humanidade, além de analisar através de alguns modelos de cidades, como arquitetos e urbanistas se apropriaram dos avanços tecnológicos ao planejamento das cidades. 11

figura 01 A chegada (1914) de Cristopher Nevinson, anuncia o auge da idade do progresso e a madrugada do milênio industrial. 12

A Revolução Industrial e os avanços tecnológicos. Segundo os historiadores, houve pelo menos duas Revoluções Industriais: a primeira começou pouco antes dos últimos trinta anos do século XVIII, caracterizada por novas tecnologias como a máquina a vapor, a fiadeira, o processo Cort em metalurgia e, de forma mais geral, a substituição das ferramentas manuais pelas máquinas; a segunda, aproximadamente 100 anos depois, destacou-se pelo desenvolvimento da eletricidade, do motor de combustão interna, de produtos químicos com base científica, da fundição eficiente de aço e pelo início das tecnologias de comunicação, com a difusão do telégrafo e a invenção do telefone. Entre as duas há continuidades 13

fundamentais, assim como algumas diferenças cruciais. A principal é a importância decisiva de conhecimentos científicos para sustentar e guiar o desenvolvimento tecnológico após 1850. É precisamente por causa das diferenças que os aspectos comuns a ambos períodos da revolução industrial 1, podem oferecer subsídios preciosos para se entender a lógica das revoluções tecnológicas. Primeiramente, em ambas revoluções, testemunhamos um período de transformações tecnológicas em aceleração e sem precedentes em comparação com os padrões históricos. Um conjunto de macroinveções preparou o terreno para o surgimento de microinvenções nos campos da agropecuária, indústria e comunicações. Foram de fato, revoluções no sentido de que um grande aumento repentino e inesperado de aplicações tecnológicas transformou os processos de produção e distribuição, criou uma enxurrada de novos produtos e mudou de maneira decisiva a localização das riquezas e do poder no mundo, que, de repente, ficaram ao alcance dos países e elites capazes de comandar o novo sistema tecnológico. Nesta fase nota-se com clareza que a história da humanidade é cíclica e em alguns aspectos até repetitiva, sempre na história o grupo social ou a civilização que se apropria com mais velocidade dos novos meios técnicos, 1 Na primeira Revolução Industrial na Grã-Bretanha, havia uma interface entre ciência e tecnologia. Segundo Charles Singer em A História da Tecnologia, o aperfeiçoamento decisivo promovido por Watts na máquina a vapor projetada por Newcomen ocorreu em interação com seu amigo e protetor Joseph Black, professor de química da Universidade de Glasglow, onde, em 1757, Watts foi nomeado o Criador de Instrumentos Matemáticos da Universidade e conduziu seus próprios experimentos em modelo da máquina de Newcomen. Assim sabe-se que o condensador desenvolvido por Watts para a máquina a vapor, separado do cilindro em que o postom se movimentava, era intimamente associado e inspirado nas pesquisas científicas de Joseph Black, professor de química da Universidade de Glasglow. - Deane, Phyllis A Revolução Industrial Zahar Editores pág. 203. 14

sobretudo, as técnicas de guerra consegue invariavelmente dominar a humanidade. E, essa é precisamente a confirmação do caráter revolucionário das novas tecnologias industriais. A ascensão histórica do chamado Ocidente, limitando-se de fato à Inglaterra e a alguns países da Europa Ocidental, bem como à América do Norte e à Austrália, está fundamentalmente associada à superioridade tecnológica alcançada durante as duas Revoluções Industriais. Nada na história universal cultural, científica, política ou militar antes da Revolução Industrial poderia explicar a indiscutível supremacia (anglosaxônica/alemã e francesa) do Ocidente entre 1750 e 1950. A tecnologia, expressando condições sociais específicas, introduziu nova trajetória histórica na segunda metade do século XVIII. A industrialização fornece o ponto de partida da reflexão sobre nossa época. Com a ascensão da burguesia específica, concomitantemente à industrialização, nasce o capitalismo concorrencial e com isso a riqueza deixa de ser imobiliária, as terras escapam aos feudais e passam para as mãos dos capitalistas urbanos. Neste período de nossa história coincidem três tipos de mudanças: descoberta de novas fontes energéticas, uma nova divisão do trabalho e uma nova organização do poder com isso a humanidade fica diante de um salto de época. São estes três tipos de mudanças que trazem consigo uma nova epistemologia, um novo modo de ver o mundo. Alguns historiadores insistem que os conhecimentos científicos necessários à primeira Revolução Industrial já estavam disponíveis cem anos antes, prontos para serem usados sob condições sociais maduras; ou, como afirma outros, aguardando a engenhosidade técnica de inventores autodidatas como Newcomen e Watts, capazes de transformar a tecnologia disponível, 15

combinada com a experiência artesanal, em novas e decisivas tecnologias industriais. Porém, a segunda Revolução Industrial, mais dependente de novos conhecimentos científicos, mudou seu centro de gravidade para os EUA e a Alemanha, onde ocorreu a maior parte dos desenvolvimentos em produtos químicos, eletricidade e telefonia. As descobertas tecnológicas ocorreram em agrupamentos, interagindo entre si num processo de retornos cada vez maiores. Sejam quais forem as condições que determinaram esses agrupamentos, a principal lição que permanece é que a inovação tecnológica não é uma ocorrência isolada. Ela reflete um determinado estágio de conhecimento; um ambiente institucional e industrial específico; uma certa disponibilidade de talentos para definir um problema técnico e resolvê-lo; uma mentalidade econômica para dar a essa aplicação uma boa relação custo/benefício; e uma rede de fabricantes e usuários capazes de comunicar suas experiências de modo acumulativo e aprender usando e fazendo. Os efeitos positivos, a longo prazo, das novas tecnologias industriais no crescimento econômico, na qualidade de vida e na conquista humana da natureza hostil (refletidos no aumento impressionante da expectativa de vida, que não tivera uma melhoria constante antes do século XVIII) são indiscutíveis nos registros históricos. Porém, não vieram cedo, apesar da difusão da máquina a vapor e das novas máquinas e equipamentos. No início, o consumo per capita e a qualidade de vida aumentaram pouco (no início do século XVIII), mas as tecnologias de produção mudaram drasticamente várias indústrias e setores, preparando o caminho para o crescimento da segunda metade do século XIX, todavia, os registros históricos parecem indicar que, em termos gerais quanto mais próxima for a relação entre os locais de 16

inovação, produção e utilização das novas tecnologias, mais rápida será a transformação das sociedades e a sua efetiva apropriação das inovações tecnológicas. Apesar de ambas as Revoluções Industriais, terem causado o surgimento de novas tecnologias que na verdade formaram e transformaram um sistema industrial em estágios sucessivos, no âmago dessas revoluções havia uma inovação fundamental em geração e distribuição de energia. R.J. Forbes, famoso historiador de tecnologia, afirma que a invenção da maquina a vapor podia ser levada aonde fosse necessária e na extensão desejada 2. E, embora insista no caráter multifacetado da Revolução Industrial, também acha que não obstante os protestos de alguns historiadores econômicos, a maquina a vapor é ainda amplamente considerada a invenção mais requintada da Revolução Industrial. A eletricidade foi a força central da segunda revolução, apesar de outros avanços extraordinários como produtos químicos, aço, motor de combustão interna, telégrafo e telefonia. Isso porque, apenas mediante geração e distribuição de eletricidade, os outros campos puderam desenvolver suas aplicações e ser conectados entre si. Um caso especial foi o do telégrafo elétrico que, utilizado experimentalmente de 1790-99 e em pleno uso desde 1837, só conseguiu desenvolver-se em uma rede de comunicação, conectando o mundo em larga escala, quando pôde contar com a difusão da eletricidade. O uso difundido da eletricidade a partir de 1870 mudou os transportes, telégrafos, iluminação e, não menos importante, o trabalho nas fábricas mediante a difusão de energia na forma de motores elétricos. Na verdade, 2 Forbes, R.J. The Industrial Revolution, 1750-1850, Londres, editora Oxford University Press, 1958. 17

embora as fábricas sejam associadas à primeira Revolução Industrial, por quase um século elas não foram concomitantes com o uso da máquina a vapor, bastante utilizada em pequenas oficinas artesanais, enquanto muitas das grandes fábricas continuavam a usar fontes melhoradas de energia hidráulica (daí a razão de, por muito tempo, terem sido conhecidas como moinhos). Foi o motor elétrico que tanto tornou possível quanto induziu a organização do trabalho em larga escala nas fábricas industriais. Portanto, atuando no processo central de todos os processos ou seja, a energia necessária para produzir, distribuir e comunicar as duas Revoluções Industriais difundiram-se por todo o sistema econômico e permearam todo o tecido social. Fontes móveis de energia barata e acessível expandiram e aumentaram a força do corpo humano, criando a base material para a continuação histórica de um movimento semelhante. 18

figuras 02,03 Uma roda de fiar podia fazer às vezes de mil fusos era uma regra da Revolução Industrial. Em cima uma cena tradicional de casa de campo. Em baixo, (maquinas de fiar algodão 1835) 19

A cidade e os avanços tecnológicos (novos problemas). A grande era das invenções modernas, como já vimos, divide-se em duas fases distintas. A primeira entre 1700 a 1850 foi dominada pelo carvão, o ferro e o vapor, e testemunhou a transição da oficina para a fábrica e de empresa individual para a companhia por ações. A segunda, coincidindo com a aparição das grandes firmas e monopólios de 1850 em diante, está associada, acima de tudo com o aço, a eletricidade, o motor de combustão interna e a síntese de novas substancias. Ambas as fases demonstram que embora o avanço em tecnologia não possa por si próprio levar ao progresso industrial, pode conseguir-se, em pouco tempo um impressionante ganho para a 20

sociedade se empresários e artífices habilidosos tiverem a vontade e a capacidade de reconhecer e aplicar novas idéias e invenções úteis. **** Com o desenvolvimento da locomotiva (1814), e com a implementação das linhas ferroviárias, a cidade expande seu crescimento através destes caminhos, a estrada de ferro traz definitivamente o progresso: em primeiro lugar garante o transporte de mercadorias, depois, o de pessoas, assim, as distâncias se encurtam e as relações comerciais entre diversas localidades e países se estreitam, de modo a impulsionar o crescimento econômicocomercial dos países que se apropriarão com mais rapidez, da evolução deste meio de transporte. Não são apenas os bens de consumo trazidos pelos trens, mas, sobretudo o dinheiro de várias partes do globo. Os reflexos desta grande evolução gerada pelos trens e ferrovias são rapidamente sentidos pelas cidades, que mais uma vez têm uma geratriz condicionando seu crescimento e estruturando-a até então sem racionalização. As ferrovias, por muitas vezes, criam resíduos urbanos, segmentam a paisagem, segregam a cidade, por se tratar de uma linha marcante que cicatriza e intransponibiliza, formando assim, dois lados normalmente estanques. Porém, para servir de suporte para a estrutura ferroviária, são edificados grandes galpões e armazéns, tais quais: as docas dos navios a vapor 3, como também, estações que rapidamente tornam-se ícones do progresso da cidade industrial (neoliberal). Um exemplo da 3 Nota do autor: Na primeira metade do século XIX os sistemas de transporte e de comunicação desencadearão as primeiras inovações como os primeiros barcos a vapor (1807), que como os trens com as estações, trás consigo, a necessidade da edificação de docas e portos que se tornam pontos de atração para os imigrantes, sedentos por trabalhos e recém saídos do campo, com isso, a cidade além da transformação no assentamento da 21

importância das estações ferroviárias é o fato de que sempre em suas torres, instalavam-se os relógios, que tinham a função de mostrar e marcar a hora de seus trens, também serviam como símbolo da doutrina industrial difundida sobre a massa trabalhadora, na maioria das vezes explorada. Ademais as estações ferroviárias, nota-se que a paisagem dessas cidades começam a ser remodeladas, o horizonte das cidades industriais são cortados com as chaminés das fábricas, adquirindo assim, cada vez mais um aspecto árido e sombrio, pois estas chaminés lançam ininterruptamente suas fumaças sobre a cidade. Monet, 1877. Figura 04 Estação de caminho-de-ferro de Paris, a Gare Saint-Lazare pintada por população, iniciada pela implantação das fábricas, dissipa seu crescimento, através das adjacências dessas estruturas comerciais e de serviços, referente ao transporte fluvial. 22

Além das grandes cidades que são obrigadas a abrigar a malha férrea, outras pequenas e médias cidades foram surgindo ao redor da ferrovia, assim, esta se torna condicionante para a consolidação geográfica, e para a implantação de novas fábricas, pois invariavelmente, a matéria que as fábricas necessitavam para sua produção, como a que a fabrica produzia, era transportada pelos trens. Juntamente com as fábricas vinha a mão de obra para viabilizar sua operacionalização, e a partir de então, a classe mais desfavorecida era expurgada para as periferias das novas cidades, formando subúrbios, com problemas de habitabilidade (o que será posteriormente abordado). Com isso, a ferrovia e as locomotivas tornam-se, indubitavelmente, uma das invenções mais transcendentes da revolução industrial, tanto é, que via de regra, as teorias urbanísticas do século XIX, contemplavam a ferrovia como meio de transporte determinante para o desenvolvimento das cidades, que apesar das diferenças entre as propostas pode-se notar traços comuns, desde os Falanstérios de Charles Fourier, até as Cidades Jardins de Ebenezer Haward, passando pelas Cidades Industriais de Tony Garnier, todos consideravam a ferrovia como meio de transporte eficiente e determinante para o desenvolvimento racional das cidades. 4 Mais tarde, a invenção do motor a explosão (1885) permite usar o petróleo para mover navios, automóveis e, depois, os aviões. Especialmente, os automóveis trazem à cidade uma mudança considerável, pois as ruas, os cruzamentos, os acessos, a própria casa que necessita a partir de então, um 4 Ver: Choy, Françoise O Urbanismo - editora perspectiva paginas 61 a 66, 163 a 170 e 219 a 228. 23

compartimento que abrigue o automóvel, toda a estrutura dos arruamentos tem de ser alterada. O automóvel muda o enfoque da estruturação da cidade, que se antes pensava no pedestre,- ou no tropeiro -, tem que necessariamente atender esta nova forma de circulação, até se chegar ao lamentável ponto, em algumas cidades modernas, de priorizarem exclusivamente os automóveis. A cidade mais uma vez ganha barreiras intransponíveis. As grandes avenidas do século XX que aos poucos vão tomando os lugares mais nobres das cidades são como as ferrovias do século XIX, e fragmentam definitivamente a cidade, que por mais planejada que seja, com o tempo, passa a conviver com os engarrafamentos. A aridez das cidades industriais atinge o cume, com a obrigatória pavimentação das ruas. Neste momento é a rodovia que estrutura o espaço geográfico, tal qual a ferrovia, a rodovia impõe em meados do século XX as diretrizes para o desenvolvimento das cidades. Figura 05 A Locomotiva de William Hetley. Wylam Dilly,l construída em 1813. 24

Figura 06 Locomotiva um exemplo de arte de engenharia, 1848. Figura 07 Atento as insuficientes fontes de carvão da Itália e ao entusiasmo pelos caminhos de ferro, um inventor patriótico idealizou a Impulsoria de 1853. 25

Através desta analogia entre ferrovia e rodovia, podemos estabelecer uma comparação semelhante com os bondes e os trens metropolitanos. A partir das primeiras iniciativas no campo da eletricidade como a descoberta da lei da corrente elétrica (1827), foi possível desenvolver meios de transporte como o bonde, tão presente nas cidades no século XIX, que com a modernização dos meios de condução de energia como o de construção civil, deu seu lugar aos trens metropolitanos que hoje são reconhecidos como o meio de transporte mais eficiente para as grandes cidades, principalmente quando da ocupação dos subsolos. Figura 08 O carro elétrico de Siemens (O Bonde) na Expo. Elétrica de Paris 1881. 26

Todavia, ainda no setor dos transportes, não podemos esquecer a aeronáutica, que a partir dos dirigíveis, tem papel de extrema importância não só no desenvolvimento dos transportes, como no das cidades. A evolução da indústria química também se tornou um fator importante para a compreensão dos avanços tecnológicos e suas interfaces, 5 viabilizou, entre outras coisas, a construção dos primeiros dirigíveis aéreos, e com isso, a conquista do espaço aéreo pelo homem. As cidades precisaram adequar-se mais uma vez ao novo advento, com grandes hangares e locais para o pouso destas enormes estruturas voadoras, e assim, espaços imensos precisariam ser destinados a mais uma conquista da humanidade. Posteriormente, com a já mencionada invenção do motor à explosão e o desenvolvimento da engenharia aerodinâmica, o avião toma a cena, e define-se como principal meio de transporte para grandes distâncias. O aeroporto passa a ser preponderante e é implantado em geral em lugares mais afastados das cidades, liberando o espaço aéreo nas adjacências, porém com o crescimento da cidade, o aeroporto, passa com o tempo a ser envolvido pela cidade, muitas vezes ficando em uma posição desaconselhável para os padrões de segurança. O avião nos trás a possibilidade de ver a cidade de outro ângulo, em outra perspectiva, além de possibilitar o acesso à cidade por outro caminho que não, o terrestre, assim faz do aeroporto uma outra porta de entrada da cidade, com isso os aeroportos passam a ter valor estratégico para a imagem da cidade. 5 Nota do Autor: A indústria Química também se tornou um importante setor de ponta no campo fabril, a obtenção de matérias primas sintéticas a partir dos subprodutos do carvão (nitrogênio e fosfato), corantes fertilizantes plásticos, explosivos, etc. 27

Figura 09 Os símbolos das conquistas da técnica, um balão, um dirigível e um biplano parecem meditar sobre esta cena. Vista da Ponte de Sèvres (1908), de Rousseaou. **** Além do papel fundamental da eletricidade no desenvolvimento dos transportes metropolitanos, a eletricidade associada à lâmpada elétrica (1876) possibilitou iluminar a cidade, as casas, e dar margem a uma série de outras invenções. Para o propósito da discussão em pauta, devemos salientar a iluminação pública que não só tornou a cidade mais segura e passível do frequentamento noturno, mas alterou definitivamente o cotidiano, expandindo o dia produtivo através da noite, o aproveitamento produtivo, sobretudo nas fábricas, duplicou criando assim, os turnos de trabalho. A iluminação de nossas ruas criou além do trânsito noturno, a possibilidade do lazer noturno, que entre outras coisas, necessita de estrutura própria. Nasce então, uma outra faceta em algumas cidades, a de explorar a noite comercialmente como entretenimento. As cidades sofrem com isso mudanças do ponto de vista geográfico, pois a setorização torna-se fundamental, as áreas que exploram o 28

comércio e os serviços noturnos não podem (ou não poderiam), de maneira alguma, chocarem-se com as áreas residenciais, que por sua vez não deveriam estabelecer relações físicas com áreas industriais, assim, as cidades começam a ser subdivididas, de modo a cada vez mais necessitarem de transportes eficientes, tanto coletivos como individuais. 6 Figura 10 A invenção do motor de combustão interna, deu origem à moderna industria automobilística. Karl Benz ao volante do seu automóvel (1887). 6 Nota do Autor: A energia elétrica passou a exercer sobre a humanidade uma influencia vital, e só tomamos consciência disso, quando estamos prestes a perde-la. A crise de energia enfrentada por diversos paises, sobretudo o Brasil, revela nossa total dependência desta energia. Precisamos de eletricidade para manter a temperatura fria no verão e quente no inverno, para cozinhar grande parte de nossa comida e congelar o que pretendemos comer depois. Dependemos dela para transporte, comunicação, diversão, para levar vidas que não têm qualquer relação com o nascer e o pôr do sol. 29

A revolução industrial primeiramente restringiu-se aos locais de trabalho e produção partilhada, até que o motor elétrico limpo e relativamente pequeno possibilitou a adoção de sua utilidade no lar: refrigeração, limpeza automatizada, esfriamento de ambientes, melhor aquecimento, diversão, armazenagem de dados em massa, assistência médica doméstica e transporte pessoal mais confortável. É verdade que muitas dessas bênçãos já se achavam presentes no lar graças a tecnologias mais simples o encanamento com base na gravidade, por exemplo, ou o fluxo de ar convectivo (renovação mecânica do ar) -, mas foi o motor elétrico que as levou a toda parte. A transformação do estilo de vida ocidental foi profunda e mudou completamente nossas expectativas de como nossos corpos devem se encaixar em nosso ambiente. **** A invenção do processo Bessemer (1856) facilita a difusão do aço, que permite construir novas máquinas mais eficientes e novas estruturas nunca vistas no passado: grandes coberturas sem suportes intermediários (a rotunda da Exposição Universal de Viena, de 1873, com o diâmetro de 102 metros, a sala das máquinas da Exposição Universal de Paris de 1889, de 115 por 420 metros), pontes suspensas cada vez mais longas (desde a Ponte do Brooklyn de 1873, de 488 metros, à Ponte de Washington sobre o Hudson, de 1928, de 1.050 metros), arranha-céus cada vez mais altos (dos primeiros de Chicago, no fim do século XIX, de 20-30 andares, aos de New York nos primeiros decênios do século XX, com mais de 100 andares;. A invenção do dínamo (1869) permite usar a eletricidade como força motriz, e tornam possíveis 30