Espessura da Coróide na Oclusão de Ramo Venoso da Retina

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Transcrição:

Oftalmologia - Vol. 37: pp.251-258 Artigo Original Espessura da Coróide na Oclusão de Ramo Venoso da Retina Maria Lisboa 1, Luísa Vieira 1, Ana Cabugueira 1, Rute Lino 2, Ana Amaral 3, Miguel Marques 4, Rita Flores 4 1 Interno do Internato Complementar de Oftalmologia no Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE 2 Ortoptista do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE 3 Assistente Hospitalar de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE 4 Assistente Hospitalar Graduado de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE RESUMO Objectivo: Avaliar a espessura da coróide na área macular em doentes com oclusão de ramo - enhanced depth imaging Material e Métodos: Estudo retrospectivo não randomizado que incluiu 34 olhos de 17 doentes central da retina e a espessura da coróide, para além da relação entre esta última e o tempo de evolução. Relacionou-se ainda a idade com a espessura da coróide no grupo controlo. Resultados: - monstrou haver relação entre o tempo de evolução e a espessura da coróide nos olhos com ORVR. Por outro lado houve relação entre a espessura da coróide e a espessura macular central 2 - Conclusões: A espessura da coróide pode ser avaliada através do EDI SD-OCT. Segundo alguns relatos, a mesma parece diminuir com a idade, tendência essa que se revelou também demonstrou-se haver alteração na espessura da coróide na área macular em olhos com ORVR. prognóstico visual e na resposta ao tratamento. Palavras chave Coróide, espessura, EDI-OCT, oclusão de ramo venoso da retina. Vol. 37 - Nº 4 - Outubro-Dezembro 2013 251

Maria Lisboa, Luísa Vieira, Ana Cabugueira, Rute Lino, Ana Amaral, Miguel Marques, Rita Flores ABSTRACT Purpose: Material and Methods: macular thickness and choroidal thickness, as well as the relationship between disease evolution time and choroidal thickness. Relationship between this latter and age in the control group was also determined. Results: 2 Conclusions: Choroidal thickness can be evaluated with the use of EDI SD-OCT. According to few reports, the same appears to Key-words Choroid, thickness, EDI-OCT, branch retinal vein occlusion. INTRODUÇÃO As oclusões venosas da retina são uma causa frequente de perda de acuidade visual, constituindo a segunda doença - tem uma incidência cumulativa em 15 anos de 1,8% e a 1. Comparativamente às OVCR, as ORVR, apesar de mais frequentes, têm efeitos potencialmente menos devastadores na qualidade de vida dos doentes. Estas últimas têm um curso geralmente mais benigno, com melhor prognóstico visual. As principais complicações associadas a mau resultado funcional são o edema macular crónico e o hemovítreo secundário a neovascularização da retina. Antigamente, a obtenção de imagens de toda a espes- - além da dispersão de luz causada pela estrutura vascular densa da coróide, o que interferia com a imagem adquirida pelo OCT. Acrescia a isto o facto do comprimento de onda da fonte de luz do OCT spectral domain ciente para penetrar profundamente até à coróide 2. Neste técnica enhanced depth imaging da coróide em 2008 3. Através deste método, a objectiva do obtida uma imagem invertida e assim uma melhor visualização das estruturas mais profundas, nomeadamente a coróide. Deste modo tornou-se possível a visualização desta camada do olho e a medição da sua espessura in vivo. Desde então, alguns artigos têm sido publicados acerca da espessura da coróide em várias doenças, nomeadamente 4,5,6, doença de 7, alta miopia8, degeneres- 9 e oclusão nenhum relato publicado acerca desta nas ORVR. Este estudo tem por objectivo avaliar a espessura da coróide na área macular em doentes com ORVR unilate- enhanced depth imaging 252 Revista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Espessura da Coróide na Oclusão de Ramo Venoso da Retina Tabela 1 MATERIAL E MÉTODOS Estudo retrospectivo não randomizado que incluiu 34 olhos de 17 doentes com ORVR unilateral. Deste modo tes com envolvimento bilateral. A seguinte informação foi documentada para cada doente: género, idade, antecedentes pessoais, lateralidade, - melhor acuidade visual corrigida e valor da espessura A espessura da coróide foi obtida através do OCT Spectralis olho de forma a obter uma imagem invertida da coróide. fóvea para cada um dos olhos afectados e adelfos, num total respondente ao epitélio pigmentar da retina até à superfície interna da esclera. Realizou-se análise estatística para comparar a espessura da coróide no grupo ORVR e no grupo controlo, a relação entre espessura macular central e a espessura da coróide nos olhos com ORVR, a relação entre a espessura da coróide e o tempo de evolução da ORVR e a relação entre a espessura da coróide no grupo controlo e a idade. Para além disso comparou-se ainda a espessura da coróide Vol. 37 - Nº 4 - Outubro-Dezembro 2013 253

Maria Lisboa, Luísa Vieira, Ana Cabugueira, Rute Lino, Ana Amaral, Miguel Marques, Rita Flores Fig. 1 a nível subfoveal, nasal e temporal à fóvea. Foi utilizado o teste t Student e o teste ANOVA para o qual foram conside- Foi também aplicado o teste de correlação de Pearson. RESULTADOS masculino, com uma média de idades de 68,6 ± 11,2 anos dos olhos com ORVR foi de 0,12. Dos antecedentes pes- mellitus - coróide em toda a sua profundidade para todos os 34 olhos. A espessura da coróide foi medida a nível subfoveal, nasal e temporal à fóvea em ambos os grupos ORVR a média da espessura da coróide a nível subfoveal foi Relativamente ao grupo controlo, a média da espessura da Graf. 1 Antecedentes pessoais mais frequentes. 254 Revista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Espessura da Coróide na Oclusão de Ramo Venoso da Retina Tabela 2 Graf. 2 e 3 Comparação entre a espessura da coróide a nível macular no grupo ORVR e grupo controlo. trolo a espessura da coróide a nível subfoveal foi superior à espessura a nível nasal e temporal, sendo essa superioridade vs espessura coroideia foi superior a nível temporal e inferior a Quando considerado o total de medições para o total de doentes, a média da espessura da coróide no grupo ORVR forte correlação entre a espessura da coróide macular nos 2 haver um elevado grau de correlação entre a EMC e a 2 Para a análise das variáveis espessura da coróide e tempo de evolução da ORVR foram considerados 3 subgrupos: menos de 1 ano, entre 1 e 2 anos e mais de 2 anos após a oclusão. Aplicou-se o teste ANOVA que mostrou relação entre a espessura da coróide no grupo controlo e a Vol. 37 - Nº 4 - Outubro-Dezembro 2013 255

Maria Lisboa, Luísa Vieira, Ana Cabugueira, Rute Lino, Ana Amaral, Miguel Marques, Rita Flores Graf. 4 Relação entre a espessura da coróide e a espessura ma- Graf. 5 Relação entre a espessura da coróide e a idade no grupo controlo. r 2 DISCUSSÃO A medição da espessura da coróide in vivo é uma realidade recente que se tornou possível através do desenvolvimento da técnica EDI-OCT em 2008. Desde então têm surgido alguns estudos que visam avaliar a espessura desta camada em várias doenças. A coróide parece ser mais espessa na CRCS 4,5,6, doença de VKH 7 e OVCR 10, e mais delgada na alta miopia 8 a idade 11 12. Apesar de haver evidências que sugerem que poderá ocorrer adelgaçamento da coróide na DMI avançada 13, outros estudos foram incapazes de pro- indivíduos com DMI precoce e indivíduos controlo 14,15. acerca da espessura da coróide a nível macular em olhos com ORVR, pelo que este é, aparentemente, o primeiro. Tal como a maioria dos estudos mencionados, utilizou-se limites da coróide em todos os olhos. Procedeu-se a uma técnica manual para estabelecer os mesmos o que, segundo alguns autores 15, apesar de mais demorado, parece ser mais preciso do que os sistemas automáticos. Para além disso fez-se várias medições em cada olho de forma a aumentar a precisão dos resultados. A patogénese das oclusões venosas da retina é um processo multifactorial 16. Os factores de risco podem ser clás- sendo os primeiros mais comuns em doentes com ORVR e os segundos em doentes com OVCR 17. Tal como seria de esperar, o antecedente pessoal mais frequente nesta amostra risco local para oclusão venosa da retina 1. O principal resultado que se retira deste estudo é que a rando os factos especulados por Maruko et al 5,18 e Tsuiki et al 10, o aumento da espessura da coróide nas ORVR poderá vascular endothelial growth factor é maior do que em qualquer outro tecido do organismo de forma a satisfazer as normais necessidades metabólicas das do epitélio pigmentar da retina, pericitos e células endoteliais vasculares da área afectada, o que provoca vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e consequente aumento da espessura da coróide. A espessura média subfoveal nos olhos controlo foi de média referida na literatura, em que a mesma varia entre 15 19. Este facto poderá ser devido a diferenças no software e método de medição Vários estudos demonstraram que a espessura da coróide é maior a nível subfoveal do que temporal ou nasal à fóvea 9,15,20 256 Revista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Espessura da Coróide na Oclusão de Ramo Venoso da Retina para este achado é que, sendo a mácula e, particularmente, a fóvea, o local de maior necessidade metabólica, e estando a espessura da coróide dependente de factores como perfusão e pressão intra-ocular, é normal que esta camada seja mais espessa neste local. Tal como mencionado nos mesmos aparenta ser mais delgada a nível nasal. Um dado cada vez mais assumido como certo é o da diminuição da espessura da coróide com o avançar da cou uma correlação negativa, embora fraca, entre a espessura desta camada e a idade. Margolis et al 20 e Ikuno et al 19 determinaram uma correlação mais forte, o que poderá ser - 2 que torna difícil a determinação da sua contribuição iso- variável na espessura da coróide seria a realização de um estudo longitudinal com um longo tempo de follow-up, o que não é o caso de nenhum dos artigos publicados até à data sobre esta matéria. disso, a percentagem de variação da espessura da coróide - coróide pode estar directamente relacionada com a espessura da retina em olhos com ORVR. Este estudo teve algumas limitações que não podem dei- uma amostra relativamente pequena em que como critério plicações a esta associada, nomeadamente edema macular. No entanto, há a salientar que os doentes foram seleccionados na sua maioria de uma consulta de Retina Médica pelo que se tratam de casos potencialmente mais graves e com maior probabilidade de complicações. Outro factor a ter em conta é que, sendo este um estudo retrospectivo, os doentes não seguiram qualquer tipo de protocolo, tendo sido sujeitos, quando necessário, a diversos tipos de opções terapêuticas. Como tal, também não foi possível avaliar o efeito destas na espessura da coróide. Seria também interessante a medição desta camada no local imediatamente subjacente dade na aquisição da imagem. Assim, serão necessários ração desta camada em olhos com ORVR e investiguem a visual e na resposta ao tratamento. Em conclusão, através do método EDI do SD-OCT é possível medir a espessura da coróide, nomeadamente em mais espessa do que nos olhos adelfos. Algumas hipóteses mas não se sabe ao certo qual a dimensão do mesmo, pelo que serão necessários mais estudos que investiguem qual o papel da coróide na ORVR. BIBLIOGRAFIA cumulative incidence of retinal vein occlusion The with enhanced depth imaging OCT Better imaging - 3. Spaide RF, Koisumi H, Posonni MC. Enhanced depth imaging spectral-domain optical coherence tomogra- 496-500. - - 1603-1608. Spaide RF. Subfoveal choroidal thickness after treat- - - RF. Enhanced depth imaging optical coherence tomo- - - Vol. 37 - Nº 4 - Outubro-Dezembro 2013 257

Maria Lisboa, Luísa Vieira, Ana Cabugueira, Rute Lino, Ana Amaral, Miguel Marques, Rita Flores of the choroid in central retinal vein occlusion. Ameri- inherited retinal disease using the technique of enhanced 13. McLeod DS, Grebe R, Bhutto I, Merges C, Baba T, pillaris in age-related macular degeneration. Investi- 4982-4991. of Bruch s membrane, the choriocapillaris, and the cho- - - 2011. 152 1030-1038. - nal vein occlusion. Graefe s Archive for Clinical and 17. Turello M, Pasca S, Daminato R, et al. Retinal vein occlusion: evaluation of classic and emerging risk factors and treatment. Journal of Thrombosis and - - - 2173-2176. 2009. 147 811-815. 21. Sogawa K, Nagaoka T, Takahashi A, Tanano I, et al. Relationship between choroidal thickness and choroidal CONTACTO Maria Lisboa Centro Hospitalar de Lisboa Central Serviço de Oftalmologia Alameda de Santo António dos Capuchos, 1169-050 Lisboa Tlm.: 916303035 258 Revista da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia