INFLUÊNCIA ESTRUTURAL NA COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO NA BACIA DO RIO JUNDIUVIRA SP

Documentos relacionados
ANÁLISE MORFOESTRUTURAL E DO CONDICIONAMENTO DA COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA NA BACIA DO RIBEIRÃO CABREÚVA - SP

ANÁLISE MORFOESTRUTURAL NA BACIA DO RIO IPANEMA, REGIÃO DE SOROCABA SP

ANALISE DA REDE DE DRENAGEM NA BACIA DO RIO MACAÉ (RJ) A PARTIR DA ABORDAGEM MORFOESTRUTURAL

ESTUDO DAS ANOMALIAS DE DRENAGEM COMO INDICADOR DE NEOTECTÔNICA NA BACIA DO RIO DOURADINHO, MUNICÍPIO DE LAGOA DA CONFUSÃO TO.

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA MORFOESTRUTURAL NA REDE DE DRENAGEM DA BACIA DO RIO DO PEIXE SP

Compartimentação Geomorfológica

UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO SALOBRA - SUDOESTE DE MATO GROSSO

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOLÓGICA DA BACIA DO RIO SÃO THOMÉ, MUNICÍPIOS DE ALFENAS, SERRANIA E MACHADO (MG)

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICADA BACIA DO RIBEIRÃO SÃO THOMÉ SERRANIA MG.

5.1 compartimentação geomorfológica do Hemigráben do Tacutu

Relevo da Bacia do Rio das Antas (GO): Revisão Bibliográfica

GEOTECNOLOGIAS E MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO PEIXE, OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO BAIXO GRÁBEN DO RIO MAMANGUAPE, BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA, BRASIL

Serviço Geológico do Brasil CPRM

A CARTOGRAFIA GEOMORFOLÓGICA NO CONTEXTO DO SEMIÁRIDO: ESTUDO DE CASO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BOM SUCESSO - BAHIA

ANÁLISE DA DRENAGEM E DO RELEVO DA BACIA DO RIBEIRÃO SÃO THOMÉ SERRANIA MG, BORDA SUL DO RESERVATÓRIO DE FURNAS.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA SEDIMENTAR E AMBIENTAL GEOMORFOLOGIA E FOTOGEOLOGIA FORMAS DE RELEVO

9. Domínios de Dissecação

GEOMORFOLOGIA E NEOTECTÔNICA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TAPEROÁ, PARAÍBA, BRASIL

REFLEXOS DA ESTRUTURA GEOLÓGICA NO MODELADO DA SERRA DE SÃO PEDRO, REGIÃO DO CARIRI CEARENSE

COMPARTIMENTAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO LAGO VERDE, MUNICÍPIO DE LAGOA DA CONFUSÃO, TO.

Geologia e relevo. Bases geológicas e Classificação do relevo

CAPÍTULO 3 ÁREA DE ESTUDO

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO MÉDIO GRÁBEN DO RIO MAMANGUAPE, BORDA ORIENTAL DO ESTADO DA PARAÍBA

TÉCNICA AUTOMÁTICA DE ELABORAÇÃO DA CARTA DE PROFUNDIDADE DE EROSÃO UTILIZANDO O SOFTWARE ARCGIS

O PAPEL DA LITO-ESTRUTURA DO CARSTE NA MORFODINÂMICA CENOZÓICA DA SERRA GERAL DE GOIÁS (GO/TO/BA): APROXIMAÇÕES INICIAIS

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ/CE.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PERFIL LONGITUDINAL E ÍNDICE RDE DO RIBEIRÃO ARAQUÁ, MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO E CHARQUEADA-SP

ANÁLISE DOS PADRÕES DE RELEVO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ GELADINHO MARABÁ/PA

ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS MORTES PEQUENO SÃO JOÃO DEL REI MG

CARACTERIZAÇÃO DA DINÂMICA DA PAISAGEM GEOMORFOLÓGICA SOBRE A PORÇÃO SUL DA BACIA DO ALTO PIABANHA DO DISTRITO SEDE DO MUNICÍPIO DE PETRÓPOLIS-RJ

MAPA GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE ITANHAÉM BAIXADA SANTISTA, SÃO PAULO, BRASIL

HIDROGRÁFICA DO MAUAZINHO, MANAUS-AM.

MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RETENÇÃO E EVASÃO DA SEDIMENTAÇÃO QUATERNÁRIA COM BASE NA ANÁLISE DE DESNIVELAMENTO ALTIMÉTRICO

Análise da Susceptibilidade a Processos Erosivos, de Inundação e Assoreamento em Itajobi-SP a Partir do Mapeamento Geológico- Geotécnico

Souza, T.A. 1 ; Oliveira, R.C. 2 ;

MODELO EMPÍRICO DE DESENVOLVIMENTO DO RELEVO NO NORDESTE DO PLANALTO MERIDIONAL/RS.

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE ARAXÁ MG, UTILIZANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO ROCHA, M. B. B. 1 ROSA, R. 2

Geologia do Brasil. Página 1 com Prof. Giba

FLUXO SUBTERRÂNEO DO SISTEMA AQUÍFERO GUARANI NA REGIÃO DE GRAVATAÍ/RS.

COMPARTIMENTAÇÃO MORFOLÓGICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIBEIRÃO DO CAMBUÍ-MG, A PARTIR DE DADOS MORFOMÉTRICOS E ESTRUTURAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEOMORFOLOGIA BÁSICA E ESTRUTURAL - GB 128 TEMA 1

Indicadores morfotectônicos de um Graben cenozóico intraplaca na Provincia Borborema, Nordeste do Brasil

GEOGRAFIA - 1 o ANO MÓDULO 07 ESTRUTURA GEOLÓGICA BRASILEIRA

GEOTECNOLOGIAS APLICADAS AO MAPEAMENTO MORFOESTRUTURAL E GEOMORFOLÓGICO NA SERRA DO TEPEQUÉM - RR

A CARTOGRAFIA DO RELEVO COMPARADA: APLICAÇÕES NA BACIA DO RIBEIRÃO ESPIRITO SANTO (JUIZ DE FORA, MG)

O SENSORIAMENTO REMOTO NA PESQUISA GEOMORFOLÓGICA: APLICAÇÕES NO MUNICÍPIO DE ANTONINA, PARANÁ

CENÁRIO GEOMORFOLÓGICO DE CONTRASTES DO LITORAL SUL FLUMINENSE COM BASE NA ANÁLISE DA CONFIGURAÇÃO DA REDE DE DRENAGEM

CARACTERISTICAS MORFOMÉTRICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IBICUÍ CARACTERISTICAS MORFOMÉTRICAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO IBICUÍ

ANOMALIAS DE DRENAGEM NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SANA (RJ) Ilha do Fundão - Rio de Janeiro, RJ.

DISCIPLINA: GEOMORFOLOGIA ESCULTURAL E APLICADA - GB 060. PROF. DR. LEONARDO JOSÉ CORDEIRO SANTOS

Estéfano Seneme Gobbi. Francisco Sérgio Bernardes Ladeira. Marcelo da Silva Gigliotti

FORMAÇÃO DE CANAIS POR COALESCÊNCIA DE LAGOAS: UMA HIPÓTESE PARA A REDE DE DRENAGEM DA REGIÃO DE QUERÊNCIA DO NORTE, PR

DISSECAÇÃO DO RELEVO NA ÁREA DE TERESINA E NAZÁRIA, PI

GEOMORFOLOGIA E USO DE GEOTECNOLOGIAS NA CARTOGRAFIA DO ALTO SERTÃO SERGIPANO

PROPOSTA PRELIMINAR DE MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA BACIA DO RIO SERIDÓ RN/PB.

Decifrar as formas. Nesta aula, vamos acompanhar o trabalho

Atividade 14 Exercícios Complementares de Revisão sobre Geologia Brasileira

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓFICO COMO SUBSÍDIO À ANÁLISE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SAPUCAIA DO SUL RS

Associação Portuguesa de Geomorfólogos Departamento de Geografia - FLUP, Via Panorâmica, S/N Porto

LINEAMENTOS ESTRUTURAIS DA BORDA ORIENTAL DA BACIA SEDIMENTAR DO PARANÁ: UM ESTUDO ENTRE CARAMBEÍ E PONTA GROSSA, NOS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ

INSTRUÇÕES AO TRABALHO FINAL DA DISCIPLINA

10. Evolução Geomorfológica da Bacia do Rio Grande e evidências de capturas

NEOTECTÔNICA NA BACIA DO ALTO RIO GRANDE: APLICAÇÕES EM SUA PORÇÃO MANTIQUEIRENSE

Morfoestruturas da Serra do Mar Paranaense

Quaternary and Environmental Geosciences (2009) 01(2):76-83

Geografia. Relevo. Professor Thomás Teixeira.

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA E DINÂMICA DA PAISAGEM NO MUNICÍPIO DE CAMPOS GERAIS MG

1. (UEL) De acordo com a classificação do relevo brasileiro proposta por Jurandyr Ross, o estado do Paraná apresenta, grosso modo, três unidades de

Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, ISSN

Conceito de Relevo. Internas ou endógenas: constroem o relevo. Externas ou exógenas: desgastam, modificam e modelam o relevo.

ES-BRASIL) Bricalli, Luiza Leonardi; Queiroz Neto, José Pereira

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE PORTO, PIAUÍ MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE PORTO, PIAUÍ

EXTRAÇÃO DE LINEAMENTOS VISANDO A PROSPECÇÃO DE AQUIFEROS FRATURADOS NA FORMAÇÃO SERRA GERAL

Boletim Goiano de Geografia E-ISSN: Universidade Federal de Goiás Brasil

Geografia Ensino Médio, 2º Série A estrutura geológica do Brasil e sua relação com a formação do relevo

DEFORMAÇÃO NEOTECTÔNICA DOS TABULEIROS COSTEIROS DA FORMAÇÃO BARREIRAS ENTRE OS RIOS PARAÍBA DO SUL (RJ) E DOCE (ES), NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

MAPEAMENTO GEOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ARROIO SARANDI, SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL

EROSÃO EM ÁREA RURAL NO MUNICÍPIO DE NOVA VENEZA (GO): ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS DA FAZENDA VARJÃO

Estrutura geológica, relevo e riquezas minerais da Amazônia 1. Estrutura geológica, relevo e riquezas minerais na Amazônia Professor : Rubenilton

UNIDADES DE RELEVO DA BACIA DO RIO PEQUENO, ANTONINA/PR: MAPEAMENTO PRELIMINAR

Caracterização morfométrica da área de drenagem de cinco açudes a partir de técnicas de sensoriamento remoto

APLICAÇÃO DO ÍNDICE DECLIVIDADE X EXTENSÃO DO CURSO (RDE) PARA AVERIGUAÇÃO DE EFEITOS DEFORMACIONAIS NEOTECTÔNICOS NA BACIA DO ALTO AIURUOCA (MG)

NEOTECTÔNICA, SISMICIDADE NA BACIA DO PANTANAL E SUAS MUDANÇAS AMBIENTAIS

Parâmetros morfométricos e evidências de controle estruturais na história evolutiva da bacia do rio Guapi-Açu (Cachoeiras de Macacu, RJ)

ARTICULAÇÕES ENTRE GEOMORFOLOGIA REGIONAL E CONDICIONANTES ANTRÓPICOS NA COMPREENSÃO DE PROCESSOS E FEIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS EM CHAPADÃO DO SUL (MS)

Estrutura Geológica e o Relevo Brasileiro

CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DA BACIA DO RIO MAQUINÉ BORDA LESTE DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO/MG

USO DE IMAGEM SRTM (SHUTTLE RADAR TOPOGRAPHY MISSION) PARA O MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO NA MICROBACIA DO AÇUDE TAPEROÁ II, PARAÍBA, BRASIL

CARTA DE UNIDADES GEOAMBIENTAIS - FOLHA ITIRAPINA, ESCALA 1:

ANÁLISE DA MICROBACIA DO CÓRREGO DA PEDRA BRANCA (DOS AFLITOS), NA ÁREA URBANA DE ALFENAS (MG), A PARTIR DE CRITÉRIOS GEOMORFOLÓGICOS

Caracterização da Ecorregião do Planalto Central

AVALIAÇÃO GEOMORFOLÓGICA PARA O PLANEJAMENTO AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO SOROCABUÇU, IBIÚNA, SP

CARACTERIZAÇÃO DE PERFIS TRANSVERSAIS NO SEGMENTO ENTRE A VOLTA DO ANGICAL À CONFLUÊNCIA COM O SEPOTUBA, NO RIO PARAGUAI MATO GROSSO

A análise morfométrica por meio da aplicação de índices geomórficos tem sido amplamente utilizada na literatura (COX, 1994; ETCHEBEHERE, 2000;

Técnicas de Sensoriamento Remoto com foco na identificação de lineamentos estruturais: aplicação na sub-bacia do rio Siriri, estado de Sergipe

45 mm. Av. Colombo, 5.790, Bloco J-12, Zona 7, Maringá, Paraná, Brasil. Fone: (44)

BRASIL: RELEVO, HIDROGRAFIA E LITORAL

ZONEAMENTO DE UNIDADES MORFOLITOLÓGICAS PARA O MUNICÍPIO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, RS

GEOMORFOLOGIA GERAL E DO BRASIL

Transcrição:

INFLUÊNCIA ESTRUTURAL NA COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO NA Oliveira, P.S.S. 1 ; Arruda, E.M. 2 ; 1 UFSCAR Email:sartori-paula@hotmail.com; 2 UFSCAR Email:emersongeo@ufscar.br; RESUMO: Este trabalho é oriundo de uma pesquisa de iniciação cientifica, vinculada ao grupo de estudos do Quaternário da UFSCar. A área de estudos, a bacia hidrográfica do Rio Jundiuvira, se localiza na região da Serra do Japi. Com um aporte metodológico sistêmico, elaboração e interpretação de mapas temáticos, buscou-se a relação dos lineamentos de relevo e drenagem com a compartimentação geomorfológica, que atuam com influências importantes na compartimentação. PALAVRAS CHAVES: lineamentos; mapeamento de lineamentos; compartimentação ABSTRACT: This work originated from a Scientific Initiation research, linked to the Quaternary Study Group of UFSCar. The studied area, Jundiuvira River's watershed, is located at Serra do Japi's region. With a systematical and methodological approach, elaboration and interpretation of thematic maps, this aimed to correlate the relief and drainage lineaments with the geomorphological compartmentation, which act with important influences over the compartmentation KEYWORDS: Lineaments; Lineament mapping; Geomorphological Compartmentation INTRODUÇÃO: A bacia do Rio Jundiuvira, com área de 105 Km², abrange quatro municípios paulistas: Cabreúva, Jundiaí, Cajamar e Pirapora do Bom Jesus. É afluente da margem direita do Rio Tietê e têm muitos aspectos geomorfológicos condicionados pela Zona de Cisalhamento Jundiuvira. Suas nascentes mais significativas se localizam na Serra do Japi, uma das mais importantes superfícies topográficas e erosivas do Sudeste brasileiro, 155

como comentado por Hassui (2010). A área de estudos insere-se no Cinturão Orogênico do Atlântico, portanto de complexidade geológica que remete ao pré-cambriano, apresenta um destaque em relação às altitudes encontradas na região das Serras do Japi e Guaxinduva, conferindo-lhe características climáticas específicas que influenciam tanto na drenagem como no próprio solo. A presença de sete tipos litológicos, segundo dados da CPRM (Serviço Geológico do Brasil), todos da Era Proterozóica, confere resistência geológica. Enquanto no contexto da área de estudo, Neves (1999) relaciona a gênese dos depósitos aluviais nas encostas da Serra do Japi à erosão resultante do soerguimento litosférico sofrido através das falhas, sendo estes depósitos de granulação grossa e associados aos cursos fluviais. A bacia do rio Jundiuvira compõe uma área chave para a compressão dos aspectos relacionados à evolução geomorfológica regional, como as superfícies de aplainamento do Sudeste brasileiro, e a influência geológica na compartimentação do relevo, bem como o papel do clima na esculturação do mesmo. O objetivo geral da pesquisa é a análise morfoestrutural da bacia do Rio Jundiuvira, utilizando os lineamentos de drenagem e relevo a fim de verificar a influência dos mesmos na compartimentação geomorfológica da área. MATERIAL E MÉTODOS: A metodologia do trabalho envolveu a revisão bibliográfica e cartográfica, a elaboração de mapas temáticos e a realização de trabalhos de campo. Como se trata de uma pesquisa sobre geomorfologia estrutural, os lineamentos foram utilizados no referido estudo. Neste sentido o aporte metodológico do trabalho envolve propostas de Etchebehere (2007) e Takahashi (1993) que definem lineamentos, tal como seu uso na interpretação na compartimentação geomorfológica, que parte das unidades taxonômicas de relevo propostas por Tricart (1965). Na elaboração dos mapas temáticos, os dados como rede de drenagem foram extraídos das cartas topográficas IBGE 1:50.000 folhas: SF-23-Y-C-III-3 e SF-23- Y-C-II-4 e os dados topográficos extraídos das imagens de satélite SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), utilizando ferramentas do software ArcMap- ArcGis 10.1. O Mapa geológico foi elaborado a partir dos dados disponibilizados pela CPRM(Serviço Geológico do Brasil). A estes dados foram adicionados o polígono do limite da bacia e o shape com a rede de drenagem. O mapa foi elaborado sobre uma base de relevo sombreado (hillshade) obtida no ArcMap através da inserção de uma projeção de luminosidade que cria sombras segundo os dados do relevo, facilitando a identificação das feições. Sobre a base hillshade, num arquivo shape, foram marcadas as linhas que permitem a organização da roseta de direção, com software Stereonet. O esboço geomorfológico foi elaborado de forma simplificada utilizando os mapas de declividade, hipsometria, geológico, lineamentos e as cartas topográficas. A metodologia do mapeamento geomorfológico foi fundamentada nos trabalhos de Verstappen e Zuidam (1975) na identificação dos compartimentos, tal como as simbologias propostas por Tricart (1972) na localização de escarpas e outras feições. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Evolução geotectônica da área As litologias encontradas na área de estudos são formações Pré-Cambrianas, que datam o Proterozoíco, estas conferem resistência à 156

erosão. Os movimentos continentais Neoproterozóicos conhecidos na como o Ciclo Brasiliano - fissão do Supercontinente Rodinia (Hassui, 2010)- começam a conferir as orientações da geologia, seguindo o sentido dos falhamentos na região. Na Era Mesozóica grande parte do Sudeste Brasileiro sofreu alterações, inclusive de caráter geológico com os movimentos decorrentes da evolução do Oceano Atlântico Sul, implantado após a divisão de Pangeia, conhecidos como Reativação Wealdeniana. Estes movimentos Mesozoicos são responsáveis por metamorfismos em litologias mais antigas que podem ser encontrados aflorando na área de estudos, tal como pela orientação dos rifts do Sudeste brasileiro. Mais recentemente na Era Cenozóica, podemos citar os processos erosivos e as mudanças climáticas como grandes responsáveis pela alteração do relevo; O alinhamento em altitudes e formas das superfícies de Erosão são notáveis na bacia do Rio Jundiuvira, Superfície Japi Terciária proposta por Almeida (1964) e a Superfície Sul-Americana de Valadão (1998). E estão relacionadas com a própria esculturação da Depressão Periférica Paulista. Os Compartimentos Geomorfológicos da Bacia do rio Jundiuvira Para a elaboração do esboço geomorfológico (Mapa 01) utilizou-se de diversos outros produtos da própria pesquisa e baseou-se em um amplo arcabouço teórico. As principais drenagens da bacia mostram uma orientação de lineamentos predominantemente NE-SW, como podem ser observadas no mapa de lineamentos (mapa 02). Enquanto os lineamentos dos canais de primeira ordem geralmente apresentam a direção NW-SE com alta densidade de cursos, mostrando uma organização condizente com a esperada. A calha principal do rio se encaixa em área de contato litológico, mostrando diversos encaixes estruturais separados por formas de amplitudes bastante locais. Na alta e média bacia, unidade denominada Japi, é comum a presença de barragens e açudes que aproveitam a alta declividade do terreno. A declividade é um ponto interessante desta área, pois são muito acentuadas e marcantes, a unidade geomorfológica denominada Japi encontram-se as maiores cotas altiméticas, que podem chegar até 1.311m. Na unidade da Serra do Japi notam-se vales muito bem encaixados nas feições da escarpa, como o córrego Caguaçu, importante afluente do rio Jundiuvira. Há ocorrência de declividades superiores a 47%, que são as mais propensas a movimentos de massa. Ainda na alta bacia, há outra unidade denominada Ribeirão Cachoeira, onde as declividades mais acentuadas e orientação dos canais de primeira ordem são díspares da unidade Japi e ainda assim configuram diferenças altimétricas importantes, além de exibir parte do lineamento principal de vale. A Unidade São Roque, o menor dos compartimentos, tem maiores declividades e mais intensa rede de drenagem, separada da Unidade Sapoca por uma estrutura resistente que cria um espigão entre elas. Na Sapoca as declividades conferem uma simetria de drenagem singular, onde os canais de primeira ordem seguem perpendiculares, diretamente à calha principal. Embora seja uma área de intensa declividade, o rio Jundiuvira mostra na sua baixa bacia uma planície considerável, com possível sedimentação avançada e áreas suscetíveis a alagamento, próximo ao vale principal. Trata-se de uma feição de acumulação importante, encaixada numa área de fraqueza, de contato entre diferentes litologias Pré-Cambrianas, que marcam o lineamento principal da área. Segundo Neves (1999) é uma sedimentação grosseira datando as movimentações mais recentes relacionadas aos falhamentos. 157

Mapa 01 Compartimentos Geomorfológicos na Bacia do Rio Jundiuvira -SP 158

Mapa 02 Lineamentos na Bacia do Rio Jundiuvira -SP CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os lineamentos mostram a orientação dos falhamentos na direção NE-SW, esperada para a área dadas as discussões entorno dos movimentos relacionados ao ciclo Brasiliano II (670-530Ma), a reativação Sul-Atlantiana Mesozóica, posteriormente evidenciadas com a denudação do relevo, neste caso o esvaziamento em curso da Depressão Periférica Paulista que criou as superfícies de erosão conhecidas atualmente. A influência estrutural na compartimentação do relevo é direta, os principais canais da drenagem estão alinhados aos contatos de diferentes litologias. As diversas escarpas relacionadas às serras da Sapoca e Guaxinduva mostram alinhamento de topos formando grandes lineamentos. A presença da planície marcada no esboço geomorfológico apresentado levanta a questão da erosão e sedimentação mais recente, que entulham o vale da bacia do rio Jundiuvira. Na área de estudos a planície evidencia a própria erosão atual e sub atual da Superfície Japi. 159

AGRADECIMENTOS: À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela concessão de bolsa de iniciação científica e financiamento do projeto REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, Fernando Flavio Marques de. Fundamentos Geológicos do Relevo Paulista. IFEOG série teses e monografias Nº14 Universidade de São Paulo, Instituto de Geografia, São Paulo, 1974. ETCHEBEHERE, Mario Lincoln de Carlos. SAAD, Antônio Roberto. FULFARO, Vicente José. Análise de bacia aplicada à prospecção de água subterrânea no planalto acidental paulista, SP. Geociências, São Paulo: UNESP, v.26, n.3, p.229-247, 2007 HASUI, Y. A Grande colisão Pré-Cambriana do Sudeste Brasileiro e a estruturação regional. São Paulo, Geociências, v. 29, n. 2, p. 141-169, 2010 NEVES, Mirna Aparecida.Evolução Cenozóica da Região de Jundiaí (SP). Rio Claro. Instituto de Geociências e Ciências Exatas IGCE, Tese de Mestrado Unesp 1999. TAKAHASHI, Hiroito Alberto. HAERTEL, Vitor. LISBOA, Nelson Amoretti. Caracterização Morfoestrutural e Hidrogeológica de Aquíferos em Meio Fraturado Através de Tecnicas de Sensoriamento Remoto E análise Estatística Em Setor do Planalto Meridional RS. Anais do VII SBSR, 1993. p 332-350. TRICART, J. Principes et méthodes de la Géomorphologie. Masson et Cie., diteurs, Paris, 1965, 496 p. VALADÃO, C. R. Evolução de longo termo do relevo do cráton do São Francisco (desnudação, paleossuperfícies e movimentos crustais). 1998. Tese (Doutorado em Sedimentologia/Geologia) Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1998. VERSTAPPEN, H.T.(ITC), ZUIDAM, R.A.;System of Geomorphological Servey. Manuel ITC, Text Book. Vol 7, Cap. 7, 1975. 160