O PEDAGOGO E A GESTÃO EM FAVOR DA DOCÊNCIA



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O PEDAGOGO E A GESTÃO EM FAVOR DA DOCÊNCIA Resumo ORTEGA, Adriana Cunha Faculdade Integrado de Campo Mourão driortega@ibest.com.br Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento O estudo em questão tem como objetivo discutir sobre a importância do pedagogo nas escolas, contribuindo para reflexão de professores de todas as etapas do ensino, em particular os atuantes no Ensino Fundamental e Ensino Médio, com relação a atuação do pedagogo no ambiente escolar, mostrando a função específica desse profissional dentro de uma equipe diretiva. O encaminhamento metodológico do estudo deu-se por meio de pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e de cunho exploratório. Assim, num primeiro momento, observou-se de forma assistemática a relação entre professor e pedagogo no cotidiano escolar. Num segundo momento, foram distribuídos questionários sobre a atuação do pedagogo na escola para 60 professores da rede estadual de ensino nos municípios paranaenses de Campo Mourão e Engenheiro Beltrão. Analisou-se as informações colhidas, com as quais foi possível realizar algumas reflexões sobre o assunto. Os resultados mostraram que a grande maioria dos professores reconhece a importância do pedagogo na escola, porém, a falta de diálogo é um dos problemas presente na conturbada relação entre os pedagogos e os professores. Cabe a esses profissionais acreditarem que é possível fazer novas práticas pautadas na troca de conhecimentos e experiências, imbuídas de valores éticos e profissionais. Palavras-chave: Educação. Docência. Coordenação Pedagógica. Interação. Introdução A educação formal é essencial para o desenvolvimento do indivíduo e, consequentemente, da sociedade. É por meio da educação sistematizada que o ser humano adquire o conhecimento necessário para sua a transformação e a do meio social em que vive. Nesse sentido, o educador é o agente que tem como função social praticar a atividade educativa tão importante para essa transformação (BUSSMANN e ABUD apud BRZEZINSKI, 2002). Frente a conflitos e dúvidas de professores não licenciados em Pedagogia com relação à real função do pedagogo dentro da instituição de ensino, por vezes refletida no ensino e

848 aprendizagem do aluno e na própria relação entre professor e pedagogo, percebe-se a necessidade de esclarecimento no que diz respeito à atuação do pedagogo no âmbito escolar. A partir deste contexto, levantou-se a seguinte problemática: quais as contribuições que o pedagogo pode oferecer ao docente? O que colabora para as dúvidas e, até mesmo, desconhecimento da necessidade de um pedagogo dentro de uma escola? Seria a falta de comunicação, o desinteresse ou comodismo por parte de ambos os profissionais uma das causas? Desta forma, o estudo em questão tem como principal objetivo discutir a importância do pedagogo nas escolas, contribuindo para reflexão e desmistificação de professores de todas as etapas do ensino, em particular os atuantes no Ensino Fundamental e Médio, sobre a atuação do pedagogo na escola, mostrando a função específica desse profissional dentro de uma equipe diretiva. O encaminhamento metodológico deste estudo deu-se por meio de pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e de cunho exploratório. Assim, num primeiro momento, observou-se de forma assistemática a relação entre professor e pedagogo no cotidiano escolar. Num segundo momento, foram distribuídos questionários para 60 professores da rede estadual de ensino nos municípios paranaenses de Campo Mourão e Engenheiro Beltrão. Tal questionário continha cinco questões pertinentes à atuação do pedagogo. O Pedagogo na Atualidade A educação consiste num processo dinâmico que, naturalmente, apresenta novas necessidades de acordo com o tempo. Atualmente, após inúmeros movimentos, tem se observado mudanças significativas na educação e em seus profissionais. Entre essas mudanças, destaca-se o papel do pedagogo. Entretanto, conforme aponta Brzezinski (2002) a educação, formação e identidade do pedagogo são marcadas por discussões desde a origem do curso de Pedagogia no Brasil, em 1939. Entre as críticas que permeiam a profissão do pedagogo está o questionamento sobre a necessidade de sua existência. Na busca de especialização da formação proposta pelo curso de Pedagogia, o Conselho Nacional de Educação, em 15 de maio de 2006, estabeleceu por meio da Resolução CNE/CP n.1, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso no Brasil. Nesta resolução está

849 claramente defendida em seu Art. 2 a formação desse profissional para docência. Segundo esse artigo As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. 1º Compreende-se a docência como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia, desenvolvendo-se na articulação entre conhecimentos científicos e culturais, valores éticos e estéticos inerentes a processos de aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo. (BRASIL, 2006, p. 1). Com relação à função da orientação e supervisão do pedagogo, ela está explicitada em parágrafo único, no item I, que a este cabe o planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação (BRASIL, 2006, p.2). Ainda segundo o Art. 2º das Diretrizes, grande parte dos cursos de pedagogia tem como objetivo central formar profissionais aptos à execução docente nos diversos âmbitos educacionais, desde a educação infantil até a qualificação de professores (BRASIL, 2006 p.19). É importante salientar que para a composição das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Pedagogia de 2006, foram consideradas proposições formalizadas e reivindicadas nos últimos 25 anos, perante análises da realidade educacional brasileira, objetivando o diagnóstico e avaliação sobre a formação e atuação de professores, principalmente na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, assim como em cursos de Educação Profissional para o Magistério e para o exercício de atividades que exijam formação pedagógica. As DCNs visam estabelecer bases comuns para que os sistemas e as instituições de ensino possam planejar e avaliar a formação acadêmica e profissional oferecida, como também acompanhar a trajetória e a qualidade dos pedagogos no país. A formação oferecida pelo curso abrange integradamente a docência, a participação na gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas.

850 Hoje, para formação do licenciado em Pedagogia é fundamental o conhecimento da escola como uma organização complexa, que tem como função social promover com equidade educação para e cidadania. Cabe ao pedagogo ter visão de totalidade acerca da sociedade em que vive (visão da sociedade, momento histórico-político, econômico e cultural), assim como visão de totalidade do aluno com quem vai trabalhar, não perdendo de vista o objetivo maior de sua profissão que é o de contribuir para o ensino e aprendizagem do mesmo. Ao referir-se à função do pedagogo dentro da equipe diretiva de uma escola, deve-se conhecer quais aspectos a gestão escolar ela abrange. Se esta envolve todas as áreas de trabalho que compõem uma escola e sua organização, tanto os seus aspectos administrativos (direção, biblioteca, secretaria, laboratório), e pedagógicos (professores, orientadores, coordenadores pedagógicos), quanto de apoio (zeladores, vigias, cozinheiros). De acordo com Libâneo (2001, p.78), a gestão é a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para se atingir os objetivos da organização. Sendo esta organização uma unidade social que reúne pessoas que interagem entre si e que operam através de estruturas e processos organizativos próprios, a fim de alcançar os objetivos da instituição (idem, p.77). Nesse sentido, a escola tem como principal objetivo possibilitar aos estudantes a aquisição dos saberes historicamente acumulados pela humanidade. De certa forma, dentro de uma escola todos podem ser vistos como gestores, no sentido de estarem conscientes do comprometimento que devem ter com a função que exercem. A figura do diretor é aquela que coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola. O pedagogo, se gestor, também, assume papel de promover ações educativas e sociais que viabilizem o ensino-aprendizagem dos alunos. Quando o pedagogo assume a função de coordenador pedagógico, cabe a ele acompanhar os professores em suas atividades. De acordo com Libâneo (2001, p.104) sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-didática aos professores e suas respectivas disciplinas, no trabalho interativo com o aluno. E comenta que O coordenador pedagógico responde pela viabilização, integração e articulação, do trabalho pedagógico-didático em ligação direta com os professores, em função da qualidade do ensino. A coordenação pedagógica tem como principal atribuição a assistência pedagógico-didática ao professores, para se chegar a uma situação ideal de qualidade de ensino (considerando o ideal e o possível) auxiliando-os a conceber, construir e administrar situações de aprendizagem adequadas às necessidades educacionais dos alunos (LIBÂNEO, 2001, p. 183).

851 Em suma, o pedagogo é apenas um dos atores que compõem o coletivo da escola. Ele precisa estar consciente de que seu trabalho não se dá isoladamente, mas articula-se com os demais atores (ORSOLON, 2001). Análise dos dados No intuito de buscar possíveis explicações para a indagação acerca da função do pedagogo e o porquê, ainda, muitos professores não reconhecem o papel ou importância desse profissional na escola, foram distribuídos 60 questionários para professores da rede pública dos municípios de Campo Mourão e Engenheiro Beltrão, contendo cinco questões referentes à problemática. Deste total, 40 questionários foram devolvidos respondidos. A primeira questão diz respeito à caracterização do grupo de professores que responderam ao questionário, ou seja, o nível de ensino em que atuavam. A Figura 1 apresenta a distribuição segundo a atuação docente de cada entrevistado. Pelo exposto, tem-se que do total de professores entrevistados 22,5% atuam no ensino médio e fundamental. Seguidos dos professores que atuam somente no ensino médio (17,5%) e somente no ensino fundamental (15%). Caracterização do Grupo de Professores Pesquisado 10 9 9 8 7 6 7 6 6 5 4 3 2 1 4 1 3 2 1 1 0 Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos Ensino Médio e Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Fundamental Ensino Fundamental, Eduação de Jovens e Adultos e Profissionalizante Ensino Fundamental, Ensino Médio e Profissionalizante Profissionalizante Ensino Médio Ensino Fundamental e Profissionalizante Profissionalizante e Ensino Médio Figura 1: Distribuição dos professores pesquisados segundo o grupo de atuação.

852 Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas respostas de questionário aplicado (2011). A segunda questão perguntava ao docente se ele conhecia o trabalho do profissional pedagogo dentro da escola. Dos 40 professores pesquisados, apenas quatro responderam que desconhecem o trabalho do pedagogo. Importante ressaltar que estes profissionais são bacharelados atuantes no ensino profissionalizante em que se exige-se mais a parte técnica do que pedagógica, o que pode justificar a falta de conhecimento quanto à atuação de um pedagogo. Ao analisar as respostas dos professores entrevistados para a terceira questão, sobre quais as funções do pedagogo na escola, foi possível perceber que estes consideram como função do pedagogo a supervisão e a orientação de professores e alunos. Atuando também como suporte para enfrentamento de dificuldades com relação ao ensino e aprendizagem. Algumas das respostas foram selecionadas e colocadas na sequência: Os pedagogos devem auxiliar os professores em relação aos materiais, dúvidas, apoio e suporte em sua atuação, ajudando na dificuldade que possa haver também com relação ao ensino e aprendizagem do aluno. (P1) O pedagogo tem como função fazer a ligação entre os profissionais da escola. Ele faz o elo para que os outros profissionais possam realizar um trabalho visando à melhoria no ensino-aprendizagem. Proporciona a integração entre a família, à escola e a comunidade. Deve assessorar no planejamento avaliação e outras atividades profissionais (P13) A função de um pedagogo no ambiente escolar é o de orientar os professores para realizar sua atividade de docência da melhor maneira possível, fornecendo um instrumental teórico adequado para resolver as questões de ensino aprendizagem. (P10) A quarta questão que indagava se o professor acredita que o pedagogo está atuando de forma adequada na escola, no sentido de colaborar para que a escola alcance seu maior objetivo que é o ensino e aprendizagem. Do total, 37,5% dos entrevistados (15 professores) disseram sim. Complementaram ainda, dizendo que o trabalho do pedagogo tem sido de suma importância, para o bom andamento do processo de ensino aprendizagem, auxiliando os professores na escolha do material didático e na própria atuação didática do professor. Chama atenção fato de que três professores responderam não saber e, mais da metade deles, isto é, vinte e dois docentes responderam que não acreditavam na atuação do pedagogo na escola para o alcance do ensino e da aprendizagem. Curioso é o fato de que na maioria das

853 respostas, os professores citam o pedagogo como apagador de incêndios, termo inclusive utilizado por Vasconcellos (2009). Também se referiram às várias tarefas de ordem burocrática atribuídas ao pedagogo, o que colabora para que o mesmo deixe de cumprir sua principal função que é assessoria pedagógica. Suas justificativas são expressas pelos seguintes comentários: O pedagogo, via de regra, está apagando fogueira na escola e participando mais de questões burocráticas do que questões pedagógicas (didáticas, avaliação, planejamento, orientação, etc.). ( P17) O pedagogo gradativamente vem sendo afastado de sua função principal, a de promover o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem. Ele passou a desempenhar uma função administrativa semelhante à de um fiscal de pátio. ( P10) Não. O pedagogo fica resolvendo brigas entre alunos, faz trabalhos burocráticos e deixa a desejar. (P5) Atualmente a educação está passando por um período de transição social onde a realidade da sociedade brasileira está muitas vezes estourando dentro da sala de aula e o pedagogo na escola hoje tem a função de ficar apagando fogo na escola e não consegue fazer o que realmente deveria. (P11) Assim, pode-se perceber que, embora a maioria dos professores do grupo analisado afirme saber qual é a função do pedagogo (orientação e supervisão) desacreditam na eficácia de sua atuação. A justificativa empregada para a não atuação satisfatória do pedagogo, muitos referiram às muitas atribuições extrapedagógicas dadas ao mesmo. A maioria dos professores que responderam ao questionário alegou não estarem satisfeitos com o trabalho do pedagogo porque este, na maioria das vezes, não tem tempo de assessorá-los por estarem desempenhando várias funções ao mesmo tempo. Ainda é possível perceber que o pedagogo muitas vezes é visto como aquele que deveria ter nas mangas a solução para todos os problemas do cotidiano escolar, inclusive com receitas prontas para as metodologias de ensino utilizadas pelos professores. Nesse sentido, Há a demanda pela definição do papel do coordenador pedagógico; certamente esta busca reflete o desejo de redefinição da atuação do profissional [...] não é fiscal de professor, não é dedo-duro, [...] não é pombo correio (que leva recado da direção para os professores e dos professores para a direção), não é coringa/tarefeiro/quebragalho/ salva-vidas (ajudante de direção, auxiliar de secretaria, enfermeiro, assistente social), não é tapa buraco (que fica toureando os alunos em sala de aula no caso de

854 falta de professor), não é burocrata (que fica às voltas com relatórios e mais relatórios, gráficos, estatísticas), não é gabinete [...], não é dicário (que tem dicas e soluções para todos os problemas, uma espécie de fonte inesgotável de técnicas e receitas) [...] (VASCONCELLOS, 2009, p.87). Embora nas respostas apresentadas pelos professores no questionário, a maioria tenha afirmado que a função do pedagogo está ligada diretamente à orientação e supervisão, ainda existem equívocos em relação ao entendimento de ambas. De acordo com Grinspum (2008), a orientação é parte de um todo que compõe a escola, ela tem como principal função a mediação do conhecimento, de atitudes, de posicionamentos, das contradições e dos anseios sejam dos alunos, pais, professores ou comunidade em geral. No que diz respeito à supervisão, o trabalho do supervisor é pedagógico englobando funções e estudos sobre o planejamento, currículo, avaliação, métodos de ensino, criação e implantação de salas de recursos, entre muitas outras que envolvem o processo escolar (VASCONCELLOS, 2009). No entanto, a função do supervisor ou coordenador pedagógico não se limita ao controle, ou simples repasse de técnicas de ensino-aprendizagem aos professores, cabe ao supervisor oferecer assessoramento teórico metodológico diante dos problemas educacionais cotidianos. Também cabe a ele criar momentos de reflexão sobre a teoria e também da prática, articulando seminários, conferências e discussões (GRINSPUM, 2008). A organização do trabalho pedagógico engloba pedagogos, professores, gestores e demais envolvidos no processo educacional. Assim, os professores e gestores precisam estar cientes de sua parcela de responsabilidade nesse processo e não atribuí-la somente ao pedagogo. Nesse sentido, Placco (2010) aponta para a importância de compartilhar funções dentro da escola, embora cada um desempenhe sua função específica, devem estar consciente das funções uns dos outros colaborando mutuamente para que os objetivos sejam alcançados. O trabalho do pedagogo está diretamente ligado às ações dos outros, assim, espera-se uma visão de totalidade da situação vivenciada e uma relação de reciprocidade. Mas nesse processo de partilhar as funções, muitos gestores acabam sobrecarregando os pedagogos. Numa gestão democrática, pressupõe a participação efetiva (inclusive nas tomadas de decisão) não somente da direção da escola, mas professores, funcionários, pais, e todos aqueles que de certa forma fazem uso da escola (PARO, 2006). Para tanto, é importante que todos os participantes desse processo estejam conscientes da importância da união em seus objetivos, que deve priorizar a qualidade da educação.

855 A participação de uma gestão democrática precisa ser permeada por interesses coletivos sobressaindo aos individuais. O que se tem observado é que alguns gestores acabam agindo como déspotas em relação aos demais funcionários da escola, prejudicando todo o trabalho pedagógico. Sobre isso, Christov (2010) comenta: Trata-se, obviamente, de uma relação de poder, com a direção ocupando cargo que a coloca em posição privilegiada para exercer domínio sobre os demais profissionais da escola e para atribuir funções e distribuir tarefas. É possível encontrar no mínimo três situações: a direção valoriza e compreende o papel do coordenador como formador dos professores e o interrompe neste papel por não dispor do auxílio de um vice-diretor para compartilhar responsabilidades da gestão; a direção conta com vice-direção, mas, por não valorizar o trabalho do coordenador em sua ação formadora junto aos professores, impõe situações em que a coordenação possa atuar resolvendo problemas burocráticos da responsabilidade de secretários ou mesmo da vice-direção e da direção propriamente [...] e a direção, independentemente de compreender ou não o papel do coordenador como formador dos professores, apresenta perfil competitivo e autoritário o suficiente para desviar os profissionais de suas funções de acordo com necessidades não negociadas, colocando todos à sua disposição (CHRISTOV, 2010, p.66-67). Por último, a quinta questão indagou sobre a forma como o pedagogo tem ajudado o professor em seu trabalho com os alunos. Embora as respostas tenham sido diversificadas, destacou-se nas declarações dos professores o auxilio do pedagogo quanto à indisciplina dos estudantes, orientação com pais, alunos e rendimento escolar. Exemplos são apresentados abaixo. As ações mais freqüentes são conversar com os alunos que apresentam um comportamento inadequado, recolher os alunos que porventura estejam fora de sala e conversar com os pais (P14). Através de reuniões pedagógicas com os alunos e pais. Cobrando direito e deveres do aluno, fazer cumprir o regimento escolar (P25). O trabalho do pedagogo é fundamental para o bom andamento de uma escola, principalmente orientando o professor quanto a eventuais problemas que os alunos possam apresentar, tanto nas situações de ensino-aprendizagem, quanto nas situações de problemas familiares ou psicológicas (P22). Ainda em relação ao trabalho do pedagogo na escola, todos os professores responderam responsabilizando o pedagogo pela orientação do professor no encaminhamento das suas aulas, em auxiliá-los na elaboração do planejamento escolar, no relacionamento com os alunos indisciplinados ou com dificuldades de aprendizagem e nas práticas pedagógicas.

856 Quanto à indisciplina na escola, Rego (1996, p.96) argumenta que o comportamento indisciplinar não resulta de fatores isolados [...], mas da multiplicidade de influências que recaem sobre a criança e o adolescente ao longo de seu desenvolvimento. Vasconcellos (2009) chama a atenção para o fato de que alguns professores acreditam que a indisciplina está no indivíduo e não nas relações, desconsiderando o contexto que a produziu. Ainda sobre o pedagogo estar ou não efetivamente auxiliando o professor em suas práticas, uma docente declarou sentir-se constrangida por alguns pedagogos. Segundo ela, alguns desses profissionais tratam os professores como profissionais educadores inferiores a eles, tanto em relação ao cargo que ocupam quanto ao conhecimento que possuem. Esse comportamento acaba estreitando o bom relacionamento e inibe o diálogo entre eles. Outro professor diz que alguns pedagogos são considerados pelos professores como verdadeiros fiscais e não como educadores. Para Vasconcellos (2009), um educador além de ter uma presença marcante no meio em que atua, deve ser referência para a coletividade, e para isso não é necessário ser tirano ou omisso, basta ter proposta e diálogo. Ademais, o pedagogo por vezes corre o risco de parecer autoritário com o colega de profissão. O respeito, aliado ao conhecimento (que contribui para analisar a situação numa perspectiva de totalidade) e as possibilidades de intervenção, devem caminhar juntos. Souza (2001) chama a atenção para o cuidado que se deve ter com os professores quanto às questões relativas ao seu conhecimento e atividade docente. As falhas do professor não devem ser apontadas pelo pedagogo antes de se estabelecer uma relação de confiança entre ambos. Nesse contexto, cabe ao coordenador pedagógico Procurar entender o que se passa com o professor, não a fim de justificar, mas para levar o próprio professor a entender o que está acontecendo com ele, quais são os fatores que, naquele momento, estão condicionando sua prática, e assim poder mudar. [...] o importante é que não perca o eixo central de seu trabalho: a qualificação do processo de ensino, como forma de possibilitar a efetiva aprendizagem por parte de todos (VASCONCELLOS, 2009, p.99-100). Importante destacar que nesta sensível relação entre professor e pedagogo, é preciso considerar que o trabalho de ambos é igualmente necessário para um bom desenvolvimento do trabalho escolar (RIOS, 1996). Cada qual deve ter noção da dimensão do seu poder e do uso do mesmo pensando sempre no aluno, outro sujeito desse processo que sofrerá direta ou indiretamente as consequências desse relacionamento.

857 O professor precisa compreender que a sala de aula é apenas um setor que faz parte de um todo, e sua ação não pode ser interpretada como algo fora desse todo. O pedagogo, por sua vez, precisa saber ouvir e colocar-se no lugar do professor que, muitas vezes, está angustiado com situações vivenciadas no ambiente escolar. Como em toda relação de trabalho, é preciso que haja respeito entre os envolvidos, demonstrando o profissionalismo, ética e compromisso com sua profissão e formação dos demais envolvidos no processo. O respeito deve predominar na relação pedagogo/professor para que tanto um quanto o outro possa, cada vez mais, melhorar sua prática pedagógica e contribuir no processo de ensino e aprendizagem. Educar é uma tarefa complexa, porém essencial ao ser humano. Assim ser profissional da área da educação envolve a complexidade do ato de educar e o fato desta constituir-se uma função social. Pedagogos e professores precisam associar um conjunto de capacidades, habilidades pessoais, teóricas e práticas, em um processo constante de tomada de decisão cujo alvo é outros seres humanos. O ato de educar é um processo contínuo e mútuo em que professores, alunos e equipe diretiva se educam. Considerações Finais Este texto teve por objetivo colaborar para a discussão e compreensão da relação entre professores e pedagogos. A proposta surgiu da observação do relacionamento entre os profissionais das duas categorias durante os estágios praticados ainda no período da graduação. A pesquisa foi possível aplicando-se questionário, sobre a atuação do pedagogo na escola, a professores da rede pública de ensino em dois municípios paranaenses: Campo Mourão e Engenheiro Beltrão. Ao iniciar a pesquisa com os professores pode-se perceber a angústia de alguns ao falar sobre as dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar e o sentimento de desamparo que os acompanham. Percebi a necessidade de despir-nos do pré conceito no que diz respeito ao entendimento da forma como os professores enxergam os pedagogos e vice versa. Então, ao invés de indagar para que serve um pedagogo, após este estudo os questionamentos que se faz é: até que ponto o pedagogo é eficaz em uma escola? E quais fatores contribuem para a não eficácia desse profissional no ambiente escolar? Porque os professores (referindo-se ao grupo pesquisado) sabem que um pedagogo é importante dentro da escola, mas não conseguem que estes os assessorem pedagogicamente?

858 Considerando, ainda, que os alguns pedagogos exercem função que não corroboram com sua real função, é necessário, para o sucesso da equipe escolar, estar claro as ações que devem permear a prática desse profissional, bem como a organização de seu fazer pedagógico e o entendimento sobre sua participação na educação. Ao gestor, por sua vez, cabe propiciar um ambiente favorável para que todos os profissionais envolvidos no processo educacional possam despenhar a sua função de forma segura e respeitosa. Por fim, tem-se que a falta de diálogo mostrou-se um dos problemas presente na conturbada relação entre os pedagogos e os professores. Como orientar o docente se não existir um diálogo sincero e contínuo? Neste sentido é que é imprescindível desmistificar-se (e nesse caso ambos) de que a interação entre eles não é possível por se tratar de visões distintas do mesmo objeto. O foco seja do professor ou do pedagogo tem que ser o mesmo: ensino, aprendizagem e formação humana. É preciso acreditar que é possível fazer novas práticas pautadas na troca de conhecimentos, experiências, imbuídas de valores éticos e profissionais. REFERÊNCIAS BRASIL. Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de maio de 2006, Seção 1, p. 11. BRZEZINSKI, I. Profissão professor: identidade e profissionalização docente. Brasília: Plano Editora, 2002. CHRISTOV, L. H. S. Garota interrompida: metáfora a ser enfrentada. In: PLACCO,V. M. N. S.; ALMEIDA, L. R. (Org.). O Coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. São Paulo: Loyola, 2010. GRINSPUM, M. P. S. Z. O papel da orientação educacional diante das perspectivas atuais da escola. In: GRINSPUM, M. P. S. Z. (Org.). Supervisão e orientação educacional: perspectivas de integração na escola. São Paulo: Cortez, 2008. LIBÂNEO, J. C. Organização da Escola: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001. ORSOLON, L. A. M. O coordenador/ formador como um dos agentes de transformação da/na escola. In: PLACCO, V. M. N. de S.; ALMEIDA, L. R. (Org). O Coordenador pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo: Loyola, 2001. PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Editora Ática, 2006.

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