O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL



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Transcrição:

1 O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Karine Adriana Camilo 1 Sandra Aparecida Machado Polon 2 RESUMO: Este artigo é resultado do Estágio Supervisionado da Educação Infantil, o qual foi realizado no primeiro semestre de 2010, no terceiro ano do curso de Pedagogia da UNICENTRO, o mesmo faz parte da Grade Curricular do curso, tornando-se assim obrigatório aos acadêmicos. O presente estudo tem como objetivo apresentar discussões sobre o Papel do Pedagogo na Educação Infantil, mais precisamente sobre as funções enquanto Coordenador Pedagógico de CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil). As discussões apresentadas neste artigo foram construídas a partir de estudos bibliográficos e estudo de caso. O embasamento teórico utilizado encontra-se nos seguintes autores: Ferreira, Libâneo, Corte e Kipper, na LDB 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases; nas Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia e no Regimento da Educação Infantil. PALAVRAS-CHAVE: Coordenador Pedagógico. Papel do Pedagogo. Educação Infantil. Estágio Supervisionado. INTRODUÇÃO As reflexões sobre o Papel do Pedagogo na Educação Infantil, apresentadas nesse estudo fazem parte dos dados obtidos durante a realização do estágio Supervisionado em Educação Infantil, realizado no primeiro semestre de dois mil e dez em um Centro Municipal de Educação Infantil do município de Irati-PR. O estágio foi realizado em três momentos: observação, participação e atuação. A observação foi realizada nos meses de março e abril, a participação nos meses de abril e maio e a atuação no mês de maio. 1 Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO. Email: karinecamilo1@yahoo.com.br 2 Professora Msª. Orientadora deste trabalho e professora do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO. Email: sandrapolon@yahoo.com.br

2 Para efetivação deste estágio, no primeiro momento aprofundamos os conhecimentos teóricos sobre a Educação Infantil e sobre o que é o Estágio Supervisionado. Desse modo, fazse necessário ressaltar que existem normas e princípios para realizar um bom trabalho na Educação Infantil. Da mesma forma, é no Estágio, o qual faz parte do curso que possibilita ao acadêmico um primeiro contato com a prática e as teorias, estando assegurado por lei a sua execução. Os momentos de observação, participação e atuação realizados no estágio despertaram ainda mais o interesse em saber como é o trabalho do Coordenador Pedagógico, bem como as suas funções na Educação Infantil. Sendo este um assunto que vem sendo estudado, porém de forma abrangente. No decorrer do Estágio nos deparamos com a presença do Pedagogo, com isso percebemos que este é o responsável por toda a instituição, isto é, devendo tomar todas as medidas necessárias para o bom funcionamento. Ao observar as atividades do Coordenador Pedagógico surgiram alguns questionamentos, como: este funcionário desenvolve somente aquilo que cabe a sua função, conhece todas as suas funções segundo a legislação? Desta forma, foram utilizados alguns documentos, mais precisamente o Regimento Escolar da Educação Infantil para esclarecer os questionamentos levantados anteriormente. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Este artigo apresenta considerações sobre a História da Educação Infantil. Os dados discutidos são frutos do Estágio Supervisionado da Educação Infantil e dos estudos teóricos. A Educação Infantil teve seu início na França em 1770, tendo objetivos totalmente inversos aos que conhecemos hoje. Sua função era de abrigar e guardar crianças pequenas das classes menos favorecidas daquela época. Esta ideia permaneceu por algum tempo no mundo todo, sendo comparadas com asilos e internatos. O foco principal da época era apenas o assistencialismo, isto é, de cuidados básicos do corpo visando à higiene da criança. Com o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, aumenta ainda mais a necessidade de oferecer esses espaços para atender crianças. Em consequência disso surgiu no final do século XX, no Brasil as creches públicas, as quais possuem os mesmos objetivos desde o surgimento, porém sendo voltadas a minimizar os graves problemas decorrentes do

3 grande número de mulheres no mercado de trabalho. Neste período, não houve participação do estado na implantação e no funcionamento inicial das instituições de atendimento infantil. Com o passar dos tempos foram implementadas melhorias para atender crianças pequenas nas Instituições de Educação Infantil. A partir da Constituição Federal de 1988, começaram as conquistas para novos direitos das crianças brasileiras. De acordo com a Constituição Federal, a instituição de Educação Infantil, deve passar a ser vista como uma alternativa e um direito das famílias e das crianças, sendo também uma alternativa para melhorar as relações familiares, ou seja, aproximar a família da comunidade e libertar a mulher da rotina doméstica. No entanto, no final dos anos 80 e década de 90, foram períodos de reformulação da legislação para pensar novos conceitos sobre a família, a escola e a educação. Essas mudanças refletiram na criação do ECA Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual tornou-se juridicamente legalizado perante aos direitos de cidadão concedidos a criança e adolescente. Mas, isso tudo não tornou-se suficiente para o grande avanço da Educação Infantil, somente com a LDB Lei de Diretrizes e Bases que houve legalmente a obrigatoriedade ao atendimento das crianças de zero a seis anos de idade, considerando-a como primeira etapa da Educação Básica brasileira. Entretanto, a LDB 9394/96 tornou-se a Política Nacional contemplando a Educação Infantil, assegurando em alguns artigos tudo o que é de direito das crianças com faixa etária adequada para esta etapa da Educação Básica. Art.29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30. A Educação Infantil será oferecida em: I creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II pré-escola, para crianças de quatro a seis anos de idade. Art. 31. Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.

4 Após a LDB surgiram ainda outros documentos criados pelo MEC, sendo norteadores da Educação Infantil, dentre eles o Referencial Teórico Curricular e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. A parir dessas propostas educacionais elaboradas via MEC, destacam-se alguns pressupostos como linha de direção que devem alicerçar a ação pedagogia, sendo: Cuidar-Brincar-Educar, três princípios conhecidos como a tríade da Educação Infantil. O cuidado significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades nas crianças, isto é, precisa considerar as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas podem dar pistas importantes sobre as qualidades recebidas. É sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está num continuo crescimento e desenvolvimento, interessar-se sobre o pensar e o sentir da criança, identificando e respondendo as suas necessidades. Já o educar significa propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integradas e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relações interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento da capacidade de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outras coisas daquilo que aparentam ter. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes dão origem, sabendo que estão brincando. O brincar entre as crianças auxilia-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Podemos relacionar o processo de evolução da Educação Infantil com o período em que foi realizado o Estágio Supervisionado, possibilitando então analisarmos a prática do brincar-educar-cuidar nesta etapa, entre outros acontecimentos da prática pedagógica. O ESTÁGIO NA EDUCAÇÃO INFANTIL O Estágio Supervisionado é uma etapa fundamental para que ocorra uma melhor qualidade na Formação de Pedagogo, proporcionando também experiências e aprendizagens

5 práticas ao mesmo. Para realizá-lo é preciso ter todo um embasamento teórico sobre o que é o estágio, pois este requer muita seriedade e legalidade. O período de Estágio é obrigatório no curso de Pedagogia, pois o mesmo consta na Grade Curricular deixando claro que os acadêmicos devem realizar quatro modalidades de estágio, sendo na Educação Infantil, nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, no Magistério Nível médio e na Gestão, assim fica explicito a necessidade em possuir primeiramente os conhecimentos teóricos. Desse modo, o estágio torna-se uma oportunidade de estar fundamentando toda teoria ou parte da teoria já estudada pelo acadêmico, exigindo também a clareza sobre as diversas maneiras de relaciona a teoria e a prática. Ao realizar um estágio, o acadêmico vivenciará três momentos dentro de cada modalidade de estágio, sendo primeiro a parte de observação, em seqüência a participação e para finalizar a atuação, nestes momentos o estagiário não poderá intervir diretamente e constantemente na realidade, o mesmo poderá apenas apropriar-se dos fatos ou acontecimentos para que ao tornar-se um profissional desta área não faça os mesmos equívocos vivenciados nos períodos de estágio. Vale ressaltar que no estágio pode intervir através de reflexões, sendo este o ponto fundamental para gerar conhecimentos. Para desenvolver este artigo realizou-se o Estágio Supervisionado na Educação Infantil, o qual seguiu todas as etapas e normas citadas anteriormente. Dessa forma, foi possível presenciar momentos práticos do cotidiano educacional, em especifico na Educação Infantil. Este momento despertou maiores interesses em elaborar esta pesquisa dando ênfase ao Pedagogo. No decorrer do estágio, além de estar se relacionando diretamente com as crianças notou-se indiretamente que o Coordenador Pedagógico desenvolve um trabalho amplo dentro da instituição, pois este não possui nenhum auxílio de outro profissional, isto é, não possui Diretor, nem Auxiliar Administrativo e/ou Secretário. A partir destas reflexões busca-se compreender qual é a função desse profissional segundo as legislações, utilizando especificamente o Regimento Escolar da Educação Infantil. O estágio possibilitou uma pequena visão sobre a parte administrativa e burocrática do Coordenador Pedagógico, porém foi necessário para realizar algumas reflexões e estudos sobre este profissional.

6 O COORDENADOR PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL Antes de falarmos especificamente do Coordenador Pedagógico na Educação Infantil, é necessário fazermos algumas considerações sobre a formação desse profissional, bem como os campos de atuação e alguns comentários sobre a legislação. O curso de Pedagogia possibilita uma abrangência muito grande nas Diretrizes Curriculares, isto é, o Pedagogo recebe a formação para atuar nas seguintes áreas: Docência na Educação Infantil, anos iniciais do Ensino Fundamental, cursos de Ensino Médio na modalidade normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviço e de apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Desse modo, fica explicito que a atuação de um Pedagogo no âmbito educacional é de extrema importância, por isso a sua formação deve ser com muita competência e seriedade. No entanto, a Lei nº 9394/96 LDB Lei de Diretrizes e Bases, deixa claro em seu artigo 64 que: A formação de profissionais da educação para administração, planejamento, inspeção e orientação educacional para educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base nacional comum. Nota-se que a função do Pedagogo responde por uma série de questões, dentre elas algumas são: integração e articulação do trabalho pedagógico-didática aos professores, formação continuada de professores e monitoração sistemática da pratica pedagógica dos professores (LIBÂNEO, 2004 p. 219). Num segundo momento, este mesmo autor afirma: As funções da coordenação pedagógica podem ser sintetizadas nesta formulação: planejar, coordenar, gerir e acompanhar e avaliar todas as atividades pedagógicas-didáticas e curriculares da escola e da sala de aula, visando atingir níveis satisfatórios de qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens dos alunos (LIBÂNEO, 2004, p.221). De acordo com o mencionado acima, fica mais fácil analisar algumas questões sobre o Coordenador Pedagógico da Educação Infantil, sendo este um profissional que foi observado a partir do Estágio Supervisionado desenvolvendo um trabalho muito amplo em seu contexto. Assim, buscou-se conhecer melhor quais são as funções enquanto Coordenador Pedagógico na

7 Educação Infantil de acordo com o Regimento Escolar dos Centros Municipais de Educação Infantil. Neste documento constatou-se tudo aquilo que compete a sua função, bem como os seus direitos e deveres. No capítulo III seção I do Regimento Escolar dos Centros Municipais de Educação Infantil, especificamente no artigo 18 fica claro que cada estabelecimento de Educação Infantil deve ter a presença do Coordenador Pedagógico. Art. 18 - Este Estabelecimento possui do serviço de Coordenação Pedagógica que atua no desenvolvimento curricular, coordenando o grupo de profissionais na execução das suas funções, assessorado pelo Departamento Municipal de Educação. PARAGRAFO ÚNICO- Os profissionais para atuarem na coordenação Pedagógica deverão ter formação em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pósgraduação em educação, conforme Deliberação n 02/2005 CEE. Ainda neste mesmo documento, mesmo capítulo e na mesma seção, temos o artigo 19 que traz treze funções do Coordenador Pedagógico, sendo elas: Art. 19 - Compete ao Coordenador Pedagógico: I - orientar e dar sugestões aos professores na elaboração dos projetos de ensino; II - estimular o contínuo aperfeiçoamento do pessoal docente e dos métodos e técnicas de ensino; III - analisar os resultados obtidos e sugerir modificações na Proposta Pedagógica, quando conveniente; IV - manter controle periódico dos índices de aproveitamento das turmas; V - assessorar a Direção nas decisões que dizem respeito ao setor da Coordenação Pedagógica; VI - acompanhar o rendimento escolar dos alunos, pesquisando sobre as causas do aproveitamento insuficiente; VII - participar dos Conselhos de Classe; VIII - dar assistência às atividades desenvolvidas pelo atendente de biblioteca, com finalidades educacionais; IX - responsabilizar-se pela utilização e conservação do material audiovisual; X - subsidiar a Direção com dados e informações relativas aos serviços de ensino prestados por este Estabelecimento e o rendimento do trabalho escolar; XI - propor à Direção a implementação de projetos a serem desenvolvidos por este Estabelecimento e coordená-los, se aprovados; XII - participar, sempre que convocado, de cursos, seminários, reuniões, grupos de estudo e outros eventos; XIII - exercer as demais atribuições decorrentes deste Regimento e no que concerne à especificidade de sua função.

8 Já os artigos 69 e 70, do Regimento Escolar dos Centros Municipais de Educação Infantil, capítulo III da seção I trazem tudo aquilo que é direito do Coordenador Pedagógico, sendo: Art. 69 - O presente regimento reafirma o direito a pluralidade de idéias e concepções pedagógicas, garantidas nas Constituições Federal e Estadual, que embasa a gestão democrática deste Estabelecimento; Art. 70 A Coordenação no cumprimento de suas atribuições profissionais e na sua inserção no trabalho coletivo desenvolvido tem assegurado os seguintes direitos: I- requisitar todo material que julgar necessário ao desempenho de sua atividades, observando as possibilidades do Estabelecimento; II- propor a Direção, medidas que objetivem o aprimoramento dos métodos e técnicas de ensino, de avaliação, de administração e de disciplina; III- de participar, opinar e definir juntamente com toda a comunidade escolar estratégias planejadas para a oferta de atendimento educativo de qualidade; IV- de requisitar materiais de apoio que possam subsidiar a ação educativa desenvolvida e o próprio aprofundamento teórico necessário a atuação profissional; V- de participar de momentos de estudos individuais e coletivos previstos em cronograma da instituição para planejamento específico do processo ensinoaprendizagem a ser desenvolvido com as crianças. VI- organizar o trabalho educativo como um todo e aprofundamento teórico - pratico que permita maior conhecimento sobre sua atuação profissional; VII- desenvolver uma prática educativa autônoma e comprometida com as estratégias coletivas, em coerência com os princípios constitucionais que definem a oferta de uma educação democrática sensível aos direitos humanos; VIII- participar em eventos que promovam a formação continuada incluindo a capacitação em serviço e o incentivo a ampliação de escolaridade ao nível superior. Temos também no artigo 71 do capítulo III na seção II, quatorze itens que são os deveres do Coordenador Pedagógico, sendo eles: Art. 71 É dever da Coordenação Pedagógica: I - cumprir o horário e o Calendário Escolar; II - manter absoluta assiduidade, comunicando com antecedência, sempre que possível, os atrasos e faltas eventuais; III - manter a disciplina e o respeito no Estabelecimento de Ensino; IV - participar de todas as reuniões para as quais for convocado; V - zelar pela economia do material do Estabelecimento; VI - acatar decisões da Direção; VII - guardar sigilo sobre os assuntos do Estabelecimento que não devem ser divulgados; VIII - assessorar os professores, articular ou mediar os trabalhos juntamente com os professores o desempenho dos alunos; IX - planejar em conjunto com a direção cursos e programas a serem oferecidos pela secretaria; X - desenvolver atividades inerentes ao cargo. XI - atualizar-se permanentemente para acompanhar o processo de mudança que ocorre na educação e nas diversas instancias sociais a fim de realizar uma prática educativa consciente de suas ações;

9 XII - observar o desenvolvimento de atividade conforme conceitos redesenhados pela Entidade, compreendendo seus aspectos sócio educativos e filosóficos; XIII - analisar os resultados obtidos e sugerir modificações na Proposta Curricular quando conveniente; XIV - a Coordenação da Escola em parceria com o Departamento Municipal de Educação auxiliará no acompanhamento contínuo e permanente dos resultados obtidos pelos alunos através de visitas as salas, reuniões pedagógicas, grupos de estudos, orientações individuais como forma de auxilio aos professores. Após termos esses dados sobre as suas funções, fica explicito que o Coordenador Pedagógico dos Centros Municipais de Educação Infantil do Município de Irati/PR exercem uma função além daquilo que compete via legislação, embora tenham um auxilio dos profissionais da equipe da Secretaria Municipal de Educação. Observou-se durante a coleta de dados, que o Coordenador Pedagógico assume salas de aula para suprir a falta de professores quando se faz necessário, faz toda a parte de documentação dos alunos da Instituição por não possuir o auxilio de um Secretário ou Auxiliar Administrativo, sendo também o responsável pela parte financeira e burocrática por não ter a função de diretor no estabelecimento de ensino. De acordo com as citações realizadas anteriormente, conforme o Regimento Escolar dos Centros Municipais de Educação Infantil, ficou claro que o Coordenador Pedagógico exerce um papel muito importante dentro da Instituição de Educação Infantil, pois este tem como função principal o assessoramento à professores e alunos, bem como a participação ativa na elaboração dos planejamentos. Ainda, no Regimento Escolar ficou claro que o Coordenador Pedagógico tem a função de dar assistência ao Diretor Escolar e não assumir esta função. No entanto, pode-se dizer que o Coordenador Pedagógico do Centro municipal de Educação Infantil está com a sua função totalmente sobrecarregada, pois acaba exercendo funções de outros profissionais, deixando de lado muitas vezes aquilo que é de sua competência. CONSIDERAÇÕES FINAIS As reflexões apresentadas neste artigo sobre o Estágio Supervisionado na Educação Infantil e o papel do Coordenador Pedagógico neste cenário, possibilitaram uma melhor

10 compreensão teórica e prática sobre a função deste profissional. Além de termos um contato diretamente com as crianças, estas que passam parte de suas vidas em Instituições Educacionais por motivos variados, mas recebendo tudo aquilo que é necessário para o seu desenvolvimento social, cognitivo e afetivo. No decorrer de tantas transformações obtidas na Educação Infantil, percebe-se que há questões para serem revistas, e uma delas é a falta de profissionais capacitados para trabalhar com a parte administrativa e financeira destes estabelecimentos, sendo assim, tornaria o Coordenado Pedagógico um profissional com disponibilidade para atender toda a parte pedagogia e o assessoramento aos professores e demais profissionais. Embora, seja importante mencionar que no momento os CMEIs, vêm passando por alterações na sua organização pedagógica, administrativa e estrutural pelo fato de que estes foram assumidos pela SME entre 2007 e 2008, portanto percebe-se uma readequação nas várias funções dessas instituições. Assim, acredita-se que a função do coordenador pedagógico também seja revista no sentido de atribuir-lhe as funções mencionadas no estudo e sejam contratados novos profissionais para melhoria da prática pedagógica na educação infantil. REFERÊNCIAS CARNEIRO, Moacir Alves. LDB fácil: leitura crítico-compreensiva. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. FERREIRA, Naura S. C.. A formação do pedagogo. (vídeo) IRATI, Regimento Escolar da Educação Infantil. Mimeo, 2007. KIPPER, Susana Maribel; CORTE, Marilene Gabriel Dalla. A cultura da pesquisa no estágio curricular supervisionado do curso de Pedagogia. 2008. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Alternativa, 2004. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos para quê? São Paulo: Cortez, 2008. PARANÁ, Normas e princípios para a Educação Infantil no sistema de ensino no Paraná. Processo n 610/05. Deliberação n 02/5005. Aprovada em 06/06/2005.

11 PIMENTA, Selma Garrido. Pedagogo na escola pública: uma proposta de atuação a partir da análise. São Paulo: Loyola, 1991. SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas, SP: Autores Associados.2008.http/www.diaadia.pr.gov.Br/cge/modules/conteúdo/conteúdo.php? conteúdo=12http://www.pedagogia.seed.pr.gov.br/arquivos/file/o/tp/diretrizespedagogia.pdf, Acessado em 18/09/09.