Ano VII Número 12 Janeiro de 2009 Periódicos Semestral. Brucelose Bovina

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Transcrição:

Brucelose Bovina BATAIER NETO, Miguel SANTOS, William Ribeiro Martins dos INFORZATO, Guilherme Repas TOZZETTI, Danilo Soares will_the_doctor@hotmail.com Discentes da Faculdade de Medicina Veterinária de Garça/SP FAMED PEREIRA, Rose Elisabeth Peres Docente da Faculdade de Medicina Veterinária de Garça/SP FAMED roselisabeth@yahoo.com.br Resumo Brucelose bovina é uma doença infecto-contagiosa, sendo considerada uma doença de caráter zoofílico. Os humanos são hospedeiros acidentais e podem ser infectados via exposição a animais infectados ou consumo de alimentos contaminados. Palavra chave: Brucelose bovina, Brucella sp Tema: Medicina Veterinária. Abstract Brucellosis is an infectious disease with characteristic of zoonosis. The brucellosis is primarily a zoonotic disease found in both wild and domestic animals. Humans are accidental hosts and can be infected through exposure to infected animals or consumption of contaminated foods. Key word: brucellosis bovine, Brucella sp 1. Introdução A Brucelose bovina é uma doença causada por uma bactéria denominada Brucella abortus (conhecida como moléstia de Bang), ocasionando frequentemente aborto em vacas principalmente no terço final da gestação e orquite nos machos. A

presença da brucelose no rebanho brasileiro, tanto de corte quanto de leite, ainda é muito grande, causando prejuízos aos sistemas de produção. A vacinação deve ser feita em todas as fêmeas das espécies bovina e bubalina, na faixa etária de três a oito meses de idade. Em propriedades certificadas, recomenda-se que as bezerras, sejam vacinadas com até seis meses de idade. A vacinação será efetuada sob responsabilidade de médicos veterinários cadastrados. O objetivo deste trabalho é demonstrar os prejuízos causados pela brucelose bovina. 2. Conteúdo 2.1 Etiologia A Brucella abortus assim como as demais bactérias do gênero são cocobactérias gram negativas, imóveis, não capsuladas nem esporuladas, aeróbias ou microaerófilas (CABRAL, 2000) 2.2 Epidemiologia A brucelose bovina apresenta distribuição mundial, com exceção do Japão, Canadá, Austrália e de vários países europeus onde foi erradicada, com a adoção de medidas iniciadas há mais de vinte anos. (MONTEIRO, 2004). Segundo Monteiro (2004), no Brasil ela é endêmica e as perdas econômicas são causadas por abortos, redução de 15% na produção de bezerros, aumento no intervalo entre partos de 11,5 para 20 meses, diminuição de 25% na produção de carne e leite, e por complicações reprodutivas, com períodos de esterilidade temporária ou infertilidade, além da desvalorização comercial das propriedades e seus animais considerados infectados. A Brucelose no homem é de caráter ocupacional, já que estão mais sujeitos a infectar-se pessoas que trabalham diretamente com os animais infectados (tratadores, proprietários e médicos veterinários) ou aqueles que trabalham com

produtos e subprodutos de origem animal (funcionários de matadouros, laticínios e laboratórios) (RIBEIRO, 2000). 2.3 Patogenia Acometem preferencialmente fêmeas em idade de reprodução e eventualmente os machos, multiplicando-se no interior dos fagócitos e disseminando-se principalmente pela via hematógena, tendo predileção por úteros gravídicos, tecidos mamários e ósteo articulares e órgãos do sistema reprodutor masculino. A predileção para útero gravídico se deve à produção, do hormônio chamado eritritol, que atrai as brucelas e funciona como fator estimulante para o seu crescimento. Nas fêmeas ocorre aborto, retenção de placenta, corrimentos vaginais, endometrites e mastites, já nos machos podem ser registradas a orquite, epididimite e esterelidade. Após o parto ou aborto, as bactérias são eliminadas do útero, mas o animal permanece portador da doença indefinidamente. Pode ser transmitida ao homem pela ingestão de leite ou derivados do animal contaminado, manipulação de carne contaminada, contato direto com animal doente ou feto abortado, manipulação incorreta da vacina (B19). A brucelose humana é muito polimorfa. No entanto, os principais sintomas são mal estar, fraqueza, febre ondulante, sudorese noturna, cefaléia, dor nas articulações, gripes, tosse e diarréia, não causando aborto nas mulheres, já que estas não produzem eritritol (TOLEDO, 2005). 2.4 Achados clínicos Os sinais clínicos predominantes em vacas gestantes é o aborto ou o nascimento de animais mortos ou fracos. Geralmente o aborto ocorre na segunda metade de gestação, causando retenção de placenta, metrite e, ocasionalmente, esterilidade permanente. É estimado que a brucelose cause perdas de 20 25% na produção leiteira, devido aos abortos e aos problemas de fertilidade. Nos touros a infecção se localiza nos testículos, vesículas seminais e na próstata. A doença manifesta-se por orquite, que acarreta baixa de libido e infertilidade. Os testículos

podem apresentar, também, degeneração, aderência e fribrose. Às vezes podem ser observado artrite (RIBEIRO, 2000). 2.5 Diagnóstico A suspeita está baseada fundamentalmente nos sinais clínicos; entretanto, o diagnóstico definitivo sempre será sorológico ou bacteriológico, porque há numerosas causas de aborto, e os sinais clínicos de brucelose bovina não são patognomônicos. (TOLEDO, 2005) O exame bacteriológico é executado a partir de espécimes suspeitos semeados em meios de cultura especiais. Uma vez isolada, a Brucella abortus é identificada pelas características culturais, tintoriais, morfológicas e bioquímicas. As colônias são pequenas, translúcidas, brilhantes, convexas, de bordos arredondados e bem definidos e, geralmente, de coloração leitosa, levando de 3 a 7 dias para sua visualização (TOLEDO, 2005). 2.6 Tratamento Não existindo para animais tratamento eficiente, é indicado o afastamento dos soro-positivos do rebanho e da criação, devendo também serem tais animais identificados com marca especial a fogo daqueles comprovadamente doentes e identificado por esses testes (CABRAL, 2000). 2.7 Profilaxia Para a espécie bovina, existe uma vacina denominada B.19, que é altamente eficiente, preparada com microorganismos vivos que foram atenuados por passagens em meios de cultivos especiais. As colônias dessa bactéria nesses cultivos adquirem a característica de apresentarem-se com aspecto rugoso, diferentemente daquelas infeciosas que tem suas colônias o aspecto liso. Essas

bactérias obtidas das colônias a imunidade duradoura nos animais, porém é necessário que a aplicação procedida antes da puberdade do animal a ser imunizado, ou seja em torno dos 6 meses de idade, caso contrário poderão infectar causando a doença ao invés de prevenir o animal quando forem estes mais tardiamente inoculados. (THADEI, 2008) 3. Conclusão Pode-se concluir que a brucelose bovina causada pela (Brucella abortus) é uma enfermidade endêmica no Brasil, onde causa grandes prejuízos ao produtor e para a economia do agronegócio brasileiro. 4. Referências Bibliográficas CABRAL, José Wilson, UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA, DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO DA BRUCELOSE BOVINA NO MUNICÍPIO DE IMBUIA (SC), pag 16, 2000 ISHUZUKA, Profa Dra Masaio Mizuno, EPIDEMIOLOGIA E PROFILAXIA DA EPIDIDIMITE INFECCIOSA OVINA 2002, pag 6 MONTEIRO, L. A. R. C., Prevalência e fatores de risco associados à brucelose bovina em rebanhos de Mato Grosso do Sul, pag. 89-90, 2004 RIBEIRO, Vincente da Fonseca, CONTROLE E ERRADICAÇÃO DA BRUCELOSE BOVINA,UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA, Pag 13,14, 2000 TOLEDO, Kenia Alberto. UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO, BRUCELOSE BOVINA, 2006

TOLEDO, Marita Pilon, Centro Universitário Anhanguera, Brucelose bovina: Vacinação de bezerras entre 3 e 8 meses de idade no município de Santa Cruz da Conceição, pag. 2, 2005. THADEI, Carmello Liberato, MV, Bruceloses: Conheça as diversas espécies que esta doença atinge, São José do Rio Preto, retirado do site: http://www.saudeanimal.com.br/artig112.htm, acesso em: 01 de outubro de 2008.