Capítulo 188 Infiltração em um canal de terra

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Transcrição:

Capítulo 188 Infiltração em um canal de terra 188-1

188 Infiltração em um canal de terra 188.1 Introdução Às vezes, é importante estimarmos a infiltração da água em um canal de terra. Para isso, usamos as hipóteses de Dupuit, que são fáceis de serem aplicadas. Uma outra maneira mais simplificada é usar os ensinamentos de Linsley et al. (1992). 188.2 Hipótese de Dupuit Usando as hipóteses de Dupuit Forchheimer, conforme Delleur (1999), podemos estimar, para aquíferos não confinados, a vazão infiltrada em um canal, conforme Figura (188.1). As hipóteses originais de Dupuit foram feitas em 1863 e as de Forchheimer em 1930. Figura 188.1 Infiltração em um canal Fonte: Delleur (1999). Q= 2K Dw [( Di +Hw 0,5Dw)/(L 0,5Ws)] (Equação 188.1) Sendo: Q= vazão infiltrada (m 3 /dia) Dw= profundidade do lençol freático (m) Di= altura do fundo do canal até a superfície impermeável (m) L= distância do eixo do canal até Dw (m) Ws= largura superficial do canal (m) Wb= largura da base do canal trapezoidal (m) K= coeficiente de permeabilidade (m/dia) Restrição: Di < 3Ws 188-2

Exemplo 188.1 Citado no livro por Delleur (1999) Estimar a infiltração de um canal com altura Hw= 1,00m, escavado em um solo com condutividade hidráulica K=2m/dia de maneira que a distância do fundo do canal até a superfície impermeável é Di= 10m. É fornecida a queda Dw= 0,5m que é observado na distância L- 0,5 x Ws= 400m. Calcular a importância da infiltração. Q= 2 K Dw [(Di +Hw 0,5Dw)/(L 0,5Ws)] Q= 2 x 2 x 0,5[(10 +1,0 0,5x 0,5) /400]= 0,05375m 3 /dia= 53m 3 /dia/km Vamos aplicar a equação de Manning para achar a vazão máxima considerando n= 0,022, declividade S= 0,0004m/m e Wb= 4m e inclinação dos taludes de 45º. Q= (1/n) x A x Rh (2/3) x S 0,5 A=5m 2 Rh=5/6,828= 0,732m Q= 3,692m 3 /s= 318.988m 3 /dia Em 40km de canal, teremos: Infiltração: 40km x 53m 3 /dia/km= 2120m 3 /dia Máxima vazão: 318.988m 3 /dia (2120m 3 /dia/318.988m 3 /dia) x 100= 0,7% A infiltração em 40km é somente 0,7% e, portanto, muito baixa. 188-3

188.3 Infiltração no canal de terra usando Linsley et al. (1992). Os americanos usam a palavra seepage que pode ser traduzida como vazamento ou infiltração. Usaremos o termo infiltração. Linsley et al. (1992) informam que mesmo em canais revestidos existem infiltrações que são de aproximadamente 0,015 m/d. Essas infiltrações podem ser feitas por rachaduras e até mesmo pelos weeps holes (barbacãs) que são usados para aliviar a supressão hidrostática. Em canais não revestidos, Linsley et al. (1992) usam: Tabela 188.1 Infiltração em canais sem revestimento, conforme Linsley et al. (1992) Material Infiltração m/d Infiltração mm/h Clay loam 0,075 a 0,225 3,13 a 9,40 Sandy loam 0,30 a 0,45 12,5 a 18,8 Loose Sandy soils 0,45 a 0,60 18,8 a 25 Gravelly soils 0.90 a 1,80 37,5 a 75 Exemplo 188.2 A vazão em um canal trapezoidal de terra com base de 3,00m, talude 3H:1V, altura de 1,00m, declividade S= 0,0006 m/m, rugosidade de Manning n=0,035 e solo com Sandy loam com condutibilidade hidráulica de 0,45m/d 18,8mm/h. Estimar a infiltração em 1000m ao longo do canal e comparar a vazão do canal com a infiltração. Os dados são: n=0,035 y=1,00m S=0,0006 m/m K= 0,45m/d z=3 (talude) b=3m Área= A= (b+zy)y= (3 + 3x1) 1= 6 m2 Perímetro molhado P= b+2y (1+z 2 ) 0,5 = 3 +2x1 (1+3 2 ) 0,5 = 9,32m Raio hidráulico R= A/P= 6/9,32=0,64 m Valor do espelho (na parte superior) T= b + 2.z.y= 3 + 2x3x1=9 m V= (1/n) R 2/3 x S 0,5 V= (1/0,035) 0,64 2/3 x 0,0006 0,5 V= 0,52 m/s < 1,30m/s DER-SP e 1,5 m/s DAEE-SP Q= A x V= 6x 0,52= 3,12 m 3 /s 188-4

Considerando que a parte superior do canal tem largura T= 9m, teremos: Infiltração= T x K x 1000= 9 x 0,45 x 1000 = 4050 m 3 /dia= 0,0469 m 3 /s Como a vazão no canal é 3,12 m 3 /s, então, em 1000m será infiltrado: 0,0469/ 3,12=0,015= 1,5% da vazão é infiltrada em 1000m. 188-5

188.4 Bibliografia e livros consultados -BEDIENT, PHILLP B et al. HYDROLOGY AND FLOODPLAIN ANALYSIS. 4ª ed. 2008. Editora Prentice Hall, 795 páginas. -DELLEUR, JACQUES. The handbook of groundwater engineering. Editora CRC Press, ano 1999, ISBN 0-8493-2698-2. -DINGMAN, LAWARENCE. Physical hydrology. Editora Prentice Hall, 2a ed, ano 2002, 646 páginas, ISBN 0-13-099695-5. -GUPTA, RAM S. Hydrology and Hydraulic Systems. 3a ed. 896 páginas, Editora Waveland press. -LINSLEY, RAY et al. Watger resourdes engineering. McGrawHill, 1992, - 188-6