É a perda do direito de punir do Estado (do ius puniendi concreto ou da pretensão executória) em virtude de sua inércia e do transcurso do tempo.



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Transcrição:

Doutrina Da prescrição (CP, art. 107, IV) É a perda do direito de punir do Estado (do ius puniendi concreto ou da pretensão executória) em virtude de sua inércia e do transcurso do tempo. Natureza jurídica: é matéria de Direito penal, não de processo penal. De outro lado, é matéria de ordem pública, que conta com prioridade. Fundamentos: (a) ineficácia da condenação penal depois de transcorrido certo lapso de tempo; (b) incompatibilidade da condenação com a ressocialização do agente depois de transcorrido muito tempo da data do crime; (c) negligência do Estado. Prescrição não se confunde com decadência: (a) a prescrição pode ocorrer antes ou depois do trânsito em julgado; a decadência só é possível antes da propositura da ação; (b) a prescrição pode ocorrer em relação a qualquer crime; a decadência só acontece nos crimes de ação penal privada e nos de ação pública condicionada à representação; (c) a prescrição atinge diretamente o ius puniendi concreto ou a pretensão executória; já a decadência atinge diretamente o direito de queixa ou de representação e só indiretamente o ius puniendi concreto; (d) a prescrição é improrrogável, porém, está sujeita à suspensão e se interrompe; a decadência não se suspende, não se interrompe e não se prorroga. Todos os crimes são prescritíveis? Em princípio sim. Exceções: (a) CF, art. 5º, inc. XLII (racismo); (b) CF, art. 5º, inc. LXIV (ação de grupos armados contra o Estado Democrático). A prescrição elimina a infração penal? Não. Afeta o ius puniendi concreto ou a pretensão executória, mas não faz desaparecer o fato. Logo, cabe ação civil mesmo quando se reconhece a prescrição. Espécies de prescrição: (a) prescrição da pretensão punitiva (PPP), que se dá antes do trânsito em julgado final; (b) prescrição da pretensão executória (PPE), que ocorre depois do trânsito em julgado. A PPP, por seu turno, possui três subespécies: (a) prescrição pela pena máxima em abstrato (CP, art. 109); (b) prescrição retroativa ( do art. 110 c.c. art. 109) e (c) prescrição intercorrente ou superveniente (CP, art. 110, 1º). No total, como se vê, temos quatro modalidades de prescrição: três são espécies de PPP. A quarta é a PPE. Prescrição pela pena em perspectiva ou antecipada ou virtual Admite-se no direito brasileiro a prescrição antecipada ou virtual ou pela pena em perspectiva? Não, segundo a jurisprudência do STF e do STJ. Sim, conforme o entendimento dos juízes de primeira instância. Não se oferece denúncia neste caso, ao contrário, deve o órgão acusador pedir o arquivamento das investigações, por falta de interesse processual. Se pela pena em perspectiva assim como pelo tempo transcorrido já se vislumbra, com segurança, que a punibilidade concreta já foi alcançada pela prescrição retroativa, não se justifica movimentar a máquina judiciária para se alcançar nada no final. Daí o acerto da Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo em recomendar aos Membros do MP o pedido de arquivamento das peças investigativas. A máquina judiciária não pode ser movimentada para se chegar a nada. O provimento jurisdicional, nesse caso, é inútil. Não conta com utilidade. Não há, portanto, interesse de agir, que exige utilidade do provimento, necessidade e adequação. Exemplo: o MP acaba de proceder à leitura de um inquérito - 1 -

policial (em janeiro de 2005) que trata do furto de uma motocicleta ocorrido em 1999. João, com vinte e dois anos na época, primário e de bons antecedentes, subtraiu a motocicleta e a restituiu logo após o recebimento da denúncia. Nada mais praticou no período. Reparou os danos e hoje é comerciante na cidade, com ótimo relacionamento, bom comportamento social, desfruta de bom caráter etc. Diante de todas essas circunstâncias, lógico que a pena em perspectiva que se vislumbra é a mínima. Pena de um ano prescreve em quatro (CP, art. 109). Da data do fato (1999) até o exame do inquérito (janeiro de 2005) o lapso prescricional já aconteceu. Movimentar a máquina judiciária nesse caso é absolutamente inútil. O arquivamento do inquérito policial é o correto, sem denúncia (por falta de interesse processual). Da prescrição da pretensão punitiva regulada pela pena máxima (em abstrato) de prisão (CP, art. 109) Os prazos prescricionais dessa modalidade prescrição (de PPP) estão no art. 109 do CP (quando o máximo é inferior a um ano prescreve em dois, quando máximo não excede dois anos, prescreve em quatro etc.). As escalas são de: dois, quatro, oito, doze, dezesseis e vinte anos. Menor prazo prescricional no Brasil: dois anos. Maior prazo prescricional no Brasil: vinte anos. Menos de um prescreve em dois, de um a dois prescreve em quadro, de dois a quatro prescreve em oito etc. (veja a tabela do art. 109). Contagem do prazo pela metade: isso é possível nos casos de menoridade (ter menos de vinte e um anos) e de maioridade ter mais de setenta anos (CP, art. 115). Menoridade ao tempo do crime (teoria da atividade CP, art. 4º; não interessa se o agente é casado ou não, se é emancipado ou não) e maioridade ao tempo da sentença. Prova: mediante certidão de nascimento ou de casamento. Comunica-se a redução da prescrição a todos os agentes? Não, salvo se forem também menor ou maior. Extensão: o art. 115 aplica-se a todos os prazos prescricionais (seja crime do CP, seja crime das leis especiais). Crime continuado: alguns cometidos antes dos vinte e um anos e outros depois: Quid iuris? A redução só incide nos crimes cometidos antes da maioridade; Crime permanente: crime iniciado na menoridade e terminado na maioridade: não incide a redução do prazo prescricional. Maioridade e o novo Estatuto do Idoso: a tendência dos tribunais é reduzir a idade de setenta anos (que está no CP) para sessenta ou mais (que vem contemplada no Estatuto do Idoso). Como se descobre o prazo prescricional? Verificando-se a pena máxima do fato narrado (o que importa é o fato narrado, não a qualificação jurídica) e as escalas do art. 109. Se o fato for desclassificado a posteriori, conta-se a prescrição pelo fato desclassificado (não pelo fato inicialmente narrado). A decisão desclassificatória tem efeito retroativo. E se houver aditamento da denúncia? Leva-se em conta o fato narrado mais o aditamento. Natureza jurídica da prescrição do art. 109: é espécie de prescrição da pretensão punitiva (PPP), isto é, da punibilidade concreta. Levam-se em conta as causas de aumento ou de diminuição da pena? Sim, em regra. Exceções: (a) concurso formal; (b) crime continuado. Nessas duas hipóteses a prescrição deve ser contada em relação a cada crime isoladamente (CP, art. 119). Levam-se em conta as agravantes e atenuantes? Não, em regra. Exceções: (a) menoridade, (b) maioridade e (c) reincidência (CP, art. 115). Em regra as agravantes e atenuantes não entram no cômputo da prescrição porque não alterar os marcos legais mínimo e máximo da pena. Quando se inicia o prazo prescricional? (CP, art. 111): do dia em que o crime se consumou (essa é a regra geral); cuida-se de prazo penal, logo computa-se o dia do início; todos os prazos prescricionais são prazos penais. E quando se sabe só o ano do crime? Conta-se do dia 01 de janeiro desse ano - 2 -

(regra mais favorável). E quando se sabe o ano e o mês do crime? Conta do dia primeiro desse mês (regra mais favorável). Regras especiais: (a) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (b) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; Ex.: seqüestro; (c) nos crimes de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assento de registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. Conhecido por quem? Por qualquer autoridade: policial, judicial ou MP. Quais são os períodos prescricionais possíveis? 1º) da data do início do prazo (consoante o art. 111) até o recebimento da denúncia ou da queixa (porque esse recebimento interrompe a prescrição); 2º) da data do recebimento da denúncia ou queixa até a publicação da sentença condenatória (condenatória; a absolutória não interrompe a prescrição); Se se trata de crime da competência do Júri: 1º) Idem; 2_) da data do recebimento da denúncia ou queixa até a publicação da pronúncia; 3º) havendo recurso da pronúncia, da data de sua publicação até a publicação do acórdão confirmatório dela; 4º) da data da publicação da pronúncia (ou do acórdão confirmatório dela) até a publicação da sentença condenatória. Os períodos prescricionais que acabam de ser descritos não podem ser somados. Contam-se isoladamente, porque o recebimento da denúncia ou queixa interrompe a prescrição (que volta a ser contada totalmente). Diga-se o mesmo da publicação da pronúncia, do acórdão que confirma a pronúncia e da publicação da sentença condenatória. Ou a prescrição acontece no primeiro período ou no segundo (no caso do júri: ou no primeiro, ou no segundo, ou no terceiro ou no quarto). Declaração judicial: prescrição é matéria de ordem pública e, portanto, pode ser declarada em qualquer momento, até mesmo de ofício (CPP, art. 61). Efeitos da prescrição do art. 109: (a) extinção do ius puniendi concreto (logo, não pode haver inquérito nem ação penal); (b) impede o exame do mérito do caso; (c) se o agente cometer novo crime não será reincidente; (d) o fato não gera antecedentes criminais (segundo a corrente constitucionalista) etc. Da prescrição retroativa (CP, art. 109 c.c. art. 110 e ) Natureza jurídica: a prescrição retroativa é espécie de PPP (está cancelada a Súmula 604 do STF, que falava em prescrição da pretensão executória). Chama-se retroativa porque, depois de publicada a sentença condenatória, a contagem do prazo deve ser feita olhando-se para o passado (para o tempo que já transcorreu). Características da prescrição retroativa: (a) pressupõe sentença condenatória; (b) leva-se em conta a pena aplicada (não a pena em abstrato); e se a pena for diminuída pelo Tribunal? Leva-se em conta a pena diminuída (não a aplicada na sentença); (c) os prazos prescricionais são os mesmos do art. 109; (d) conta-se o prazo prescricional retroativamente, leia-se: (a) da data da consumação do crime até o recebimento da denúncia ou da queixa; ou (b) da data do recebimento da denúncia ou da queixa - 3 -

até a publicação da sentença condenatória. No júri, devemos ter por base os quatro períodos prescricionais possíveis (já examinados). Exemplo: sentença condenatória publicada em dezembro de 2004; crime de furto, condenação a um ano de prisão; um prescreve em quatro; da data da consumação do crime (1999) até o recebimento da denúncia (que aconteceu em janeiro de 2004) decorreu o lapso prescricional. A pena de um ano está retroativamente prescrita. E se o réu foi absolvido em primeiro grau e condenado pelo Tribunal? Conta-se a prescrição retroativa (a) da data do fato até o recebimento da denúncia ou queixa ou (b) data do recebimento da denúncia ou queixa até a publicação do acórdão condenatório. Note-se: acórdão confirmatório de sentença condenatória não interrompe a prescrição; já o acórdão condenatório sim (interrompe a prescrição). Qual é a diferença entre a prescrição intercorrente e a retroativa? A intercorrente conta-se da publicação da sentença condenatória para frente m(é prescrição que acontece nos tribunais); a retroativa, depois que saiu a sentença condenatória, conta-se para trás (olhando-se o tempo passado). Eventual recurso da acusação pode alterar o prazo da prescrição retroativa? Depende: se a acusação ingressar com recurso, se o recurso da acusação visa ao aumento da pena, se for provido (pelo Tribunal), se a pena for aumentada (pelo Tribunal) e se alterar a escala do prazo prescricional, é possível. Exemplo: condenação por um ano, prescreve em quatro. Se o MP recorrer visando ao seu aumento, se o Tribunal der provimento ao recurso, se o Tribunal aumentar a pena para três anos, sim, altera-se o prazo prescricional. Porque três anos prescreve em oito anos (mudou a escala). Pode a prescrição retroativa ser reconhecida em primeiro grau? Sim, desde que a pena fixada tenha transitado em julgado para a acusação. Após o trânsito em julgado para a acusação o juiz pode, inclusive de ofício, reconhecer a prescrição retroativa. Efeitos da prescrição retroativa: (a) rescinde a sentença condenatória (que não produz nenhum efeito penal); (b) impede o exame do mérito do caso etc. Da prescrição intercorrente ou superveniente (CP, art. 110, 1º) Natureza jurídica: é espécie de PPP (portanto, dá-se antes do trânsito em julgado final). Características: (a) pressupõe sentença (ou acórdão) penal condenatória; (b) o que vale é a pena aplicada na sentença (ou no acórdão), não a pena em abstrato. Concurso formal e crime continuado? Leva-se em conta a pena isolada de cada crime, sem o aumento respectivo (CP, art. 119). E se o Tribunal diminuiu a pena? É a pena diminuída que rege a prescrição intercorrente. (c) os prazos prescricionais são os mesmos do art. 109 do CP; (d) conta-se a prescrição superveniente ou intercorrente a partir da publicação da sentença condenatória até a data do trânsito em julgado final (detalhes: não há interrupção da prescrição pelo acórdão confirmatório da condenação; não há interrupção da prescrição pelos embargos infringentes; no caso de RE ou de REsp o prazo continua contando normalmente). E se o agente foi absolvido em primeira instância e condenado pelo tribunal? Conta-se a prescrição a partir da publicação do acórdão condenatório; (e) não se exige recurso da defesa (leia-se: no recurso da acusação pode dar-se a prescrição intercorrente); (f) pressupõe trânsito em julgado para a acusação no que se relaciona com a pena aplicada. Eventual recurso da acusação pode alterar o prazo da prescrição intercorrente? Depende: se a - 4 -

acusação ingressar com recurso, se o recurso da acusação visa ao aumento da pena, se for provido (pelo Tribunal), se a pena for aumentada (pelo Tribunal) e se alterar a escala do prazo prescricional, é possível. Exemplo: condenação por um ano, prescreve em quatro. Se o MP recorrer visando ao seu aumento, se o Tribunal der provimento ao recurso, se o Tribunal aumentar a pena para três anos, sim, altera-se o prazo prescricional. Porque três anos prescreve em oito anos (mudou a escala). Quais são os efeitos da prescrição intercorrente? 1º) rescinde a sentença condenatória (RTJ 117/321); 2º) se o agente comete novo crime, não é reincidente; 3º) a sentença não pode ser executada no cível; não há impedimento para a ação civil, só para a execução civil; 4º) impede o exame do mérito da causa; 5º) não há lançamento do nome do réu no livro rol dos culpados etc. E se a pena de prisão foi substituída por pena restritiva de direitos? Os prazos prescricionais são os mesmos da pena de prisão. Da prescrição da pretensão executória (CP, art. 110) É a perda do direito estatal de executar a pena fixada numa sentença irrecorrível. Pressuposto lógico: não ocorrência de nenhuma hipótese de PPP. Havendo prescrição da pretensão punitiva, não se examina a PPE. Características: (a) pressupõe sentença condenatória com trânsito em julgado para ambas as partes; (b) a pena aplicada irrecorrível é que regula a PPE; (c) os prazos prescricionais são os mesmos do art. 109. Em caso de reincidência, reconhecida na sentença, aumenta-se o prazo em um terço. Concurso formal ou crime continuado: a PPE regula-se pela pena isolada de cada crime, não se levando em conta o aumento da pena (CP, art. 119 e Súmula 497, quanto ao crime continuado). Concurso material: cada crime tem seu prazo prescricional (CP, art. 119). Durante a execução da prisão, corre a PPE? Não. Durante o sursis ou livramento condicional, corre a PPE? Não. No caso de prisão cautelar, debita-se esse tempo para a contagem da PPE? Não, segundo jurisprudência dominante. Mas isso é questionável, porque tudo que o réu já cumpriu deve ser computado. Efeitos da PPE: (a) extingue a pena aplicada; (b) não rescinde a sentença condenatória (que produz efeitos penais). Conta-se a PPE: (a) regra geral: do dia em que transita em julgado a sentença condenatória para a acusação; (b) regras especiais: do dia em que foi revogado o sursis ou o livramento condicional; (c) do dia em que o preso evadiu-se do cárcere, em caso de evasão. Leva-se em conta a pena total ou a pena que resta? A pena que resta. Cuidando-se de prescrição, o prazo é penal (leia-se: computa-se o dia do começo). Da prescrição da pena de multa Há cinco hipóteses de prescrição no caso de multa: três são de PPP e duas são de PPE: - 5 -

Hipóteses de PPP: 1ª) quando a pena de multa é a única cominada, a prescrição (PPP) opera-se em dois anos, contados nos termos do art. 111 do CP (CP, art. 114); 2ª) quando a pena de multa é cominada vol. 1tivamente com a pena privativa de liberdade ela prescreve junto com a pena mais grave (CP, art. 118); 3ª) quando a pena de multa é cominada alternativamente com a pena de prisão, prescreve junto com a pena de prisão (CP, art. 118). Hipóteses de PPE: 1ª) quando a pena de multa é aplicada com a pena de prisão, prescreve junto com a pena maior (CP, art. 118). 2ª) quando a pena de multa é a única aplicada na sentença, a PPE opera-se em dois anos (CP, art. 114), contados da data do trânsito em julgado para a acusação. Dois anos, não cinco anos (só se segue a Lei de execução fiscal quanto às causas interruptivas e suspensivas da prescrição). Corre prazo prescricional (quanto à multa) durante o período de prova do sursis ou do livramento condicional? Não. Causas suspensivas da prescrição (CP, art. 116) Causas suspensivas são diferentes das interruptivas: superada a causa suspensiva, o prazo prescricional que estava suspenso continua a ser contado (há uma continuação); diante de uma causa interruptiva, o prazo volta a zero (não há continuação, há interrupção). Antes de transitar em julgado a sentença final a prescrição (PPP) não corre: (a) enquanto não resolvida, em outro processo, questão prejudicial; (b) enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro; (c) enquanto o processo está suspenso (art. 89, da Lei 9.099/95); (d) enquanto o processo está suspenso nos termos do art. 366 do CPP etc. Depois do trânsito em julgado, a prescrição (PPE) não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Caso de superveniência de doença mental durante o processo? Suspende-se o processo, porém, não o prazo prescricional (não há lei). Causas interruptivas da prescrição (CP, art. 117) Todas as causas interruptivas da prescrição estão previstas no art. 117 do CP. O rol é taxativo. Essas causas aplicam-se às leis especiais. Temos, nesse rol, quatro causas interruptivas da PPP e duas da PPE. O curso da prescrição (da PPP) interrompe-se: (a) pelo recebimento da denúncia ou da queixa: só o recebimento válido, pelo juiz competente, é que interrompe a prescrição; a lei falou em recebimento não em oferecimento; o prazo interrompese na data em que o escrivão recebe os autos do processo do juiz; o aditamento da denúncia interrompe a prescrição? Sim, quanto ao fato criminoso novo aditado. (b) pela pronúncia (ainda que haja absolvição no dia do julgamento); no caso de desclassificação do crime, a interrupção da pronúncia continua válida; a pronúncia pode dar-se em primeiro grau ou em segundo grau; (c) pela decisão confirmatória da pronúncia (leia-se: pelo acórdão confirmatório da pronúncia); (d) pela sentença condenatória recorrível: condenatória, não absolutória; acórdão condenatório recorrível: também interrompe a prescrição; acórdão confirmatório de sentença de primeiro grau, não interrompe a prescrição; sentença que concede perdão judicial? Não interrompe a prescrição; sentença anulada: fica sem efeito a interrupção da prescrição; RE ou REsp: não interrompe - 6 -

prescrição; acórdão do STF em julgamento originário: não interrompe a prescrição (não é sentença recorrível). Nas quatro hipóteses de interrupção da PPP, há duas regras importantes: (a) na hipótese de concurso de pessoas, a interrupção da prescrição em relação a um deles, produz efeito em relação a todos. Ex.: condenação de um deles e absolvição de outro. A interrupção para um, produz efeito efeito em relação ao outro. (b) na hipótese de crimes conexos, objeto do mesmo processo, a interrupção da prescrição em relação a qualquer um deles estende-se aos demais. Ex.: condenação por um crime e absolvição em outro. O curso da prescrição (PPE) interrompe-se: (a) pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (b) pela reincidência a posteriori (novo crime cometido no curso da PPE): interrompe-se a PPE na data do novo crime, embora seja necessário aguardar a condenação por esse novo crime. A reincidência só afeta a PPE, jamais a PPP (Súmula 220 do STJ). Prescrição na legislação especial Em regra a prescrição dos crimes previstos em leis especiais segue as mesmas regras do CP (prazo, causas suspensivas, causas interruptivas etc.). Há, entretanto, três leis especiais que contam com regras especiais: (a) No que diz respeito à prescrição, por exemplo, antes (nos crimes falimentares) ela era de dois anos sempre (art. 199 do Decreto-lei 7.661/45). Agora esse tema passou a ser regido pelo CP (art. 109 e ss.), que conta com prazos prescricionais mais longos (cf. art. 182 da Lei 11.101/05). Nesse ponto, portanto, a lei nova é desfavorável, logo, é irretroativa. Crimes ocorridos antes da sua vigência serão regidos (em matéria de prescrição) pela lei antiga. Crimes novos (ocorridos de 09 de junho em diante) serão regrados pelo novo diploma legal. (b) crimes da lei de imprensa: a prescrição da pretensão punitiva se dá em dois anos da data da publicação ou transmissão incriminada. A prescrição da pretensão executória se dá no prazo correspondente ao dobro da pena aplicada. (c) crimes militares: seguem regras específica dos arts. 124 a 126 do CPM. Racismo contra Grafite: houve exagero? Autor: Luiz Flávio Gomes; Sim, houve exagero: de quem disse que uma ofensa racial durante uma partida de futebol não é nada sério, que o calor do momento justifica esse tipo de ofensa, que muitos jogadores já foram ofendidos e nada aconteceu, que tudo "foi armado", que a prisão não passou de preconceito dos brasileiros contra os argentinos, que o fato foi transformado num grande espetáculo etc.. Na verdade, ofender qualquer pessoa, sobretudo por razões raciais, constitui o crime de injúria racial (Código Penal, art. 140, 3º), que é punido com pena de reclusão de um a três anos. Como o limite máximo supera a dois anos, não se trata de infração de menor potencial ofensivo. Logo, admite-se flagrante, que pode ocorrer no momento da ofensa ou logo após. A prisão em flagrante, portanto, foi correta. Também o enquadramento típico-penal foi acertado. Cuida-se, desse modo, de crime comum do Código penal, não de racismo (tal como configurado na lei brasileira - Lei 7.716/89). São crimes de racismo (nos termos desse diploma legal) os que afetam uma coletividade de pessoas, impedindo-as de exercer direitos ou liberdades. Ofensa a uma - 7 -

pessoa determinada (específica), ainda que por razão racial, não constitui o crime de racismo vigente no Direito brasileiro, sim, crime contra a honra de uma vítima concreta. Houve muito exagero então, como se vê, em quem manifestou no sentido de ter ocorrido crime de racismo, que é imprescritível e inafiançável, consoante mandamento constitucional. Agiu corretamente o juiz, entendendo que o crime cometido era afiançável. Mas qual foi o maior e mais chocante exagero? Foi o tempo que se gastou para se viabilizar a liberdade do jogador argentino Desábato: 37 horas! A máquina judiciária punitiva demorou quase vinte horas para entrar em funcionamento e deferir a liberdade mediante fiança. Demora impressionante! Justiça tem que ser como hospital: plantão 24 horas. A bem da verdade, plantão no Judiciário até que (formalmente) tem, o que faltam muitas vezes é a estrutura e o espírito plantonista. Plantão verdadeiro é o que está sediado num determinado lugar, de conhecimento público, portas abertas e luzes acesas, isto é, 24 horas! Como o crime de injúria racial é punido com reclusão, o delegado de polícia não tinha (e não tem) poder para conceder fiança. Só juiz podia fazê-lo. E foi feito, mas a máquina judiciária punitiva só atuou quase vinte horas depois! Pior: no começo da noite chegou-se a falar que o banco estava fechado e que se devia aguardar o dia seguinte, até o banco abrir: o absurdo ficou escancarado! Eu não acreditei no que estava ouvindo e dizia, pela Rádio Jovem Pan, que a liberdade humana não poderia ficar condicionada ao horário bancário! Isso seria uma aberração! No dia seguinte descobriu-se que o problema não era bem esse, sim, que o dinheiro da fiança não estava disponível, que teria havido dificuldade para obtê-lo etc. De qualquer modo, em matéria de liberdade, temos que imitar os bons exemplos da civilização: em qualquer país em que a liberdade (dos pobres ou ricos, dos mortais ou imortais, das prostitutas ou dos jogadores de futebol, do cafetão ou do Desembargador, do brasileiro, do argentino ou de qualquer outra pessoa) é respeitada como valor essencial do Estado de Direito, sempre há um juiz 24 horas de portas abertas para reparar eventuais constrangimentos ilegais. Tudo deve ser resolvido prontamente. Nesse nosso singular país, entretanto, a concretização da liberdade mediante fiança demora quase quarenta horas (ou mais); o exame de um habeas corpus hoje nos nossos tribunais não acontece antes de 30 a 60 dias: réu preso, injustamente preso (muitas vezes), tem que aguardar até 60 dias ou mais para ver seu pedido de habeas corpus julgado. O desprezo da máquina judiciária punitiva brasileira (da burocracia) com a liberdade revela muito atraso civilizatório. Essa maneira tupiniquim de "proteger" os direitos humanos fundamentais merece reflexão (e revisão). A única coisa que nos consola é saber o quanto ainda existe para se fazer nessa área (e em tantas outras). Os que se cansam rapidamente, logo desistem. Os que não desanimam têm muito que fazer, inspirando-se (talvez) no poeta espanhol Antônio Machado: "caminante no hay camino, se hace el camino al andar". FONTE: www.ibgf.org.br A ação criminal do Ministério Público pode, no entanto, virar batalha de Pirro. Isso na hipótese de Maluf ser condenado. Nosso direito penal admite um tipo de prescrição que leva em conta a pena concreta, que é muito modesta: vai ser fixada entre 2 e 6 anos, com Maluf tendo como cacife o fato de ser primário. Além disso, o prazo da prescrição é reduzido à metade, para réus com 70 anos de idade (Maluf tem 73). Os marcos processuais que interrompem o curso da prescrição e são considerados retroativamente pela pena em concreto são distantes (do fato ao recebimento da denúncia. Do recebimento da denúncia e da publicação da sentença condenatória, etc.). - 8 -

Para se ter idéia, caso Maluf seja condenado à pena de 3 anos (acima do mínimo de 2 anos), o prazo prescricional retroativo será de quatro (4) anos, já abatido a metade pelos seus mais de 70 anos de idade. Com efeito, a consumação dos crimes ocorreram, segundo divulgado, entre 1993 e 1996 (gestão de Maluf na Prefeitura). É só somar três anos, para se verificar a prescrição do direito de punir, numa acusação ainda não recebida neste final de outubro 2004. Acrescente-se, ainda, a morosidade do Judiciário e os inúmeros recursos processuais até se atingir o Supremo Tribunal Federal. Isso tudo hipoteticamente, pois Maluf jura inocência e o ônus da prova é do Ministério Público Federal. Quando se afirma que a Lei do Colarinho Branco prevê penas baixas, deve-se, atentar, também, que colarinho branco, melhor tratado que os demais delinqüentes e sempre com excelentes planos de saúde, está no auge do amadurecimento intelectual aos 70 anos e a prescrição, pela metade, deveria ser revisto. Brasil terra da impunidade: que calúnia!!! - 9 -