Introdução à Histologia Humana

Documentos relacionados
Introdução à Histologia

Introdução à Histologia e Técnicas Histológicas. Prof. Cristiane Oliveira

Embriologia e Histologia Animal I

HISTOLOGIA. Introdução ao Estudo dos Tecidos

Técnica Básicas para Análises de Células e Tecidos

Introdução a Histologia. Profa. Dra. Constance Oliver Profa. Dra. Maria Célia Jamur

20/8/2012. Raduan. Raduan

Processamento Histológico

Técnicas histológicas

O que é citologia e histologia?

PROF. ROMMEL BARRETO Mestre em Morfologia (UFRJ)

Métodos de estudo e Técnicas: como estudar as células

CORPO HUMANO: UM TODO FORMADO POR MUITAS PARTES

MICROSCOPIA E O ESTUDO DA CÉLULA

Métodos Cito-Histoquímicos

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DO CENTRO-OESTE UNIDESC CURSOS DE MEDICINA VETERINÁRIA & CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Disciplina de Biologia Celular

Contrastar e diferenciar Naturalmente incolor Maioria solúvel em água ou álcool

Citologia, Histologia e Embriologia

Tecido Conjuntivo de Sustentação: Ósseo I

Tecido Epitelial de Revestimento

Programa Analítico de Disciplina CBF221 Histologia Básica

TÉCNICA EM LABORATÓRIO / ANATOMIA PATOLÓGICA

Histologia histologia é a ciência que estuda os tecidos do corpo humano. Os tecidos são formados por grupos de células de forma e função semelhantes.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE ESCOLA DE NUTRIÇÃO PROGRAMA DE DISCIPLINA

TECIDO CONJUNTIVO São responsáveis pelo estabelecimento e

Programa Analítico de Disciplina CBF120 Citologia e Histologia

PROGRAMA DA DISCIPLINA EMENTA. Estudo da estrutura e inter-relação dos constituintes teciduais (células e material extracelular) de um organismo.

HISTOLOGIA. Informática Biomédica. Introdução a Histologia

FACULDADE DE EXCELÊNCIA EDUCACIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO: FISIOTERAPIA INTRODUÇÃO A HISTOLOGIA

Disciplina Biologia Celular

O que é citologia, histologia e embriologia?

Técnico de Laboratório Biomedicina. Laboratório Anatomia Patológica

TECIDO CONJUNTIVO TECIDO CONJUNTIVO TECIDO CONJUNTIVO 25/10/2016. Origem: mesoderma Constituição: Funções:

Tecido Epitelial de Revestimento

Tecido Conjuntivo de Sustentação: Ósseo II

Histologia. Leonardo Rodrigues EEEFM GRAÇA ARANHA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de

Tecido conjuntivo de preenchimento. Pele

Níveis de Organização do Corpo Humano

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ESTÉTICA E COSMÉTICA Autorizado pela Portaria MEC nº 433 de , DOU de

Métodos Cito-Histoquímicos

PRÁTICAS DE HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA

Microscopia e o Espectro Eletromagnético

Resolução da Questão 1 Item I (Texto Definitivo)

Cap. 8: A arquitetura corporal dos animais. Equipe de Biologia

NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS E PRINCIPAIS TIPOS DE TECIDOS

1 - Metodologia e equipamentos

Métodos Cito-Histoquímicos

HISTOLOGIA. Tecido Conjuntivo

Concurso Público. Prova de Múltipla Escolha Técnico de Laboratório (junto à Seção de Laboratório Histologia)

AULA PRÁTICA 17 - SISTEMA DIGESTÓRIO II -

Catálogo Insumo

DESIDRATAÇÃO, DIAFANIZAÇÃO E CORTE

Observações Iniciais. Microscopia Aula Revisão. Observações Iniciais. Unidades de Medidas Usadas. Formação da Imagem. Unidades de Medidas Usadas

Histologia. Leonardo Rodrigues EEEFM GRAÇA ARANHA

Histologia Animal. 1º ano 2016 Profa. Rose Lopes

TECIDO EPITELIAL. Tecido Epitelial FUNÇÕES :

I SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

Onde a vida surgiu?

PROPEDÊUTICO Tecido Muscular

Técnica Básicas para Análises de Células e Tecidos

TECIDO NERVOSO. Substância cinzenta

Programa Analítico de Disciplina CBI212 Histologia e Embriologia

HISTOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL

Histologia. Professora Deborah

Métodos Cito-Histoquímicos

Biólogo Patologia bucal

AULA PRÁTICA 13. SISTEMA CIRCULATÓRIO e MÚSCULO CARDÍACO

Tema B TECIDO CONJUNTIVO

Os tecidos. Tecidos biológicos. Aula 1 e 2. Tecido epitelial Tecido conjuntivo. 1º bimestre. Professora calina

Aula5 TECIDO CARTILAGINOSO. Rosilene Calazans Soares

AULA PRÁTICA 05. Tecidos Conectivos - Matriz e Classificação LÂMINA Nº 90 - DIFERENTES CORTES DE PELE - ORCEÍNA

Conjunto de células semelhantes e interdependentes. Condição básica da multicelularidade. Vantagens: aumento do tamanho, divisão de trabalho

Conceitos fundamentais de Biologia Celular

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Campus Santa Helena PLANO DE ENSINO

HISTOLOGIA ESTUDO DOS TECIDOS

VISITA DIRIGIDA AO LABORATÓRIO DE HISTOTECNOLOGIA

Predominância do componente celular % do peso corporal. Tecido muito influenciado por estímulos nervosos e hormonais

Gabi Rabelo facebook whatsapp

ATLAS DE HISTOLOGIA TECIDUAL - MÓDULO II. Sandra Iara Lopes Seixas Terezinha J. Sirotheau-Corrêa

AULA PRÁTICA 3-02/06/2015. Roteiro de aula prática. Infecção de macrófagos por Leishmania (Leishmania) amazonensis

DESENVOLVIMENTO DE UM ATLAS DE HISTOLOGIA: TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A FAVOR DA EDUCAÇÃO NA ÁREA MÉDICA.

Determinação da expressão de proteínas no sítio epitélio-mesênquima do Tumor Queratocístico Odontogênico: importância no comportamento tumoral

Fig. 18. Leptodactylus lineatus. Ultraestrutura das glândulas granulosas do tipo G1.

HAM, Arthur W. Histologia. RJ: Guanabara Koogan A) muscular estriado. B) epitelial. C) conjuntivo propriamente dito. D) adiposo. E) ósseo.

UNIPAMPA Disciplina de Histologia, citologia e embriologia Curso de Nutrição TECIDO EPITELIAL. Prof.: Cristiano Ricardo Jesse

Introdução à Biologia Celular, Histologia e Embriologia e seus métodos de estudo

OS TECIDOS PROF LUIS BRUNO

Profª MSc Monyke Lucena

Colorações de Bactérias: Coloração Simples e Coloração Diferencial(Coloração de Gram)

AULA PRÁTICA 02 TECIDOS EPITELIAIS: EPITÉLIOS DE REVESTIMENTO

AULA PRÁTICA 03 TECIDOS EPITELIAIS - EPITÉLIOS GLANDULARES LÂMINA Nº 46 INTESTINO GROSSO - HE

PLANO DE ENSINO (2017/1)

IV.2) TECIDO CARTILAGINOSO

Introdução ao estudo da Anatomia Humana: Sistema Esquelético

INTEGRAÇÃO DE CÉLULAS EM TECIDOS

Programa Analítico de Disciplina BIO220 Histologia e Embriologia

PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2014

Transcrição:

Conteúdo da aula Introdução à Histologia Humana 1. Níveis de organização do corpo humano; 2. Definição de histologia e anatomia humana; 3. Visão geral, características e subdivisão dos tecidos; 4. Noções de histotécnica. Prof. a Dr. a Sara Tatiana Moreira Histologia e Anatomia Humana CB52D COBIO -UTFPR Campus Santa Helena 1 2 Histologia Humana Anatomia Humana Estudo dos tecidos humanos TECIDO: Conjunto de células associadas e semelhantes que desempenham as mesmas funções básicas. Além das células que constituem os tecidos, estão presentes também as substâncias intercelulares e o liquido tecidual. Estudo dos órgãos e estruturas orgânicas, sua localização, disposição, interações e relação formafunção. 3 4 1

Histórico: Histologia Humana CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS ANIMAIS Bichat(1771-1802) Estriado Esquelético/Visceral Pioneiro da histologia e pai da histologia moderna Epitelial Revestimento Muscular Estriado cardíaco Sem o uso de microscópio, examinou mais de 600 corpos Glandular Liso e identificou 21 tipos de tecidos humanos Com o uso do microscópio 4 tecidos Epitelial Conjuntivo Nervoso Muscular 5 Nervoso ConjunGvo Histologia Humana 1. Estudo dos tecidos animais Células + MEC + fluído intercelular Elástico 2. Estudo da maneira como os tecidos se organizam para constituir os órgãos. Todos os órgãos são formados por uma combinação organizada de vários tecidos, permitindo seu perfeito funcionamento. 8 2

Características principais dos quatro tipos básicos de tecidos Tecido Célula Matriz extra celular Funções principais Histologia Processo dependente de Microscópio Epitelial Células poliédricas justapostas. Pequena quantidade. Revestimento da superfície ou de cavidades do corpo, secreção. tecidos e órgão espessos não permitem passagem de luz Conjuntivo Vários tipos de células fixas e migratórias. Abundante Apoio e proteção. Muscular Células alongadas contráteis. Nervoso Longos prolongamentos. Quantidade moderada. Movimento. Nenhuma Transmissão de impulsos nervosos Submetidos a secções ou cortes delgados 9 10 MICROSCOPIA DE LUZ : 1. Coleta de amostras 2. Fixação 3. Desidratação 4. Diafanização 5. Impregnação 6. Inclusão 7. Microtomia 8. Montagem 9. Coloração Objetivo da técnica de preparação de tecidos é manter o aspecto tecidualo mais próximo possível de seu estado natural vivo. 1. Coleta: Partes de órgãos/tecidos são retiradas com o auxílio de bisturi e pinça biópsia ou necropsia; Não é indicada a extração de porções grandes, uma vez que o objetivo final é a obtenção de uma camada fina que possa ser analisada em um microscópio óptico. 11 12 3

2. Fixação: Procedimentos físicos ou químicos Imobilizar as substâncias constituintes das células e dos tecidos maior resistência para suportar as demais etapas. Retardar efeitos post mortemdo tecido, mantendo sua arquitetura normal Impede a destruição das células por suas próprias enzimas (autólise), ou bactérias. 2. Fixação: Agentes fixadores mais utilizados: formol e líquido de Bouin (uma mistura de formol, ácido pícrico e ácido acético) Ambos fixam as proteínas evitando sua degradação. Congelamento O formol, por ser mais acessível e de uso simples, é o fixador mais utilizado nas técnicas histológicas. Contudo, seus resultados geralmente não são satisfatórios. Por essa razão é recomendada a dissolução de formol em tampão fosfatado. 13 14 2. Fixação: Tempo de fixação dependerá do tamanho do fragmento tecidual. É recomendado que o fragmento não ultrapasse 3 mm de espessura o volume de fixador seja no mínimo 20xs maior que o volume do fragmento. Após a fixação, a peça deve ser transferida para álcool 70%, por tempo indefinido. 3. Desidratação: Remoção da água tecidual e substituição por álcool; Série de banhos de álcool em concentrações crescentes, começando do 70% e subindo gradativamente até chegar ao 100%. 15 16 4

4. Diafanização ou clarificação: Substituição do etanol por uma substância intermediária frequentemente xilol A quantidade de xilol utilizada deve ser 10 a 20 vezes o volume da peça, e a duração da clarificação varia de acordo com as dimensões e a constituição do material, além da temperatura ambiente. 5. Impregnação: Os tecidos devem ser submetidos a banhos de parafina a 60 C, no interior de uma estufa; Em estado líquido, a parafina penetra nos tecidos, dandolhes, depois de solidificada, certa dureza; Possibilita os cortes finos. 17 18 6. Inclusão: Inclusão do fragmento tecidual em parafina fundida. Parafina penetra no tecido. Deixar endurecer. Obtém-se um bloco de parafina contendo o fragmento tecidual. Remove-se o excesso de parafina do bloco. 7. Microtomia: Corte do bloco contendo o fragmento tecidual em fatias muito finas (5 a 10 μm 1 μm= 0,001 mm) Micrótomo (Navalha de aço) 19 20 5

8. Montagem: Os cortes provenientes da microtomia são enrugados transferidos para o banho-maria a 58 C distendidos; 8. Montagem: São colocados em um suporte inclinado. São depositados em uma estufa a 60º para secagem entre uma e 24 horas. Pescados com uma lâmina evita bolhas abaixo da fita; Levados à estufa a 37 C, por 10 minutos, para que se dê a colagem do corte à lâmina (lâminas podem ser revestidas previamente por uma fina camada de albumina para facilitar a adesão da peça); 21 22 9. Coloração: Tem a finalidade de dar contraste aos componentes dos tecidos, tornando-os visíveis e destacados uns dos outros; Uso principalmente de corantes solúveis em água; A. Parafina deve ser removida desparafinização. 9. Coloração: B. Reidratação. C. Coloração. D. Desidratação. E. Fixação permanente da lamínula. 23 24 6

Tipos de corantes: 1. Que diferenciam os componentes ácidos e básicos da célula. 2. Especializados, que diferenciam os componentes fibrosos da matriz extracelular. 3. Sais metálicos que precipitam nos tecidos formando depósitos de metal. Corantes mais usados: Hematoxilina: Corante básico Componentes corados são denominados basófilos Cora componentes ácidos da célula com coloração azul/roxa 25 Eosina: Corante ácido Componentes corados são denominados acidófilos Cora componentes básicosda célula com coloração rósea 26 Por exemplo, os núcleos das células, onde predominam substâncias ácidas(dna), são basófilos, ou seja, coram-se pela hematoxilina (corante básico de cor roxa); por sua vez, o citoplasma, onde predominam substâncias básicas(proteínas estruturais), é acidófilo, corando-se pela eosina(corante ácido de cor rosa). Corte histológico corado por HE Hematoxilina-Eosina. 27 Outros corantes também são utilizados: Corantes ácidos: Eosina, orange G, fucsina; Coram proteínas citoplasmáticas, mitocôndrias, grânulos de secreção e colágeno; Corantes básicos: Hematoxilina, azul de metileno, azul de toluidina; Coram nucleoproteínas, ácidos nucléicos, glicoproteínas e glicosaminoglicanos; Coloração dupla: cora ao mesmo tempo estruturas acidas e básicas, mas em cores diferentes. Impregnação do corte por metais: Prata e Ouro Tec. Nervoso 28 7

Lâminas de tecido ósseo Preparação por desgaste. Lâminas ósseas são confeccionadas de duas maneiras Desgaste Polimento com lixa Impregnação por prata Cérebro 40x Osso em crescimento, disco de cartilagem. 29 30 Criomicrotomia: Microtomia de espécimes congelados. Nitrogênio líquido... Blocos de tecidos montados em um meio de congelamento rápido. Prontos para serem cortados a -20ºC com uma lamina de aço pré-resfriada. Aparelho: criostato. Cortes colocados em lamina de vidro pré-resfriada. Corados com corantes específicos. Preserva estruturas na sua forma original (enzimas e lipídeos). Interpretação de cortes histológicos Observação Distorção dos tecidos Artefatos de técnica A retração dos tecidos por conta dos processos - gera espaços artificiais Espaços também são gerados pela á fixação ou moléculas retiradas por desidratação e clareamento. (Perda de Glicogênio e Lipídeos) Pregas do corte confunde com capilares Precipitados de corante ou sujeira 31 32 8

MICROSCOPIA DE LUZ histoquímica e citoquímica Localização de constituintes químicos específicos no tecido utilizando-se compostos químicos reagentes. MICROSCOPIA DE LUZ imunocitoquímica Usa anticorpos com fluoresceína e anti-anticorpos para obter uma localização intra e extracelular mais precisa de macromolécula do que é possível com a citoquímica. 33 34 Secção 35 36 9

37 38 Bibliografia Gartner, L. e Hiatt, J. Tratado de Histologia. Elsevier, 2007 Junqueira e Carneiro. Histologia Básica. Guanabara Koogan. 2012. Ross, M. e Pawlina, W. Histologia Texto e Atlas. Guanabara Koogan. 2008. 39 10