Direito Civil III - Contratos



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Direito Civil III - Contratos Conteúdo digitado foi baseado nas aulas do Prof. Luís Eduardo Leança Soares Obs.: Apesar das anotações serem feitas das aulas dada pelo Professor, todo o conteúdo é de total responsabilidade minha, ou seja, se houver algum equívoco, algo desatualizado, alguma falha, foi engano e erro da minha parte. Peço que entrem em contato comigo para ser consertado/atualizado o erro. Obrigado e bom estudo!! Iremos estudar do Art. 421 até pelo menos o art. 627, porem o objetivo será até o art. 757 O mais importante é do art. 421 ao art. 480 (parte geral dos contratos) Esquema de aula será tirado do site do Rafael de Menezes Fontes das Obrigações ou Contratos CONTRATOS PARTE GERAL Contratos Atos Unilaterais Atos Ilícitos A Lei Propriamente Dita Contrato é o acordo de duas ou mais vontades na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. Maria H. Diniz Contrato é um Negócio Jurídico resultante de um acordo de vontades que produz efeitos obrigacionais. O Principio em que tudo isso se baseia é a Autonomia da Vontade, ou seja, a evolução do Direito se deu exatamente

porque os homens precisavam se relacionar, com bases comuns, faça o que você quiser desde que não seja vedado em lei aquilo que você esteja fazendo ou que esteja expressamente em Lei. Ex. Contratar um matador de aluguel, não será possível executa-lo se ele não cumprir o contrato; ou fizer um contrato em que a Lei determine como o faça. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO a) Negócio Jurídico é uma declaração de vontade para produzir efeito jurídico b) Acordo de Vontades é exigir um consenso nos contratos c) Efeitos Obrigacionais são divididos em: 1. Transitoriedade: Os contratos em geral são transitórios (de curto prazo, ex. compra e venda de balcão); ou são duradouros (ex: locação por tantos meses); porém os contratos nunca poderão ser permanentes (Permanência são características dos Direitos Reais). 2. Valor econômico: Todo contrato, como toda obrigação, precisa ter um valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do inadimplente se o contrato não for cumprido. PRINCÍPIOS DOS CONTRATOS Autonomia da Vontade Caracterizado pela tripla função: liberdade de contratar, com quem contratar e a forma de contratar. A autonomia da vontade é o grande motor que deu origem a todo o direito privado, entretanto para efetuar algum contrato, é usado o principio da liberdade contratual, que está dentro do principio da autonomia da vontade. Há várias limitações da autonomia da vontade: A principal limitação é a função social, a ideia é que tudo tem uma função social (art. 1º, III; art. 5º, XXIII; art. 170 CF), de certa forma envolve todos os conceitos de justiça social e propriedade da função social. Outras limitações são as Normas de Ordem Pública e os Bons Costumes. 2

Consensualismo Todo contrato exige o acordo de vontades. A vontade é tão importante que ela pode predominar sobre a palavra escrita. Pacta sunt Servanda Obrigatoriedade Os contratos devem ser cumpridos, o contrato faz lei entre as partes, deve ser cumprido por uma questão de segurança jurídica e paz social. A obrigatoriedade pode ser relativizada/anulada, através de caso fortuito ou força maior. Teoria da Imprevisão é a ocorrência que torna impossível o cumprimento do contrato, desta forma é a consequência da função social do contrato, que exige trocas úteis e justas. Relatividade dos Efeitos Não pode depender, beneficiar ou dar prejuízo a terceiros. O contrato é relativo às partes celebrantes. A única exceção é de terceiro cúmplice, ex: Caso do Ketchup Heinz, se o problema de pelo de rato no produto aconteceu no México, a empresa do México é considerada terceiro cúmplice, se o problema aconteceu aqui no Brasil não há terceiro e a responsabilidade é da empresa do Brasil. Boa-fé Objetiva (Principio da Probidade) O contrato deve obedecer muito mais a vontade das partes do que está expresso nele, permeia a execução em si do contrato. Obriga as partes a agirem num clima de honestidade e colaboração recíproca. Fere a boa-fé objetiva aquele que quebra o contrato. Há várias vertentes, conceitos que correm paralelos à boa-fé objetiva (Princípios da Probidade): Supressio Perde o exercício do direito por não ter executado no tempo certo, ex. art. 330. Surrectio Surge um direito em virtude da pratica de usos e costumes, ex. art. 330. Tu quoque Não faça contra o outro o que você não faria para você mesmo, regra de ouro. Exceptio doli Exceção de Inadimplemento Contratual, o contrato não foi cumprido, desta forma não terá o pagamento, entretanto deve estar constada uma clausula de exceção de inadimplemento, ex. art. 476. 3

Venire contra factum proprium Principio antiguíssimo, as suas ações não podem contradizer as suas palavras, a forma de como está agindo dentro do contrato não pode ser contrario ao comportamento especificado em contrato. Ex: Teoria dos atos próprios, STJ. Duty to mitigate the loss Mitigação das perdas, o segurado deve comunicar o segurador, ex: art. 769 e o art. 771 CC. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS A) Quanto às partes envolvidas: Unilaterais: Criam obrigações apenas para uma das partes; no momento em que se forma, origina obrigação tão somente para uma das partes ex uno latere Orlando Gomes. Ex: Doação Pura, Fiança Bilaterais: Obrigações recíprocas para ambas as partes (sinalagmáticos); ambas as partes contraem obrigações (...) não necessariamente equivalentes Karl Larenz. Ex: Compra e Venda Plurilaterais: Mais de duas partes, que perseguem o mesmo fim. Ex: consórcio e sociedade Vantagens práticas dessa distinção: I. Exceptio non adimpleti contractus exceção como defesa art. 476: exigir obrigação antes do cumprimento da sua. II. Cláusula resolutiva tácita o descumprimento culposo constitui justa causa para a resolução do contrato aplica nos contratos bilaterais em regra. III. Teoria do risco um dos contraentes pode sofrer excesso de onerosidade (empobrecimento) IV. Vícios redibitórios art. 441 defeitos ocultos que tornam impróprio o uso da coisa, ou lhe diminuam o valor. 4

Contrato Bilateral Imperfeito ou Contrato Unilateral Imperfeito A doutrina trata como uma categoria intermediária, que reconhece a UNILATERALIDADE na formação do contrato, e, eventualmente, surge a BILATERALIDADE na execução desse mesmo contrato. Para Orlando Gomes: não deixa de ser unilateral, pois gera obrigações na formação apenas para um dos contratantes. Ex: Contrato de depósito indenização por prejuízos (art. 643) B) Quanto ao sacrifício patrimonial Onerosos: Ambos os contratantes obtém proveito, ao qual corresponde um ônus. Ex: Compra e venda, Locação e empreitada. Gratuitos: Apenas uma das partes tem benefício ou vantagem. Ex: Doação pura ou comodato. Obs.: Há uma grande similitude entre a classificação dos contratos unilaterais/bilaterais e gratuitos/onerosos, mas não se deve confundir. Em regra todo contrato oneroso é bilateral, e todo contrato gratuito é unilateral, mas não necessariamente. Carlos R. Gonçalves C) Quanto ao momento de aperfeiçoamento Consensual Se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. Embora todo contrato pressupõe o consentimento, alguns contratos a lei exige expressamente esse consentimento para que ocorra o aperfeiçoamento. Real Exige além do consentimento a entrega da coisa. O contrato não se forma sem a tradição do objeto. D) Quanto aos riscos Comutativo Prestação certa e determinada. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, porque não envolvem nenhum risco 5

Aleatório Um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. Há uma incerteza para as duas partes sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. A perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. E) Quanto à previsão legal Típico São regulados pela lei, é o tipo de contrato que as suas características e requisitos estão escritas na lei. Atípico Não está regulado pela lei, suas características e requisitos não estão definidos na Lei. Basta o consenso mútuo. F) Quanto à negociação do conteúdo Adesão Prepondera a vontade de um dos contratantes, sendo elaboradas todas as cláusulas por apenas um contratante. O outro adere ao modelo de contrato não podendo modifica-las. Paritário São os contratos tradicionais, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situação de igualdade Contrato-Tipo Aproxima-se do contrato de adesão, porque é apresentado em fórmula impressa, mas é possível a discussão sobre o seu conteúdo. G) Quanto à independência Principal Tem existência própria e não dependem de qualquer outro contrato Acessório Tem existência subordinada à do contrato principal Derivados ou subcontratos Tem por objeto direito estabelecidos em outro contrato H) Quanto ao momento de sua execução Execução Instantânea Consuma em um só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração Execução Diferida Deve ser cumprida também em um só ato, mas em momento futuro Execução Continuada Cumpre por meio de atos reiterados I) Quanto à Pessoalidade 6

Pessoal ou intuitu personae Celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes Impessoais A prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro Individuais As vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas Coletivos Perfazem pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais J) Quanto à definitividade Contrato definitivo Tem objetos diversos de acordo com a natureza de cada avença Contrato preliminar Tem por objeto a celebração de um contrato definitivo, desta forma só há um único objeto FORMAÇÃO DO CONTRATO Arts. 427 aos 435/ arts. 462 aos 466 do CC Esse processo de formação dos contratos, via de regra, é composto por três fases distintas, quais sejam: as negociações ou tratativas preliminares, a proposta e a aceitação. 1. Fase Preliminar (Negociações ou tratativas): Na economia moderna, especialmente quando se trata de grandes negócios entre empresas, a celebração dos contratos é frequentemente precedida de longas e complexas negociações, desta forma o contrato terá uma fase preliminar ou puntuação, disciplinado pelos arts. 462 a 466. Nesta fase define se as partes querem ou não fechar o contrato, é a negociação, em tese não gera responsabilidade (ônus financeiros entre as partes), mas em alguns casos poderá gerar ônus (situações de contratos de emergência, no qual poderá gerar perdas e danos, art. 465). 7

Contrato Preliminar é uma situação em que já inicia o contrato, não estando todas as bases acertadas porem já tem algumas medidas certas. Desta forma as partes tem responsabilidade aquiliana, no qual não irá responder por inadimplemento, mas por atos jurídicos ilícitos (art. 186 CC). 2. Proposta policitação/oblação: Nesta fase é criado o vínculo contratual, a declaração de vontade por meio da qual uma pessoa propõe à outra os termos para conclusão de um contrato. Quem faz a proposta é chamado de policitante/ofertante/proponente, quem recebe a proposta é o policitado/oblato/solicitado. Quando o policitado aceita a proposta do policitante é chamado de aceitante. A proposta tem força vinculante para o proponente, nos termos do art. 427, CC. Isso decorre do fato de que a proposta cria no oblato a expectativa da realização do contrato. Trata-se, aqui, da aplicação do princípio da vinculação ou da obrigatoriedade da proposta, diretriz normativa umbilicalmente ligada ao dogma da segurança jurídica. Se feita a proposta e for retirada, o proponente estará sujeito ao pagamento das perdas e danos, salvo as suas exceções (morte, interdição do policitante) 3. Aceitação: Fase em que é feita a concordância com os temos da proposta. É a manifestação da vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato. Deve ser pura e simples. Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta (art. 431 CC), denominada contraproposta A aceitação pode ser expressa ou tácita: Expressa: Decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência Tácita: Decorre de sua conduta, reveladora de consentimento As hipóteses em que não tem força vinculante são 1) quando chegar tarde ao conhecimento do proponente, caso em que este deverá avisar o 8

aceitante, sob pena de pagar perdas e danos (art. 430); 2) se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433) Instrumento Contratual: entre ausente (inter absentes) / entre presentes (inter praesentes) Contrato entre presente não há dificuldade de comunicação, contrato entre ausentes há uma dificuldade de comunicação. Quando o contrato for entre presentes considera concluído no momento da aceitação. Quando o contrato for entre ausentes é considerado aceito quando: a. Da informação Aperfeiçoa-se o negócio quando o policitante se inteira da resposta. b. Da declaração Subdivide-se em: Declaração propriamente dita Considera o momento da redação Expedição e da recepção Entrega ao destinatário O Lugar da celebração será no lugar em que foi proposto art. 435 CC; entretanto a LINDB, art. 9 2º estatui que será no lugar em que residir o proponente. REVISÃO CONTRATUAL A necessidade da revisão de cláusulas contratuais decorre do desequilíbrio entre os direitos das partes. A Cláusula Rebus Sic Stantibus fundamenta a Teoria da Imprevisão Contratual que constitui uma exceção à regra do pacta sunt servanda A Teoria da Imprevisão, ou Princípio da Revisão dos Contratos, trata da possibilidade de que um contrato seja alterado, a despeito da obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas no momento da execução da obrigação contratual, de modo a 9

prejudicar uma parte em benefício da outra. Há necessidade de um ajuste no contrato. A revisão no Código Civil está prevista nos arts. 317 e 478 do CC e a revisão se da por imprevisibilidade somada à onerosidade excessiva, sendo necessário ocorrer um fato imprevisível e/ou extraordinário A revisão no CDC está prevista no art. 6º, V da lei 8.078/1990 e a revisão se da por simples onerosidade excessiva, sendo necessário apenas um fato novo, que motive o desequilíbrio do contrato, não exigindo ser um fato imprevisível. Resilição é o término unilateral do contrato, uma das partes quebra o contrato. Ocorre por vontade ou por uma situação determinada conforme especifica o art. 317. A resilição pode ser imotivada. VÍCIOS REDIBITÓRIOS Não existe um impedimento de colocar um produto com vício no mercado, entretanto o consumidor deve ser avisado que tal produto está viciado. Contrato comutativo especifica as características do contrato. Vícios Redibitórios são defeitos ocultos e existentes na coisa alienada As ações sobre vícios redibitórios são chamadas de ações edilícias Três hipóteses que são geradas pelo art. 443: Ignorância do vicio pelo alienante (Má fé (restitui o valor+ perda e danos) e Boa fé (restitui apenas o valor)) - Em tese é responsabilidade objetiva, desta forma nada impede de haver uma clausula contratual que exima essa responsabilidade. 10

EVICÇÃO Perda da propriedade para terceiro. O alienante responde perante aquela o comprador pela perda da propriedade para um terceiro alheio. Evicção é a perda da coisa por força de decisão judicial fundada em motivo jurídico anterior que a confere a outrem, seu verdadeiro dono com o reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa não denunciado oportunamente no contrato Alienante - A / Evicto (evencido) - B / Evictor (evencente) C Art. 199 do CC Caso de suspensão de prazo de prescrição durante o curso da ação de evicção. Possibilidades: Clausula expressa mais conhecimento do risco de evicção isenta de responsabilidade ; Clausula expressa sem a ciência especifica do risco o alienante fica responsável só pela devolução do preço ; Clausula expressa mas o adquirente não quis assumir o risco o adquirente acaba conseguindo o reembolso só do que e se realmente desembolsou algo Vale a regra do art. 456, parágrafo único Questões para a prova: 1. Diferencie a revisão judicial dos contratos pelo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor R. A revisão judicial dos contratos pelo Código Civil se da pela imprevisibilidade somada à onerosidade excessiva, sendo necessário ocorrer um fato imprevisível e/ou extraordinário. Já a revisão judicial pelo Código de Defesa do Consumidor se da pela simples onerosidade excessiva, sendo necessário apenas um fato novo, que motive o desequilíbrio contratual, não sendo exigível um fato imprevisível, pois o consumidor é hipossuficiente e vulnerável. 11

2. Quais os efeitos jurídicos da oblação em relação a aceitação imediata R. Existem duas hipóteses para os efeitos jurídicos da oblação em relação a aceitação imediata, se o oblato aceitar imediatamente, sem prazo, gera a obrigação, pois a proposta tem força vinculante, e se o oblato não aceitar imediatamente, sem prazo, não irá gerar obrigação, pois deixa de ser obrigatória a proposta que não for imediatamente aceita 3. Diferencie fase preliminar de contrato preliminar R. Na fase preliminar define se as partes querem ou não fechar o contrato, é a negociação, sendo que em tese não gera responsabilidade, no contrato preliminar já inicia o contrato, não estão todas as bases acertadas porem já tem algumas medidas certas, sendo assim as partes tem uma responsabilidade aquiliana, no qual não irá responder por inadimplemento mas por atos jurídicos ilícitos. 4. Disserte sobre a responsabilidade do alienante na evicção R. A responsabilidade do alienante na evicção é se responsabilizar no caso do objeto sofrer evicção a indenizar o evicto. Entretanto as partes podem por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. 5. A sociedade empresária X42, Ltda. oferta e celebra com vários estudantes universitários, contratos individuais de fornecimento de material didático nos quais garante a entrega com 25% de desconto sobre o valor indicado pela editora dos livros didáticos escolhidos pelos contratantes (de lista de editoras de antemão definidas). Os contratos tem duração de 24 meses e cada estudante comprometese a pagar valor mensal, que fica como crédito a ser abatido do valor dos livros escolhidos. Posteriormente a capacidade de entrega da sociedade diminui, devido a dívidas e problemas judiciais. Em razão disso, ela pretende rever judicialmente os contratos para obter aumento do valor mensal ou então liberar-se do vinculo. Acerca dessa situação, assinale a alternativa correta 12

a. A empresa não pode se valer do Código de Defesa do Consumidor e não há base a luz do indicado para rever contratos b. Aplica-se o CDC já que os estudantes são destinatários finais do serviço, mas o aumento só será concedido se provada a dificuldade financeira o que ademais ainda assim o contrato seja proveitoso para os compradores c. Aplica-se o CDC mas a pretendida revisão da clausula contratual só poderá ser efetuada se provado que os problemas tem natureza imprevisível, característica indispensável no sistema do consumidor para autorizar a revisão d. A revisão é cabível, assentada na teoria da imprevisão, pois existe o contrato de execução deferida, a superveniência de onerosidade excessiva de prestação, a extrema vantagem para outra parte e a ocorrência de acontecimento extraordinário e imprevisível. 6. Indo se mais adiante havendo a ideia em que o credor e devedor é necessário a colaboração, um ajudando o outro na execução do contrato, a tanto, evidentemente, não se pode chegar, dada a contraposição de interesses, mas é certo que a conduta, tanto de um quanto de outro, subordina-se as regras que dificulte uma parte a ação da outra. Pode se identificar o texto acima com o seguinte principio aplicado aos contratos a. Intangibilidade b. Consensualismo c. Força obrigatória d. Boa fé e. Relatividade das obrigações pactuadas 13

CONTRATOS EM ESPÉCIE CONTRATO DE COMPRA E VENDA Art. 481 aos 532 CC. Este é o primeiro e principal contrato que nós vamos estudar Contrato de compra e venda é um contrato em que uma das partes se obriga a transferir a outro o domínio de uma coisa mediante o pagamento convencionado de certo preço em dinheiro (Art. 481 CC) O Contrato de compra e venda não transfere o domínio, a propriedade, e sim obriga o vendedor a transferir o domínio da coisa, sendo cabíveis perdas e danos se não o fizer pelo art. 389 CC. Quando for coisa móvel a transferência se dá pela tradição (entrega da coisa). Quando for coisa imóvel a transferência se dá pelo registro em Cartório. Registro e tradição são assuntos de Direito Reais. Antes da tradição ou do registro a coisa pertence ao vendedor (art. 492 CC), no qual é adotado o princípio res perit domino (a coisa perece para o dono). ELEMENTOS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA Elementos constitutivos da compra e venda: Coisa, Consentimento e Preço. I. Coisa: é o objeto da obrigação de dar do vendedor, sendo, em regra, corpórea ou incorpórea 1. A coisa geralmente está presente, comutativa 2, 1 Corpórea ocupa lugar no espaço físico; Incorpórea é propriedade intelectual, direitos do autor e fundo de comércio. 2 Prestação certa e determinada 14

II. III. mas pode ser futura, aleatória 3, emptio spei e emptio spei speratae, art. 458 e 459. Consentimento: Sempre é exigido o açodo de vontade e o mútuo consentimento sobre o preço, o objeto e dos demais detalhes do negócio. (Art. 482) Preço: Objeto da obrigação de dar do comprador, as despesas relativas a transporte ou registro da coisa deverão ser pagas conforme o acordo entre as partes. No preço não pode haver uma desproporção absurda. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA Bilateral Instantâneo Consensual Geralmente Comutativo Oneroso Bilateral Ambas as partes são credoras e devedoras, contrato sinalagmático. Consensual Nasce do acordo de vontades Oneroso Não é gratuito, pois ambas as partes tem interesse econômico e vantagem patrimonial Geralmente Comutativo Regra geral é comutativo, pois existe uma equivalência entre preço pago e a coisa adquirida 3 Incerteza para as duas partes sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. A perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. 15

Instantâneo O contrato dura poucos minutos, ou se sequer alguns segundos para se realizar, e mesmo que seja o pagamento à prazo, continua sendo instantâneo, só que de execução diferida Outra característica que merece destaque é a translatividade, porque o contrato de compra e venda não garante a propriedade, sendo necessária a observação dos atos solenes quando exigidos, pois caso contrário não será transferido a propriedade. LEGITIMIDADE DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA Legitimidade é um limitador de capacidade, que mesmo sendo capazes não tem autorização para comprar ou vender determinados bens, vejamos: Outorga uxória: O cônjuge não pode vender um bem imóvel sem a autorização do outro cônjuge, sob pena de anulabilidade. Proteção à igualdade de herança entre os filhos: Um pai não pode vender um bem a um filho sem autorização dos demais filhos, sob pena de anulabilidade Questão Moral: Necessita parecer honesto o contrato, tutor não pode comprar os bens do tutelado, bem como o Juiz não pode comprar os bens que ele mandou penhorar do devedor em processo de execução, sob pena de nulidade, art. 497 I e III CC Facilitar a extinção do condomínio: Um condômino não pode vender a sua parte em bem indivisível para terceiro se o outro condômino quiser comprar, sendo que deverá ser oferecido primeiro para o outro condômino, sob pena de anulabilidade, art. 504 CC CLÁUSULAS ESPECIAIS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA 1. Venda ad mensuram e venda ad corpus são aplicáveis em bens imóveis 16

Ad mensuram é quando determina a área do imóvel vendido ou o preço de cada metro ou hectare. O erro no tamanho traz consequências conforme o art. 500 CC. Ad corpus adquire-se coisa certa e que se presume conhecida pelo comprador, de modo que nao se fala em abatimento do preço, art. 500 3º CC. Compra e venda por Ad corpus é quando os contratantes levam em consideração o corpo, o objeto e as características de localização, suas comodidades e outras características que são levadas em consideração, sendo que a área do imóvel não tem quase importância. Compra e venda Ad mensuram a área do imóvel é o fator preponderante para a negociação. Neste caso, se o imóvel comprado tiver área menor do que constante no contrato há direito ao: I. Abatimento do preço; II. Complementação da área; III. Resolução do contrato 2. Retrovenda Cláusula em que o vendedor, entre acordo com o comprador, fica com o direito de recomprar, em três anos, o imóvel vendido, devolvendo o preço e todas as despesas feitas pelo comprador, art. 505. Só é aplicada em bem imóvel, nunca em bem móvel. A resolução da retrovenda se dá pela decadência do prazo de três anos, pela destruição do imóvel ou pela renúncia do vendedor. 3. Venda a Contento Cláusula em que permite desfazer o contrato se o comprador não gostar da coisa adquirida, sendo que não é necessário expor os motivos por não querer ficar com o bem (direito potestativo), e o vendedor não pode discutir a respeito desta manifestação. Dividido em duas espécies: suspensiva o comprador não paga o preço e adquire a coisa por empréstimo, se gostar paga o preço e adquire a coisa, se não gostar devolve sem explicações, caso a coisa perecer será de responsabilidade do vendedor (a coisa perece para o 17

dono); resolutiva o comprador paga o preço e adquire a coisa como dono, se não gostar devolve a coisa, desfaz a compra e exige o dinheiro de volta, caso a coisa perecer será de responsabilidade do comprador. 4. Preempção ou Preferência Cláusula que obriga o comprador de coisa móvel ou imóvel oferecer ao vendedor caso resolva vender o bem para um terceiro, com a finalidade de o vendedor exercer seu direito de preferência. É muito parecida com retrovenda, porem possui características diferentes, ver arts. 513 ao 520 do CC. 5. Venda com reserva de domínio Modalidade especial de venda de coisa móvel em que o vendedor reserva para si a propriedade do bem até o momento que se realize o pagamento integral do preço, art. 521 aos 528 CC. 6. Venda sobre documentos Modalidade que traz garantias de propriedade plena ao comprador, contribuindo para uma maior autonomia e mobilidade contratual. Desta forma a tradição da coisa é substituída pela entrega dos documentos exigidos pelo contrato. 7. Condições de venda - Incoterms Incoterms estabelece regras/cláusulas de responsabilidade de contrato e direito do importador, de que ponto da transação até que ponto. É uma clausula de contrato de compra e venda internacional que indica responsabilidades e direitos do comprador e do vendedor. Tem como objetivo: 1. O ponto de entrega da mercadoria 2. Local exato de divisão das responsabilidades 3. Custo das partes. Divididos em 4 grupos: E O vendedor não tem custo nem responsabilidade. O comprador vem buscar no estabelecimento; F O vendedor não paga os custos principais da transação, apenas entrega o produto ao transportador do comprador; C O custo de manuseio e frete é do vendedor até chegar no porto do país do cliente; D Toda 18

responsabilidade e do vendedor, paga tudo até o ponto de destino determinado, no terminal indicado CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA Também chamado de escambo, previsto no Art. 533 CC Contrato pelo qual as partes se obrigam a trocar bens, que não seja dinheiro. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE LOCAÇÃO Bilateral Translativo Consensual Geralmente Comutativo Oneroso Obs. Translativo de propriedade no sentido de servir como titulus adquirendi, gerando para cada contratante, a obrigação de transferir para o outro o domínio da coisa, objeto de sua prestação. Tudo que puder ser aplicado na compra e venda poderá ser aplicado na troca ou permuta, com duas ressalvas (art. 533, I e II CC): 1. Cada um dos contratantes pagará por metade as despesas da troca 2. É anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem o consentimento dos outros descendentes e do cônjuge O desequilíbrio na troca prevê a nulidade do contrato, porque enseja fraude. Se ocorrer a troca de um bem por um bem de valor inferior mais uma quantia em dinheiro será considerado contrato de troca ou de compra e venda? 19

R. Depende do valor em dinheiro envolvido, se pouco dinheiro será considerado contrato de troca, se o saldo em dinheiro representar mais da metade do pagamento dai será considerado contrato de compra e venda. CONTRATO ESTIMATÓRIO ou de CONSIGNAÇÃO Art. 534 aos 537 CC Negócio jurídico em que alguém recebe de outra pessoa bens móveis, ficando autorizado a vendê-los, obrigando-se a pagar um preço estimado previamente se não restituir as coisas consignadas dentro do prazo ajustado. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ESTIMATÓRIO/CONSIGNAÇÃO Bilateral Informal Real Comutativo Oneroso Real Se aperfeiçoa com a entrega do bem ao consignatário Oneroso Ambas as partes obtêm proveito Comutativo Não envolve risco Bilateral Acarreta obrigações recíprocas Informal Pode ser um contrato verbal 20

Possuem Obrigação facultativa (possibilidade de uma hipótese) e obrigação alternativa (possibilidade de escolha). O consignante (quem deu o bem) não perderá o domínio dos bens até que o consignatário (quem recebeu o bem) os negocie com terceiros. O consignante não poderá dispor das coisas consignadas antes de lhe serem restituídas ou de lhe ser comunicada a restituição. As coisas consignadas não poderão ser objeto de penhora ou sequestro pelos credores do consignatário, enquanto não for pago integralmente o seu preço. O consignatário deverá pagar as despesas, compensando com a diferença entre preço estimado e o preço da venda a terceiro. CONTRATO DE DOAÇÃO Art. 538 ao 564 CC Contrato pelo qual o doador se obriga a transferir gratuitamente um bem de sua propriedade para outra pessoa (donatário). REQUISITOS Gratuito Entre vivos Gera obrigação Aceitação Bem lícito 21

Gratuito A circulação do bem de uma pessoa para a outra, em regra, é gratuita, porque constitui uma liberalidade, não sendo imposto qualquer ônus ou encargo ao beneficiário. Gera obrigação Apenas o ato de doar não transfere a propriedade, no qual é necessária a tradição e o registro para completar o contrato. Bem lícito O objeto da obrigação deve ser lícito e pertencer ao doador, pois não se pode doar coisa alheia. Aceitação Como todo contrato é exigido a vontade das partes, mesmo que seja um contrato gratuito dependerá da aceitação do donatário. Entre vivos (Inter Vivos) A doação deve ser feita entre pessoas vivas, a doação mortis causa é a herança e o legado, no qual será estudado em Civil 7. ELEMENTOS Dois são os elementos peculiares à doação: Objetivos Empobrecimento do doador e enriquecimento do donatário Subjetivos Vontade do doador de praticar uma generosidade, no qual é a intenção de doar (animus donandi) CARACTERÍSTICAS Sendo assim o contrato de doação é: Unilateral Solene Gratuito Consesual 22

Unilateral Obrigação apenas para o doador de entregar a coisa Solene 4 Exige forma escrita, entretanto para os bens móveis de pequeno valor pode ser verbal/informal (não solene) Gratuito Em regra apenas o donatário tem proveito econômico Consensual Se aperfeiçoa com o acordo de vontade do doador e do donatário OBSERVACÕES IMPORTANTES A coisa doada que possuir algum defeito, o doador não fica sujeito a evicção 5 ou vícios redibitórios 6, pois esses efeitos só se aplicam a contratos bilaterais. Entretanto se a doação for onerosa/com encargo, esses efeitos serão admitidos. Pessoa em dificuldade financeira, com muitas dívidas, ou seja, insolvente, não pode doar os seus bens para não prejudicar os credores. Se ocorrer a doação, será anulável por se tratar de fraude contra credores. Promessa de doação pela maioria dos doutrinadores é inexigível o cumprimento de promessa de doação pura/simples, porque representa uma liberdade plena. Contudo na doação com encargo/onerosa é imposto ao donatário um dever exigível do doador, no qual não existe promessa de doação. O nascituro tem todos os direitos, menos os patrimoniais, só após o nascimento com vida a doação terá eficácia. 4 Solenes são os contratos que necessitam de formalidades nas execuções após ser concordado por ambas as partes, dando a elas segurança e algumas formalidades da lei, como na compra de um imóvel, sendo necessário um registro em cartório para que este seja válido. Não solenes são aqueles que não precisam dessas formalidades, necessitando apenas da aceitação de ambas as partes. 5 6 Evicção é a perda de um bem por motivo de decisão judicial ou ato administrativo (art. 447 CC) Vicio Redibitório são falhas ou defeitos ocultos no bem adquirido (art. 443 CC) 23

ESPÉCIES DE DOAÇÃO a) Doação Pura: É a doação simples em que o doador não impõe nenhuma restrição ao beneficiário, desta forma não tem nenhuma exigência, motivação, limitação, condição ou encargo. O ato constitui uma liberalidade plena. b) Doação Condicional: Subordinada a evento futuro e incerto (ex. Darei este terreno se você casar) c) Doação a Prazo ou a Termo: Subordinada a evento futuro e certo (ex. Darei este carro para você quando tirar habilitação de motorista) d) Doação Modal: Sujeitada ao encargo, no qual é uma doação onerosa 7 pois existe uma obrigação por parte do donatário (ex. Doo este violão à você com ônus de tocar todo final de semana em meu barzinho). e) Doação Remuneratória: Feita por gratidão, com a finalidade de retribuir um favor (ex. Dentista que faz nova dentadura para sua avó e não cobra nada, depois ganha um tapete importado do Egito). f) Doação Conjuntiva: Feita em comum com mais de uma pessoa, sendo distribuída por igual entre os diversos donatários, salvo se o contrato estipulou o contrário. g) Doação Ilegítima: É feita a donatário sem legitimidade para receber a doação. h) Doação Incapaz: Apenas pode ser feita doação a incapaz se for pura (ex. dar um presente a criança). i) Doação em contemplação de casamento futuro: Tipo de doação condicional, ou seja, fica sujeita ao casamento entre certas pessoas. A aceitação do casal ao contrato de doação vem com o matrimônio. REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO A doação é um favor, uma generosidade, um benefício, uma liberalidade, e sendo assim não é admitido que o donatário seja ingrato com o doador, devendo o mesmo ser respeitado. 7 Classificado pela Doutrina como contrato unilateral imperfeito/bilateral imperfeito 24

Desta forma só há 2 maneiras da Revogação da Doação: Por ingratidão do donatário se a doação for pura e simples Por descumprimento de encargo 25