A discricionariedade na Administração Pública

Documentos relacionados
A Função da Descentralização no Direito Administrativo

Ficha de Unidade Curricular (FUC) de Direito Administrativo

Ficha de Unidade Curricular (FUC) de Direito Administrativo

Cf. Diogo Freitas do Amaral, Curso de Direito Administrativo Volume II, pag.265 2

DIREITO ADMINISTRATIVO II

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO DA ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA Ano Lectivo 2018/2019

Exame da Época de Recurso - Direito Administrativo II Noite 21 de julho de 2017 Duração: 90 minutos Regente: Prof.ª Doutora Maria João Estorninho

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO DA ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA Ano Lectivo 2013/2014

Direito Administrativo

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DIREITO ADMINISTRATIVO

Direito Administrativo I

Ficha de Unidade Curricular (FUC) de Teoria Geral do Direito Administrativo

PROGRAMA DA DISCIPLINA DE DIREITO ADMINISTRATIVO II (3. ANO)

PROGRAMA DA DISCIPLINA DE DIREITO ADMINISTRATIVO II (3. ANO)

DIREITO ADMINISTRATIVO. Ano Letivo 2011/2012 1º semestre. Coordenador e Regente: Prof. Doutor Jorge Bacelar Gouveia ELEMENTOS DE ESTUDO

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO DA ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA Ano Lectivo 2017/2018

DIREITO ADMINISTRATIVO

Vinculação e Discricionariedade Administrativa

\JlX. A Recusa de Aplicação de Regulamentos pela Administração com Fundamento em Invalidade. Ana Raquel Gonçalves Moniz

DIREITO ADMINISTRATIVO II. 2.º Ano Turma B PROGRAMA DA DISCIPLINA Ano lectivo de 2011/2012 2º semestre

Poderes da Administração Pública (Resumos de direito Administrativo)

INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE LISBOA

direito administrativo

TEORIA GERAL DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. - Programa - 1. Contrato administrativo evolução do conceito e sua delimitação

DIREITO ADMINISTRATIVO I ÍNDICE. CAPÍTULO I A relevância do estudo do direito administrativo

A CASA DO SIMULADO DESAFIO QUESTÕES MINISSIMULADO 06/360

CORPO DOCENTE: PROGRAMA. 1. Apresentação e programa da cadeira. Diplomas relevantes.

O contrato administrativo

DIREITO ADMINISTRATIVO II

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular DIREITO DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Ano Lectivo 2012/2013

DIREITO ADMINISTRATIVO. Prof. Luiz Antonio Lima

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA EXAME DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO , AFN. Turma da Noite

A arbitragem administrativa institucionalizada: aspetos constitucionais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

I Noções e Problemas Elementares

Informação Vinculativa

As suas questões. sobre o Tribunal de Justiça da União Europeia

CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO. Regente: António Pedro Barbas Homem, Professor Catedrático

AULA 14. Todavia, importante trazer três argumentos que podem ser utilizados para defender essa tese:

A distinção entre Regulamento Administrativo e Ato Administrativo:

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Ano Lectivo 2014/2015

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Ano Lectivo 2013/2014

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Ano Lectivo 2016/2017

MÓDULO III ESCOLA PRÁTICA DE POLÍCIA NOÇÕES GERAIS DE DIREITO FORMAÇÃO DE AGENTES CURSO DE 3 TIPOS ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA -SEGURANÇA

O presente caso prático apresenta as seguintes situações, que importa analisar:

RECURSO DE INCONSTITUCIONALIDADE

1. Contrato administrativo evolução do conceito e sua delimitação

PROGRAMA. DIREITO CONSTITUCIONAL I (Introdução à Teoria da Constituição) Professor José Melo Alexandrino. (1.º ano 1.º Semestre Turma B) 2014/2015

DIREITO ADMINISTRATIVO I 2012/2013 RESPONSABILIDADE INDEMNIZATÓRIA DOS PODERES PÚBLICOS EM 3D: ESTADO DE DIREITO, ESTADO FISCAL E ESTADO SOCIAL

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

QUESTÃO SUBJETIVA - DIREITO ADMINISTRATIVO (Valor: 10,0 pontos)

Direito Administrativo

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA. EXAME DE DIREITO ADMINISTRATIVO II Época de recurso (TURMA NOITE)

Direito Administrativo

CÓDIGO DE ÉTICA E DE CONDUTA MUNICÍPIO DA POVOAÇÃO

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 02. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

DIREITO ADMINISTRATIVO TJ - PE. Prof. Luiz Lima

Garantias dos particulares face à Administração

CÓDIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO: alterações e consequências na Administração Central e Local

A criação normativa em matéria tributária - As fontes de Direito Tributário

Projecto de Lei n.º 409/XIII. Garante o acesso ao Direito e aos Tribunais introduzindo alterações ao Regulamento das Custas Processuais

PROGRAMA DIREITO DAS OBRIGAÇÕES I REGENTE: JOSÉ ALBERTO VIEIRA INTRODUÇÃO

PROGRAMA DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I Ano letivo de Regente: Prof. Doutor Miguel Nogueira de Brito

Princípios da Administração Pública (Resumos de Direito Administrativo)

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Ano Lectivo 2013/2014

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROGRAMA DA DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO AO DIREITO (1. ANO)

DIREITO ADMINISTRATIVO I

Profª Tatiana Marcello

Parte I Analise apenas quatro das seguintes questões ( valores):

ESTUDOS DE HOMENAGEM AO PROF. DOUTOR JORGE MIRANDA VOLUME IV DIREITO ADMINISTRATIVO E JUSTIÇA ADMINISTRATIVA

OS PARTIDOS POLÍTICOS NA CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular CONTRATOS PÚBLICOS Ano Lectivo 2013/2014

CLÍNICAS FORENSES PRÁTICAS PROCESSUAIS ADMINISTRATIVAS

AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ENSINO UNIVERSITÁRIO

do Procedimento e do Processo Administrativos

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Paula Freire 2012

REVISÃO FCC Direito Administrativo Elisa Faria REVISÃO FCC

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA 2.º Ano Turma Noite 18/06/2019

DECISÃO N.º 3/2011 SRTCA. Processo n.º 008/ Suscitaram-se, porém, dúvidas quanto à escolha do procedimento pré-contratual de ajuste directo.

I (15 valores) Tenha em conta a seguinte hipótese e responda às 7 questões especificamente colocadas. A saber:

ATUAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE SP

DESPORTO Agosto 2013 TRIBUNAL ARBITRAL DO DESPORTO: O IMPORTANTE NÃO ERA JUSTIFICAR O ERRO, MAS IMPEDIR QUE QUE ELE SE REPETISSE

Ficha de Unidade Curricular (FUC) de Fiscalidade I

DA INTERVENÇÃO FEDERAL (ARTS. 34 A 36) (vários autores) Disciplina: Direito Constitucional II

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO MESTRADO

ASSOCIAÇÃO DOS OFICIAIS DAS FORÇAS ARMADAS

Exmo. Senhor Dr. Juiz de Direito do Tribunal Administrativo e Fiscal de [ ] Execução fiscal Serviço de finanças de [ ] Processo n.º : [ ] e aps.

Escola Superior de Tecnologia de Abrantes

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular CONTENCIOSO DO PODER PÚBLICO Ano Lectivo 2013/2014

Licenciatura PROGRAMA INTRODUÇÃO

DIREITO CONSTITUCIONAL

FABIO LUCIO. 9 Sistemas de controle jurisdicional da administração pública: contencioso administrativo e sistema da jurisdição una.

CONSTITUIÇÂO DA REPÚBLICA PORTUGUESA. (texto integral) Tribunais SECÇÃO V CAPÍTULO I. Princípios gerais. Artigo 202. (Função jurisdicional)

PEDIDO DE FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE

42) Quanto aos elementos ou requisitos de validade dos atos administrativos não podemos afirmar:

FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE LISBOA DIREITO ADMINISTRATIVO I Turma B 15 de fevereiro de Exame de Recurso - Tópicos de Correção

PODERES ADMINISTRATIVOS

Transcrição:

A discricionariedade na Administração Pública O Prof. Doutor Pedro Moniz Lopes define discricionariedade, em sentido lato, como toda e qualquer situação em que seja permitido aos órgãos da função administrativa a escolha entre as várias alternativas de ação. A administração pública é dotada de uma margem de livre decisão, isto é, uma liberdade de ação administrativa concedida e limitada pela lei, perante um caso concreto. É, portanto, um poder da Administração próprio da atividade administrativa que consiste numa escolha entre vários direitos realizada pelo decisor administrativo, segundo critérios estabelecidos pela lei. A administração ao executar esses poderes irá agir de acordo com a liberdade que é imposta pelo princípio da legalidade (art. 266º CRP), pois o decisor administrativo tem de respeitar a forma legal e atender à finalidade do interesse público. Logo, se as normas regulam a atividade administrativa, diz-se que está vinculada. Importa então distinguir vinculação e discricionariedade, duas formas típicas pelas quais a lei regula a atividade administrativa. Para a definição destes conceitos implica mencionar duas teorias: a teoria da organização que analisa os poderes e a teoria da atividade que analisa os atos. Na teoria da organização, o poder é vinculado quando a lei confere à administração um ato e determina os requisitos para tal concretização. O poder é discricionário quando a lei concede a possibilidade de escolha entre várias alternativas. Segundo o Prof. Doutor Diogo Freitas do Amaral, na teoria da atividade, os atos são vinculados quando praticados pela Administração no exercício de poderes vinculativos, e que são discricionários quando praticados no exercício de poderes discricionários. A título de exemplo de um ato vinculado, considera-se o ato tributário, pois a lei regula todos os aspetos (incidência do imposto, matéria coletável, taxa devida). É uma tarefa puramente mecânica e o resultado é o único legalmente possível. A lei vincula totalmente a Administração Púbica, ou seja, a administração não tem possibilidade de escolha. Em relação ao ato discricionário, temos como exemplo a nomeação de um governador civil. Passo a explicar, o Governo pode escolher desde que seja cidadão português e maior de

idade, no pleno gozo dos seus direitos. A lei praticamente nada regula e atribui uma margem ampla de autonomia decisória à Administração Pública. O Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa fala em várias modalidades de discricionariedade, designadamente a discricionariedade em ação, ou seja, a escolha entre agir e não agir; a discricionariedade de escolha, a escolha entre duas ou mais hipóteses de atuação estipulada na lei; e discricionariedade criativa, quando o decisor administrativo age de forma criativa, mas de acordo com o que a lei regula. As normas que atribuem uma certa liberdade exigem uma interpretação normativa, visto que deriva do uso de expressões linguísticas com significado permissivo. Na discricionariedade de ação é utilizado, por exemplo, o verbo poder e na discricionariedade de escolha a conjunção ou. Na discricionariedade criativa já se usa conceitos jurídicos indeterminados. Os conceitos indeterminados não possuem um sentido concreto e evidente, logo exigem uma interpretação tendo em consideração o contexto do caso concreto. O intérprete deve escolher aquela que melhor está de acordo com a ordem jurídica e que irá atender ao interesse público. Existem casos em que é difícil compreender, nas palavras do Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, saber se o fim daquela norma era conferir uma margem de liberdade à administração, ou se, pelo contrário, se quis estabelecer uma vinculação a agir, ou a agir de determinado modo. A verdade é que não há atos totalmente vinculados, nem totalmente discricionários. Os atos administrativos são uma combinação entre o exercício de poderes vinculados e poderes discricionários. Neste sentido, é pertinente questionar se é um poder vinculado ou um poder discricionário, relativamente aos atos da administração a pergunta que deverá ser colocada é em que medida são vinculados e em que medida são discricionários. Logo se os atos administrativos têm esta característica, a escolha do decisor administrativo perante várias opções nunca vai ser totalmente livre, é o que defende o Professor Vasco Pereira da Silva. A escolha da decisão não está apenas subordinada pela competência do órgão e pelo interesse público como fim, essa escolha é também limitada pelo princípio da igualdade (art.13º/2 CRP e art.266º/2 CRP), isto é, tratar situações iguais de forma igual e situações desiguais de forma desigual. Também pelo princípio da proporcionalidade, da imparcialidade e da boa-fé. Através destes princípios gerais vinculativos, as decisões vão ser mais justas e adequadas para encontrar a melhor solução para o interesse público.

Para enaltecer o que foi dito, VIEIRA DE ANDRADE refere que a discricionariedade não é uma liberdade ( ), mas sim uma competência, uma tarefa, corresponde a uma função jurídica ( ). A decisão administrativa tem de ser racional, porque não pode ser fruto de emoção ou capricho ( ). Assim, a discricionariedade não significa liberdade, mas sim um poder-dever jurídico. Deste modo, a liberdade de escolha conferida à administração deve manter-se dentro dos padrões legais, sob pena de não cair na arbitrariedade e submeter-se ao controlo jurisdicional. Existem várias correntes em torno desta questão da discricionariedade administrativa. Do ponto de vista mais tradicional, MARCELLO CAETANO afirma que o poder discricionário é um poder à margem do princípio da legalidade, ou seja, é um poder que não deve ser controlado jurisdicionalmente. Se um ato é discricionário, então é dotado de uma liberdade de decisão administrativa, logo tem plena decisão administrativa e não é controlado pelo tribunal. O Prof. Doutor Diogo Freitas do Amaral pronuncia-se sobre o controlo dos tribunais afirmando que a atividade administrativa está submetida a controlos de legalidade (determinar se a administração respeitou a lei) e controlos de mérito (apurar a necessidade e proporcionalidade das decisões administrativas). Assim como, controlos administrativos, aqueles que são realizados por órgãos da administração, e controlos jurisdicionais, praticados por tribunais. Defende, ainda que os tribunais administrativos apenas podem exercer o controlo de legalidade e o controlo de mérito é realizado pela Administração. O mérito nos atos administrativo diz respeito a duas ideias, a justiça e conveniência de um ato (art.266º/2 CRP). O Professor entende que os atos discricionários podem ser atacados contenciosamente com fundamento em: incompetência, dado que a competência de um órgão é sempre vinculada, isto é, atribuída por lei; em vício de forma; em violação da lei, nomeadamente dos princípios constitucionais da igualdade, proporcionalidade, boa fé; em quaisquer vícios da vontade, designadamente erro de facto.

Segundo o Prof. Doutor Vasco Pereira da Silva, a administração interpreta a norma e, através dessa interpretação serão feitas escolhas delimitadas pela lei para se aplicar ao caso concreto. De seguida vai analisar as circunstâncias para saber se podem dar origem a atos, ou seja, a discricionariedade pode estar na apreciação. O Professor distingue o poder vinculado do discricionário. Em relação ao poder vinculado, o tribunal verifica integralmente a produção daquele resultado, senão estamos no âmbito de uma ilegalidade. Se o poder é discricionário, o tribunal controla os vínculos do exercício daquele poder discricionário, se houver o superar dos vínculos estamos perante uma ilegalidade. VIEIRA DE ANDRADE afirma que o poder discricionário não é um mal necessário que deva ser reduzido ao mínimo, antes desempenha um papel positivo e indispensável, quer para a realização do interesse público, quer para defesa adequada dos interesses dos particulares. No meu ponto de vista, a discricionariedade é um bem necessário, por isso estou de acordo com esta última corrente. Por um lado, a discricionariedade permite que os agentes administrativos tenham em consideração os princípios gerais do direito, como a boa fé, a proporcionalidade, a justiça, ou seja, em cada caso concreto consigam discernir qual a melhor solução. No entanto, a atividade administrativa precisa de ser regida pelo bloco de legalidade, para que siga o princípio do interesse público e não somente interesses individuais, pois se assim não fosse iria trazer insegurança jurídica. O facto de haver meios de controlo jurisdicional faz com que não haja arbitrariedade. Em modo de conclusão, esta margem de liberdade concedida à Administração Pública, através de critérios de justiça, oportunidade e conveniência não é ilimitada, de forma a não colocar em causa a segurança jurídica e não comprometer a legitimidade. Logo, restringir a discricionariedade limita o trabalho do decisor administrativo, mas aumentar o seu grau de autonomia também não será a melhor solução, pois pode cair no âmbito da arbitrariedade. A solução está no equilíbrio entre a vinculação e a discricionariedade, neste caso o controlo dos atos administrativos é fundamental.

Bibliografia AMARAL, Diogo Freitas do. (2011). Curso de Direito Administrativo, Vol. II. Almedina. CAETANO, Marcello. (1965). Manual de Direito Administrativo. Coimbra Editora, LDA. CAUPERS, João, (2013). Introdução ao Direito Administrativo. Lisboa: Âncora Editora. LOPES, Pedro Moniz. (2011). Princípio da boa fé e decisão administrativa. Almedina. SOUSA, Marcelo Rebelo de; MATOS, André Salgado de. (2004). Direito Administrativo Geral: Introdução e princípios fundamentais. TOMO I, Alfragide: Publicações D. Quixote. WOLFF, Hans J.; BACHOF, Otto; STOBER, Rolf. António F. de Sousa. (2006). Direito Administrativo Vol. I. Fundação Calouste Gulbenkian. Patrícia Sofia Pires Lavrador Nº56587 5