Podemos dizer que a Pediatria se preocupa com a prevenção, já na infância, de doenças do adulto.

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Transcrição:

Compartilhe conhecimento: A saúde de um adulto começa a ser cuidada por seu pediatra. Veja as principais ações para garantir a futura qualidade de vida dos pequenos. O ensino da Pediatria teve, em seu início, a preocupação primordial de tratar doenças, isto é, de retirar a criança de uma situação de risco para sua saúde. No entanto, o fato de tratarmos de crianças seres humanos em formação nos coloca em uma situação de possibilidade de acompanhar seu desenvolvimento e, desde cedo, poder detectar situações modificáveis. Temos a oportunidade, assim, de fazer com que elas se tornem adultos mais saudáveis, tanto física quanto psicologicamente. Podemos dizer que a Pediatria se preocupa com a prevenção, já na infância, de doenças do adulto. Com este conceito em mente e partindo-se do pressuposto de que projeções colocam a expectativa de vida em 100 anos no século XXII em alguns países -, podemos dizer que a Pediatria se preocupa com a prevenção, já na infância, de doenças do adulto. PEDIATRAS CUIDANDO DE ADULTOS

Um grupo de Pediatras da FMUSP e UNICAMP formou uma equipe com o intuito de auxiliar o acompanhamento da saúde das crianças e prevenir, com maior eficiência, o desenvolvimento de diversas doenças enquanto elas crescem. Para tal, estabeleceram algumas ações para a detecção precoce e a prevenção de doenças crônicas prevalentes na vida adulta e na senilidade. Tais ações compreendem: Prevenção e tratamento precoce da obesidade infantil: tal ação baseia-se no diagnóstico, por meio da utilização das curvas de crescimento da OMS (IMC), e na intervenção precoce, modificando fatores que podem se manter até a vida adulta, como sedentarismo e hábitos alimentares. O cuidado com a alimentação deve ser iniciado já durante a amamentação, destacando-se a importância da alimentação e do aporte calórico adequados nos primeiros 1.000 dias de vida, seguindo-se até a adolescência, com o estímulo constante a hábitos saudáveis. Acompanhamento da criança nascida com baixo peso: o baixo peso ao nascer implica em riscos físicos e emocionais na vida adulta. Crianças que nasceram com baixo peso têm risco elevado para excesso de peso conforme crescem, diabetes mellitus e hipercolesterolemia, bem como para depressão e transtorno bipolar.

Seu acompanhamento deve englobar tais cuidados. Diagnóstico precoce das doenças respiratórias crônicas: o diagnóstico e tratamento correto da asma reduz o número de internações e de complicações a médio e longo prazo Avaliar o impacto de doenças crônicas que se iniciam na infância: doenças como diabetes mellitus, HIV, hemofilias e outras doenças com manifestações e diagnóstico na infância expõem a criança, de maneira crônica, a complicações e medicamentos. Tais doenças devem ser manuseadas pelo especialista; no entanto, o pediatra geral deve estar a par do acompanhamento de seu paciente portador de tais doenças, das complicações das mesmas e dos efeitos colaterais dos medicamentos por ele utilizados. O impacto nutricional é avaliado pelo pediatra que acompanha a criança e deve ser prontamente detectado e tratado. Detecção precoce de distúrbios comportamentais: abordamos este ponto em detalhes a seguir. AÇÕES EM PEDIATRIA PREVENTIVA A AAP estabeleceu algumas ações, divididas por faixas etárias, em Pediatria Preventiva. Resumidamente e de forma simples, as mais importantes são: 1.TRIAGEM PARA DISLIPIDEMIAS Passe o mouse sobre o organograma e utilize os botões de zoom para navegar.

2. RASTREAMENTO PRA HIV EM ADOLESCENTES SEXUALMENTE ATIVOS ENTRE 16 E 18 ANOS 3. PAPANICOLAU ANUALMENTE A PARTIR DOS 21 ANOS 4. TESTE DO CORAÇÃOZINHO AO NASCIMENTO 5. RASTREAMENTO DE ANEMIA FERROPRIVA ENTRE 15 E 30 MESES 6. TRIAGEM PARA DEPRESSÃO 11 A 18 ANOS A triagem para depressão pode ser feita por meio de sinais sugestivos. No caso de suspeita, encaminhar para avaliação. Tais sinais seriam: irritabilidade ou instabilidade humor deprimido perda de energia desmotivação e desinteresse importantes sentimentos de desesperança ou culpa alterações do sono isolamento dificuldade importante de concentração súbito prejuízo no desempenho escolar baixa autoestima ideação suicida e tentativas de suicídio problemas graves de comportamento 7.DETECTAR ADOLESCENTES DE RISCO PARA ABUSO DE ÁLCOOL OU DROGAS 11 A 21 ANOS O teste sugerido é bastante simples e chamado CRAFT. Saiba como ele funciona a seguir:

Referência: http://www.iapo.org.br/manuals/br_triagem-e-intervencao-breve-em-abuso-de-drogas.pdf CONCLUSÕES

A criança que vai ao pediatra deve ter seu atendimento unificado e abrangente. A consulta pediátrica compreende a avaliação de aspectos físicos e também psicológicos. O pediatra que atende crianças com doenças crônicas normalmente é quem vai organizar seu acompanhamento pelos vários especialistas que irão atende-la em função de suas necessidades. Ao organizar estas consultas, ele será o profissional que mais irá conhecer aquela criança ou seja, ele não será meramente um profissional encaminhador. Devemos entender este papel muito mais como um orientador, como aquele profissional que os pais e a criança irão procurar para tirar suas dúvidas e para consolidar todas as terapias que ela possa utilizar naquele momento. Devemos pensar de maneira semelhante quando falamos em prevenção. Se estamos atendendo bebês que podem chegar aos 100 anos de idade, temos de estar cientes da nossa responsabilidade, como profissionais, de preparar esta criança para se tornar um idoso saudável física e psicologicamente.

Bibliografia consultada 2017 Recommendations for Preventive Pediatric Health Care Bright Futures/American Academy of Pediatrics. Pediatrics Feb 2017, e20170254; DOI: 10.1542/peds.2017-0254 UMA NOVA PEDIATRIA PARA CRIANÇAS QUE VÃO VIVER 100 ANOS OU MAIS: A infância e a adolescência como idades ideais para a prevenção das doenças do adulto e do idoso. Projeto Instituto da Criança da FMUSP. Origem fetal das doenças do adulto: revisitando a teoria de Barker. Acta Obstet ginecol Port 2009;3(3):158-168. A criança é o pai do homem: novos desafios para a área de saúde da criança. Ciência & Saúde Coletiva, 15(2):321-327, 2010