INSPEÇÃO E DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES DOS SISTEMAS PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, SP, BRASIL D.BARRETO Prof. Eng.ª Civil UFSCar São Carlos, Brasil e-mail: dbarreto@ufscar.br M. MAKINO Eng.ª Civil UFSCar São Carlos, Brasil e-mail: marcelomakino@gmail.com RESUMO O trabalho desenvolvido teve como objetivo o estudo das incidências de falhas nas edificações no Campus São Carlos da UFSCar, analisando as falhas ocorridas nas instalações de esgoto sanitário. Estudou-se a ordem de grandeza dessas falhas nos serviços de manutenção predial, o estudo também dividiu as falhas por elementos que constituem o sistema de esgoto buscando analisar os componentes mais propensos a apresentar problemas. Como resultado observou-se que as falhas nos sistemas prediais de esgoto atingem 20% das manutenções prediais onde os componentes do sistema que apresentaram maior incidência são os de instalações de esgoto e louça sanitária com 41% e 39% das observações respectivamente. As etapas do processo construtivo que se mostraram mais problemáticas foram os defeitos no Material e na Operação e Uso chegando a um máximo de 36,1% e 54,7% respectivamente, no ano de 2012 1. INTRODUÇÃO A realidade atual da construção civil tem apresentado uma significativa mudança com a preocupação nos parâmetros de qualidade e desempenho das edificações e seus subsistemas componentes, o que vem sendo abordado atualmente nas normas brasileiras de execução e projeto de edificações. Buscamos sempre aperfeiçoar as técnicas de concepção, projeto, execução, utilização e manutenção dessas edificações, para que assim possamos garantir o desempenho ideal dessas instalações. Segundo Boschetti [1], os sistemas prediais tem o objetivo de garantir o funcionamento e a operação dos edifícios durante sua vida útil, proporcionando o conforto adequado para os usuários em função das tecnologias empregadas na concepção do edifício. Na construção civil, por inúmeras razões, quase sempre não são desenvolvidos projetos detalhados para os Sistemas Prediais. As empresas responsáveis pela execução dos edifícios, para suprir a falta deste projeto, muitas vezes executam apenas esboços dos mesmos. A execução e fiscalização dos serviços ficam a cargo do empreiteiro, muitas vezes sem capacitação técnica adequada, o que é um grande gerador de patologias destes sistemas. A falta de projetos, a baixa capacitação profissional, o uso incorreto destas instalações juntamente com a falta de manutenções periódicas são as principais causas de patologias freqüentemente observadas nestes subsistemas prediais, comprometendo o desempenho e a qualidade das atividades realizadas no interior da edificação. 1
O estudo da redução dos elementos geradores de patologias dos sistemas prediais é de grande importância para as construtoras, pois é desta a responsabilidade por reparos necessários ao edifício por problemas que apareçam em um curto prazo. Os defeitos apresentados em um período pós-obra são custeados pelas construtoras, que tem então, um grande interesse em diminuir a ocorrências de quaisquer problemas nas obras concluídas. Os reparos e manutenções dos sistemas prediais são geralmente de um custo bem elevado e trabalhoso, devido a grande interferência que estes tem com os demais componentes da edificação. O reparo de tubulações e componentes sempre interfere nas vedações e acabamentos, tornando esta atividade de retrabalho indesejada para as empresas responsáveis. Devido aos problemas apresentados anteriormente destaca-se a importância do objetivo deste trabalho para a evolução das técnicas aplicadas e a eficiência exigida por estes subsistemas, assim como os ganhos financeiros incorporados as construtoras que adotarem os procedimentos adequados observados durante este estudo.. 2. OBJETIVOS O principal objetivo deste trabalho é a análise e caracterização das patologias mais decorrentes nos subsistemas prediais de coleta de esgoto no período pós-obra e pós-manutenção de um conjunto de edificações localizadas no campus da Universidade Federal de São Carlos, sendo esses serviços executados e gerenciados pela Divisão de Manutenção da Prefeitura Universitária da UFSCar. O objetivo secundário é a análise das informações para a identificação de quais etapas do processo executivo foram responsáveis pelas patologias encontradas. Após o estudo dos dados obtidos sugerir medidas preventivas que diminuam ou eliminem a ocorrência dessas patologias nos subsistemas prediais das edificações a serem implantadas futuramente. 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste estudo de caso foram desenvolvidas as atividades descritas nos itens a seguir. 3.1 Definição de ferramentas da qualidade Gráfico de Pareto: é representado por barras dispostas em ordem decrescente, com a causa principal sendo vista do lado esquerdo, e as causas menores em seguida ao lado direito. A análise do gráfico nos permite visualizar a incidência dos problemas, confirmar resultados de melhorias, identificar itens que são responsáveis pelos maiores impactos, definir melhorias em um projeto, entre outros. Histograma: nos da à apresentação dos percentuais das falhas por etapas de processos de serviço. Diagrama de Dispersão: Falhas acontecidas ao longo dos anos. 3.2 Seleção da amostra de edifícios Os edifícios que compõe a amostra do estudo de caso tem suas manutenções e reparos gerenciados pela Divisão de Manutenção DiMan, e pertencem ao campus da Universidade Federal de São Carlos UFSCar-São Carlos-SP-Brasil. A UFSCar possui área total de 6,5 km² de extensão, sendo 171,427 m² de área construída, divididas em várias edificações de usos diversos, como edifícios de apartamentos (alojamentos), laboratórios de ensino e pesquisa, salas de aulas, prédios administrativos, restaurante, biblioteca, ginásios, quadras cobertas, sanitários, entre outros. Segundo Carlino [2], devido a recente expansão física da Universidade, esta apresenta uma variedade no tempo de utilização de suas edificações, sendo composta por construções com menos de um ano de uso até prédios com mais de 40 anos de operação. A Divisão de Manutenção desta entidade tem a responsabilidade de realizar o atendimento a todas as edificações e instalações citadas anteriormente. A UFSCar a partir do ano 2009 com a implantação do REUNI [3] também sofreu uma expansão em seu corpo discente o que gerou um grande povoamento das áreas construídas da instituição, a Figura 1 mostra à expansão da área construída da UFSCar de 1997 a 2012 e a Figura 2 mostra o crescimento do número de alunos no período de 2008 a 2013. 2
Figura 1 - Área construída da UFSCar de 1997 a 2011 (Fonte: Carlino - 2012) Figura 2 - Crescimento do número de alunos de 2008 a 2013 (Fonte: Disponível em: <http://www2.ufscar.br/interface_frames/index.php?link=http://www.reuni.ufscar.br> Acesso em Nov. 2013) Na Figura 2 pode-se observar que em 2013 houve um crescimento de 4.628 alunos no corpo discente o que representa um crescimento de aproximadamente 72,3% das vagas oferecidas em 2008 pela Universidade. 3.3 Levantametno documental De acordo com o estudo feito por Boschetti [1] nesta etapa do estudo faz-se um levantamento e análise dos requerimentos de serviços de manutenção documentados nos banco de dados da Divisão de Manutenção DiMan, onde os serviços são listados com uma breve descrição da patologia. No estudo de caso deste trabalho foram analisadas e compiladas todas as requisições referentes aos sistemas prediais de esgoto sanitário dos anos de 2010, 2011, 2012 e 2013. Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada a caracterização das falhas ocorridas nas instalações prediais dos edifícios da UFSCar considerando dois tipos de prédios: Salas de aula e Outros. 3
3.4 Caracterização das falhas analisadas Após a análise das requisições de serviços em sistemas prediais de esgoto sanitário os dados sobre as falhas foram tabulados e separados em três categorias sendo: Instalações de esgoto Louça sanitária Metal sanitário As falhas foram classificadas de acordo com sua causa de origem de acordo com as etapas do processo construtivo, sendo considerados os problemas de projeto (P), execução (E), material (M) e uso e operação (O). Os percentuais foram encontrados em relação ao total de patologias ocorridas em cada uma das três categorias supracitadas, conforme Quadro 1, a seguir. Quadro 1 - Distribuição das Falhas por elementos (2010-2013) Elemento Qtdade Falhas % Instalação de Esgoto 226 42,2 Louça Sanitária 211 38,4 Metal Sanitário 112 20,4 Total 549 100,0 4.RESULTADOS A seguir apresenta-se uma analise da incidência das falhas considerando o total de manifestações patológicas de cada elemento em relação ao período integral do estudo de caso, obtendo-se uma visão global das falhas e etapas ocorridas. Os números encontrados e mostrados na Tabela 1 foram calculados considerando todo o período da analise, que compreende os anos de 2010 a 2013, para o elemento Instalação de Esgoto. Tabela 1 - Instalação de Esgoto x Etapa do processo (2010-2013) Falha no elemento x Etapa do Processo (2010-2013) Instalação de Esgoto N o de falhas % Projeto (P) 10 4,4 Execução (E) 64 28,1 Material (M) 35 15,4 Operação e Uso (U) 119 52,2 Total 228 100,0 A porcentagem de incidência de falhas para cada etapa está ilustrada no gráfico da Figura 3, a seguir: 4
Figura 3 - Falhas x Etapas para Instalações (2010-2013) A Figura 3 mostra que dentro de todo o período analisado a etapa que gerou mais patologias nas instalações de esgoto foi a operação e uso com 52,2% das falhas observadas, o que representa mais da metade das manifestações patológicas. Para a analise feita analogamente com o elemento Louça Sanitária é apresentado a seguir onde os números encontrados em todo período estão na Tabela 2, a seguir. Tabela 2 - Louça Sanitária x Etapa do processo (2010-2013) Falha no elemento x Etapa do Processo (2010-2013) Louça Sanitária N o de falhas % Projeto (P) 2 0,9 Execução (E) 57 27,0 Material (M) 55 26,1 Operação e Uso (U) 97 46,0 Total 211 100,0 A distribuição de incidência de falhas para cada etapa está ilustrada no gráfico da Figura 4, a seguir: Figura 4 - Falhas x Etapas para Louças (2010-2013) Nota-se na Figura 4 que para o elemento supracitado em analise no período total de 2010 a 2013 a etapa de operação e uso apresentou a maioria de incidências com 46% das falhas observadas. Os resultados encontrados para o elemento Metal Sanitário dentro de todo o período do estudo de caso são apresentados na 3, a seguir: 5
Tabela 3- Metal Sanitário x Etapa do processo (2010-2013) Falha no elemento x Etapa do Processo (2010-2013) Metal Sanitário N o de falhas % Projeto (P) 0 0,0 Execução (E) 28 25,0 Material (M) 63 56,3 Operação e Uso (U) 21 18,8 Total 112 100,0 O gráfico das porcentagens encontradas com os valores obtidos desta analise global está apresentado na Figura 5, a seguir. Figura 5 - Falhas x Etapas para Metal (2010-2013) A Figura 4 mostra que dentro do período analisado a etapa que gerou a maioria das patologias nos metais sanitários foi a etapa material com 56,3% das falhas ocorridas. A seguir apresenta-se uma análise feita com todas as requisições de manifestações patológicas dos sistemas de esgoto sanitário durante o período de 2010 a 2013, os dados foram compilados sem a distinção de elementos componentes do sistema de esgoto. A compilação das requisições de serviços de manutenção foi separada apenas por etapa do processo construtivo em relação aos anos de ocorrência e são apresentados na Tabela 4, a seguir. Etapas Tabela 4 - Falhas x Etapas Geral (2010-2013) Falha no elemento x Etapa do Processo (2010-2013) 2010 2011 2012 2015 falhas % falhas % falhas % falhas % Projeto (P) 3 2,5 1 1,3 6 2,9 2 1,3 Execução (E) 35 29,4 16 21,3 53 25,6 45 30,0 Material (M) 43 36,1 17 22,7 65 31,4 28 18,7 Operação e Uso (U) 38 31,9 41 54,7 83 40,1 75 50,0 Total 119 100,0 75 100,0 207 100,0 150 100,0 A comparação da incidência das patologias classificados por etapas ao longo dos anos pode ser visualizada no gráfico de barras apresentado na Figura 6, a seguir. 6
Figura 6 - Falhas x Etapas Geral (2010-2013) Nota-se na Figura 6Figura que o maior responsável pelas patologias encontradas neste subsistema predial foi a etapa de Operação e Uso que apresentou a maior porcentagem nos anos de 2011, 2012 e 2013. As etapas de Execução e Material apresentaram uma distribuição mais equilibrada durante os anos, ficando a etapa de projeto como minoria em todo período. 5 CONCLUSÃO Da análise do estudo de caso deve-se destacar os seguintes aspectos de grande relevância: - as falhas nos sistemas prediais de esgoto chegam a quase 20% das manutenções prediais dentro das dependências da UFSCar, sendo de grande importância para os custos totais dos serviços de manutenção realizados pela instituição. - os elementos componentes do sistema que apresentaram maior incidência de falhas ao longo do período são os de Instalações de Esgoto e Louça Sanitária com 41% e 39% das observações respectivamente. - as etapas do processo construtivo que se mostraram mais problemáticas como causas de manifestações patológicas foram defeitos no Material e na Operação e Uso chegando a um máximo de 36,1% e 54,7% respectivamente, no ano de 2012. - o aumento do número de falhas ao longo do tempo nos sistemas prediais de esgoto sanitário tem relação direta com o crescimento do número de alunos no campus da UFSCar, causado pelo maior demanda de utilização das dependências sanitárias. Pode-se concluir que as patologias dos sistemas prediais de esgoto representam um número considerável de falhas prediais, sendo assim responsável por grandes intervenções em suas manutenções, causando grande desconforto e custo elevado em seus procedimentos corretivos. A melhoria deste cenário pode vir através da correta concepção de todas as etapas do processo construtivo, retroalimentação com os dados obtidos na inspeção das falhas a fim de se evitar a recorrências das causas mais comuns nas manifestações patológicas. No estudo realizado as etapas que apresentaram maior importância na incidência das patologias podem ser melhoradas, tentando diminuir as consequências supracitadas. 6. AGRADECIMENTOS Especial agradecimento ao PPGECiv Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da Univerdiade Federal de São Carlos por patrocinar a participação no Evento. 7
7. REFERÊNCIAS [1] BOSCHETTI, L. A. Análise das falhas pós-obra nos sistemas prediais de edifícios residenciais mulipavimentos. 2010. 172f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia em Construção de Edifícios.) Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo. [2] CARLINO, A. E. Melhorias nos Processos de Manutenção em Prédios Públicos. 2012. 153f. Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012. [3] BRASIL. Decreto 6.096/2007. Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI. 24.jan.2007. 1f. In http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6096.htm 8