AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB

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Transcrição:

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E CONSUMO ALIMENTAR DE PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB Clara Cabral Fernandes Vieira; Maria da Conceição Rodrigues Gonçalves; Keyth Sulamita De Lima Guimarães Universidade Federal da Paraíba cllaracabrall@gmail.com 1 INTRODUÇÃO A rapidez e a extensão da urbanização são algumas das características da sociedade atual. Esse processo provocou modificações agressivas nos hábitos dietéticos e no estilo de vida das pessoas, acarretando redução na atividade física. Essas mudanças provocaram um significativo impacto sobre a saúde e a mortalidade e constituise em um grave problema de saúde pública (SILVERIA, 2007). O Diabetes mellitus é um dos mais importantes problemas de saúde mundial, tanto em número de pessoas afetadas como de incapacitação e de mortalidade prematura, bem como dos custos envolvidos no seu tratamento (OLIVEIRA; GRANJA; WAJCHENBERG, 2000). Caracteriza-se por altas concentrações de glicose no sangue, ocasionados pela má secreção de insulina ou o defeito na utilização da mesma (MARION; FRANZ, 2010). O tratamento do Diabetes mellitus envolve o uso de antidiabéticos orais e/ou insulina, dieta e atividade física. As escolhas alimentares e atividade física são à base das recomendações nutricionais para o tratamento e prevenção desta patologia. Nesse sentido, há a necessidade de intervenções nutricionais, direcionadas a este grupo para esclarecer a importância da alimentação saudável no controle do peso corporal e da doença, a fim de minimizar seus sintomas em prol de uma melhor saúde e qualidade de vida. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo geral traçar o perfil nutricional e o

consumo alimentar de pacientes diabéticos atendidos em um hospital público do município de João Pessoa PB. 2 METODOLOGIA Tratou-se de um estudo de caráter transversal, descritivo e observacional, realizado com 60 pacientes diabéticos, assistidos pela Clinica de Nutrição e Endocrinologia do Ambulatório do Hospital Universitário Lauro Wanderley, em João Pessoa PB, após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi submetido à análise do Comitê de Ética em Pesquisas (CEP) do hospital em questão, e aprovado pelo Parecer CEP/HULW nº 321.837. Para a construção do perfil sócioeconômico, cultural e de saúde dos pacientes, foi aplicado um questionário. Após essa fase, realizou-se a avaliação nutricional dos pacientes, através da determinação do Índice de Massa Corporal, utilizando os pontos de corte para adultos, propostos pela Organização Mundial de Saúde. As circunferências da cintura e do quadril foram verificadas com o auxílio de uma Fita de Medidas Antropométricas. A razão cintura/quadril e a circunferência da cintura foram utilizadas como prognóstico de determinação para risco de doença coronariana e cardiovascular, segundo os pontos de corte propostos pela Organização Mundial de Saúde (2000). A circunferência abdominal foi aferida com fita métrica inelástica de 2,0m da marca Cescorf, comparando com os valores de referência de Alves et al., 2011. A razão cintura-estatura foi calculada a partir da divisão entre a circunferência abdominal em cm e a altura também em cm. O Recordatório Alimentar de 24 horas foi aplicado, e para se estimar o gasto energético utilizou-se a Taxa de Metabolismo Basal e o fator atividade leve, a partir disso, foi realizada a média para obtenção do Gasto Energético Estimado médio dos indivíduos do sexo masculino e feminino, separadamente. Os macronutrientes foram calculados de acordo com a recomendação (45-65% para carboidratos; 10-35% para proteínas e 20-35% para lipídeos). Por fim, foi realizado o cálculo da média da recomendação dos micronutrientes (INSTITUTE OF MEDICINE, 2002; 2004). A análise dos dados de consumo foi realizada utilizando o Programa Avanutri.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo envolveu 60 pacientes diabéticos, distribuídos em 42 (70%) mulheres e 18 (30%) homens, obtivemos ainda, 32 (53%) idosos tanto homens como mulheres. Dos homens atendidos, 29% apresentavam Diabetes tipo 1, fazendo o uso diário da insulina no entanto a maioria 73% desenvolveram Diabetes tipo 2, fazendo o uso de hipoglicemiantes orais. Com relação as mulheres 33% tinham Diabetes tipo I e 67% Diabetes tipo II. De modo geral a maioria dos pacientes, 69% apresentavam Diabetes tipo II. A hipertensão arterial sistêmica esteve presente em 58% dos pacientes, seguido pela constipação, 18,3% e as dislipidemias, representadas em 15%. Foi possível observar que a média do Índice de Massa Corpórea das mulheres foi de 29,36 kg/m² ± 6,45kg/m², representando que 36,36% destas se encontravam em sobrepeso, assim como 60% das idosas, estavam com sobrepeso ou obesidade. Segundo o mesmo índice, apresentavam-se eutróficas 27,27% das mulheres jovens e 35% das idosas. Já os homens, percebemos que 41,67% destes estavam com sobrepeso, enquanto que 16,67% apresentavam-se eutróficos. Para os homens com 60 anos ou mais, foi possível observar que a maioria, 66,67% apresentavam-se eutróficos, seguidos por 33,33% com sobrepeso e obesidade. Para as mulheres, percebemos que 79% destas apresentavam risco muito aumentado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, enquanto 12% apresentavam risco aumentado e 9% configuravam-se em baixo risco. Já os homens, consideramos que 56% estavam com risco muito aumentado, enquanto que 44% do total apresentaram risco elevado. Para as mulheres a média da glicemia de jejum foi de 166,33 mg/dl ±72,33 mg/dl, revelando que 60% destas estavam hiperglicêmicas durante a consulta, enquanto que 40% apresentavam-se normoglicêmicas. Já os homens, também apresentaram uma

média considerada hiperglicêmica de 193,56mg/dl ± 109,57mg/dl, considerando que apresentaram a glicemia elevada 72% e 28% encontravam-se normoglicêmicos. De acordo com o consumo, o gasto energético estimado dos entrevistados estava em torno de 1689,34 Kcal ±642,33 Kcal. Desse modo a distribuição de macronutrientes caracterizava-se por 49% de carboidratos 27% de proteínas e 22% de lipídeos. Segundo o consumo de colesterol e fibras, percebeu-se que os entrevistados mantinham um consumo acima do recomendado. Foi possível perceber que o consumo de Vitamina A e Vitamina D, estavam abaixo do recomendado pela Dietary Reference Intakes (2002), em 56% e 99% dos diabéticos respectivamente. Identificou-se também, que a maioria consumia excessos de Cálcio, Fósforo, Magnésio, Ferro, Zinco, Selênio, Manganês, Potássio e Sódio, entretanto percebemos um baixo consumo de Cobre e Iodo, representado em 100% da amostra. Conforme foi apresentado no estudo, a maioria dos indivíduos eram do sexo feminino, resultado semelhante ao encontrado por Geraldo et al. (2008) no estado de São Paulo e Carvalho et al. (2012) em Campinas, quando avaliaram o impacto da intervenção nutricional e da orientação nutricional na glicemia pré-prandial em indivíduos diabéticos. Segundo Batista et al. (2005) este fato pode estar relacionado à maior busca das mulheres por serviços de saúde e pelo o processo de feminização vivenciada no Brasil e no mundo, tendo em vista a maior sobrevivência dos indivíduos do sexo feminino. Outro fator relevante para este estudo é o número aumentado de idosos, considerando que da demanda livre de pacientes diabéticos atendidos no ambulatório do hospital universitário, 53% dos pacientes tinham idade igual ou superior a 60 anos. Pinheiro, et al. (2012), ao estudarem pacientes diabéticos atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade de Goiás, apresentaram indivíduos com idade média de 60,5 anos, com proporção maior do sexo feminino enfatizando, deste modo, o número crescente e expressivo de idosos na população. Segundo Marion e Franz (2010) dentre os fatores de risco para Diabetes tipo 2, estão os fatores genéticos e ambientais, incluindo a idade avançada e obesidade,

particularmente a obesidade abdominal e o sedentarismo. Esses fatores são apresentados nos resultados do estudo, quando apontamos a maior prevalência de pacientes com diabetes do tipo 2 e sobrepeso em homens e mulheres. Todos os pacientes apresentavam o consumo adequado de carboidratos, lipídios e proteínas, caracterizando uma dieta normoglicídica, normolipídica e normoproteíca, segundo a Dietary Reference Intakes (2002), com destaque para o consumo elevado de fibras. O consumo de fibras, pelo significante efeito na glicemia pós-prandial, deve ser estimulado, para que favoreça a diminuição dos valores glicêmicos (ANDERSON et al., 2004). Resultados que corroboram com o de Carvalho et al (2012), os quais avaliaram o aumento do consumo de fibras por pacientes diabéticos após o acompanhamento nutricional. No que se refere ao consumo de vitaminas, observou-se que a maioria deles apresentou o consumo acima da faixa de recomendação, exceto para a vitamina A e vitamina D. Estudos têm enfocado que a vitamina D é utilizada no tratamento e prevenção do Diabetes Mellitus, considerando a sua ação no sistema imunológico, podendo melhorar a atividade das células beta e na resistência a insulina. Em observância, a vitamina A, que possui ação antioxidante e auxilia na prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, também apresentou consumo abaixo da faixa de recomendação em grande parte dos indivíduos do sexo masculino e feminino, fator preocupante, uma vez que a ingestão adequada desta vitamina reduz o risco de Doenças Cardiovasculares, devido à sua propriedade antiaterogênica, e de redução da agregação plaquetária (LICHTENSTEIN et al., 2013). Analisando os nossos achados, constata-se que a ingestão de cobre não chegou a faixa de recomendação nutricional para pacientes em ambos os sexos. Pesquisas realizadas com modelos animais e humanos sugerem que a diminuição da tolerância à glicose pode ser secundária à deficiência de cobre (PEDROSA, 2007). Quanto ao sódio, todos os indivíduos do sexo masculino e a maioria das mulheres apresentaram consumo acima do recomendado. Fator este preocupante, pois a ingestão excessiva deste mineral

tem relação com o aumento da pressão arterial, além de aumentar o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e renais (INSTITUTE OF MEDICINE, 2004). Outro fator encontrado neste estudo refere-se ao consumo de iodo abaixo das recomendações, este resultado torna-se preocupante quando compreendemos que Iodo é um elemento indispensável para a saúde. Lopes et al (2012) refere que um aporte inadequado de iodo, leva a uma produção inadequada de hormônios da tireoide e a todas as consequências relacionadas com o hipotiroidismo. Todos os indivíduos apresentaram ainda, consumo acima da faixa de recomendação para o fósforo, o ferro, a riboflavina, niacina e vitamina C. 4 CONCLUSÃO Cabe salientar que este estudo apresenta fragilidades, principalmente em relação a investigação da real ingestão alimentar dos diabéticos, pois muitos podem ter omitido, ou, até, superestimado as porções de alimentos ingeridas. Sugerindo-se então, que o acompanhamento nutricional se faz necessário, em continuidade, para que se melhore a qualidade de vida destes diabéticos. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, V. V. et al. Circunferências medidas em diferentes locais do tronco e fatores de risco cardiometabólico. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum., v. 13, n. 4, p. 250-256, 2011. ANDERSON JW, et al. Carbohydrate and fiber recommendations for individuals with diabetes: a quantitative assessment and metaanalysis of the evidence. J Am Coll Nutr; v.17, p.23-5, 2004. BATISTA, M. C. R. et al. Avaliação dietética dos pacientes detectados com hiperglicemia na Campanha de detecção de casos suspeitos de diabetes no Município de Viçosa, MG. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. v. 50, n. 6, p. 1041-1049, dez., 2006.

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