AVALIAÇÃO DA ETIQUETAGEM DE EDIFICAÇÕES PÚBLICAS NA UDESC E EM JOINVILLE Área temática: Meio Ambiente Ana Mirthes Hackenberg Ana Mirthes Hackenberg 1, Bruno Dilmo Palavras chave: etiquetagem, eficiência energética Resumo O presente trabalho apresenta a metodologia de Etiquetagem de Edificações comerciais, de serviços e públicos proposta pela Eletrobrás/Procel Edifica e a sua utilização na avaliação da eficiência energética das edificações do CCT/UDESC. Introdução O selo Procel de Economia de Energia foi criado em 1994 com o objetivo de incentivar a fabricação de equipamentos mais competitivos. (INMETRO, 2010) O Inmetro, com o apoio do Procel Edifica, lançou os regulamentos referentes ao nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos como parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem PBE. (LABEEE, 2010) Metodologia A avaliação é efetuada com base nos requisitos contidos no Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos - RTQ-C usando o método descrito no Regulamento de Avaliação de Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos - RAC-C. Por hora, a etiquetagem é voluntária e aplicável a edifícios comerciais, de serviços e públicos, com área superior a 500m² ou atendidos por alta tensão pertencentes ao grupo tarifário A, com demanda de energia superior a 2,3 kv. A etiquetagem pode ser para o edifício completo ou para parte deste. O RTQ-C apresenta os critérios para classificação completa do nível de eficiência energética do edifício, através de classificações parciais da envoltória, do sistema de iluminação e do sistema de condicionamento de ar. Uma equação pondera estes sistemas com pesos estabelecidos no regulamento e permite somar à pontuação final e bonificações que podem ser adquiridas com inovações tecnológicas, uso de energias renováveis, cogeração ou com a racionalização no consumo de água. 1 Departamento de Engenharia Civil, Centro de Ciências Tecnológicas, Universidade do Estado de Santa Catarina, dec2amh@joinville.udesc.br, amckeg@terra.com.br
Para definição do nível de eficiência, podem ser utilizados dois métodos: o método prescritivo e o método de simulação. O primeiro método contém equações e tabelas que limitam parâmetros da envoltória, iluminação e condicionamento de ar separadamente de acordo com o nível de eficiência energética. O segundo método baseia-se na simulação termoenergética de dois modelos computacionais representando dois edifícios: um modelo do edifício real (proposto no projeto) e um modelo de referência baseado no método prescritivo. A classificação é obtida comparando-se o consumo anual de energia elétrica simulado para os dois modelos, sendo que o consumo do modelo do edifício real deve ser menor que do modelo de referencia para o nível de eficiência pretendido. A concessão da etiqueta é fornecida nas diferentes fases do edifício: Projeto de nova edificação ou Edificação existente. Para obter a classificação geral do edifício, as classificações por requisitos devem ser avaliadas, resultando numa classificação final e atribuídos pesos para cada requisito e, conforme a pontuação final, é obtida uma classificação que varia de A a E apresentados na ENCE do edifício. As bonificações aumentam a pontuação de eficiência da edificação podendo receber até um ponto na classificação geral. Estas devem ser justificadas e a economia gerada comprovada. Podem ser: Sistemas e equipamentos que racionalizem o uso da água: como economizadores de torneira, sanitários com sensores, aproveitamento de água pluvial, proporcionando uma economia mínima de 20% no consumo anual de água do edifício; Sistemas ou fontes renováveis de energia; edifícios com atividades como restaurantes, hotéis, hospitais e outros que tenham demanda de água quente em suas instalações e que comprovem a utilização de aquecimento solar de água em 60% ou mais do seu consumo; Sistemas de cogeração devem proporcionar uma economia mínima de 30% no consumo anual de energia elétrica do edifício; Inovações técnicas ou de sistemas que comprovadamente aumente a eficiência energética da edificação, proporcionando uma economia mínima de 30% do consumo anual de energia elétrica. O nível de classificação de cada requisito equivale a um número de pontos correspondentes, correlacionados pela seguinte equação: PT = 0,30(Envoltória) + 0,30(Iluminação) + 0,40(Ar Condicionado) + b (Bonificações) O RAC-C apresenta os métodos de avaliação, os procedimentos para submissão para avaliação, direitos e deveres dos envolvidos, o modelo da Etiquetagem Nacional de Conservação de Energia - ENCE, a lista de documentos que devem ser encaminhados, modelos de formulários para preenchimento, dentre outros. O PROCEL (2009) apresenta uma sequência de passos a serem seguidos para o inicio do processo. O proprietário solicita a avaliação de projeto para concessão da
ENCE de projeto (para edificações novas e para a adequação das existentes) com a entrega dos documentos relativos a: Classificação de Eficiência Energética de Edifícios; Fornecimento de dados de envoltória; Fornecimento de dados de iluminação; Fornecimento de dados de condicionamento de ar. O laboratório de inspeção do INMETRO realiza uma avaliação da conformidade da documentação e/ou projetos arquitetônicos, elétrico, de condicionamento de ar, bem como laudos comprovando as especificações dos itens de pedido de bonificação para alternativas eficientes e informa ao proprietário a classificação do nível de eficiência alcançado e é expedida uma ENCE de projeto. Após a expedição do alvará de conclusão, o proprietário deve solicitar a confirmação da ENCE de projeto, quando o laboratório de inspeção executa a inspeção do edifício visando o atendimento ao proposto na primeira etapa de projeto. A ENCE do edifício é expedida após a confirmação, por parte do laboratório de inspeção, do atendimento de todos os requisitos para obtenção da etiquetagem requerida. 4,5 a 5 A 3,5 a <4,5 B 2,5 a <3,5 C 1,5 a <2,5 D <1,5 E Para o edifício ser elegível à etiquetagem, deve possuir circuitos elétricos com possibilidade de medição centralizada por uso final como iluminação, sistema de condicionamento de ar, e outros. Caso ocorra o não atendimento deste pré-requisito, o nível de eficiência será no máximo C. São exceções: hotéis com desligamento automático para os quartos, edificações com múltiplas unidades autônomas de consumo e construções anteriores à publicação do regulamento Procel; Para o caso de demanda de uso de água quente, o sistema de aquecimento solar de água e o reservatório térmico com classificação A segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem PBE/Inmetro; no caso de aquecimento de água solar, utilizar o máximo aproveitamento dentro da área de coleta possível; se o edifício possuir mais de um elevador, deverá utilizar obrigatoriamente controle inteligente de tráfego para elevadores de uma mesma finalidade em um mesmo hall; se houver existência de bombas de água centrífugas, estas devem fazer parte do PBE/Inmetro. Para a classificação do nível de eficiência da envoltória devem ser atendidos os requisitos de acordo com o nível de eficiência pretendido observando-se o zoneamento bioclimático brasileiro, que compreende oito diferentes zonas. Para a formulação das diretrizes construtivas - para cada Zona Bioclimática - e para o estabelecimento das estratégias de condicionamento térmico passivo o programa Procel Edifica considera os parâmetros e condições de contorno seguintes:
Tamanho das aberturas para ventilação; Proteção das aberturas; Vedações externas (tipo de parede externa e tipo de cobertura); Estratégias de condicionamento térmico passivo. Nos Pré-requisitos para os sistemas de iluminação devem ser respeitados os critérios de controle do sistema de iluminação de acordo com o nível de eficiência pretendido: Nível A: Divisão dos circuitos, Contribuição da luz natural, Desligamento automático do sistema de iluminação Nível B: Divisão dos circuitos, Contribuição da luz natural Nível C: Divisão dos circuitos A determinação da eficiência da Iluminação estabelece o limite de potência interna para cada ambiente da edificação. Os níveis variam de A (mais eficiente) a E (menos eficiente). O equivalente final é a ponderação da eficiência da iluminação interna de cada ambiente. A metodologia de calculo baseia-se em determinar o índice (K) de cada ambiente. Os Pré-requisitos para sistema de condicionamento de ar definem que para a obtenção do nível de eficiência A, os condicionadores de ar, quando da sua existência, do tipo de janela ou unidades do tipo split, devem estar sombreados permanentemente e com ventilação adequada para não interferir na sua eficiência. Os aparelhos de condicionamento de ar devem possuir eficiência avaliada pelo PBE/Inmetro de acordo com as normas brasileiras e/ou internacionais. Havendo mais de um sistema independente de condicionamento de ar na mesma edificação, seu equivalente numérico é obtido pela ponderação da área do ambiente e seu respectivo sistema, obtendo um nível de eficiência para todo o edifício. As cargas térmicas de projeto do sistema de aquecimento e resfriamento de ar devem ser calculadas de acordo com as normas e os manuais de aceitação geral dos profissionais da área. A temperatura de cada zona térmica deverá ser individualmente controlada por termostatos. O sistema deve impedir o reaquecimento ou qualquer outra forma de aquecimento e resfriamento simultâneo. O Procel Edifica avalia construções com área útil superior a 500m², caso seja atendida por uma rede de alta tensão inferior a 2,3 kv ou ser atendida por alta tensão, ou ser superior a 2,3 kv no caso de edificações superiores a 500 m 2. De forma genérica deve possuir circuitos elétricos com possibilidade de medição por uso, identificando especificamente a parcela para iluminação e para condicionamento de ar. Na cogeração deve haver uma economia mínima de 30% no consumo anual de energia elétrica do edifício. Inovações técnicas que aumentem a eficiência energética da edificação, proporcionando uma economia mínima de 30% do consumo anual de energia elétrica também são pontuadas. Nos pré requisitos para condicionamento de ar e ventilação, os aparelhos de condicionamento de ar devem possuir eficiência avaliada pelo PBE/Inmetro de
acordo com as normas brasileiras e/ou internacionais. O Procel não indica a qualidade necessária para o ar interno. O Procel Edifica defende o aproveitamento de água pluvial, proporcionando uma economia mínima de 20% no consumo anual de água do edifício, e recomenda economizadores de torneiras e sanitários com dispositivo de controle de fluxo. A adoção de ambas as certificações numa edificação garante que, na concepção do projeto ou na reforma de uma edificação existente, haja o comprometimento com: transportes alternativos, redução da poluição, uso racional e reuso da água, reuso e reciclagem de materiais, certificação da madeira, qualidade na transmitância térmica das coberturas e paredes, controle nas cores e absortância das superfícies, presença de iluminação zenital e contribuição da iluminação natural, utilização da circulação natural de ar e limites de eficiência mínima nos condicionadores de ar, entre outras. A longo prazo a diminuição nos consumos de água, energia elétrica e manutenção amortizam o investimento inicial mantendo o conforto e a satisfação de seus usuários. Para o país, com histórico de ameaça de abastecimento elétrico em 2001 e 2002, na crise de energia elétrica, Geller apud Lamberts (1997), afirmam que é mais barato economizar energia do que fornecê-la. Afirma ainda que é melhor o setor privado investir em produtos mais econômicos e transferir o valor ao cliente do que o setor público ter novos gastos com geração. Após o entendimento dos regulamentos e do manual, numa segunda etapa foram elaboradas as planilhas para o cálculo da eficiência da envoltória, de forma que fosse possível entrar com os dados coletados das plantas e medições realizadas. Na etapa seguinte foi feita a conferência das medidas das plantas disponibilizadas dos prédios do CCT Centro de Ciências Tecnológicas da UDESC, com as medidas reais, assim como foram verificadas as medidas das aberturas e quantidade de ambientes condicionados. Com os dados das edificações digitados nas palnilhas previamente elaboradas obteve-se o nível de eficiência das edificações. Considerações finais Nos critérios adotados para a avaliação das edificações pelo PROCEL é importante destacar alguns aspectos: A etiquetagem Procel analisa o projeto e depois a Edificação Construída. As certificações destacam as edificações de forma diferenciada frente ao mercado. As avaliações de desempenho dos edifícios servem para estabelecer diretrizes para o estabelecimento de padrões de referência. A etiquetagem Procel avalia o clima e suas adversidades climáticas em regiões quentes e úmidas e temperadas adotando o Zoneamento Bioclimático brasileiro.
O estudo da metodologia do procel edifica foi bastante proveitosa, tendo em vista que se conheceu os vários conceitos relacionados à etiquetagem de edifícios assim como os procedimentos necessários para o cálculo da eficiência. Esse conhecimento faz com que haja uma melhor análise do local onde as edificações serão construídas levando a uma conclusão mais adequada de como deverá ser o projeto. Deste modo há um maior aproveitamento dos recursos naturais, sempre visando a economia e a sustentabilidade. A avaliação da etiquetagem pode ser realizada em edifícios já construídos, visando reformas para uma adequação aos requisitos necessários para uma melhor eficiência energética e consequente economia de energia. Essa economia é de grande importância nos dias de hoje já que os consumidores a levam em consideração, não só por causa da diminuição de gastos mas também por questões ambientais. A crescente preocupação com o meio ambiente e com a economia de energia fazem com que as pessoas fiquem mais atentas a esses fatos e assim tomem atitudes para a melhoria destes. O selo procel edifica veio para que também as edificações possam ser avaliadas ou até mesmo projetadas de forma com que a economia de energia possa ser levada em consideração. O procel edifica não tem apenas por objetivo a análise de edificações já construídas, mas deve ser considerado também na própria fase de projeto, considerando os recursos naturais como auxiliares na diminuição do desperdício e de impactos sobre o meio ambiente. Uma edificação eficiente pode gerar uma economia significativa no consumo de energia. O estudo da metodologia de avaliação de edificações foi de grande importância, pois ajudou a conhecer o processo além de fazer com que no futuro se projete levando em consideração os fatores naturais do local da construção e buscando soluções para um menor consumo de energia. 7. REFERÊNCIAS INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Disponível em <http://www.inmetro.gov.br/noticias/conteudo/117.asp>. Acesso em: 11 abr. 2010. LABEEE. Laboratório de Eficiência Energética em Edificações. Florianópolis. Disponível em: <http://www.labeee.ufsc.br/>. Acesso em: 11 abr. 2010. Lamberts, R; Dutra, L; Ruttkay, F. Eficiência Energética na Arquitetura. São Paulo: PW, 192 p. 1997. PROCEL. Etiquetagem de Eficiência Energética de Edificações. 2009, Vol. 1. Disponível em: <http://eletrobras.gov.br/elb/data/pages/lumis0389bba8ptbrie.html>. Acesso em: 20 abr. 2010.