1. Introdução às Ciências Sociais e o Positivismo A Sociologia nasceu como disciplina científica no século XIX, no contexto de formação e consolidação da sociedade capitalista. Tornou-se evidente que as transformações sociais surgidas com a industrialização se deviam antes de tudo à mudanças de ordem social e não à causas naturais. Entre os sociólogos fez muito sucesso o argumento evolucionista que então era mobilizado por biólogos. Assim, apesar de se afirmar como disciplina científica autônoma, a Sociologia foi muito influenciada por argumentos de outras ciências, tal qual o evolucionismo (desta maneira, percebia a transformação social como algo que sempre tende à evolução, acreditava que o futuro sempre será melhor que o passado). Além disso, a Sociologia foi influenciada pelo cientificismo (crença na onipotência da ciência) da Física e por seu empirismo. Em suma, a sociologia nasceu cientificista, empirista, evolucionista, tentando descobrir leis científicas sobre a vida social para possibilitar que se fizesse intervenções políticas sobre a sociedade com vistas a defender a ordem social. Isto é, nasceu influenciada pelos ideais que se convencionou chamar de Positivismo. O Positivismo pode ser sucintamente explicado na obra de Auguste Comte. Para Comte as sociedades humanas podem ser compreendidas como estando em níveis evolucionários diversos, isto é, cada sociedade está num ponto diferente de desenvolvimento social. Assim, ele desenvolveu a "lei dos três estados". Os três estados, de acordo com a história humana, são: Estado Teológico: o estado onde Deus está presente em toda a vida social. Assim, as sociedades que estão nesse primeiro estágio explicam tudo com base na vontade de Deus, ou seja, as coisas são explicadas pura e simplesmente por Deus. Estado Metafísico: no qual a ignorância da realidade e a descrença num Deus todo poderoso levam a crer em relações misteriosas entre as coisas, nos espíritos, como exemplo. O pensamento abstrato é substituído pela vontade pessoal. Estado Positivo: a humanidade busca respostas científicas todas as coisas. Este estado ficou conhecido como Positivismo. A busca pelo conhecimento absoluto, esclarecimento sobre a natureza e seus fatos. É o resultado da soma dos dois estágios anteriores. A lei dos três estados é uma lei teleológica, isto é, ele coloca uma telos (um sentido, uma direção) no desenvolvimento histórico. Assim, o sentido do desenvolvimento histórico para Comte era o desenvolvimento da Ciência, de modo que todas as sociedades que não estivessem nesse nível eram vistas como sociedades primitivas num estágio anterior de desenvolvimento social. 2. Antropologia e Cultura Tanto os desdobramentos da Revolução Francesa quanto a expansão comercial proporcionada pela Revolução Industrial em fins do século XVIII, fizeram com que os contatos entre o Ocidente e os povos "não-ocidentais" se intensificaram. Esta intensificação dos contatos, associada a desenvolvimentos específicos no interior das ciências humanas, proporcionou o surgimento de uma ciência específica: a Antropologia. A Antropologia surgiu como uma ciência que tentava compreender a diversidade cultural entre as sociedades humanas. Enquanto a Sociologia se dedicava ao estudo da sociedade ocidental, em geral a Antropologia se dedicava ao estudo das sociedades "nãoocidentais". O par de conceitos que se desenvolveu para tratar da relação entre as sociedades ocidentais e as sociedades "não-ocidentais" foram as noções de NÓS e de 1
OUTROS. Estes são conceitos relativos, podendo ser trocados de posição, a depender do viés do observador. Entretanto, o que mais interessa é que normalmente chamamos de nós a sociedade ocidental, da qual, aliás, nós mesmos (brasileiros) fazemos parte atualmente. A noção de "outros" geralmente é associada às sociedades "não-ocidentais" (indígenas americanos, sociedades tribais africanas ou asiáticas, etc.). No início de sua história, a Antropologia se pautou por ser uma ciência que tentava compreender os outros do ponto de vista ( isto é, da perspectiva) da nossa própria sociedade. Fazendo isso, a Antropologia utilizava os parâmetros da sociedade ocidental para compreender e julgar as sociedades não ocidentais. Esse tipo de abordagem dos povos "não-ocidentais" fez com que a Antropologia recaísse no chamado "Etnocentrismo", desenvolvendo argumentos no sentido de afirmar que as sociedades ocidentais eram centrais, mais desenvolvidas, educadas, inteligentes e civilizadas, enquanto as sociedades "não-ocidentais" seriam secundárias, subdesenvolvidas, ignorantes, e selvagens/incivilizadas/bárbaras. A atitude etnocêntrica acabou por contribuir com o preconceito racial que era um tipo de desvalorização cultural das sociedades ocidentais em relação às culturas "nãoocidentais". O Etnocentrismo acabou servindo de argumento ideológico para a dominação dos europeus sobre os povos coloniais, especialmente daqueles que não aceitavam se subjugar ao domínio ocidental, argumento esse expresso na famosa frase fardo do homem branco, que afirma que o europeu branco e civilizado teria uma tarefa árdua (isto é, um fardo ), porém necessária: educar os ignorantes e incivilizados povos "não-ocidentais". Ao perceber os problemas do etnocentrismo, os antropólogos, os sociólogos (e até mesmo os filósofos) desenvolveram aos poucos outra atitude com relação aos outros : foi desenvolvida uma atitude baseada na Alteridade. Esta nova atitude, ao invés de desvalorizar os outros, evidenciava sua valorização, tratando-os não como melhores nem piores, mas sim como sendo diferentes dos ocidentais. Esta nova atitude abandonou o preconceito e tentou compreender os povos "não-ocidentais" não mais do ponto de vista ocidental, mas sim do viés deles próprios, isto é, de sua própria perspectiva. Todavia, isso também acarretou um preço: se temos a vantagem de termos abandonado uma visão preconceituosa do outro, caímos no problema de que a valorização extrema das sociedades "não-ocidentais" pode fazer com que caíamos num relativismo cultural exacerbado que aceita tudo. Isso pode nos fazer tolerar certas práticas culturais que, a primeira vista, poderíamos achar absurdas e até mesmo contrárias aos Direitos Humanos isto é, poderíamos perder parâmetros mínimos de justiça e de moralidade. No decorrer do século XX, a Antropologia passou por uma fase de dúvidas sobre a continuidade de sua existência enquanto ciência, uma vez que seu objeto de estudo (as sociedades "não-ocidentais") estavam desaparecendo por conta da dominação cultural e da destruição que as sociedades ocidentais empreendiam contra as sociedades "nãoocidentais". Aliás, a globalização e as consequências de homogeneização cultural que dela supostamente decorre em muito contribui para o fim das peculiaridades de cada cultura. Muito se discutiu se com o desaparecimento das sociedades "não-ocidentais", também não desaparecia a ciência antropológica. A resposta a que se chegou, entre outras, é que a oposição entre "nós" e "outros" pode ser vista dentro da sociedade ocidental. Isto é, não precisamos mais procurar indígenas ou povos tribais para encontrar os outros. Os outros estão no interior da sociedade ocidental. Isso aponta para o fato de que a sociedade ocidental é composta de vários grupos, sendo mais certo dizer que ela não é uma única cultura homogênea, mas sim que ela é multicultural. Hoje, a Antropologia continua estudando as sociedades "não-ocidentais", mas ela também encontrou a possibilidade de estudar o multiculturalismo no interior das sociedades ocidentais. 2
3. A Sociologia de Émile Durkheim O objeto da Sociologia varia conforme a definição de cada sociólogo, entretanto, todos concordam que seu objetivo é tornar evidente como o comportamento humano só pode ser compreendido como algo que é embebido na multiplicidade da vida social. Assim, uma boa investigação sociológica deve ser uma maneira de pensar a vida humana a partir da multiplicidade de seus aspectos, isto é, deve ter como referência as relações sociais no trabalho, na economia, na cultura, na política, etc., tudo isso sendo pensado à luz de seu desenvolvimento histórico. Assim, como o objeto da Sociologia varia conforme a definição de cada sociólogo, tentaremos compreender as várias maneiras de pensar sociologicamente. Isto é, estudaremos a obra de cada sociólogo e perceberemos como existem múltiplas maneiras de compreender a vida social. Faremos basicamente dois esforços: 1) Inicialmente procuraremos compreender como cada sociólogo pensa a vida social, isto é, como cada sociólogo compreende as formas pelas quais o comportamento humano depende da vida social. 2) Depois tentaremos compreender como cada um entendeu a formação e a consolidação da sociedade contemporânea. Isto é, tentaremos compreender como cada sociólogo tentou explicar a formação, o desenvolvimento e a consolidação da sociedade capitalista, bem como as característica desta formação social. Neste segundo ponto enfatizaremos a formação da sociedade brasileira contemporânea. O primeiro sociólogo que estudaremos será Émile Durkheim, intelectual francês que nasceu em 1858 e morreu em 1917. Suas principais obras foram: - A divisão do trabalho social - As regras do método sociológico - As formas elementares da vida religiosa - O suicídio Houve outros intelectuais que precederam Durkheim, tal como o positivista francês Auguste Comte. Todavia, no sentido moderno, pode-se dizer que Durkheim foi o primeiro sociólogo clássico, ao passo que Comte ainda se ligava a argumentos de natureza filosófica. A primeira questão que devemos compreender acerca de Durkheim, é verificar como ele demonstrou a determinação social do comportamento humano. Para tanto, ele construiu o conceito de Fato Social. Para Émile Durkheim, o Fato Social é o objeto da Sociologia, isto é, trata-se exatamente do ponto que deve ser investigado pelo sociólogo. É um conceito que tenta explicar o modo pelo qual o comportamento humano é determinado socialmente. Assim, ele definiu o Fato Social como maneiras de ser, agir, pensar e sentir que são construídas a partir de uma pressão social exterior ao indivíduos e que está generalizada por toda a sociedade. Noutras palavras, o Fato Social deve ser entendido como maneiras de ser, agir, pensar e sentir que não dependem da vontade e nem da liberdade individual. Portanto, pode-se dizer que as três características dele são: a exterioridade, a coercitividade e a generalidade. 3
Em suma, para Durkheim há uma realidade social objetiva e exterior aos indivíduos (o Fato Social) que lhes é imposta coercitivamente. No caso de enfrentarem tal pressão social, os indivíduos são punidos com vistas a se adequarem à coerção social. A eficiência da coercitividade social está justamente na generalidade do Fato Social, isto é, a eficiência da coerção social existe porque tal pressão está espalhada por toda a sociedade (generalidade). O Fato Social acaba levando à três duas situações que devem ser destacadas: - Uma vez que o Fato Social submete todos à mesma pressão social, Durkheim destaca que todos acabam tendo uma mesma maneira coletiva de ser, agir, pensar e sentir, todos acabam tendo uma mesma Consciência Coletiva. Todos os seres humanos que vivem na mesma sociedade portam uma mesma consciência coletiva que, contudo, não se confunde com suas consciências individuais. Resta saber, ainda, quanto espaço existe para a consciência individual e quanto espaço existe para a consciência coletiva. - Como o conceito de Fato Social define que tudo o que o ser humano é depende de uma realidade exterior que lhe foi imposta coercitivamente, isto leva à constatação de que o ser humano não tem uma essência ou uma natureza. Ou seja, isto leva à constatação de que tudo o que somos foi socialmente determinado. Este determinismo social acaba por anular a liberdade humana e reduzir o ser humano ao meio social que o construiu. - O Determinismo Social que pode ser deduzido do conceito de Fato Social, acaba levando à constatação de que os argumentos de Durkheim explicam bem o modo como a sociedade se reproduz tal qual ela é, todavia, este tipo de argumentação é frágil para demonstrar o modo pela qual a vida social se transforma. E, deve-se reconhecer que a vida social se transforma ao mesmo tempo que se mantém, de maneira que um conceito que só valoriza um destes aspectos acaba sendo um conceito falho. Entre outras, a questão que Durkheim se colocava é a seguinte: o que faz as pessoas ficarem juntas? Para responder à este questionamento, ele desenvolveu as noções de solidariedade mecânica e solidariedade orgânica. Solidariedade mecânica: Para ele a solidariedade mecânica é característica das sociedades ditas "primitivas" ou "arcaicas", ou seja, em agrupamentos humanos de tipo tribal formado por clãs. Nestas sociedades, os indivíduos que a integram compartilham das mesmas noções e valores sociais tanto no que se refere às crenças religiosas como em relação aos interesses materiais necessários a subsistência do grupo. São justamente essa correspondência de valores que irão assegurar a coesão social. Isto é, as pessoas se mantém unidas pela semelhança. Solidariedade orgânica: De modo distinto, existe a solidariedade orgânica que é a do tipo que predomina nas sociedades ditas "modernas" ou "complexas" do ponto de vista da maior diferenciação individual e social (o conceito deve ser aplicado às sociedades capitalistas). Além de não compartilharem dos mesmos valores e crenças sociais, os interesses individuais são bastante distintos e a consciência de cada indivíduo é mais acentuada. A divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e complexa e se expressa nas diferentes profissões e variedade das atividades industriais. 4
Isto é, as pessoas se mantém unidas pela diferença individual que acaba por fazer com que cada indivíduo seja interdependente. Segundo Durkheim, há uma tendência de a sociedades humanas caminharem em direção à solidariedade orgânica. Todavia, isto não quer dizer que as formas de solidariedade mecânica desapareçam nas sociedades contemporâneas. Ao definir deste modo o Fato Social, a Consciência Coletiva, a Solidariedade Mecânica e a Solidariedade Orgânica, Durkheim busca explicar a vida social utilizando tais conceitos. Deste modo, o que mais importa é saber usar estes conceitos em situações concretas, bem como saber as consequências de explicar a vida social a partir deles. 4. A Sociologia de Max Weber Max Weber construiu sua teoria sociológica entre o final do século XIX e o início do século XX, portanto, viu de perto as transformações sociais que ocorreram no Ocidente com a consolidação do capitalismo industrial. Diferentemente de Durkheim, Weber procurava as dimensões sociais da experiência humana na própria ação individual das pessoas. Assim, Weber propôs que a sociologia deveria se voltar para as ações sociais. Para este sociólogo, ação social é toda a ação humana dotada de sentido/significado intersubjetivo (isto é, um sentido compartilhado entre vários sujeitos/pessoas). O sentido/significado da ação nos motiva a agir do modo como agimos e a fazer o que fazemos. Ao longo de nossa socialização, aos poucos aprendemos o sentido/significado do mundo e agimos com base neste sentido. Para compreender a ação humana é necessário, portanto, decifrar o sentido/significado que motiva a ação dos seres humanos. O sentido que aprendemos e que motiva nossas ações é resultado de um processo social mais ou menos longo (e com múltiplos aspectos). Tal processo social coloca os seres humanos em disputa pelo significado do mundo social e acaba por definir o sentido geral deste mundo. Um exemplo que podemos destacar deste processo que constrói significados sociais é àquele que Weber observou em sua análise sociológica das religiões. Weber demonstrou como o significado da ação humana no ocidente dependeu muito de um sentido construído no interior de algumas religiões. Weber demonstrou como a doutrina da predestinação e a doutrina da comprovação típicas do calvinismo radical clássico levavam à uma conduta de vida autocontrolada e autocontida, isto é, uma conduta ascética (ou, o que é o mesmo, ascetismo). Segundo a doutrina da predestinação, Deus teria escolhido e predestinado alguns seres humanos para serem salvos enquanto outros estariam predestinados condenados ao inferno (doutrina da predestinação). Como nunca ninguém poderia saber se foi ou não escolhido por Deus, a incerteza levaria o ser humano à buscar durante sua vida cotidiana algumas provas de que Deus o salvou. A melhor forma que o indivíduo pode encontrar para comprovar para si mesmo que Deus o salvou, seria ter uma conduta ascética, isto é, ter uma ação humana autocontida e autocontrolada. A melhor forma de conduta ascética é trabalhar duro, trabalhar arduamente e todo dia. Ao trabalhar desta maneira sóbria e ascética, o ser humano conseguiria comprovar a si mesmo que Deus o escolheu como um salvo. Este tipo de sentido religioso inundou todas as ações no Ocidente pois teria 5
incentivado e motivado os seres humanos a trabalhar e acumular dinheiro, ação conexa ao tipo de ação necessária para o desenvolvimento da sociedade capitalista (daí Weber apontar que existiria uma afinidade entre a ética protestante calvinista e o "espírito" o sentido e significado do capitalismo). Evidentemente que outras formas de religião levam à outros tipos de significação do mundo social e, portanto, à outros tipos de ação humana. O importante é perceber como o sentido construído no interior de uma religião pode se esparramar para todas as pessoas e, assim, definir o sentido/significado que motiva a ação das pessoas. Weber procurou construir tipos ideais que seriam espécies de modelos puros de ação. Todas as ações de todas as pessoas combinam estes quatro principais tipos puros de ação, ora enfatizando um dos tipos, ora enfatizando outro tipo. Para Weber as ações humanas podem ser agrupadas em quatro tipos ideais, isto é, em quatro modelos puros (que se combinam aos demais): 1 - ação social afetiva (aqui o agente social age inspirado por afetos e sentimentos, aspectos irracionais e pouco refletidos); 2 - ação social tradicional (aqui o agente social age como sempre fez sem nunca questionar-se as razões pelas quais age de tal maneira); 3 - ação social racional com referência à valores (aqui o agente social se inspira num valor o qual ele atribui muita importância; o sentido da ação do indivíduo é o resultado de uma reflexão que faz com que ele aja em conformidade com aquilo que valoriza); 4 - ação social racional com referência à meios e fins (aqui o agente social se inspira numa finalidade, num objetivo e, por meio da reflexão, ajusta todas as suas ações à este objetivo). Para Weber, os modelos 1 e 2 seriam típicos das relações comunitárias e tradicionais, ao passo que os modelos de ação 3 e 4 predominariam no mundo moderno e racional. No final das contas, todos os tipos de ação coexistem, entretanto, a sociedade ocidental tem historicamente experimentado um processo de racionalização (isto é, os modelos 3 e 4 tendem a predominar) que pode ser descrito como um desencantamento do mundo, isto é, este processo de racionalização pode ser descrito como um enfraquecimento das dimensões mais mágicas, encantadas, afetivas e tradicionais do mundo e um fortalecimento de uma compreensão mais racional do mundo natural e social. Os tipos de ação e os processo de racionalização e modernização tem vínculos com a vida política. Assim, Weber descreveu três formas pelas quais a dominação política pode se estabelecer. Assim, Weber aponta os três tipos puros de dominação legítima: 1 - dominação carismática: é aquela dominação fundada nas habilidades pessoais e quase mágicas daquele que domina. É um aspecto meio mágico, meio encantado e meio afetivo e faz com que os dominados se curvem às ordens do dominante. Ex.: Getúlio Vargas efetuou um tipo de dominação política que tinha um aspecto carismático. 2 - dominação tradicional: é aquela dominação fundada em uma autoridade tradicional que é respeitada sem qualquer questionamento. A autoridade tradicional 6
domina e ordena porque sempre o fez e nunca ninguém a questionou. A dominação patriarcal (autoridade paterna) é um tipo de dominação tradicional 3 - dominação burocrático legal: é aquela dominação fundada na autoridade legal de um centro burocrático de poder (por exemplo o Estado) que indica ordens padronizadas que todos devem seguir igualmente. Aqui domina o aspecto racional e moderno das condutas. Para Weber as sociedades ocidentais passaram por um processo de desencantamento do mundo e racionalização que, enfim, levou as relações políticas em direção à burocratização e domínio do poder do Estado e consequentemente à uma perda do poder dos chefes carismáticos e tradicionais. Entretanto, alguns diriam que em países como o Brasil o processo de modernização não se completou, de maneira que toda a vida social dos brasileiros é plasmada e inspirada em aspectos tradicionais e afetivos. Este aspecto nos faz ser uma sociedade pouco moderna mas afetuosa, mas por outro lado ainda faz com que os brasileiros padeçam nas mãos de autoridades carismáticas e tradicionais, patrimonialistas e adeptas da corrupção e do nepotismo. Na ótica weberiana, o tradicionalismo da sociedade brasileira faz com que ainda sejamos vítimas da corrupção e do jeitinho. 7