Na#onal Archives/NARA/USA Jurisdições Penais Internacionais. Nuremberg, Tóquio, ex-iugoslávia, Ruanda NISC Aula 8 31/05/2017
Alguns precedentes 1872 Gustave Moynier apresenta o primeiro projeto de estatuto de uma jurisdição criminal internacional em Genebra 1919 Tratado de Versalhes prevê, sem êxito, o julgamento de Guilherme II (ofensa suprema à moral internacional e à autoridade sagrada dos tratados)
Processos de Nuremberg Tribunal Militar Internacional Acordo de Londres (1945) maiores autoridades nazistas sobreviventes, gestores de primeiro plano Processos seguintes Lei n. 10, dezembro de 1945, promulgada pelo Conselho do Controle Aliado para a Alemanha, autorizou o estabelecimento de tribunais em cada uma das 4 zonas de ocupação para julgamento de criminosos de guerra e outros
12 tribunais da zona americana Compostos por 3 membros, juízes de carreira experientes em sua maioria Corte internacional de juízes americanos Telford Taylor (1949) 177 pessoas julgadas: diplomatas, médicos, advogados, juízes, empresários e chefes militares
Processos célebres Processo dos médicos 20 médicos e 3 cientistas julgados por experiências médicas com deportados aos campos de concentração e de extermínio; berço da bioética moderna Código de Nuremberg Processo dos juízes 16 juristas alemães acusados de promover a eugenia e a purificação racial filme O Julgamento de Nuremberg
TRIBUNAL MILITAR INTERNACIONAL DE NUREMBERG
Criação Acordo de Londres, de 8 de agosto de 1945 Anexo: Estatuto do Tribunal Militar Internacional Finalidade julgar e punir os grandes criminosos de guerra dos países europeus do Eixo cujos crimes não possuíam localização geográfica precisa acusados individualmente ou como membros de organizações ou grupos
Partes Signatários: Estados Unidos, França, Reino Unido e União Soviética Posteriormente aderiram 19 Estados: Grécia, Dinamarca, Iugoslávia, Holanda, Checoslováquia, Polônia, Bélgica, Etiópia, Austrália, Honduras, Noruega, Panamá, Luxemburgo, Haiti, Nova Zelândia, Índia, Venezuela, Uruguai e Paraguai Organização Com sede no Palácio de Justiça de Nuremberg Composto de 4 juízes + 4 Procuradores que acumulavam as funções de instrução e acusação (recolher provas, formular a denúncia, atuar no processo)
Composição Juízes França EUA RU URSS Henri Donnedieu de Vabres Francis Biddle Suplentes André Falco John Parker Procuradores François de Menthon -> Champetier de Ribes Robert Jackson Lord Justice Geoffrey Lawrence Sir Norman Birket Sir David Maxwell-Fyfe -> Sir Hartley Shawcross General Nikitchenko Coronel Volchkov General Rudenko
Crimes (primeira tipificação)
Singularidade Desproporção absoluta entre atos que podem ser cometidos por indivíduos comuns (pirataria, escravidão, tráfico de drogas, interferência ilícita na aviação civil, terrorismo) e atos que são cometidos tendo à disposição a potência material do Estado
Réus 24 acusados (Robert Ley suicidou-se antes do processo, Gustav Krupp von Bohlen und Halbach inapto por razões de saúde, Martin Bormann julgado à revelia) 21 compareceram ao processo - de 20 de novembro de 1945 a 1 de outubro de 1946
Sentenças Penas de morte (12) Göring (Ministro da Aeronáutica), von Ribbentrop (MRE), Keitel (Forças Armadas), Kaltenbrunner (Chefe de Segurança), Rosenberg (Ministro dos Territórios Ocupados), Frank, Frick, Streicher, Sauckel, Jodl (Chefe do Estado Maior), Seyss-Inquart e Bormann (Líder SDAP - Partido Nazista) Penas de Prisão Perpétua Hess (sucessor designado de Hitler), Funk, Raeder Penas de Detenção Von Schirach (20 anos), Speer (20 anos), von Neurath (15 anos) e Dönitz (10 anos) Absolvições Schacht, von Papen, Fritzshe Declaradas organizações criminosas SDAP (Partido nazista), Gestapo (Polícia Secreta do Estado), SS (inicialmente Tropa de Proteção, evolução complexa) e SD (Serviço de Segurança da SS)
PRINCÍPIOS DE NUREMBERG
Sistematizados em 7 pontos pela CDI em 1950 Aprovados por unanimidade pela Resolução 95 da AG/ONU em 11 de dezembro de 1946 Considerados direito internacional costumeiro Bases do direito penal internacional, retomados nos tribunais ad hoc e no TPI http://legal.un.org/avl/pdf/ha/ga_95-i/ga_95-i_ph_e.pdf
I Responsabilidade penal individual Todo autor de um ato que constitua um crime de direito internacional é responsável por ele e passível de pena II Primazia da tipificação internacional em relação ao direito interno Direito interno não punir um ato que constitui um crime de direito internacional não isenta da responsabilidade penal internacional Admite-se há muito tempo que o direito internacional impõe deveres às pessoas físicas (Sentença TMI)
III Recusa do excludente fundado na posição oficial do acusado Agir na qualidade de Chefe de Estado ou de governo não isenta da responsabilidade penal internacional Não há imunidade nem quando se pratica o crime no exercício das funções IV Recusa da justificativa de obediência à ordem superior O fato de agir por ordem de um governo ou de um superior hierárquico não isenta da responsabilidade penal se houve moralmente a possibilidade de escolhas Pode ser considerado atenuante ou como um elemento que tente provar a ausência da liberdade de escolha
V Direito ao devido processo Regras mínimas de boa administração da justiça e respeito aos direitos do acusado VI Tipificação internacional das violações das regras sobre o uso da força, das leis e costumes de guerra, e dos direitos fundamentais da pessoa humana Crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade VII Criminalização da participação em um crime de direito internacional Cumplicidade no cometimento de um crime Elaboração ou participação em um plano concertado para cometer um crime
Tribunal Militar para o Extremo Oriente ou de Tóquio Instituído pela Decisão do Comando em Chefe das Tropas de Ocupação do Japão de 19 de janeiro de 1949 11 juízes e 11 procuradores: EUA, RU, França, URSS, Holanda, China, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Índia e Filipinas Julgamento em 12 de novembro de 1948 reafirma princípios de Nuremberg 28 acusados, 6 condenações à morte
Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia ainda em atividade Resolução 808 Conselho de Segurança - fevereiro de 1993, sede em Haia (Países Baixos) competência é limitada aos atos cometidos na Ex- Iugoslávia desde 1991 e compreende quatro categorias de crimes (definidos em seu Estatuto): 1. violações graves às Convenções de Genebra de 1949; 2. violações das leis e costumes de guerra, 3. crimes de genocídio e 4. crimes contra a humanidade Página oficial: http://www.icty.org/en
Balanço" 161 acusados - 7 processos ainda em curso (6 deles em grau de recurso), 154 encerrados" 83 condenados" Lista de julgamentos: http://www.icty.org/en/cases/judgement-list "
Tribunal Internacional para Ruanda extinto em 2015 Com sede em Arusha (Tanzânia), foi criado em novembro de 1994 pelo Conselho de Segurança (Resolução 955) competência limitada aos atos come#dos em 1994 em Ruanda ou come#dos por cidadãos oriundos de Ruanda nos Estados vizinhos Três categorias de crimes são definidos no Estatuto do Tribunal: 1. crime de genocídio, 2. crimes contra a humanidade e 3. violações ao ar#go 3 comum às Convenções de Genebra de 1949 e ao Protocolo Adicional II, que enunciam regras aplicáveis aos conflitos armados não internacionais
TPIs Ex-Iugoslávia e Ruanda" Cada tribunal tem 11 juízes, eleitos pela Assembléia Geral das Nações Unidas com base numa lista apresentada pelo Conselho de Segurança Os tribunais têm um mesmo Procurador Público, designado pelo Conselho de Segurança, sob proposta do Secretário Geral das Nações Unidas Eles têm também a mesma câmara de recursos