POLÍTICAS E LEIS QUE AMPARAM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

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Transcrição:

POLÍTICAS E LEIS QUE AMPARAM A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNICÍPIO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ Resumo ROCHA, Roselene Nunes 1 - UNIVALI VACARI, Delia Iachinski 2 - UNIVALI Grupo de Trabalho - Políticas Públicas, Avaliação e Gestão da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento O presente artigo vincula-se ao grupo de pesquisa Políticas Públicas de Currículo e Avaliação da UNIVALI 3, e apresenta-se como recorte de um estudo mais amplo na área das Políticas Públicas de Educação Inclusiva no Brasil. Neste pretendemos analisar as políticas e leis que amparam a Educação Inclusiva e a tradução realizada pelo Município de Balneário Camboriú destes documentos. Para tal, buscamos contextualizar o estudo com base na abordagem do Ciclo de Políticas de Stephen Ball e Richard Bowe (MAINARDES, 2006), que apresentam o ciclo em três contextos: contexto de influência, contexto da produção de texto e o contexto da prática. Esta abordagem contribui para uma análise crítica e contextualizada das políticas educacionais. Iniciamos a partir das principais conferências que influenciaram nas políticas públicas para a Educação Inclusiva no Brasil e participaram ativamente no contexto de influência. Para então uma análise das leis Nacionais e sua recriação no Município de Balneário Camboriú. Visto que a necessidade da elaboração e implementação de ações voltadas para o processo efetivo da inclusão, é o que se apresenta como políticas e leis, sendo estas norteadoras dos movimentos de inclusão com o objetivo de atingir as metas propostas em prol ao acesso e permanência dos alunos público alvo da Educação Especial/Inclusiva. Palavras-chave: Políticas Públicas. Políticas Educacionais. Educação Especial/Inclusiva. 1 Pedagoga (UNIVALI). Especialista em Educação Inclusiva (UCB). Mestranda em Educação (UNIVALI). Professora de Sala de Recurso Multifuncional da Rede de Ensino de Balneário Camboriú. E-mail: lennenu@hotmail.com. 2 Pedagoga (UNIVALI). Especialização em Práticas Pedagógicas Interdisciplinares Ênfase em Educação Infantil, Séries Iniciais e Ensino Médio. Participante do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas de Currículo e Avaliação (UNIVALI) e Professora do Ensino Fundamental da Rede de Ensino de Balneário Camboriú. E-mail: deliai.vacari@gmail.com. 3 Universidade do Vale do Itajaí Localizada na Cidade de Itajaí SC.

3397 Introdução O presente trabalho é fruto de estudos desenvolvidos no grupo de pesquisa Políticas Públicas de Currículo e Avaliação da UNIVALI 4, o grupo desenvolve pesquisas com vistas à análise crítica das políticas públicas de currículo e de avaliação na realidade brasileira. Assim, este artigo consiste na análise das Políticas de Educação Inclusiva no Brasil e a tradução realizada pelo Município de Balneário Camboriú destes documentos. Para tal, buscamos contextualizar o estudo com base na abordagem do Ciclo de Políticas de Stephen Ball e Richard Bowe (MAINARDES 2006), que apresentam o ciclo em três contextos: contexto de influência, contexto da produção de texto e o contexto da prática. Esta abordagem contribui para uma análise crítica e contextualizada das políticas educacionais. Inicialmente partimos das principais conferências internacionais: Conferência Mundial sobre Educação para Todos, que ocorreu em Jomtien Tailândia, em 1990; Declaração de Salamanca, elaborada na Conferência Mundial de Educação Especial, realizada em Salamanca Espanha, em 1994 e Convenção de Guatemala, de 1999, esses documentos buscaram assegurar o direito da criança a educação, independente das diferenças individuais e desse modo influenciaram nas políticas públicas para a Educação Inclusiva no Brasil e participaram ativamente no contexto de influência. Em seguida nos detemos ao contexto da produção de texto e no contexto da prática, por meio destes podemos observar o que se institui mediante documentos e leis Nacionais e o que se caracteriza na prática por meio da interpretação de lei do Município de Balneário Camboriú. Como o Município de Balneário Camboriú traduz as políticas nacionais e recria as leis em seu contexto de produção de texto? Diante desta interrogação, analisamos as políticas nacionais partindo do pressuposto que a construção de uma sociedade inclusiva é um processo que envolve todos os segmentos sociais. Esta afirmativa reforça a necessidade da elaboração e implementação de ações voltadas para o processo efetivo da inclusão, é o que se apresenta como políticas e leis, sendo estas norteadoras dos movimentos de inclusão com o objetivo de atingir as metas propostas em prol ao acesso e permanência de alunos com deficiência nas escolas comuns. 4 Universidade do Vale do Itajaí Localizada na Cidade de Itajaí SC.

3398 As Mudanças na Perspectiva da Escolarização O trabalho consiste numa análise das Políticas de Educação Inclusiva no Brasil a partir do ano de 2008, elaborados a partir da influência de acordos internacionais, e salienta a tradução realizada pelo Município de Balneário Camboriú destes documentos, partindo da abordagem de Ball e Bowe (MAINARDES, 2006), estes documentos legais são negociados, definidos nos contextos de influencia e produção de textos e traduzidos por meio do contexto da prática. Nesse sentido analisamos os principais documentos legais que amparam a escolarização de alunos publico alvo da educação especial e realizamos um parâmetro entre o que se institui por meio destes, e o que se tem no contexto de produção de texto em âmbito municipal. Inicialmente buscamos as principais conferências internacionais que fomentaram as políticas para a Educação Inclusiva/Especial no Brasil que participaram ativamente no contexto de influencia, para a instituição de novas leis políticas educacionais para a inclusão de alunos com deficiência em nosso país. Abaixo apresentamos uma linha do tempo, retratando os documentos internacionais que contribuíram e para a formação do discurso: Figura 1 - Linha do tempo das políticas para a educação especial.

3399 A Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência é um importante documento que foi ratificado pelo Brasil através do Decreto Nº 186/2008, que aprova o texto da Convenção e seu Protocolo Facultativo assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. O país participou de sua elaboração e ratificou com equivalência de ementa Constitucional nos termos previstos no Artigo 5º, 3º da Constituição brasileira (BRASIL, 2007a). O documento reafirma as ações inclusivas já existentes na área da educação, respaldadas em outros acordos internacionais 5 importantes, que influenciaram nas políticas públicas para a Educação Inclusiva no Brasil. Em seu artigo 24, o documento reconhece o direito da pessoa com deficiência à educação e assegura sistemas educacionais inclusivos. Para tanto, garante o acesso ao ensino gratuito e de qualidade, adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais, apoio necessário ao aluno com deficiência com vistas a facilitar sua efetiva educação e medidas de apoio individualizadas a estes (BRASIL, 2012). Ao integrar-se a esses acordos, o Brasil assumiu a responsabilidade de transformar o sistema educacional, por meio de uma educação de qualidade e igualdade para o acolhimento de todos (MILANESI, 2012). Diante desse compromisso o Ministério da Educação no ano de 2008, elaborou o documento norteador da educação inclusiva atual, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), é um movimento pautado na defesa da reestruturação das escolas para que todos os alunos aprendam juntos na diversidade e que isso não constitua desvantagem para ninguém (PASIAN et al., 2012, p. 3). Este apresenta diretrizes operacionais para a construção e organização de escolas inclusivas e aponta como objetivo: 5 Conferência Mundial sobre Educação para Todos, que ocorreu em Jomtien Tailândia, em 1990. Esse acordo assume a educação como direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro (UNESCO, 1990); Declaração de Salamanca, elaborada na Conferência Mundial de Educação Especial, realizada em Salamanca Espanha, em 1994, afirma que a educação de crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais (NEE) deve ocorrer dentro do sistema regular de ensino (UNESCO, 1994) Convenção de Guatemala, de 1999, prevê a eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas com deficiência e o favorecimento da sua integração na sociedade.

3400 [...] assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2008, p. 14). Em seu objetivo apresenta garantias de acesso ao ensino regular com qualidade e continuidade aos níveis mais elevados do ensino, de modo a reafirmar o direito a educação para todos, para tanto tem como meta combater barreiras que impeçam o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, a continuidade da escolarização, a formação de professores, a participação da família e da comunidade, a acessibilidade e o atendimento educacional especializado (BRASIL, 2008). O documento expõe uma nova descrição dos sujeitos público alvo da educação especial como: alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação e define a Educação Especial como modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades (BRASIL, 2008, p. 16), considerada como transversal, por decorrer desde a Educação Infantil até o Ensino Superior, e garante o Atendimento Educacional Especializado (AEE), de maneira não substitutiva ao ensino regular. O AEE propicia atividades que diferenciam-se daquelas realizadas na sala e aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008, p. 16), ofertado no turno inverso da escolarização, em Salas de Recursos Multifuncionais implantadas em escolas públicas regulares, pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos. As Salas de Recursos Multifuncionais foram implantadas com a intenção de promover o AEE, nas escolas de ensino regular, para tanto, o Ministério da Educação por meio da Portaria Ministerial nº. 13/2007 institui o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, com objetivos específicos à oferta do atendimento educacional especializado ao público alvo da educação especial: Apoiar a organização da educação especial na perspectiva da educação inclusiva;

3401 Assegurar o pleno acesso dos alunos público alvo da educação especial no ensino regular em igualdade de condições com os demais alunos; Disponibilizar recursos pedagógicos e de acessibilidade às escolas regulares da rede pública de ensino; Promover o desenvolvimento profissional e a participação da comunidade escolar. (BRASIL, 2010, p. 9). Em consonância a PNEEPEI, o Ministério da Educação define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, instituídas pela Resolução CNE/CEB nº4/2010, de maneira a reiterar as recomendações no que tange a educação de alunos público alvo da educação especial na escola inclusiva. Quanto à organização deste processo o documento em questão também se expressa e traz garantias para uma educação de qualidade para todos. Em seu artigo 29, 3º I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudantes no ensino regular; II - a oferta do atendimento educacional especializado; III - a formação de professores para o AEE e para o desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas; IV - a participação da comunidade escolar; V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e informações, nos mobiliários e equipamentos e nos transportes; VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais. (BRASIL, 2010, p. 11). Neste sentido o Decreto Nº 7.611/2011, que substitui o Decreto nº 6.571/08, além de manter as ações presentes no decreto anterior e reforçar os dispositivos já contemplados nos documentos citados, dispõe sobre o AEE e apresenta como objetivos deste serviço de apoio em seu artigo 3º I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessidades individuais dos estudantes; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino. (BRASIL, 2011a, p. 2).

3402 Assim como o Plano Nacional de Educação 2011 2020 orienta os Estados, Distrito Federal e Municípios em seu artigo 8º 2º deverão estabelecer em seus respectivos planos de educação metas que garantam o atendimento às necessidades educacionais específicas da educação especial, assegurando um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades (BRASIL, 2011b, p. 2). Além disso, apresenta metas para a universalização do atendimento escolar aos alunos público alvo da educação especial de 4 a 17 anos. E as estratégias propostas reforçam a garantia de condições para um sistema de ensino inclusivo em todos os níveis, com a disposição de educação de qualidade com vistas a disseminação da desigualdade, já estabelecidas nos demais documentos legais citados neste trabalho. O Brasil está comprometido por meio de documentos políticos a garantir a inclusão escolar, estes documentos além de orientar os municípios, estabelecerem ações para que este processo se efetive, definem a distribuição dos recursos do FUNDEB, contemplando a dupla matricula do aluno (escola comum e SRM). Nesta perspectiva os municípios assumem a responsabilidade de contribuir para a transformação do sistema educacional, por meio de uma educação de qualidade e igualitária a todos. Para isso buscamos também observar qual a tradução realizada pelo Município de Balneário Camboriú das Políticas Educacionais, visto que os municípios apresentam autonomia para a organização da Inclusão Escolar, partindo do documento orientador Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) elaborado pelo Ministério da Educação no ano de 2008. O Município cria o Departamento de Educação Especial subordinado a Secretaria Municipal de Educação no ano de 2002, e organiza a Educação Inclusiva em consonância a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, passando a ser parte integrante da Lei Municipal n.º 1.069/91. Com esta assegura em seu artigo 47 desenvolver mecanismos que assegurem a integração e a continuidade do processo ensino-aprendizagem aos portadores de necessidades educativas especiais. Assim o Município de Balneário Camboriú parte da diretriz nacional, norteado pelos documentos nacionais, instituídos pelo Ministério da Educação e organiza a Educação Inclusiva por meio da implantação do Departamento de Educação Especial.

3403 Para obtenção dos dados municipais, analisamos a Proposta curricular que apresenta os fundamentos legais para a Educação Inclusiva do Município. Esta garante que para uma Educação inclusiva de qualidade, o Departamento de Educação Especial é formada por uma equipe de multiprofissionais: Apoios Pedagógicos Especiais (Educadoras Especiais e Pedagogas), Fonoaudiólogos, Psicólogos, Instrutores de LIBRAS e Intérpretes, que atuam diretamente nos Centros Educacionais e Núcleos de educação infantil. O Departamento de Educação Especial do Município de Balneário Camboriú tem o objetivo de desenvolver mecanismos que assegurem a inclusão e a continuidade do processo de ensino-aprendizagem aos alunos com deficiência, além de promover formação aos profissionais para atuarem junto a Educação Especial, o Município apresenta 12 Salas de Recursos Multifuncionais em atividade, em Escolas Municipais, funcionando como pólos e atende o público alvo da Educação Especial descrito na Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, seu documento norteador (BALNEÁRIO CAMBORIÚ, 2012). Considerações Finais Nossa pretensão com este trabalho foi uma análise das Políticas e legislação que respaldam a Educação Inclusiva no Brasil e sua tradução realizada pelo Município de Balneário Camboriú SC, por meio da abordagem do Ciclo de Políticas de Stephen Ball e Richard Bowe que consideram um ciclo contínuo, contextos inter-relacionados para a formulação de uma política, não sendo etapas lineares. Visto os Municípios apresentarem autonomia para traduzir e recriar as políticas Nacionais em seu contexto da prática. Com este trabalho notamos uma lacuna de documentos relacionados a Educação Inclusiva do município em questão, sendo que o documento analisado; Proposta Curricular da Rede Municipal garante que o compromisso com a Educação Especial está em conexão com o disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/1996), nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (2010) e na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008). Visto que a pesquisa documental aqui apresentada observou que o Município garante em seu contexto de produção de texto as atribuições das Leis e Políticas Nacionais.

3404 REFERÊNCIAS BALNEÁRIO CAMBORIÚ. Câmara de Vereadores. Lei Municipal n. 1.069/91. Aprova a criação do departamento de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação. Diário Oficial do Município, Balneário Camboriú, 1991.. Proposta curricular: ensino fundamental da Rede Municipal de Balneário Camboriú/SC. Balneário Camboriú: Secretaria de Educação, 2012. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: protocolo facultativo. Brasília, DF: CORDE, 2007a.. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Edital n. 01, de 26 de abril de 2007. Programa de implantação das salas de recursos multifuncionais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 abr. 2007b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/2007_salas.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2012.. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília, DF: MEC, 2008.. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução n. 04, de 13 de julho de 2010. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 jul. 2010.. Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011a.. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação 2011-2020. Brasília, DF: MEC, 2011b. (ainda não aprovado). MAINDARDES, J. Abordagem do ciclo de políticas: uma contribuição para a análise de políticas educacionais. Educação e Sociedade, Campinas, v. 27, n. 94, p. 47-69, jan./abr. 2006. MILANESI, J. B. Organização e funcionamento das salas de recursos multifuncionais em um município paulista. 2012. 183 f. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO). Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Brasília, DF, 1990. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000108.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2012.

3405. Declaração de Salamanca. Brasília, DF, 1994.. Declaração de Guatemala: Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Brasília, DF, 1999. PASIAN, M. S. et al. O funcionamento pedagógico nas salas de recursos multifuncionais: revisão de trabalhos em eventos científicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 5., 2012, São Carlos. Anais... São Carlos: Cubo, 2012.