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Transcrição:

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS Nº 393 Junho / 2013 issn 1678-6335 índices Deflação de Alimentos Traz Alívio Para a Inflação Rafael Costa Lima Reajustes Salariais Pressionam Variação nos Preços de Obras Públicas em Maio André Luis Squarize Chagas p. I-3 p. I-7 Segundo Rafael Costa Lima, a desoneração da cesta básica somada a um movimento sazonal tardio dos produtos in natura geram uma significativa deflação do grupo Alimentação, que puxa a inflação para 0,10%. A melhora no panorama de curto prazo, entretanto, pode não representar uma desaceleração na tendência da taxa de inflação. André Chagas destaca a importância dos reajustes salariais para os resultados das variações de preços dos insumos de obras públicas em maio. Desde 2004, os salários do setor apresentaram ganhos reais (acima da inflação) entre 35% e 49%. O resultado desse mês contribuiu para manter pressionada a inflação do setor que não deve se reduzir no curto prazo, em razão do aquecimento do mercado de trabalho, da volatilidade cambial, das ainda importantes incertezas relacionadas aos projetos e da forma de condução da política macroeconômica pelo governo federal. séries estatísticas Índice de Preços ao Consumidor Índice de Preços de Obras Públicas p. I-11 Nesta seção, são apresentadas as séries estatísticas Fipe (IPC e IPOP) de 2012 a 2013. As ideias e opiniões expostas nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo a opinião da Fipe

2 índices Conheça o ICV Fipe O índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo é o mais tradicional indicador da evolução do custo de vida das famílias paulistanas e um dos mais antigos do Brasil. Começou a ser calculado em janeiro de 1939 pela Divisão de Estatística e Documentação da Prefeitura do Município de São Paulo. Em 1968, a responsabilidade do cálculo foi transferida para o Instituto de Pesquisas Econômicas da USP e, posteriormente em 1973, com a criação da FIPE, para esta instituição. Informações sobre assinaturas: : (11) 3767-1720 : rgama@fipe.org.br INFORMAÇÕES FIPE É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA DA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS issn 1234-5678 Conselho Curador Juarez A. Baldini Rizzieri (Presidente) Denisard Cnéio de Oliveira Alves Francisco Vidal Luna Heron Carlos Esvael do Carmo Joaquim José Martins Guilhoto Miguel Colassuono Simão Davi Silber Diretoria Diretor Presidente Carlos Antonio Luque Diretor de Pesquisa Eduardo Haddad Diretor de Cursos Cicely M. Amaral Pós-Graduação Pedro Garcia Duarte Secretaria Executiva Domingos Pimentel Bortoletto Conselho Editorial Heron Carlos E. do Carmo Lenina Pomeranz Luiz Martins Lopes José Paulo Z. Chahad Maria Cristina Cacciamali Maria Helena Pallares Zockun Simão Davi Silber Editora-Chefe Fabiana F. Rocha Preparação de Originais e Revisão Alina Gasparello de Araujo Produção Editorial Sandra Vilas Boas

índices I - 3 Deflação de Alimentos Traz Alívio Para a Inflação Rafael Costa Lima (*) A inflação medida pelo IPC-FIPE registrou alta de 0,10% em maio de 2013. A taxa foi inferior à registrada em abril deste ano (0,28%) e à de maio de 2012 (0,35%). A primeira quadrissemana ainda registrou aceleração em relação a abril com alta de 0,31%, mas foi seguida de duas desacelerações na segunda (0,21%) e terceira quadrissemanas (0,18%). A evolução do IPC- -FIPE e seus grupos componentes pode ser observada na Tabela 1. Tabela 1 - Evolução do IPC-FIPE e Seus Grupos Componentes em 2013 IPC - FIPE Jan/13 Fev/13 Mar/13 Abr/13 Mai/13 Acumulado Jan a Abr/13 % % % % % % Índice Geral 1,15 0,22-0,17 0,28 0,10 1,48 Habitação 0,35-0,21-1,05 0,25-0,01-0,67 Alimentação 2,11 0,34 0,77 0,20-0,28 3,16 Transportes 0,23 0,84 0,28 0,28 0,04 1,68 Despesas Pessoais 2,42-0,10-1,02-0,12 0,30 1,46 Saúde 0,41 0,58 0,25 1,31 0,94 3,54 Vestuário -0,33 0,36 0,44 0,19 0,88 1,55 Educação 6,08 0,27 0,13 0,18 0,03 6,73 Fonte: Base de Dados do IPC-FIPE. Pela Tabela 1 podemos perceber que a desaceleração de maio com relação a abril foi causada pelas desacelerações de Habitação, Alimentação e Transportes. Em contrapartida, Vestuário e Despesas Pessoais apresentaram aceleração significativa e compensaram parcialmente os movimentos de desaceleração. O grupo Saúde também desacelerou, mas ainda apresentou taxa alta e foi o grupo que mais contribuiu para a inflação de maio. A alta de Saúde ainda vem como reflexo do reajuste de remédios concedido pela ANS, apesar de o impacto ter ocorrido em maior grau em abril. Entretanto, este reajuste não deve influenciar a inflação dos próximos meses. A alta de Vestuário é sazonal, devido ao lançamento de novas coleções de inverno. Em Despesas Pessoais a principal influência de alta veio dos Pacotes de Viagem, que tiveram alta de 2,23%. Este movimento antecipa a tendência sazonal deste item, e pode estar relacionado à realização da Copa das Confederações no mês de junho. O principal grupo responsável pela desaceleração da taxa de inflação foi Alimentação. Em parte, este movimento esteve relacionado com a desoneração da cesta básica, visto que itens desonerados como o Frango (-8,42%), o Açúcar (-8,47%), o Óleo de Soja (-3,45%) e

I - 4 índices o Café (-1,70%) estão entre as principais quedas. Por outro lado, os preços dos Produtos in Natura começaram a cair, principalmente os Legumes (-8,76%) e as Verduras (-5,94%). Os Semielaborados também caíram -0,41%, mas esta taxa foi inferior à registrada em abril (-1,21%). Apenas a alimentação fora do domicílio apresentou variação positiva de 0,87%. Em Habitação a deflação de -0,01% foi devida a queda na tarifa de energia elétrica (-2,09%) gerada pela variação mensal da alíquota de Pis/Cofins e a redução na tarifa de interconexão do telefone fixo (-1,32%). Em Transportes, a baixa inflação de 0,04% foi devida à entrada da nova safra do etanol, que caiu -2,94%. O impacto dos principais itens em alta pode ser observado no Gráfico 1. Gráfico 1 - Principais Variações Ponderadas do IPC-FIPE de Maio de 2013 Fonte: Base de dados do IPC-FIPE. Apesar da deflação de Alimentos, curiosamente, dentre os seis produtos com maior alta, três são deste grupo. Feijão (alta de 7,77%), Leite longa vida (2,60%), e mamão (20,58%). Os demais itens em alta são Viagem (excursão), que mede os preços dos pacotes de viagem, Perfume/ Colônia (8,10%) e o reajuste de Água/esgoto (1,10%). Os demais itens do IPC tiveram variação agregada negativa de -0,04%, o que indica que o impacto dos seis produtos com maior alta foi superior à inflação de maio. Este tipo de fenômeno ocorre quando existem quedas de preços concentradas em itens de grande peso no IPC. Outro indicador de que as quedas estão concentradas é através do indicador de difusão, que mede o percentual de itens acompanhados no IPC que apresentaram variação de preços positiva no IPC, que é apresentado no Gráfico 2 a seguir. Este indicador apresentou taxa de 62,18%, superior às registradas no mês anterior (61,32%) e no mesmo mês do ano anterior (59,83%). Portanto, apesar da inflação apurada ser baixa, ainda existe um alto percentual de itens com variação de preços positiva.

índices I - 5 Gráfico 2 - Evolução da Taxa de Difusão nos Últimos 24 Meses Fonte: Base de dados do IPC-FIPE. A inflação também segue num ritmo baixo, como pode ser observado na Tabela 2. Entretanto, a distância entre o Índice Geral de Serviços (IGS) e o IPC- -FIPE foi nula este mês, sinalizando a aproximação das duas taxas. Esta aproximação se deve ao fato de os principais itens de alimentação em deflação não pertencerem ao IGS. Por outro lado, o IGS permanece baixo por causa da redução do Pis/Cofins da energia elétrica e da redução da tarifa do telefone residencial. Os recortes do IGS continuam apresentando o mesmo padrão, com deflação dos administrados e alta dos serviços intensivos em mão de obra. Mesmo assim, é notável a desaceleração do IGS Trabalho, que pode ser um indicativo de desaquecimento do mercado de trabalho. Tabela 2 - Evolução do Índice Geral de Serviços e seus recortes específicos em 2013 Acumulado Acumulado Jan Fev Mar Abr Mai ano 12 meses % % % % % % % Índice Geral -IPC 1,15 0,22-0,17 0,28 0,10 1,59 5,11 Índice de Serviços 0,97-0,15-0,99 0,15 0,10 0,07 2,98 IGS - Administrados 0,18-0,95-2,42-0,31-0,57-4,02-3,87 IGS Trabalho 2,29 0,63 0,83 0,71 0,55 5,10 9,16 Fonte: Base de dados do IPC-FIPE.

I - 6 índices A taxa acumulada em 12 meses alcançou o valor de 5,11%, que é a terceira redução consecutiva e a menor taxa desde dezembro de 2012. Contudo, é precipitado afirmar que a inflação esteja numa nova trajetória de desaceleração. Caso fosse removido o impacto direto da redução de tarifa de energia elétrica, esta taxa estaria próxima do valor registrado em fevereiro, de 5,91%. A desoneração da cesta básica também teve impactos significativos na desaceleração recente da inflação, apesar de o impacto direto desta ser difícil de mensurar. Portanto, não é possível inferir que esta desaceleração recente esteja ligada a uma desaceleração da inflação. Gráfico 3 - Série da Taxa de Inflação Acumulada em 12 Meses nos Últimos Dois Anos Fonte: Base de dados do IPC-FIPE. Atento a este panorama, o Copom aumentou a taxa de juros para 8% na última reunião. Contudo, levando-se em conta que as expectativas de inflação estão altas, entre 5,5% e 6%, a taxa real de juros estaria entre 2% e 2,5%, muito baixa para o padrão histórico do Brasil. Provavelmente, para coordenar as expectativas de inflação para um patamar inferior, o Banco Central realmente precise aumentar mais a taxa de juros nas reuniões futuras. (*) Professor Doutor da FEA-USP. (E-mail: rafaelcostalima@usp.br).

índices I - 7 Reajustes Salariais Pressionam Variação nos Preços de Obras Públicas em Maio André Luis Squarize Chagas (*) Em maio de 2013, os índices de preços de obras públicas, calculados pela FIPE, vieram todos com aceleração em relação ao mês anterior, comportamento sazonal que se deve ao impacto dos dissídios aplicados pelas empresas do setor aos salários dos trabalhadores. Os índices mais sensíveis ao impacto desse importante componente de custos foram, respectivamente, os Serviços Gerais com predominância de Mão de Obra (SGPMO), que registrou alta de 5,82%, e o índice Geral de Edificações (IGE), com alta de 4,77%. Já o Índice de Terraplenagem (TER) e o Índice de Pavimentação (PAV), com variações de 1,53% e 1,07%, respectivamente, reagiram menos à variação nos salários em virtude do comportamento de materiais e equipamentos. Como se pode observar na Tabela 1, mão de obra apresentou variação entre 9,34% e 9,94%, em linha com os dissídios dos principais sindicatos da construção civil do Estado de São Paulo. Com esse aumento, os salários mantêm tendência de ganhos reais, como se pode observar no Gráfico 1, que apresenta as variações dos salários médios da mão de obra em cada um dos indicadores acompanhados, deflacionadas pelo IPC da FIPE. Note-se que, desde, agosto de 2004, os reajustes salarias já acumulam aumento entre 36% (IGE) e 49% (TER) acima da inflação do período. Essa tendência não mostra sinais de queda. Tabela 1 Índices de Preços de Obras Públicas Variação Mensal (%) Maio de 2013 Índices Geral Materiais Equipamentos Serviços Mão de Obra IGE 4,77 0,60-0,06 0,08 9,35 TER 1,53 0,02 0,14-9,94 PAV 1,07 0,39-0,38-9,63 SGPMO 5,82 0,60-0,08 9,34 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. Obs.: IGE - Índice Geral de Edificações, TER - Índice de Obras de Terraplenagem, PAV - Índice de Obras de Pavimentação, SGPMO - Índice de Serviços Gerais com Predominância de Mão de Obra.

I - 8 índices Gráfico 1 IPOP Evolução do Salário Real (Ago/04 a Maio/2013) 155 150 145 140 135 IGE TER PAV SGPMO Base 100 = ago/94 130 125 120 115 110 105 100 95 ago/04 fev/05 ago/05 fev/06 ago/06 fev/07 ago/07 fev/08 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 ago/12 fev/13 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. Já os insumos de equipamentos dos índices IGE e PAV apresentaram deflação (-0,06% e -0,38%, respectivamente). A menor variação nos itens de equipamentos deve-se à relativa estabilidade dos preços de motoescavo e tratores, e à pequena queda verificada no preço de caminhões. Por outro lado, os materiais apresentaram variações, ainda que menores que as de mão de obra, mas também significativas, entre 0,39% e 0,60%, com exceção do TER, por conta da estabilidade no preço do diesel e da deflação nos preços de pneus. Na Tabela 2 podem ser visualizadas as variações dos preços médios dos insumos para as obras públicas, segundo setores de atividade. No IGE, os produtos das indústrias de Minerais Não Metálicos (+0,85%), Indústria Metalúrgica (+0,59%) e Indústria da Madeira (+0,57%) puxaram o indicador para cima. Mas, é importante destacar a deflação nos segmentos de Borracha (-0,19%), Indústria Material Elétrico/Comunicações e Material de Transporte (-0,13% cada uma) e Indústria de Produtos Plásticos (-0,05%). No TER, destaca-se o crescimento verificado na Indústria de Minerais Não Metálicos (+1,61%), e as quedas em Borracha (-0,66%) e Material de Transporte (-0,56%). Já para os setores do PAV, os destaques de alta ficam para a Indústria da Borracha (+0,76%) e Indústria de Minerais não Metálicos (+0,72%), e os de baixa para Material de Transporte (-0,38%) e Indústria Mecânica (-0,37%).

índices I - 9 Tabela 2 Índices de Preços de Obras Públicas por Setor Variação Mensal e Acumulada nos Anos de 2013 e de 2012 (%) IGE TER PAV SETORES DE ATIVIDADES mai/13 abr/13 Acum 13 Acum 12 mai/13 mai/13 01- Extração Mineral (EM) 0,00-2,01-0,44 4,39 0,00 02- Indústria de Minerais Não Metálicos (IMNM) 0,85 1,38 3,95 3,59 1,61 0,72 03- Indústria Metalúrgica (IMET) 0,59 1,10 3,21 6,68 04- Indústria Mecânica (IMEC) 0,06 0,53 0,19 3,19 0,37-0,37 05- Indústria Material Elétrico/Comunicações (IME/C) -0,13-0,21 5,26 1,61 06- Material de Transporte (MT) -0,13 0,28 2,90 5,26-0,56-0,38 07- Indústria de Madeira (IMAD) 0,57 0,73 1,94 4,13 08- Indústria da Borracha (IBORR) -0,19-0,44 1,60 1,75-0,66 0,76 09- Indústria Química (IQ) 0,43 0,81 4,12 7,54 0,10 0,24 10- Indústria de Produtos Plásticos (IPP) -0,05 2,25 3,59 4,57 11- Serviços da Construção (SC) 0,09 0,34 2,57 3,90 12- Energia Elétrica (EE) 0,00 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. No acumulado de 12 meses (jun/2012 a mai/2013), o TER é o indicador de maior variação (+8,49%), seguido pelo SGPMO (+8,36%) e IGE (7,94%). O PAV acumula alta de 3,31% no período. Tabela 3 Índices de Preços de Obras Públicas Variações Acumuladas (%) Meses IGE TER PAV SGPMO Abr/1994 Mai /2013 430,11 303,75 529,55 488,48 Abr/2004 Mai /2013 96,50 45,88 73,59 103,11 Jun /2012 Mai /2013 7,94 8,49 3,31 8,36 Jan /2013 Mai /2013 6,32 4,90 2,06 7,05 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. Como já destacado em boletins passados, o movimento de longo prazo na taxa de variação dos preços de obras públicas continua a apresentar perfil de consistente pressão altista, com reduções pontuais em determinados segmentos. Como se pode observar no Gráfico 2, sobretudo para o TER, índice de maior volatilidade entre os pesquisados, a inflação no setor salta de deflação de cerca de -2% ao ano, em 2011, para inflação de mais cerca de 8% em 2013, depois de ter apresentado um pico de 11% a.a., dois meses atrás. O SGPMO e o IGE apresentam variações mais contidas, com tendência de aceleração no curto prazo por conta das variações salariais. No entanto, os dois indicadores já apresentam 10 meses de alta consecutiva no acumulado de 12 meses. Em outras palavras, como já assinalado outras vezes neste espaço, a perspectiva para inflação nos segmentos analisados é de manutenção da pressão altista. A pressão inflacionária não tende a se arrefecer nos próximos meses, tendo em vista o aquecimento do mercado de trabalho, a volatilidade da taxa de câmbio, as incertezas relacionadas aos projetos de investimentos e os gargalos estruturais da economia, como a ausência de infraestrutura de transporte para escoamento da produção. Somem- -se a esses fatos a persistente falha de coordenação na comunicação da política macroeconômica do governo, que contribui apenas para adicionar mais um elemento de pressão inflacionária a todos os segmentos. Não se espera melhora nesse quesito no curto e médio prazos.

I - 10 índices 12,00 Gráfico 2 IPOP Variação Acumulada de 12 Meses (Mar/11 a Maio/13) Gráfcio2: IPOP - Variação acumulada de 12 meses (mar/11 a mai/13) 10,00 8,00 6,00 % 4,00 2,00 0,00-2,00 IGE PAV TER SGPMO -4,00 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. (*) Pesquisador da FIPE.

séries estatísticas I - 11 Índices de Preços ao Consumidor no Município de São Paulo Julho de 1994 = 100 Alimentação Habitação Transportes Índice Geral Geral Industr. Semi Elaborado In Natura Geral Aluguel Geral Veículo Próprio Transp. Coletivo Despesas Pessoais Vestuário Saúde Educação Jun/12 358.4130 314.7655 243.3408 335.7617 345.6818 441.7540 852.7220 510.2353 395.4933 683.6569 317.4329 133.5044 515.4306 548.5184 Jul 358.8944 316.4366 244.5945 331.9199 357.0786 442.1652 854.9971 508.3980 391.6633 683.6569 318.4706 132.6679 517.4553 550.2254 Ago 359.8551 319.8472 248.3070 335.7725 357.0957 441.6032 859.1660 507.1804 389.6247 683.6569 319.6448 132.9591 520.2775 551.1052 Set 361.8235 325.3984 252.0490 351.6210 354.9692 442.1998 864.7841 507.9898 389.6711 683.6569 320.0955 133.4554 523.2040 551.3565 Out 3647253 332.0236 255.9388 365.9372 358.2672 444.4506 868.8988 509.9288 391.4238 683.6569 322.9178 133.2303 524.2808 551.5418 Nov 367.1923 334.9789 260.1004 368.1837 350.7963 445.8604 873.3441 510.5907 391.4258 683.6569 328.2156 136.1833 526.8120 552.1507 Dez 370.0506 339.655 263.6908 376.6103 349.8646 447.9488 880.8356 512.0704 392.6771 683.6569 334.7996 136.2292 528.0890 552.9513 Jan/13 374.3002 346.8155 265.4992 383.7757 378.7207 449.4992 884.4136 513.2697 394.0350 684.3576 342.8880 135.7766 530.2483 586.5702 Fev 375.1286 348.0037 266.4691 381.9935 384.4106 448.5530 889.6590 517.5806 400.3770 684.4521 342.5345 136.2591 5333084 588.1762 Mar 374.4732 350.6916 267.6149 378.8374 401.1551 443.8486 894.2408 519.0537 403.0303 684.5370 339.0362 136.8582 534.6662 588.9220 Abr 375.5045 351.4014 267.8635 371.8324 414.6416 444.9631 899.6107 520.4940 404.6054 684.5370 338.6225 137.1136 541.6773 589.9785 Maio 375.8703 350.4266 267.2209 370.3078 409.6414 444.9408 906.0096 520.7048 404.8841 684.5370 339.6438 138.3181 546.7929 590.1709 Índices de Preços de Obras Públicas Março de 1994 = 100 Geral Mat. Constr. Edificações Pavimentação Terraplenagem Serv. Gerais Mão de Obra Equip. Geral Mat. Constr. Mão de Obra Equip. Geral Mat. Constr. Mão de Obra Equip. Predom. M. O. Jun 492.853 422.543 621.317 345.975 609.328 683.211 631.458 327.796 374.686 549.381 659.684 259.943 544.686 Jul 493.765 423.653 622.095 347.130 611.292 685.621 628.986 329.938 377.797 559.814 657.183 657.183 545.583 Ago 495.084 425.585 622.687 346.928 613.817 689.070 630.243 329.645 379.599 568.948 658.878 260.337 546.884 Set 495.776 427.521 622.035 348.801 615.917 691.503 630.750 380.638 570.614 658.864 261.239 615.917 547.314 Out 496.784 428.914 622.818 347.753 615.597 690.962 630.203 331.733 380.587 571.086 657.932 261.124 548.218 Nov 497.888 431.144 622.682 350.191 616.323 691.768 631.287 332.019 382.019 572.937 658.853 262.399 549.123 Dez 498.572 432.174 623.057 350.495 616.839 691.969 631.007 333.972 384.897 574.748 656.959 266.069 549.741 Jan/13 499.988 434.787 623.096 353.906 618.714 694.010 631.885 335.623 384.870 578.934 659.186 264.330 550.771 Fev 501.745 437.725 623.131 355.699 621.248 696.973 631.929 337.585 394.743 601.072 659.073 270.724 552.239 Mar 503.565 439.936 624.025 353.790 622.803 698.870 634.194 337.615 397.4113 612.334 661.621 270.367 553.999 Abr 505.991 444.232 624.368 355.266 622.911 699.123 634.471 337.139 397.688 609.504 662.827 271.536 556.136 Maio 530.106 446.911 682.735 355.036 629.556 701.854 695.565 335.863 403.755 609.643 728.711 271.930 588.486