Um portal para o comércio electrónico em Portugal



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Transcrição:

Um portal para o comércio electrónico em Portugal Dissertação de mestrado apresentada por David Rafael Nogueira Ribeiro Sob orientação do Prof. Doutor Ramiro Gonçalves Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Engenharias 2007

I Agradecimentos A realização deste projecto de investigação é resultado de um intenso trabalho de investigação. A motivação e empenho na realização deste documento, bem como a sua prospecção não seriam possíveis sem o apoio de várias pessoas que tanto apoiaram no dia-a-dia. Aos meus pais, Mário e Ermelinda, aos quais todas as páginas desta dissertação se demonstram insuficientes para descrever o quanto lhes devo e sinto por eles. Aos meus irmãos, Mário e Catarina, e cunhados, Cidália e Manuel, pela disponibilidade, amizade, compreensão e apoio que sempre me deram. Ao orientador e mentor deste projecto, Professor Doutor Ramiro Gonçalves, cuja presença ao longo deste projecto em muito contribuiu para o seu nascimento e desenvolvimento, através da constante transmissão de conhecimento, excelente capacidade de orientação, apoio e oportunidades criadas. Aos meus sempre amigos da Licenciatura em Informática e Mestrado em Informática, que através do convívio do dia-a-dia sempre se revelaram pessoas de grande amizade e confiança, desejo que a vida sempre lhes sorria! Aos meus prezados amigos Marco, Cláudia, Vítor e Sónia, pela amizade e boa disposição sempre presentes! À Juliana, uma pessoa muito especial, cuja paciência, compreensão e presença na minha vida potenciam a minha motivação. A todas as pessoas não mencionadas que apoiaram ao longo da carreira académica e ao longo da ainda tão curta carreira profissional, um grande obrigado pelo seu constante apoio!

II Resumo Desde o surgimento da Internet e com o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação surgiram novos paradigmas de negócio, principalmente com recurso ao Comércio Electrónico, que consiste na compra de bens ou serviços através de redes electrónicas de dados como a Internet, e tem sido visto como um fenómeno crucial para o sucesso e evolução de algumas organizações dadas as suas características únicas que em simultâneo desafiam e revolucionam o pensamento empresarial tradicional. Ao longo dos últimos anos tem sido reconhecida a importância do recurso ao mercado electrónico como meio comum dos cidadãos, através da criação de condições para a adesão ao mesmo, numa sociedade cuja necessidade de sensibilização é elevada, nomeadamente nas camadas das Pequenas e Médias Empresas, pessoas individuais ou mesmo organizações governamentais. Embora existam conteúdos variadíssimos, de origens e tipos distintos, estes encontram-se dispersos pela Internet sem qualquer infra-estrutura especializada, levando ao consumo de imenso tempo na sua pesquisa e encontro de conteúdos intermediários sem qualquer credibilidade ou referência. As próprias iniciativas existentes na área têm-se revelado insuficientes no processo de aculturação de um fenómeno tão vasto e complexo como o Comércio Electrónico, principalmente no sentido sensibilizador e persuasivo que deveria ser resultado das mesmas. Com fundamento nestes pressupostos, pretende-se criar um portal para o Comércio Electrónico em Portugal, no sentido de disponibilizar vários conteúdos de referência na área, em quantidades equilibradas, que permitam aos cidadãos nacionais obter um conhecimento vasto e devidamente completo do fenómeno, casos de sucesso, a importância e conforto da compra online, através de canais como estudos (ex. estatísticas, estudos próprios), eventos (ex. seminários, conferências, workshops), notícias, investigação (ex. artigos científicos publicados, teses), formação (ex. cursos na área de Comércio Electrónico e Internet) entre outros. Palavras-chave: Portal, Internet, Comércio Electrónico

III Abstract Since the appearing of the Internet and the development of Information and Communication Technologies, new business paradigms had appeared, mainly with resource to Electronic Commerce, which consists of the purchase of good or services through electronic means of data such as the Internet, and has been seen as a crucial phenomenon for the success and evolution of some organizations, given its unique characteristics that simultaneous defy and revolutionize the traditional enterprise thought. Throughout the last years the relevance of the resource to the electronic market has been recognized as a common citizen s mean, through the creation of conditions to its adhesion, in a society whose need for sensibilization is considerable, mainly in the layers of the Small and Medium Enterprises, individual people or even governmental organizations. Although there are several contents, of distinct kinds and origins, these are fragmented through the Internet without any specialized infrastructure, taking to an immense time consume in its research and finding several intermediary contents without any credibility or reference. The existent initiatives themselves have been revealed insufficient in the acculturating process of such a vast and complex phenomenon as the electronic commerce, mainly in the sensibilization and persuasive sense that should be result of them. With bedding on these contents, we pretend to create an Electronic Commerce web portal in Portugal, in a way to dispose several contents of reference in this area, in balanced amounts, that allow national citizens to obtain a huge knowledge and duly complete of this phenomenon, case studies, the relevance of the comfort on the on-line purchasing, through channels such as studies (eg. statistics, own studies), events (eg. seminaries, conferences, workshops), news, investigation (eg. scientific published articles, thesis), formation (eg. courses in electronic commerce area), among many others. Keywords: Web Portal, Internet, Electronic Commerce

IV Índice 1 Introdução... 1 1.1 Contexto histórico A Internet e a WWW... 1 1.2 As Tecnologias da Informação e da Comunicação... 4 1.3 Objectivos do projecto de investigação... 7 1.4 Organização da dissertação... 8 2 Comércio Electrónico... 11 2.1 Definição de comércio electrónico... 11 2.2 Surgimento do CE contexto histórico... 12 2.3 Comércio electrónico e negócio electrónico... 14 2.4 Comércio electrónico e globalização... 15 2.5 As empresas no contexto do CE e da globalização... 16 2.6 Tipos de bens classificação... 20 2.7 Tipos de comércio electrónico... 20 2.8 Comércio electrónico forças, fraquezas, oportunidades e ameaças... 24 2.8.1 Forças... 24 2.8.2 Fraquezas... 25 2.8.3 Oportunidades... 25 2.8.4 Ameaças... 26 2.9 O mercado de CE em Portugal e na Europa... 27 2.10 Iniciativas e eventos... 31 3 Portais Web... 35 3.1 Surgimento dos portais Web... 35 3.2 Levantamento histórico de portais Web... 36 3.3 Tipos de portais Web... 41 3.3.1 Quanto à dimensão do portal... 42

V 3.3.2 Quanto à profundidade do conteúdo... 43 3.3.3 Quanto ao público-alvo... 44 3.4 Estrutura básica de um portal Layout... 46 3.4.1 Normas de acessibilidade... 48 3.5 Modelos de rendimento dos portais... 49 4 Projecto de investigação... 52 4.1 Abordagem de investigação... 52 4.2 Processo de investigação... 53 4.2.1 Definição da área de investigação... 54 4.2.2 Estruturação do projecto de investigação... 55 4.2.3 Diagnóstico... 56 4.2.4 Planeamento do desenvolvimento do portal... 58 4.2.5 Desenvolvimento do portal... 61 4.2.6 Conclusão... 62 5 Um portal para o Comércio Electrónico em Portugal... 63 5.1 A missão do portal para o Comércio Electrónico em Portugal... 63 5.2 Conteúdos do portal... 63 5.2.1 Funcionalidades a nível de CE... 66 5.2.2 Funcionalidades a nível Web... 68 5.3 Modelo de desenvolvimento de SW adoptado... 69 5.3.1 Razões para utilizar o modelo de desenvolvimento em espiral... 71 5.3.2 Análise de Requisitos... 73 5.3.2.1. Requisitos funcionais... 73 5.3.2.2. Requisitos não funcionais... 73 5.3.3 Características... 74 5.3.3.1. Segurança... 74

VI 5.3.3.2. Performance... 76 5.3.3.3. Políticas de acesso... 76 5.3.3.4. Privacidade de dados... 77 5.3.3.5. Conectividade com o SGBD... 80 5.4 Especificação do portal... 80 5.4.1 Diagramas de casos de uso... 80 5.4.2 Diagramas de classes... 86 5.4.3 Desenvolvimento... 90 5.4.4 Protótipo criado... 92 5.4.5 Testes... 94 5.5 Instalação... 94 6 Conclusões... 96 6.1 Objectivos iniciais e resultados obtidos... 96 6.2 Contributos... 97 6.3 Trabalho futuro... 97 6.4 Conclusão... 98 7 Bibliografia... 99

VII Índice de imagens Figura 1. Crescimento da Internet baseado no número de hosts de 1994 a 2006... 4 Figura 2. Posse de computador, Internet e Banda larga em casa (2004 2005)... 6 Figura 3. Crescimento do investimento em TIC em Portugal e na Europa... 7 Figura 4. Tipos de comércio electrónico interacção... 21 Figura 5. Volume de dinheiro movimentado em CE B2B e B2C... 22 Figura 6. Posse de computador, ligação à Internet e acesso à banda larga... 27 Figura 7. Utilizadores de comércio electrónico, 2002-2006 (%)... 28 Figura 8. Exemplo de venda de livro novo e usado na Amazon... 29 Figura 9. Exemplo de promoção numa compra on-line na Kanguru... 30 Figura 10. Volume de vendas dos Sítio Web das lojas on-line... 30 Figura 11. Compras efectuadas on-line de 15 países da Europa em 2003... 31 Figura 12. Cronologia de serviços disponibilizados no portal Google... 39 Figura 13. Portal SAPO Categoria de cinema fornecida pela Lusomundo... 40 Figura 14. Dimensões e tipos de portais Web... 41 Figura 15. Portal transaccional Minfo... 42 Figura 16. Portal informativo UMIC... 43 Figura 17. Portal horizontal SAPO... 43 Figura 18. Portal vertical Booking.com... 44 Figura 19. Portal público do governo português... 45 Figura 20. Portal privado Cisco... 46 Figura 21. Estrutura básica de um portal... 47 Figura 22. Partes normativas de uma página Web de um sítio Web... 48 Figura 23. Processo de investigação adoptado... 54 Figura 24. Funcionalidades a nível de CE... 65

VIII Figura 25. Funcionalidades a nível Web... 65 Figura 26. Modelo em espiral definido para o portal de CE em Portugal... 72 Figura 27. Tipos de utilizadores do portal e relação de generalização... 81 Figura 28. Casos de uso do actor Utilizador anónimo... 81 Figura 29. Casos de uso do actor Utilizador Registado... 82 Figura 30. Casos de uso do actor Administrador... 83 Figura 31. Diagrama de classes do portal (1 de 3)... 87 Figura 32. Diagrama de classes do portal (2 de 3)... 88 Figura 33. Diagrama de classes (3 de 3)... 89 Figura 34. Protótipo inicial do portal Portugal Electrónico... 93 Figura 35. Protótipo actual do portal Portugal Electrónico... 93

IX Índice de tabelas Tabela 1. Principais diferenças entre a primeira e segunda era do CE... 19 Tabela 2. Forças do CE na Internet... 24 Tabela 3. Fraquezas do CE na Internet... 25 Tabela 4. Oportunidades do CE na Internet... 25 Tabela 5. Ameaças do CE na Internet... 26 Tabela 6. Aspectos e ferramentas de avaliação de portais de CE... 61 Tabela 7. Grelha de funcionalidades identificadas a nível de CE... 64 Tabela 8. Grelha de funcionalidades identificadas a nível Web... 64 Tabela 9. Grelha de funcionalidades escolhidas a nível de CE... 66 Tabela 10. Grelha de funcionalidades escolhidas a nível Web... 66

X Acrónimos Ao longo da dissertação são utilizados vários acrónimos cujo significado é abordado a primeira vez que surgem no documento: CE CSS EDI FAQ NE PME SI SIC SW TIC UE URL W3C WWW Comércio Electrónico Cascading Style Sheet Electronic Data Interchange Frequently Asked Questions Negócio Electrónico Pequena Média Empresa Sistema de Informação Sociedade da Informação e da Comunicação Software Tecnologias da Informação e da Comunicação União Europeia Universal Resource Locator World Wide Web Consortium World Wide Web

Capítulo 1 Introdução 1 1 Introdução Neste primeiro capítulo da dissertação pretende-se enquadrar o projecto de investigação no panorama actual das práticas mais recentes e comuns na área de Comércio Electrónico (CE), principalmente quando servido de meios como a Internet, World Wide Web (WWW) e Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC). O comércio é uma actividade que sempre foi associada ao homem, desde os tempos mais remotos [Silva et al., 2003], quando se efectuavam trocas de bens por outros bens ou serviços, até ao surgimento de novas formas de pagamento tais como dinheiro, crédito ou vales. À medida que esta prática foi evoluindo, foram surgindo organizações especializadas em áreas bem definidas, tirando partido desta especialização para obtenção de resultados positivos com a compra ou troca de bens ou serviços que disponibilizavam. Comércio pode ser definido como troca de valores, permutação de produtos ou troca de um produto por dinheiro [Editora, 2006]. A evolução dos meios de comunicação facilitou o surgimento das práticas de CE e introduziu novos desafios e novas oportunidades de negócio, abrindo portas a um novo conceito de comércio. De forma a compreender o âmbito no qual surgiu este fenómeno e como evoluiu, é fundamental enquadrar historicamente os principais meios dos quais este se serve actualmente a Internet e a WWW. 1.1 Contexto histórico A Internet e a WWW O surgimento da Internet e da WWW conduz-nos a conceitos remotos de redes de comunicações. Numa perspectiva de contextualização, os primeiros passos foram dados na década de 60, quando os militares dos Estados Unidos da América iniciaram investigação na área de redes de comunicações de modo a garantir que os seus computadores e mísseis em todo o mundo pudessem continuar a comunicar mesmo que alguma das partes da conexão estivesse corrompida, o que levou à criação da ARPANET 1, uma rede descentralizada onde os dados eram transformados em porções de informação denominadas pacotes [Chanson, 1998]. Ao longo da década de 70 e 80, esta tecnologia foi partilhada entre várias Universidades e várias empresas, para fins de investigação, realização de trabalhos ou 1 ARPANET Advanced Research Projects Agency Network

Capítulo 1 Introdução 2 exploração da tecnologia, que viu o seu auge nos finais da década de 80 [Wikipédia, 2006]. O surgimento do protocolo TCP/IP 2, permitiu cobrir a necessidade de interligar redes que até então não conseguiam comunicar, servindo-se do segundo protocolo para efectuar a entrega de pacotes ponto a ponto [Lam, 2005], e do primeiro para garantir o seu transporte. Este conjunto de redes ficou conhecida por Internet 3, que permite a todas as pessoas comunicação e troca de informações electrónicas [Chanson, 1998]. Foi, no entanto, na década de 90 que lhe foi conferida a sua verdadeira importância. O seu crescimento deu-se graças ao aparecimento da WWW [DSI, 2006], criada como um mundo interactivo de informação partilhada, através do qual as pessoas poderiam comunicar entre elas e com máquinas [Berners-Lee, 1996]. A Wikipédia [Wikipédia, 2006], apresenta a Internet como um aglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados que permite o acesso a informações e todo tipo de transferência de dados, referindo ainda WWW como rede de computadores na Internet que fornece informação em forma de hipertexto. A WWW fornece acesso a conteúdos através de ambientes gráficos muito mais fáceis e agradáveis de utilizar [Hefley e Morris, 1995]. Com o seu surgimento, a Internet assumiu um papel de infra-estrutura para apresentação de conteúdos, sendo responsável por toda a gestão de envio e recepção de informações [Wikipédia, 2006]. Para que a informação em modo de hiper texto possa ser correctamente visualizada, é necessária a presença de um browser 4, um pequeno programa que interpreta hiper texto HTML 5. A presença de uma camada de interface agradável e de fácil navegação, o aumento das velocidades de acesso em detrimento da diminuição dos custos de acesso, permitiram uma grande adesão dos utilizadores à Internet ao longo dos últimos anos [Hefley e Morris, 1995]. À medida que a Internet crescia, novas empresas surgiam, dedicadas à disponibilização de meios de acesso à mesma, conhecidos por ISP 6, que fornecem 2 TCP/IP Transmisson Control Protocol / Internet Protocol 3 Interconnected Network 4 Browser Programa utilizado para navegar na WWW que interpreta e organiza hiper texto 5 HTML HyperText Markup Language 6 ISP Internet Service Provider

Capítulo 1 Introdução 3 acesso à Internet a uma determinada velocidade e a um determinado custo [Rajiv et al., 1999]. Os utilizadores que subscrevem os seus serviços ligam-se ao servidor dos mesmos e navegam na Internet. No início da década de 90, a Internet chegava às Universidades portuguesas através de um programa da Rede da Comunidade Científica Nacional. No entanto, foi em 1994 que surgiu o primeiro ISP nacional, fornecendo serviços de Internet a utilizadores comuns, cujo custo de navegação era elevado, pois era cobrado o tempo de utilização mais uma taxa de acesso ao serviço. Actualmente existem múltiplos ISPs, e as velocidades de acesso têm aumentado progressivamente, enquanto os custos têm diminuído [DSI, 2006], [Silva et al., 2003]. Foi a partir de 1995 que os meios de comunicação social começaram a divulgar a Internet e a sua importância. As ligações de então à Internet eram feitas via modem 7 pela maioria dos utilizadores. Nesse ano, já se ligavam mais de 25 milhões de pessoas à Internet em todo o mundo, através de mais de 2 milhões de computadores [Hefley e Morris, 1995]. Dois anos mais tarde (1997), mais de 100 milhões de pessoas teriam tido algum contacto com Internet, e estimava-se que existissem mais de 16 milhões de computadores ligados à Internet com endereço IP [Chanson, 1998]. As larguras de banda têm progredido desde os comuns 56Kbps 8 de 1995, passando pelos 64Kbps da RDIS 9 alcançando velocidades actuais na ordem dos 8 a 24Mbps 10 da ADSL 11. Actualmente existem cerca de uma dezena de ISPs com ofertas variadas de acesso à Internet. Com o passar dos anos, o reconhecimento do valor da Internet e das suas potencialidades, despertaram os interesses de vários intervenientes, levando a várias iniciativas no sentido de tornar o seu acesso cada vez mais rápido e mais barato, sendo a maioria delas levadas a cabo pela ANACOM 12, o governo Português, os órgãos da União Europeia (UE) e autoridades reguladoras de vários membros, de modo a massificar o acesso e utilização do maior Sistema de Informação (SI) do mundo a própria Internet [Anacom, 2004a]. A presença da Internet na vida dos cidadãos tem 7 Modem Modulador/Demodulador 8 Kbps Kilobits por segundo 9 RDIS - Rede Digital de Integração de Serviços 10 Mbps Megabits por segundo 11 ADSL - Asymmetric Digital Subscriber Line 12 ANACOM Autoridade Nacional de Comunicações

Capítulo 1 Introdução 4 efectuado alterações também nos ambientes de negócio, potenciando o aparecimento de novas técnicas e disponibilização de serviços [Renken, 2004]. Na Figura 1, é possível verificar o crescimento da Internet ao longo dos últimos anos a nível de hosts 13 com endereço IP. Estima-se que ao longo dos últimos anos o tráfego de Internet tenha vindo a crescer 8 vezes a cada ano que passa [Garret e Skevington, 1999]. Crescimento da Internet medido em número de hosts Número de hosts (em milhões) 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano Figura 1. Crescimento da Internet baseado no número de hosts de 1994 a 2006 (adaptado de [ISC, 2006]) A Internet é um meio cada vez mais utilizado. A nível de famílias, o crescimento médio desde 2002 tem sido de 27% a nível de acesso à Internet, tendo o acesso através de banda larga crescido em média 58% ao ano, enquanto o número de utilizadores de Internet tem crescido 19% [OSIC e UMIC, 2005]. Na função pública, a nível de câmaras municipais e Administração Pública, a Internet tem sido alvo de aumentos de 22 a 26% médios anuais de utilização, a par de um aumento das condições de acesso, como por exemplo a largura de banda, pois a maioria tem acesso superior a 512Kbps [OSIC e UMIC, 2005]. 1.2 As Tecnologias da Informação e da Comunicação As TIC têm um papel fundamental no desenvolvimento da Internet desde a década de 90. Enquanto maior SI do mundo, a Internet permite aceder a informações 13 Host computador ligado à rede pública (Internet)

Capítulo 1 Introdução 5 relativas a variadíssimos temas, com grande facilidade. Aspectos como rapidez, segurança e eficiência são evocados pela ANACOM [Anacom, 2004a] como vantagens do recurso a tecnologias para automatização de inúmeros processos, que as têm tornado potenciais ferramentas ao cumprimento de vários objectivos por parte das organizações [Cohen e Nijkamp, 2006]. As TIC mais recentes podem ajudar as empresas não só a progredir e ultrapassar vários obstáculos, como também a sobreviver. A maioria das organizações, privadas ou públicas, quer na produção em série ou prestação de serviços recorrem a várias formas de TIC para suportar as suas operações de forma rentável e eficaz [Renken, 2004]. O desenvolvimento da tecnologia ao longo dos últimos anos, a par de uma diminuição dos custos de aquisição de equipamentos como computadores pessoais, permitem o acesso ao mundo digital a um custo mais baixo quando comparado com o custo de equipamentos semelhantes da década de 90. Juntamente com o desenvolvimento dos acessos à Internet, cada vez mais rápidos e mais acessíveis, a sua adesão juntamente com a das TIC têm aumentado progressivamente em Portugal. As TIC têm-se tornado o maior aliado das organizações ao longo dos últimos anos como facilitadoras de actividades de negócio e automatização de várias tarefas. Embora o custo de acesso às tecnologias mais recentes seja significativamente menor quando comparado com a década de 90, o custo de aquisição de vários equipamentos ainda pode constituir um entrave principalmente para várias famílias. Iniciativas governamentais previam a possibilidade de adquirir um computador pessoal por cerca de 200, e a realidade enquadra-se na ordem dos 500 [Gonçalves, 2005]. Outro entrave importante é o custo de acesso à Internet elevado que surgiu em Portugal e tem estagnado. No entanto, o recurso às TIC e à Internet tem sido alvo de grande atenção por parte do governo e dos cidadãos Portugueses. Na Figura 2, é possível verificar o crescimento que estes aspectos têm sido alvo ao longo dos dois últimos anos, representando, em percentagem, os agregados familiares com computador, acesso à Internet, e Internet por banda larga em Portugal.

Capítulo 1 Introdução 6 Posse de computador, Internet e Banda larga em casa (2004-2005) 60% 50% 40% 30% 20% 47% 30% 17% 51% 35% 26% Agregados com computador Agregados com Internet em casa 10% 0% Dez-04 Jan-06 Agregados com banda larga em casa Figura 2. Posse de computador, Internet e Banda larga em casa (2004-2005) (Adaptado de: [Anacom, 2006]) Uma camada que necessita de grande atenção é a das Pequenas e Médias Empresas (PMEs), muito comuns em Portugal, onde, segundo o INE 14 [INE, 2006] e a UMIC 15 [UMIC e INE, 2005], 91% destas empresas com dez ou mais pessoas ao serviço, utilizam computador, sendo 82% possuidoras de acesso à Internet e 37% têm ainda presença na WWW através de um sítio Web 16. No entanto, a implementação de TIC numa empresa revela-se um problema muito comum. O recurso às TIC por parte das empresas é sempre uma questão de tomada de decisão cuidadosa. A geração actual das TIC tem maior ênfase no CE, em aspectos como marketplaces 17, notas de encomenda, Web Services 18 e cadeias electrónicas de fornecedores [Esswein et al., 2004]. Portugal ainda se encontra muito atrasado no que diz respeito ao recurso às TIC, em relação ao resto da Europa. No entanto, prevê-se que até 2009, Portugal ultrapasse a média Europeia no que diz respeito a investimento e recurso a TIC, como se pode verificar na Figura 3 [IDC, 2006]. 14 INE Instituto Nacional de Estatística 15 UMIC Unidade Missão Inovação e Conhecimento 16 Sítio Web Colecção de páginas Web acessíveis através da WWW 17 Marketplace sítios orientados ao CE que funcionam como ponto de oferta / procura no mercado virtual 18 Web Service colecção de protocolos e standards utilizados para troca de informações entre aplicações e sistemas

Capítulo 1 Introdução 7 Crescimento do investimento em TI em Portugal e na Europa 10,00% Aumento de investimento 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% 2005 2006 2007 2008 2009 Ano Europa Portugal Figura 3. Crescimento do investimento em TIC em Portugal e na Europa (Adaptado de: [IDC, 2006]) O acentuado crescimento da utilização de meios de acesso à Internet, auxilia o desenvolvimento da WWW e das comunidades que vão surgindo nela, tanto a nível de adesão como de conteúdos, pois mesmo os utilizadores comuns favorecem o crescimento de grandes comunidades on-line tais como fóruns de discussão, blogs, visitas a portais e sítios Web, e podem, eventualmente contribuir para o progresso económico de uma série de organizações. 1.3 Objectivos do projecto de investigação O panorama actual do recurso ao CE como prática dos portugueses é abordado por várias entidades nacionais como o INE, UMIC, OSIC 19, ACEP 20 e ANACOM. O resultado destes estudos reflecte o escasso recurso às práticas electrónicas por parte da comunidade nacional. A disponibilização de vários conteúdos de referência é, neste momento, inalcançável num só sítio Web em Portugal. Na realidade, não existe nenhum portal Web dedicado exclusivamente ao CE em Portugal, que forneça conteúdos que constituam marcos referenciais na área, como notícias, estudos, publicações, formação, eventos, destaques. Pretende-se assim, como resultado do trabalho desenvolvido através do presente projecto de investigação, obter um portal para o CE em Portugal. Para que um 19 OSIC Observatório para a Sociedade da Informação e da Comunicação 20 ACEP - Associação do Comércio Electrónico em Portugal

Capítulo 1 Introdução 8 produto eficaz seja obtido como resultado deste projecto de investigação releva-se fundamental a identificação e selecção de várias actividades e considerações. De alguma forma este tipo de conteúdos são passíveis de ser encontrados na WWW, no entanto, o tempo gasto para as encontrar, a quantidade de conteúdos acessórios que são encontrados ao longo do processo de pesquisa, e a falta de qualidade e credibilidade de uma série de conteúdos e informações intermediárias e/ou finais, gera motivação para mobilizar o nosso interesse particular em gerar um centro aglomerador de conteúdos especializados na área de CE, que constitua um portal especializado na área. De forma a atingir o objectivo final e principal deste projecto de investigação, foram elaboradas várias tarefas, respeitando um processo de investigação, a par de um modelo de desenvolvimento de SoftWare (SW). Deste modo foram traçadas várias etapas sequenciais de forma a atingir os objectivos propostos: Levantamento do estado da arte do fenómeno de CE; Levantamento do estado da arte dos portais Web; Identificação e análise aprofundada a portais de CE internacionais e nacionais; Definição de um processo de investigação de suporte ao presente projecto de investigação; Criação do portal para o CE em Portugal. 1.4 Organização da dissertação A presente dissertação é composta por vários capítulos que, sequencialmente, vão efectuando passos progressivos no sentido de compreender os fenómenos inerentes ao projecto de investigação, a forma como serão lidados e analisados, e o proveito retirado dessas fases para fundamentar o desenvolvimento do portal para o CE em Portugal. Embora os capítulos sejam independentes entre si, a sequência como estão apresentados e a forma como os assuntos são redigidos permitem obter um crescendo de temas e conteúdos que explica rigorosamente todo o processo criado. O documento é constituído por dois grandes momentos: um primeiro momento composto pelos capítulos 2 e 3, onde são abordados os dois principais assuntos

Capítulo 1 Introdução 9 directamente relacionados com o projecto em si CE e portais Web, num sentido conceptual de orientação e análise sobre os fenómenos a explorar; o segundo momento é composto pelos capítulos 4 e 5, nos quais são justificados os fundamentos científicos inerentes a todo o projecto de investigação e a criação do portal resultante do presente projecto, desde o processo de investigação, actividades elaboradas, modelo de desenvolvimento de SW e características de segurança, privacidade, performance e protecção de dados. O primeiro e presente capítulo tem como objectivo elaborar uma síntese de todo o projecto de investigação subsequente, permitindo obter uma percepção do surgimento do fenómeno objecto de análise ao longo de todo o projecto CE aspectos e outros fenómenos relacionados que de alguma forma permitiram o seu surgimento e progresso. Resumidamente são também explicados os objectivos propostos e a síntese de cada capítulo subsequente. O segundo capítulo apresenta o fenómeno principal em análise neste projecto de investigação, o CE. É apresentado o conceito, várias perspectivas de definição, tipos de CE, surgimento, o mercado global, negócio electrónico, iniciativas, de forma a obter um conhecimento claro e considerado sustentável para a elaboração das actividades subsequentes. O terceiro capítulo aborda o tema portais Web, o seu surgimento na WWW, a sua necessidade, progresso e estado actual. São comparadas duas eras fundamentais de portais Web, os tipos existentes, distinção entre sítio Web e portal Web, estrutura de um portal Web, normas de desenvolvimento e adopção de normas na realidade, informações fundamentais para compreender a missão destas plataformas na WWW, uma vez que o presente projecto visa a construção de um portal contributo para o desenvolvimento do CE em Portugal. O quarto capítulo aborda a estrutura das actividades do projecto de investigação, a par da comparação de abordagens de investigação, epistemologias filosóficas e definição de um processo de investigação consequente. São também abordadas e explicadas as várias actividades levadas a cabo no projecto de investigação tendo em conta a metodologia adoptada. O quinto capítulo constitui o principal contributo deste projecto. É abordado o processo que constitui a forma como foi desenvolvido um protótipo e que modelo de