Representação social de meio ambiente e educação ambiental nas escolas públicas de Teófilo Otoni-MG



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Transcrição:

Representação social meio ambiente e nas escolas públicas Teófilo Otoni-MG Pedro Paulo Saleme Souza 1 Jorge Luiz Góes Pereira 2 RESUMO: Este artigo busca intificar e analisar as representações sociais Meio Ambiente dos professores e alunos do ensino fundamental das escolas públicas da área urbana e rural em Teófilo Otoni-MG, e sua relação com os projetos Educação Ambiental senvolvidos nessas escolas. Trata-se uma pesquisa qualiquantitativa, com aplicação questionários semiestruturados. Observamos que as práticas e representações sociais meio ambiente estão relacionadas aos universos on os atores estão inseridos. São os espaços socioculturais que os orientam na elaboração ou reelaboração suas práticas ambientais, e que muitas vezes são negligenciados na elaboração das propostas pedagógicas Educação Ambiental. Palavras-chave: representações sociais; meio ambiente; rural; urbano. INTRODUÇÃO É notório que as questões relacionadas ao meio ambiente vêm se stacando no cenário mundial. O mundo passa por diversos problemas ambientais e a relação homem/ natureza propõe cada vez mais, ações preventivas com intuito mitigar estes impactos. Torna-se urgente e necessário a discussão stas questões em âmbito escolar, s a mais tenra ida, possibilitando ao aluno e professor uma reavaliação crítica perante estas situações. Focalizada por este prisma, é importante que a ação prática pedagógica adotada pelos professores em suas disciplinas, seja criativa e mocrática, fundamentada no diálogo que, na teoria freiriana, segundo Damke (1995), aparece como condição para o conhecimento, já que o ato conhecer acontece no processo social, do qual o diálogo é a mediação. Segundo Moscovici (2003), é também pelo diálogo constante entre os indivíduos que as representações são moldadas, geradas e partilhadas, ou seja: a conversação molda e anima as representações, dando-lhes vida própria no contexto social. Para Queiroz (2003), representação social expressa uma forma conhecimento que, por ser socialmente construída, permite ao indivíduo elaborar uma visão mundo que o oriente em projetos ação e nas estratégias que senvolve em seu meio social. E ainda, que, por serem culturalmente carregados, adquirem sentido e significado pleno apenas quando levado em consiração o contexto em que se manifestam. Assim, o estudo tem como objetivo intificar e comparar as representações sociais meio ambiente e as práticas pedagógicas ambientais dos alunos e professores do ensino 1 Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilida UNEC-MG Docente nos cursos Educação e Saú do Centro Universitário Caratinga UNEC/MG E-mail :< pedropaulosaleme@yahoo.com.br> 2 Doutor em Desenvolvimento, Agricultura e Socieda pela UFRRJ, Brasil. Docente no Programa Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilida e no Mestrado Educação e Linguagem do Centro Universitário Caratinga UNEC/MG E-mail :<jolugope@uol.com.br> Revbea, Rio Gran, 6: 35-40, 2011. 35

fundamental situados nas áreas urbanas e rurais do município Teófilo Otoni/MG, bem como propor reflexões críticas e ações ambientais educativas sobre a maneira pensar e agir stes alunos e professores nestas localidas, para que posteriormente sirva como suporte um novo relacionamento entre homem/natureza e que certa forma contribua para mudanças locais oferecendo uma melhor qualida vida ao planeta. METODOLOGIA Para intificarmos as representações sociais meio ambiente e práticas nas escolas públicas do meio rural e urbano Teófilo Otoni/MG, optamos pela linha pesquisa qualiquantitativa. Optamos pela técnica do questionário semiestruturado que articula perguntas previamente formuladas e abertas, on os pesquisados têm a possibilida correr o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador. Foram finidas 04 escolas para o levantamento dados: duas escolas públicas da área urbana, sendo a Escola Estadual Colégio Tirantes (caracterizada por 1a) e a Escola Municipal Irmã Maria Amália (caracterizada por 1b) e duas escolas públicas na área rural, sendo a Escola Estadual José Expedito Souza Campos (caracterizada por 2a) localizada no distrito Rio Pretinho e a Escola Municipal Geraldo Leão Lopes (caracterizada por 2b) localizada em Maravilha distrito Topázio. A população ste estudo se constituiu 100 professores que ministram aulas para o 9º ano do ensino fundamental stas respectivas unidas pesquisas. A amostra ste grupo foi 20 professores, sendo (10) professores das escolas urbanas (7) mulheres e (3) homens com média etária 35 anos e 10 professores nas escolas rurais (8) mulheres e (2) homens com média etária 32,5 anos, corresponndo assim a (20%) da população estudada nestas escolas. Em relação aos alunos a população foi 428 alunos somente do 9º ano do ensino fundamental das escolas pesquisadas na área urbana e rural. A amostra se constituiu 90 alunos, sendo pesquisados nas escolas urbanas 57 alunos (24) homens e (19) mulheres com média etária 14,5 anos e 33 alunos nas escolas rurais (14) homens e (19) mulheres com média etária 16,5 anos, corresponndo a (21%) da população alunos estudada nestas escolas. DISCUSSÃO E ANÁLISE Procuramos primeiramente analisar as respostas quanto às representações sociais meio ambiente dos alunos e professores da área urbana e rural em duas categorias: Naturalista e Antropocêntrica. A primeira, naturalista, caracteriza-se por apresentar noções relativas aos aspectos naturais do ambiente (bióticos e abióticos) e também noções espaciais (corresponndo ao habitat do ser vivo). Já a segunda, antropocêntrica, evincia a utilida dos recursos naturais para a sobrevivência do ser humano: tudo gira em torno das necessidas humanas (AZEVEDO, 1999 e REIGOTA, 2001). 36 Nesta análise questionamos primeiramente os professores e posteriormente os alunos sobre: o que é o Meio Ambiente para você? Constatamos que 100% dos professores ambas as áreas possuem uma visão antropocêntrica do ambiente, evinciadas nas falas: É o que cerca o ser vivo e que tem relação direta ou indireta com ele. O lugar on os seres vivos têm como ver viver em harmonia bem com protegê-lo. (professora letras, escola municipal 1b, 43 anos); Uma preocupação com o futuro dos meus filhos e futuros netos. Essencial à nossa vida. (professora letras, escola estadual 1a, 44 anos; É o meio on vivemos: a natureza, os animais o ar e tudo ao nosso redor (professora matemática, escola estadual 2a, 30 anos); É para mim o lugar on vivo pendo e tenho Revbea, Rio Gran, 6: 35-40, 2011.

a obrigação cuidar e preservar, pois pendo le para sobreviver. (professora do normal superior, escola municipal, 2b, 46 anos). Com base nas falas stes professores pomos perceber que estão centradas acordo com a visão Marxista, numa dialética entre o homem/natureza, on o ser humano faz-se sujeito, pois torna a natureza objeto suas ações (OLIVEIRA, 2005). À medida que o ser humano se distanciou da natureza passou a encará-la, não mais como um todo em equilíbrio, mas como um objeto a ser preservado, protegido e cuidado com intuito ser explorado, pois ste objeto o homem retira os recursos necessário para a sua própria sobrevivência. Fica evinciado que apesar dos professores das escolas rurais estarem mais próximos da natureza não há diferença quanto às representações meio ambiente dos professores da área urbana. Essa visualização da natureza veria nos alertar, pois os professores são consirados pelos alunos referenciais em relação às atitus, percepções, maneiras agir, gestos entre outros aspectos ligados ao contexto pessoal e educacional. Analisando as representações sociais dos alunos das escolas públicas sobre o Meio Ambiente, observamos diferenças significativas em relação à área urbana e rural. Quanto aos alunos das escolas urbanas, observamos que 73% possuem uma visão antropocêntrica do meio ambiente: É o meio em que nós vivemos, moramos, exploramos e struímos. (aluna da escola estadual 1b, 14 anos); é uma coisa muito importante, temos que cuidar le sempre porque sem ele não somos praticamente nada (aluna da escola municipal, 14 anos). Constatamos também que 23% possuem uma visão naturalista representada nas seguintes falas: É a natureza composta da fauna e flora (aluno da escola municipal 1a, 14 anos); é o lugar on tem árvores, etc... tem aquela paisagem ótima. (aluna, escola municipal 1b, 17 anos). Apenas 4% não responram a pergunta. Em relação aos alunos da área rural constatamos que 88% stes alunos possuem uma visão antropocêntrica do meio ambiente representada a seguir: É a nossa sobrevivência. Depenmos le, pois nossos filhos, netos e bisnetos que serão futuramente seus consumidores o querem maneira boa e com qualida. (aluna da escola municipal 2a, 15 anos); é preservar o lugar on você mora não jogar lixo nos rios e não struir as florestas (aluna da escola estadual 2b, 16 anos). Mediante as falas mencionadas pelos alunos acima, o meio ambiente se restringe aos recursos a serem utilizados pelos seres vivos, inclusive aos seres humanos, em busca garantia sobrevivência. O meio ambiente é visto como um meio para os seres humanos lucrem, tendo em vista ser o homem o centro da natureza. Essa visão é herança uma visão mecanicista da natureza, herdada do período morno, em consonância com o sistema capitalista industrial crescente. Quanto à visão naturalista cerca 12% foram classificados nesta visão, assim representada nas falas: O meio ambiente para mim são gigantescas árvores vers sem nenhuma participação humana. O meio ambiente são as coisas bonitas da vida: animais, plantas, árvores verdinhas, o meio ambiente é tudo (aluno escola estadual 2b, 15 anos). Quanto à visão naturalista, percebemos pouca representativida stes alunos, o que realmente chamou-nos atenção. Acreditamos que esse fato se justifique por existirem espaços rurais diferenciados on o rural nem sempre é caracterizado como um indivíduo que estabelece relações amorosas com a natureza, pois são estes em terminados momentos que mais exploram seus recursos, são ixados lado pelas ações políticas governamentais e precisam da natureza para sobreviver, e consequentemente os problemas ambientais vão se tornando realidas locais. Prosseguindo na análise, procuramos compreenr as representações sociais sobre a prática pedagógica diante da Educação Ambiental adotada pelos professores ambas as áreas investigadas, questionando-os: Você já senvolveu com os alunos algum projeto ou ativida Educação Ambiental na escola ou comunida? Se a resposta for afirmativa quais projetos ou atividas foram senvolvidos? Revbea, Rio Gran, 6: 35-40, 2011. 37

Neste item a ser analisado seguimos a mesma orm anterior, iniciando pelos professores. Cerca 70% dos professores da escola urbana mencionaram já terem senvolvido algum projeto ou ativida Educação Ambiental na escola ou comunida, e relataram as seguintes atividas: Projeto Educação Patrimonial e o sobre o lixo urbano (professora da escola municipal 1b, 42 anos). Escola Limpa (professora da escola estadual 1a, 28 anos). Constatamos que 20% stes professores mencionaram não ter senvolvido essas atividas e 10% não responram a questão proposta. A escola é sem dúvida capaz promover o ensinamento e a aprendizagem, principalmente nas ações práticas agradáveis e aquadas com o meio. Daí a importância, conforme Travassos (2004), que os educadores tomem consciência da necessida enfrentar esse safio, a partir das percepções e significados que atribuem ao Meio Ambiente, levando em conta o papel que exercem as representações sociais na construção um conhecimento atualizado Educação Ambiental. Freire (2003) nos ensina que a formação permanente dos professores se faz pela reflexão crítica sobre a prática. Partindo para a análise dos professores da área rural quanto à mesma pergunta, verificamos que 50% dos professores relataram já terem atuado com alguma ativida ou projeto na escola, evinciado nas falas a seguir: Quintais limpos, menos perigoso (professora da escola municipal 2b, 46 anos); Projeto plantio árvores e visita a nascente (professor da escola municipal 2b, 39 anos). De maneira surpreennte 50% stes professores relataram não terem realizado atividas ou projetos ambientais na escola ou comunida. Entretanto, acreditamos que por estarem mais próximos da natureza e ao meio ambiente, esses professores poriam ter mais condições para senvolverem diversas ações direcionadas as práticas ambientais locais, já que, o espaço é propício para interações diretas com as questões ambientais. Para Elali (2003) inpennte do espaço ocupado, mais do que em palavras, a tem na ação concreta uma suas principais bases. Aliás, a diferença entre o discurso e a prática é consirada um dos motivos que justificam a dificulda assimilação/reprodução pelos estudantes alguns dos conteúdos ministrados em classe pelos mestres. O trabalho educativo com as questões ambientais ve adaptar-se às realidas culturais, às características biofísicas e socioeconômicas, evitando alienação ou estreitamento visão que levem os resultados pouco significativos (GUIMARÃES, 2003). Analisando as representações sociais dos alunos das escolas públicas sobre o a participação práticas ambientais na escola, fizemos a seguinte pergunta: Você já participou alguma ativida e ou trabalho Educação Ambiental organizado pela sua escola? Em caso afirmativo cite as atividas. Primeiramente intificamos os alunos da área urbana on constatamos que 67% mencionaram ter participado alguma ativida Educação Ambiental na escola. Dentre as atividas mencionadas stacamos as seguintes: gincana, plantio árvores, distribuição latas lixo e lixeiras nas salas aula, o projeto feira ciências e o plantio árvores. Cerca 30% dos alunos relataram não ter participado stas ações ambientais. A estes, falta oportunidas para inserirem-se em programas Educação Ambiental tornando-se cidadãos comprometidos com a o meio ambiente. Cidadania tem a ver com pertencer a uma coletivida e criar intida com ela. (FEAM, 2002). Apenas 2% não responram a questão. 38 Em relação aos alunos da área rural 79% relataram ter participado atividas ambientais na escola. Entre as atividas Educação Ambiental mencionadas por estes Revbea, Rio Gran, 6: 35-40, 2011.

alunos poríamos stacar a visita a nascente do rio, passeios pelas ruas da cida e pela borda do rio recolhendo o lixo nestes locais e principalmente o plantio árvores. Ainda assim, constatamos que 21% stes alunos disseram não ter participado stas atividas Educação Ambiental na escola, o que surpreen, pois pressupomos que a falta stes alunos estejam associadas a problemas saú, o trabalho na lavoura, a migração para outra área, o sinteresse pelas atividas nesta área, a própria ficiência no conhecimento e principalmente a ineficiência na ação dos professores perante temáticas ambientais. O objetivo da Educação Ambiental formal é sem dúvida alguma, promover a formação um conhecimento da realida, visando à formação cidadãos críticos e reflexivos, que possam perceber a complexida do meio ambiente em que vivem e participem da (re) construção uma socieda mais justa e sustentável (OBARA, 2002). De acordo com Leff (2004) a fomenta novas atitus nos sujeitos sociais, a fim, educar para formar um pensamento crítico, criativo, e prospectivo, capaz analisar as complexas relações entre processos naturais e sociais, para atuar no ambiente com uma perspectiva global, mas diferenciada pelas diversas condições naturais e culturais que o finem. CONSIDERAÇÕES FINAIS O meio ambiente para os professores e alunos ambas as áreas (urbana e rural) do município Teófilo Otoni é fortemente representado na visão antropocêntrica, on stacamos os alunos das escolas rurais sendo superiores aos alunos das escolas urbanas. Apesar estarem mais próximos da natureza estes alunos não convivem em harmonia como o meio ambiente, pois compreenm o este espaço natural como um objeto uso, dominação e exploração seus recursos para sua própria sobrevivência. A natureza só tem valor se lhe oferecer algo em troca para sua exploração. Diante da prática pedagógica ficou evinciado, que os professores das escolas urbanas realizam mais atividas ou projetos em na escola ou comunida, porém quando confrontamos estas informações com a participação dos alunos nestas atividas realizadas pelos educadores, constatamos que os alunos das escolas rurais participaram mais efetivamente das atividas ambientais em sua escola. Isto nos mostra que os alunos das escolas rurais possuem uma vantagem em relação aos alunos das escolas urbanas vido à proximida com a natureza, tendo os rios, as plantas, a terra, os animais, enfim, diversas opções para inserção projetos educativos na área. De um modo geral observamos que as práticas Educação Ambiental e representações sociais professores e alunos do município Teófilo Otoni quanto ao meio ambiente estão relacionadas aos universos on estão inseridos. São os espaços socioculturais que os orientam na (re) elaboração stas práticas ambientais, e que muitas das vezes são negligenciados na elaboração das propostas pedagógicas Educação Ambiental. Portanto, as atividas Educação Ambiental precisam ser senvolvidas levando em consiração a realida socio da localida. Compreenmos que o processo que envolve e permeia a Educação Ambiental tem que ser contínuo e baseado na (re) construção da nos valores humanos, envolvendo a escola, família e comunida local. Somente assim acreditamos agir na consciência stas pessoas, sensibilizando-os quanto às práxis ambientais corretas, on a racionalida possa imperar e transformá-los em exímios cidadãos comprometidos com o futuro da humanida. Revbea, Rio Gran, 6: 35-40, 2011. 39

REFERÊNCIAS AZEVEDO, G. C. Uso jornais e revistas na perspectiva da representação social meio ambiente em sala aula. In: REIGOTA, M. (Org.). Ver cotidiano: o meio ambiente em discussão. Rio Janeiro: DP&A, 2001. p.67-82. DAMKE, Ilda Righi. O processo do conhecimento na pedagogia da libertação: as idéias Freire, Fiori e Dussel. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. ELALI, Gleice Azambuja. O ambiente da escola o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação escola natureza em infantil. Estudos Psicologia, Natal, RN, v.2, n. 8, p. 309-319. 2003. FEAM. Fundação Estadual do Meio Ambiente. Educação Ambiental: Conceitos e Princípios. 1. ed. Belo Horizonte, MG: [s.n.], 2002. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio Janeiro: Paz e Terra, 2003. GUIMARÃES, M. A dimensão na. 5. ed. São Paulo, Campinas: Papirus, 2003. LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilida, Racionalida, Complexida, Por. Petrópolis: Vozes, 2004. MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis, RJ: [s.n.] 2003. OBARA, Ana Tiyomi. Educação Ambiental no Colégio Manoel Romão Netto (Porto Rico PR). Projeto Componente Socioeconômico Educação Ambiental. PR: [s.n.], 2002. OLIVEIRA, Sandra Maria Sousa. Abordagem do Tema Transversal do Meio Ambiente nas Escolas Municipais Rurais no Município Uberaba - MG. Originalmente apresentada como tese dissertação mestrado, Universida Rural do Rio Janeiro, Instituto Agronomia, 2005. QUEIROZ, M. S.; CARRASCO, M. A. P. O doente hanseníase em Campinas: uma perspectiva antropológica. Carnos Saú Pública. Rio Janeiro, v. 11, n. 3, 1995. TRAVASSOS, E. G. A prática da nas escolas. Porto Alegre: Artmed, 2004. 40 Revbea, Rio Gran, 6: 35-40, 2011.