Estratégias de rega deficitária em amendoeira António Castro Ribeiro antrib@ipb.pt Departamento de Produção e Tecnologia e Vegetal Amendoeira nas regiões de clima mediterrânico Exposta a condições desfavoráveis durante o Verão: Temperatura elevada; Intensidade luminosa elevada; Défice de pressão de vapor elevado; Limitada disponibilidade hídrica com secas frequentes. Precipitação (mm) Água (mm) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Balanço hídrico do solo (Mirandela, 1971 2000) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 A > 0 A< 0 ETr Défice Excesso Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses 35 30 25 20 15 10 5 0 Temperatura (ºC) 1
Adaptação da amendoeira Controlo sobre a regulação estomática Sistema radicular profundo Senescência foliar Alterações das propriedades elásticas das células e tecidos Ajustamento osmótico Capacidade de recuperação rápida após stresse hídrico intenso Efeitos do défice hídrico na amendoeira Período pós vingamento até fim do crescimento do fruto Diminuição da área foliar Redução do crescimento dos ramos Redução do tamanho do fruto 2
Efeitos do défice hídrico na amendoeira Após a colheita Afecta a diferenciação dos botões florais Redução do número de frutos no ano seguinte Necessidades hídricas do amendoal ETc 3
Necessidades hídricas do amendoal Evapotranspiração de referência (ETo) Métodos Equação FAO Penman Monteith Temperatura do ar Humidade do ar Velocidade do vento Radiação solar Evaporação da tina ET o = E tina x K tina E tina Evaporação da tina K tina Coeficiente da tina Equação de Hargreaves Temperatura máxima e mínima Necessidades hídricas do amendoal Evapotranspiração de referência(eto) ETo (ano): 1008 mm Mirandela 1971 2000 4
Necessidades hídricas do amendoal Evapotranspiração da cultura (ETc): ETc = ETo x k c x k r k c coeficiente cultural k r coeficiente de redução da evapotranspiração (função da % área sombreada, S c ) Coeficientes culturais (kc) Médios Kc ini 0,40 Kc med 0,90 Kc end 0,65 Base Kc ini 0,20 Kc med 0,85 Kc end 0,60 Necessidades hídricas do amendoal (Ano médio) Lâmina de água (mm) 120 100 80 60 40 20 0 Rega ETc 95.7 Pe 79.1 66.0 25.7 24.4 0.0 3.8 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Amendoal adulto (333 árvores/ha) Necessidades anuais: 295mm (2950 m 3 /ha) Mirandela (1971 2000) 5
Rega deficitária Definição consiste na aplicação de água satisfazendo apenas parte das necessidades hídricas da cultura: durante todo o ciclo, durante alguns períodos fenológicos previamente estabelecidos. Objectivos Redução da quantidade de água aplicada na cultura Aumento da eficiência do uso da água Controlo do vigor Estratégias de rega deficitária Rega deficitária Contínua ao longo do ciclo da cultura Apenas em determinados períodos do ciclo vegetativo (RDI Rega deficitária controlada). Rega parcial da zona radicular (PRD) As raízes da planta estão alternadamente em condições de solo seco e húmido. 6
Estratégias de rega deficitária Rega deficitária controlada no amendoal Ao longo do ciclo vegetativo Regando uma percentagem das necessidades hídricas (30 70% da ETc) Durante a fase entre o fim do crescimento do fruto e colheita (Junho Agosto). Regando uma percentagem das necessidades hídricas (20 40% da ETc) apenas durante esse período e rega plena nos restantes períodos. Estratégias de rega deficitária Rega parcial da zona radicular (PRD) Esquema da rega parcial da zona radicular 10 15 dias 7
Estratégias de rega deficitária Princípio da rega parcial da zona radicular As raízes da parte regada mantêm a planta num estado hídrico favorável As raízes da parte não regada enviam sinais químicos para as folhas: Reduz a condutância estomática e a transpiração Aumenta a eficiência do uso da água Resultados contraditórios quando implementada em condições de clima e solo distintas. Experiências em amendoal ainda muito reduzidas. Maiores custos de instalação Quando aplicar a rega deficitária? RDI Valor Relativo (%) F l o r a ç ã o Crescimento do fruto Crescimento dos ramos Crescimento do tronco Queda da folha 8
Controlo do estado hídrico da amendoeira Durante a implementação de estratégias de rega deficitária o controlo adequado e permanente do estado hídrico da amendoeira pode ser feito através de várias técnicas Técnicas mais utilizadas: Medição do teor de água no solo Medição do potencial hídrico foliar Medição da temperatura foliar Medição das flutuações do diâmetro do tronco Medição do fluxo da seiva Potencial hídrico foliar Potencial hídrico foliar de base Rega plena ( 0,2 a 0,8 MPa) Stresse hídrico moderado ( 1,0 MPa) Stresse hídrico severo ( 1,5 MPa) Potencial hídrico do ramo Rega plena ( 0,6 a 1,0 MPa) Stresse hídrico moderado ( 1,5 MPa) Stresse hídrico severo ( 2 MPa) 9
Considerações sobre a aplicação de rega deficitária no amendoal Estratégia de rega que permite economizar água de rega face à máxima necessidade da planta com quebras mínimas de produtividade relativamente à rega plena. A intensidade do défice a aplicar, o período e respectiva duração depende das condições edafoclimáticas do local e da variedade. Considerações sobre a aplicação de rega deficitária no amendoal A precipitação que ocorre no período de Inverno Primavera é determinante para assegurar um bom estado hídrico da cultura até ao fim do crescimento do fruto. Nas nossas condições, apenas os solos com elevada capacidade utilizável de água poderão assegurar uma disponibilidade de água adequada até esse estado de desenvolvimento, sem rega. 10
Estudos experimentais a realizar futuramente Rega deficitária controlada em amendoais jovens e adultos. Resposta das variedades de amendoeira a diferentes estratégias de rega deficitária. 11