Uso sustentável da água de rega no olival. Anabela A. Fernandes-Silva
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1 Uso sustentável da água de rega no olival Anabela A. Fernandes-Silva
2 Anabela Silva, DAgro-UTAD Anabela Silva Na altura da planificação de um olival em regadio, como no momento da aplicação da água de rega, surgem uma série de questões Anabela Silva, DAgro-UTAD 2
3 1. Quais as necessidades estacionais de rega para máxima produção? 2. Como deve repartir-se a água de rega ao longo do tempo? 3. Qual a máxima produção em condições de rega? 4. Qual a dotação ótima em condições de baixa disponibilidade hídrica? 5. Como devem modificar-se outras práticas culturais em relação ao sequeiro para maximizar a eficiência do uso da água? 3
4 Qual o efeito do défice de água no ciclo vegetativo e produtivo da oliveira! 4
5 Quadro 1. Efeito do défice hídrico no crescimento e na produção da oliveira em diferentes períodos do ciclo anual (Adaptado de Orgaz e Fereres, 2001). Fase Fenológica Período do Ano Efeito do Défice Hídrico Crescimento dos ramos Desenvolvimento dos botões florais No final do inverno até ao início do verão e outono fevereiro a abril Reduz o crescimento dos ramos Reduz o número de flores; aborto ovárico Floração abril a maio Floração incompleta Vingamento do fruto Crescimento do fruto devido à divisão celular maio a junho junho a julho Vingamento fraco, aumenta a alternância de produções Reduz o tamanho do fruto (< n.º células/fruto) Crescimento do fruto devido à expansão celular agosto até à colheita Reduz o tamanho do fruto (< tamanho das células no fruto) Acumulação de azeite setembro até à colheita Reduz o conteúdo de azeite/fruto 5
6 Produção Para alcançar a máxima produção, devemos assegurar que o conteúdo de água no solo seja suficiente para que a cultura possa extrair toda a água que a atmosfera lhe solicita ou seja satisfazer as necessidades de evapotranspiração cultural (ETc). Regar mais não significa regar melhor! Água aplicada pela rega 6
7 Produção Regar mais não significa regar melhor! Com a rega deve conseguir-se a máxima produtividade com o menor impacto ambiental Produtividade = liquido/m 3 água Produtividade = kg colheita/m 3 água Aconselhável? Dose recomendada Não necessário Prejudicial Água aplicada pela rega Redução da contaminação por lixiviação 7
8 QUANTO ÁGUA NECESSITA O OLIVAL? Local Tratamento Cultivar densidad e (árv ha -1 ) ET (mm) K c (*) Chania (1) regado Kalamon ,4-0,65 Córdoba (2) regado (RD) 370 0,3-0,4 sequeiro 105 0,2-0,05 regado Picual ,4-1, Sevilha (3) regado Manzanilla regado (RD) 405 sequeiro 378 ET 0 (mm) Anabela Silva, Silva, DAgro-UTAD Vilariça (4) regado Cobrançosa , regado (RD) 560 sequeiro 300 RD- rega deficitária; (1) Michelakis et al. (1996); (2) Villalobos et al. (2000); (3) Palomo et al. (2002); (4) Fernandes- Silva (2008) 8
9 O que é a evapotranspiração (ET)??? A evapotranspiração é a forma pela qual a água da superfície terrestre passa para a atmosfera no estado de vapor. Este processo envolve a evaporação da água de superfícies de água livre (rios, lagos, represas, oceano, etc), dos solos e da vegetação húmida (que foi interceptada durante uma chuva) e a transpiração das plantas. A evapotranspiração de uma cutura designa-se por evapotranspiração cultural (ETc) A produção de biomassa vegetal é diretamente proporcional à ETc 9
10 O que é a ETc??? ETc = evapotranspiração cultural = água que consome uma cultura Transpiração (T) Evaporação solo húmido Evaporação solo seco Regar com 50% da ETc significa que a rega fornece metade do que necessita a cultura 10
11 O que é a ETc? e a ET 0? ET 0 = ET c de uma superfície extensa de vegetação rasteira, saudável e que cobre toda a superficie do solo A ET 0 determina-se a partir de variáveis meteorológicas O seu valor usa-se como referência para cálculo da ET c das culturas
12 Como calcular a ET c? elocidade do vento Anabela Silva Direção do vento Radiaçõo solar Temp. e Humidade Método do Coeficiente Cultural Precipitação Monografía FAO n.º 24 (Dooenbos y Pruitt, 1977) ET c = K c x K r x ET o (1) K r = 2 x Sc/100 (2) Sc = (π x D 2 x Dp)/400 (3) K r = coeficiente redutor da cultura; S c = superfície coberta: % de solo sombreado pela planta o meio-dia solar; D = diâmetro médio do copado; D p = densidade de plantação (árv. ha -1 ) Nota: o valor de K r não pode ser > 1 pelo que a expressão 2 só é válida para valores de Sc < 50%. 12
13 Dimensões do copado Medição do diâmetro da planta nas direcções x (perpendicular à linha), y (no sentido da linha) e z, a altura, medida a partir de um ponto fixo da bifurcação do tronco Área do copado: assume-se uma forma geométrica próxima de uma elipse. Volume do copado: calcula-se assemelhando-se a árv. a um elipsóide. Fracção de solo coberta: determina-se pela projecção horizontal da área do copado.
14 Cálculo das necessidades de rega (NR) Rega: ETc reserva de água no soloprecipitação efetiva (Pe) 14
15 15
16 A Programação da rega pode fazer-se a partir de Medições no solo oteor de água no solo o Potencial de água no solo Medições na planta o Potencial hídrico (base, meio-dia, caule) otemperatura da planta o Condutância estomática o Contracção do tronco otranspiração (fluxo de seiva) Balanço hídrico do solo Métodos combinados 16
17 Potencial hídrico (base, meio-dia, caule) Condutância estomática 17
18 Transpiração: fluxo de seiva 18
19 Relação entre a razão da evapotranspiração e a evapotranspiração de referência (ETc/ET 0 ) e o défice médio de água no solo (DAS, %) no perfil do solo (0-0,90 m) na Cv. Cobrançosa na região da Terra Quente Transmontana (Fonte: Fernandes-Silva, 2008). DASP 19
20 Rega deficitária Consiste em reduzir a quantidade de água aplicada pela rega para valores abaixo do nível máximo, permitindo o desenvolvimento de um défice hídrico suave com efeitos mínimos na produção (aumento da eficiência do uso da água pela cultura; bons rendimentos/qualidade) Anabela Silva, DAgro-UTAD 20
21 Estratégias de rega deficitária para o olival Rega suplementária ou de complemento Consiste em aplicar poucas regas (2-3) nos momentos de stress hídrico excessivo Rega Deficitária Contínua (SDI) Rega-se com frequência mas só uma fração da ETc Rega parcial e alternante (PRD) Rega-se com uma % reduzida da ETc num só lado da oliveira, durante 2-3semanas. Depois alterna com o outro lado e assim sucessivamente Rega deficitária de baixa frequência Deixa-se que a cultura esgote a água acumulada no solo até ao nível de esgotamento permitido. Depois dá-se uma rega até à CC. O nº de regas depende do solo Rega deficitária controlada (RDI) Rega-se com 100% da ETc nos períodos em que a oliveira é mais sensível ao défice hídrico. Nos restantes perídos não se rega ou rega-se pouco Anabela Silva, DAgro-UTAD
22 Anabela Silva, DAgro-UTAD Ciclo vegetativo e Ciclo Reprodutor do Olival (Adaptado de Pastor, 2005; "Cultivo del Olivo com Riego Localizado") 22
23 Planificação da RDI ÓRGÃOS VEGETATIVOS Repouso Invernal 100% ET c Crescimento Vegetativo 0-10 % ET c 100% ET c Paragem estival Crescimento Pós-estival Repouso Invernal ÓRGÃOS FRUTÍFEROS Repouso Crescimento inflorescências Floração Vingamento Indução Floral Endurecimento Crescimento do do caroço fruto Pintor Iniciação Floral Maturação Anabela Silva, DAgro-UTAD Ciclo vegetativo e Ciclo Reprodutor do Olival (Adaptado de Pastor, 2005; "Cultivo del Olivo com Riego Localizado") 23
24 Planificação da RDI tendo em línea de conta a água disponível no solo (AW) 24
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26 26
27 Água aplicada vs Produtividade azeite Y = -2,78 + 0,011ET c 0,006x10-3 ET c2 ; r 2 = 0,59 27 Y = ,011ETc 0.35ET c ; r 2 = 0,90
28 Quantidade de azeite (y) e peso seco de mesocarpo(x): Y = 0,83x - 0,17; r 2 = 0,97(n= 15) Produtividade de azeite(y) e a ET(x): y = 0,35x - 93; r 2 = 0,90.
29 Qualidade do azeite
30 Fernades-Silva et al. Plant Soil (2010) 333: DOI /s
31 Plant Soil (2010) 333: DOI /s
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33 I. Ainda há um longo caminho a Percorrer no âmbito do tema rega deficitária no olival em Portugal!... 33
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