USO INTEGRAL DA BIOMASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO

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Transcrição:

USO INTEGRAL DA BIOMASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL DE SEGUNDA GERAÇÃO S.C. Pereira 1, L. Maehara 2, C.M.M. Machado 3, C.S. Farinas 1 (1) Embrapa Instrumentação, Rua XV de Novembro, 1452, 13560-970, São Carlos, SP, sandracerqueirapereira@gmail.com, cristiane.farinas@embrapa.br (2) Departamento de Engenharia Química, DEQ/UFSCar, Rodovia Washington Luís, Km 235, 13565-905, São Carlos, SP, larissa.maehara@yahoo.com (3) Embrapa Agroenergia, Parque Estação Biológica, s/n, 70770-901, Brasília, DF, cristina.machado@embrapa.br Resumo: Cada tonelada de cana-de-açúcar processada gera aproximadamente 280 kg de resíduos lignocelulósicos. expandir as áreas cultivadas. Bagaço tem sido amplamente estudado para a produção de etanol ao contrário das outras partes da cana-de-açúcar (palha e ponteiras) bem como o uso combinado de todos os resíduos. O presente estudo avaliou o uso de toda esta biomassa (bagaço-palha-ponteiras, 1:1:1) em comparação aos resíduos separadamente. Os materiais foram pré-tratados com ácido sulfúrico 1,5% (m/m) e, em seguida, foram hidrolisados por enzimas comerciais (30 FPU/g celulose Saccharomyces cerevisiae. As ponteiras foram as mais susceptíveis à degradação enzimática alcançando a conversão de celulose de 65% enquanto o mais alto rendimento de etanol foi exibido pelos hidrolisados provenientes da palha (75%). O bagaço alcançou resultados mais baixos do que as outras partes. O desempenho da mistura dos resíduos nas etapas de hidrólise enzimática e fermentação alcoólica foram 55 e 25%, respectivamente, superiores ao apresentado pelo bagaço individualmente. Portanto, os resultados aqui encontrados podem contribuir para o desenvolvimento de processos de produção de bioetanol usando toda a biomassa de cana-de-açúcar. Palavras-chave: bagaço de cana-de-açúcar, palhiço de cana-de-açúcar, etanol de segunda geração. FULL USE OF THE SUGARCANE BIOMASS FOR THE PRODUCTION OF SECOND GENERATION ETHANOL Abstract: Each ton of processed sugarcane generates about 280 kg of residues. The full use of sugarcane biomass could greatly improve the ethanol productivity without expanding the cultivated areas. Bagasse has been widely studied for ethanol production unlike other sugarcane parts (straw and tops) as well as the combined use of all the residues. The present study evaluated the use of this whole biomass (bagasse-straw-tops, 1:1:1) in comparison to the residues separately. The materials were pretreated with 1.5% (w/v) sulfuric acid and then and then they were hydrolyzed by commercial enzymes (30 FPU/g cellulose ). Finally, the hydrolysates were fermented by industrial strain of Saccharomyces cerevisiae. Tops were the most susceptible to enzymatic degradation reaching the cellulose conversion of 65% while the highest ethanol yield was displayed by hydrolysates from straw (75%). Bagasse achieved lower results than the other parts. The performance of residues mixture in the steps of enzymatic hydrolysis and alcoholic fermentation were 55 and 25%, respectively, higher than those presented by the individually bagasse. Therefore, the present results may contribute to the development of bioethanol production processes using the whole sugarcane biomass. Keywords: sugarcane bagasse, sugarcane trash, second generation ethanol. 1. Introdução Na safra 2014/15, estima-se que mais de 659 milhões de toneladas de cana-de-açúcar serão processadas pelas usinas brasileiras (Conab, 2014). Ademais, para cada tonelada de cana-de-açúcar processada são gerados 140 kg de bagaço e 140 kg de palhiço (ponteiras, folhas verdes e folhas secas) (Dias et al., 2012). Na indústria da canade-açúcar, o bagaço é queimado nas caldeiras para atender à demanda de energia da planta e o palhiço é queimado queima do palhiço para os próximos anos (Leal et al., 2013). O etanol de segunda geração (2G) produzido a partir de biomassa lignocelulósica tem sido considerado como o biocombustível com o mais alto potencial para substituir os combustíveis à base de petróleo (Macrelli et

514 S.C. Pereira, L. Maehara, C.M.M. Machado, C.S. Farinas al., 2012). Neste sentido, inúmeros estudos empregando o bagaço de cana-de-açúcar têm sido realizados. Por outro lado, existem poucos estudos sobre a avaliação do palhiço e do uso combinado dos resíduos para o processo de produção de etanol 2G. O presente estudo avaliou a utilização dos resíduos (bagaço, palha e ponteiras) do processamento de uma variedade comercial de cana-de-açúcar (SP791011) em processo modelo de produção de etanol celulósico selecionado pela Embrapa. Adicionalmente, a viabilidade do uso de uma mistura dos resíduos (bagaço, palha e ponteiras) também foi investigada. 2. Materiais e Métodos 2.1. Materiais Três resíduos (bagaço, palha e ponteiras) do processamento de uma variedade comercial (SP791011) de cana-de-açúcar (Usina Sumaúma, Marechal Deodoro/AL) foram empregados neste estudo. O extrato enzimático comercial Cellic CTec2 (Novozymes A/S, Denmark) foi usado para a hidrólise enzimática. A cepa industrial de Saccharomyces cerevisiae CAT-1 (Usina Jalles Machado, Goianésia/GO) foi utilizada para a fermentação alcoólica. 2.2. Métodos 2.2.1. Preparação da matéria-prima Os três resíduos (granulometria inferior a 2 mm) foram pré-tratados separadamente com uma solução de ácido sulfúrico 1,5% (m/m) a 121 C por 30 minutos empregando uma carga de sólidos de 10%. Para a avaliação do uso combinado dos resíduos, preparou-se uma mistura bagaço-palha-ponteiras (1:1:1) em base seca e procedeu-se igualmente o pré-tratamento. A biomassa in natura e pré-tratada foi caracterizada segundo procedimento descrito por (Gouveia et al., 2009). 2.2.2. Hidrólise enzimática Os materiais pré-tratados separadamente foram hidrolisados enzimaticamente em tampão citrato ph 5,0 empregando uma relação sólido/líquido de 1/10 e uma carga enzimática de 30 FPU/g de celulose residual. Os ensaios foram realizados a 50 C e agitação de 200 rpm por 24 horas com a produção de glicose monitorada por realizada sob as mesmas condições. 2.2.3. Fermentação alcoólica Os hidrolisados obtidos após a etapa de hidrólise enzimática dos resíduos pré-tratados separadamente e das com glicose até a concentração de 100 g/l. Em seguida, os meios foram inoculados com 25 g/l de levedura. Os experimentos foram realizados a 31 C e agitação de 100 rpm por 8 horas. A produção de etanol foi monitorada et al., 2009). 3. Resultados e Discussão A Tabela 1 apresenta os teores de hemicelulose, lignina e celulose para os três resíduos in natura e prétratados com ácido diluído bem como para a mistura bagaço-palha-ponteiras (1:1:1). A avaliação da composição química é vital porque a conversão da biomassa em etanol é dependente de características físico-químicas e morfológicas inerentes aos materiais lignocelulósicos. Observa-se que os menores teores de lignina foram apresentados resultando em aumento nos teores de celulose e lignina em comparação à biomassa in natura. Estudos recentes mostram este efeito do pré-tratamento ácido diluído (Benjamin et al., 2014; Cortez et al., 2014). Tabela 1. Composição química dos três resíduos in natura e pré-tratados separadamente bem como da mistura bagaço-palha-ponteiras (1:1:1). Material In natura (% m/m, base seca) Pré-tratado (% m/m, base seca) Hemicelulose Lignina Celulose Hemicelulose Lignina Celulose Palha 35,07 11,13 41,09 6,37 31,82 48,06 Ponteiras 35,92 8,00 34,68 7,54 29,62 51,34 Bagaço 28,45 13,81 36,60 7,69 30,37 49,37 Mistura 35,50 9,57 37,89 7,20 30,60 49,59 # dados são médias de três repetições

USO INTEGRAL DA BIOMASSA DE CANA-DE-AÇÚCAR PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL 515 dos três resíduos separadamente e da mistura bagaço-palha-ponteiras (1:1:1). Em adição, a Figura 1B apresenta a análise estatística (Teste de Tukey, p De acordo com a Figura 1, é possível estabelecer uma ordem de susceptibilidade à degradação como se segue: resíduos da cana-de-açúcar hidrolisados separadamente. A mistura exibiu uma conversão de celulose 55% maior em relação ao bagaço individualmente. (A) e análise estatística da conversão enzimática de celulose após 24 horas (B). As médias com letras diferentes são estatisticamente diferentes. dos hidrolisados provenientes da hidrólise enzimática dos três resíduos separadamente e da mistura bagaço-palha -ponteiras (1:1:1). Adicionalmente, a Figura 2B mostra a análise estatística (Teste de Tukey, p de etanol apresentado pelo hidrolisado da mistura foi 25% maior em relação ao do bagaço. Além disso, a obser- interferindo diferencialmente no metabolismo da levedura. análise estatística do rendimento de etanol após 8 horas (B). As médias com letras diferentes são estatisticamente diferentes. Entre os poucos estudos reportados na literatura a respeito do uso combinado dos resíduos do processamento da cana-de-açúcar, (Moutta et al., 2014) restringiu-se apenas à etapa de hidrólise enzimática dos materiais pré-tratados com ácido diluído. No referido trabalho, os autores não avaliaram as respostas individuais da palha (folhas secas) e ponteiras (parte acima do último nó do caule com as folhas verdes). Contudo, os resultados aqui encontrados para a maior susceptibilidade à degradação enzimática do palhiço em relação ao bagaço são corroborados bem como o padrão intermediário apresentado pela mistura sem qualquer efeito deletério notável. 4. Conclusões Os resultados mostram que a susceptibilidade diminuída à degradação enzimática do bagaço bem como a fermentabilidade inferior dos hidrolisados derivados do bagaço podem ser equilibradas com o uso combinado

516 S.C. Pereira, L. Maehara, C.M.M. Machado, C.S. Farinas de palha e ponteiras. Portanto, a potencial aplicação do bagaço, que já vem sendo amplamente estudado para a produção de etanol 2G, pode ser aperfeiçoada com o uso combinado do palhiço de cana-de-açúcar. Agradecimentos e FAPESP) e à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Referências BENJAMIN, Y.; CHENG, H.; GOERGENS, J. F. Optimization of Dilute Sulfuric Acid Pretreatment to Maximize Combined Sugar Yield from Sugarcane Bagasse for Ethanol Production. Applied Biochemistry and Biote- CONAB. http://www.conab.gov.br/. 2014. CORTEZ, D. V. et al. Evaluation of cellulosic and hemicellulosic hydrolysate fermentability from sugarcane ba- DIAS, M. O. S. et al. Integrated versus stand-alone second generation ethanol production from sugarcane bagasse GOUVEIA, E. R. et al. VALIDATION OF METHODOLOGY FOR THE CHEMICAL CHARACTERIZATION OF SUGAR CANE BAGASSE. Quimica Nova, v. 32, n. 6, p. 1500-1503, 2009 2009. ISSN 0100-4042. Avai- LEAL, M. R. L. V. et al. Sugarcane straw availability, quality, recovery and energy use: A literature review. Biomass MACRELLI, S.; MOGENSEN, J.; ZACCHI, G. Techno-economic evaluation of 2nd generation bioethanol production from sugar cane bagasse and leaves integrated with the sugar-based ethanol process. Biotechnology MOUTTA, R. D. O.; FERREIRA-LEITAO, V. S.; DA SILVA BON, E. P. Enzymatic hydrolysis of sugarcane bagasse and straw mixtures pretreated with diluted acid. Biocatalysis and Biotransformation, v. 32, n. 1, p.