ACESSO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS DE ORIGEM POPULAR A EDUCAÇÃO FORMAL: UMA EXPERIÊNCIA DO PET

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Transcrição:

ACESSO E PERMANÊNCIA DOS JOVENS DE ORIGEM POPULAR A EDUCAÇÃO FORMAL: UMA EXPERIÊNCIA DO PET Resumo Thamiris Cristina Alves da Silva; Suelídia Maria Calaça Universidade Federal da Paraíba thammy-pb@hotmail.com sueluc88@hotmail.com Este trabalho discute a experiência discente no projeto intitulado PET/Conexões de Saberes Acesso e Permanência de Jovens de Origem Popular Diálogo Universidade-Comunidade. Tem-se por objetivo refletir sobre a atuação discente nas atividades vivenciadas na prática e na teoria do projeto durante o ano de 2015, destacando a Educação Popular e a Educação de Jovens e Adultos como campos teóricos de discussão. Constituído por 12 discentes bolsistas, sendo 08 (oito) do Curso de Licenciatura em Pedagogia, 01 do Curso de Licenciatura em Química e 03 do Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal da Paraíba UFPB, o projeto tem uma professora-tutora do Centro de Educação e, no período a que se refere este artigo, deu ênfase para a formação de professores na modalidade de EJA. O Projeto desenvolveu no ano de 2015, as seguintes atividades: Grupo de estudo permanente realizado semanalmente com discussão de temas pertinentes à temática do Projeto, Pesquisa sobre um tema na área de Educação de Jovens e Adultos os discentes elaboravam uma mini pesquisa a partir da prática educativa e desenvolviam junto à escola, Curso de formação de professores na área de EJA encontros mensais com todos os sujeitos interessados na área, especialmente professores da rede, para discutirem, a partir da fala de um palestrante, temas relevantes à prática pedagógica da EJA, Prática educativa na modalidade de EJA nas escolas públicas, tendo por base a Educação Popular a partir das atividades de observação, participação e regência de aulas. A abordagem qualitativa serviu de base para as atividades de pesquisa, ensino e extensão desenvolvidas pelos alunos por compreender-se que este tipo de abordagem se adequa melhor aos fenômenos educativos, pois estes se inserem na área das ciências sociais e exigem de seus participantes uma compreensão que vai além de dados estatísticos. Palavras-Chave: Formação de professores, Educação de Jovens e Adultos, Ensino e aprendizagem. INTRODUÇÃO Este trabalho discute a experiência discente no projeto intitulado PET/Conexões de Saberes Acesso e Permanência de Jovens de Origem Popular: Diálogos Universidade- Comunidade. Tem-se por objetivo refletir sobre a atuação discente nas atividades vivenciadas na prática e na teoria do projeto durante o ano de 2015, destacando a Educação Popular e a Educação de Jovens e Adultos como campos teóricos de discussão. Constituído por 12 discentes bolsistas, sendo 08 (oito) do Curso de Licenciatura em Pedagogia, 01 do Curso de Licenciatura em Química e 03 do Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal da Paraíba UFPB, o projeto tem uma professora-tutora do Centro de Educação e, no período a que se refere este artigo, deu ênfase para a formação de professores na modalidade de EJA.

Atualmente, quando observamos a trajetória da Educação de Adultos percebemos que a mesma apresenta inúmeros avanços e é resultado de lutas no campo das políticas. De acordo com a Lei 9.394/96, em seu artigo 37: A educação de jovens e adultos é destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído na Lei nº11.741, de 2008) De acordo com Dourado (2011) em relação ao financiamento da EJA, para que se efetivem as ações necessárias e tendo em vista assegurar as condições básicas para o direito à educação, o Plano Nacional de Educação de 2011 tem um papel consolidado na constituição de 1988 e esse direito do cidadão tem como contrapartida o dever do Estado, o que depende da disposição dos recursos financeiros para sua efetivação. As proposições apresentadas no novo Plano Nacional de Educação - PNE são compostas por 10 diretrizes, 14 artigos e 20 metas, para Educação, cujas diretrizes versam sobre as seguintes questões propostas: 1) erradicação do analfabetismo; 2) universalização do atendimento escolar; 3) superação das desigualdades educacionais; 4) melhoria da qualidade de ensino; 5) formação para o trabalho e cidadania; 6)promoção do princípio da gestão democrática; 7) promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; 8) estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto-PIB; 9) valorização dos profissionais da educação; 10) promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. Os caminhos trilhados pela EJA passaram por muitos percalços, dando acesso aqueles que não tiveram a oportunidade de cursar o ensino médio e fundamental na idade adequada. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizado em 2012, existem no Brasil 12,7 milhões de analfabetos, entre a população de 25 anos ou mais, isso ocorre porque pessoas sem a menor qualificação profissional são contratadas para atuar nessa área, visto que na mentalidade de alguns para ser professor basta gostar de ensinar. Segundo Papi (2005), sabe-se que a desvalorização social da profissão docente foi historicamente construída e alimentada pelo estereótipo que qualquer

pessoa poderia ministrar aulas, sem necessitar de uma formação específica. Todavia, essa mentalidade precisa ser superada, ainda que se perceba atualmente a existência de indivíduos não profissionalizados atuando na educação, o que contribui para a desvalorização desse profissional. Nesse contexto, a preparação de professores por via do PET, contribui na formação dos educandos e mostra-se de grande relevância nas discussões, pois considera que "Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática". (FREIRE, 1997, 58). METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa na qual consiste na experiência obtida no projeto Pet Conexões de Saberes no ano de 2015 que desenvolveu atividades de grupo de estudos permanente realizado semanalmente com discussão de temas pertinentes à temática do projeto. Foram realizadas também pesquisas sobre um tema na área de Educação de Jovens e Adultos, no qual os discentes elaboravam uma mini pesquisa a partir da prática educativa e desenvolvia junto à escola. Paralelamente, tinha a formação de professores na área de EJA com encontros mensais com todos os sujeitos interessados na área, especialmente professores da rede, para discutirem, a partir da fala de um palestrante, temas relevantes à prática pedagógica da EJA, a prática educativa na modalidade de EJA nas escolas públicas, tendo por base a Educação Popular a partir das atividades de observação, participação e regência de aulas. O conhecimento na ação, ou o conhecimento tácito, seria aquele constituído na prática cotidiana do exercício profissional. Concebemos que esse é um saber que se constrói com base nos conhecimentos prévios de formação inicial, articulado com os saberes gerados na prática cotidiana, de forma assistemática e muitas vezes sem tomada de consciência acerca dos modos de construção. Para um projeto de formação numa base reflexiva, torna-se fundamental conhecer e valorizar esses conhecimentos que são constituídos pelos professores, seja através de uma reflexão teórica, seja através desses processos eminentemente assistemáticos. (Leal, 2005, p.114). O professor necessita estar inserido na realidade dos alunos para melhor compreender as experiências de vida dos mesmos. Diante disso, o exercício do diálogo na sala de aula se torna uma possibilidade de educadores e educandos se conectarem, conhecendo melhor a realidade uns dos outros. Assim, aproveitando a oportunidade de trazer à sala de aula reflexões em torno dos contextos sociais, econômicos, políticos que estamos inseridos, ampliando o olhar de todos sobre o nosso dia a dia na atualidade.

A abordagem qualitativa serviu de base para as atividades de pesquisa, ensino e extensão desenvolvidas pelos alunos por compreender-se que este tipo de abordagem, se adequa melhor aos fenômenos educativos, pois estes se inserem na área das ciências sociais e exigem de seus participantes uma compreensão que vai além de dados estatísticos. RESULTADOS e DISCUSSÕES Refletir sobre a memória do PET, em especial o Projeto intitulado Conexões de Saberes Acesso e Permanência de Jovens de Origem Popular: Diálogos Universidade-Comunidade nos possibilita compreender e divulgar mais uma das experiências vivenciadas por futuros docentes durante a vida acadêmica, cujo temem sua preocupação uma melhor educação pública e gratuita. É consenso que o sistema educacional brasileiro tem adquirido alguns avanços ao longo dos anos, quanto ao acesso à escola pública, a educação superior, democratização na gestão, universalização do ensino, leis, políticas e programas que objetivam a inclusão. Porém, temos que reconhecer que os resultados no que se refere à qualidade do ensino-aprendizagem, apesar dos esforços do Estado Brasileiro, ainda está longe de concretizar uma educação de qualidade para todos os jovens e adolescentes que buscam na escola a realização de seus sonhos e sucesso profissional. Assim, o respectivo projeto possibilitou auxiliar e aprimorar os conhecimentos sobre a temática do projeto, a educação popular e a EJA. A partir da intencionalidade de contribuir com processos de formação dos professores da EJA na educação básica, a equipe desenvolveu junto ao Pró-Licenciatura/ PROLICEN o Projeto Formação de Professores/as na EJA: temas para a prática educativa. Esta ação trouxe como proposta realizar encontros onde professores/as, alunos/as, gestores e coordenadores da rede municipal e estadual de ensino como também alunos/as da área de aprofundamento da EJA do curso de Pedagogia, juntamente com docentes desta área e discentes de diferentes licenciaturas, pudessem discutir temas a partir da prática educativa na escola pública. Tinha-se a intenção de discutir temas pertinentes ao cotidiano escolar da Educação de Jovens e adultos, numa perspectiva freiriana para a educação, a fim de intercambiar conhecimentos e saberes advindos dos diferentes sujeitos que atuam nesta modalidade de ensino. Os referenciais teóricos foram baseados em Freire: Conscientização teoria e prática da libertação uma introdução ao pensamento de Paulo Freire (1921), Pedagogia da Autonomia

(2004), Carlos Rodrigues Brandão Sete Lições sobre Educação de Adultos (2010). Com relação às produções acadêmicas, embora tenha consciência que foram realizados outros trabalhos pelos discentes, destaco aqui especialmente as que participei durante minha vigência no projeto, ou seja, A prática educativa na EJA do projeto PET/conexões de saberes da UFPB, apresentada no ENEX/UFPB de autoria de Silva, Damião, Lima e Chaves (2015), que tratou sobre a experiência de prática educativa da Educação de Jovens e Adultos dos discentes bolsistas do PET- Conexões de Saberes, Projeto Acesso e Permanência de Jovens de Origem Popular à Universidade: diálogos universidade-comunidade da Universidade Federal da Paraíba, foi uma atividade desenvolvida em três etapas: a observação, participação e regência de aulas e aconteceu em escolas da rede pública de ensino municipal ou estadual. Além disso, foi escrito o resumo expandido Dificuldades dos alunos de origem popular no acesso ao ensino superior que entrelaçou o levantamento realizado nas escolas Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Enéas Carvalho localizada na cidade de Santa Rita- PB (Bairro Centro) e as demais na cidade de João Pessoa o Centro de Aprendizagem Integral da Criança- CAIC Damásio Franca (Bairro de Mangabeira), Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Presidente Médici (Bairro Castelo Branco), Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dom José Maria Pires (Bairro das Indústrias) e teve como resultado a constatação que existe uma expectativa da maioria dos jovens em ingressar em uma universidade. (SILVA, CALAÇA, 2015). E ainda o trabalho publicado em forma de capítulo de livro denominado Prática Educativa, Licenciaturas e Formação Docente na Educação de Jovens e Adultos: Contribuições do PET na UFPB (Santos, Damião, Chaves e Silva, (2016). Porém, estes relatos não estariam completos, sem as considerações da formação de professores, cujo foram de grande aprendizagem. Pois nestes momentos que observamos com mais detalhes que desde o ingresso a universidade ao exercício da profissão docente os estudantes já se deparam com desmotivações que são causadas pela precarização do trabalho Do profissional da educação e consequentemente sobre a desvalorização social. Estes, por sua vez refletem-se nos baixos salários, poucas condições de trabalho, falta de materiais, estrutura física das salas de aula que desmotivam o seu trabalho, além de lidar com a falta de motivação dos alunos, indisciplinas, violência, drogas, e outras questões interdisciplinares que afetam diretamente a aprendizagem dos alunos. Com relação à qualidade da formação para atuação na EJA, o que ocorre é uma crescente descaracterização dos cursos de formação, juntamente a falta

de livros escritos que propicie apoio a essa formação, a pouca contribuição das universidade são desprezo das questões de ensino e a formação para o trabalho docente. São muitos os desafios o que torna a prática de ensinar cada vez mais complexa (Gatii, 1997, p. 21). A formação dos professores deve ocorrer de duas formas, a primeira na perspectiva de Imbernón (2010), que considera os conhecimentos básicos e conhecimento pedagógico especializado que se desenvolve no contexto prático do fazer docente, e a segunda forma através da formação continuada, que segundo Freire (1996), é necessário fazer leituras de variados assuntos e não somente sobre a disciplina que leciona; realizar cursos e apresentar trabalhos, pois o educador não pode acreditar que terminando a sua graduação já sabe tudo e não precisa mais fazer pesquisas. A formação dos professores contribui bastante para que os discentes se sintam motivados/desmotivados, capazes/incapazes e confiantes para progredirem com seus estudos, visto que também é de responsabilidade dos educadores auxiliar no processo de ensino e aprendizagem para que seus educandos se tornem pessoas críticas, reflexivas e autônomas. Formar professores não é uma tarefa fácil, tendo em vista que é um processo constante e inacabado, pois os mesmos precisam sempre se manter atualizados, seja no campo tecnológico ou nos conteúdos tradicionais, é um processo contínuo de aprender e ensinar para que possam tornar os seus pupilos cidadãos críticos, reflexivos, atualizados e pesquisadores. Os professores da EJA têm que adquirir diversas habilidades, competências para lidar com seus alunos e uma delas é a tecnológica, pois em um mundo globalizado é necessário que os docentes utilizem as TIC S em prol do conhecimento dos estudantes. O professor necessita de uma base sólida de formação que lhes dê subsídio para manusear as ferramentas digitais e utilizá-las de forma a estimular o trabalho em conjunto e a troca de experiências entre os educandos. O que se percebe é uma grande fragilidade na preparação dos professores durante os cursos de formação acadêmica. Por não serem nativos tecnológicos os professores possuem dificuldades de usarem as TICs em prol da educação, principalmente se for na modalidade de ensino EJA, uma vez que os discentes também possuem essa mesma dificuldade com a tecnologia, então os professores e os alunos devem se inserir em um processo contínuo de alfabetização tecnológica. Porém é interessante destacar que Quando se fala em presença tecnológica na escola, instala-se um pânico nos profissionais da educação, que temem que as máquinas tomem o seu lugar (Leite, 2008, p. 71), mas tal fato deve ser tomado com cuidado, pois usar a tecnologia a favor do ensino é aprender a valorizar mais uma forma de construir junto ao educando novos saberes.

Assim, um dos desafios na educação é preparar os professores para usarem as tecnologias da informação nas suas disciplinas e torná-las uma prática educativa reflexiva, dialógica, colaborativa e interdisciplinar. Nesse contexto, se destacam as atividades do PET, que ocorreram de maneira relevante na formação dos professores proporcionando um pensamento crítico sobre a atuação docente dentro da sala de aula. CONCLUSÃO Estar dentro de uma sala de aula da Educação de Jovens e Adultos é um desafio constante, e nos traz alguns questionamentos: Como lidar com pessoas que apresentam um contexto social muito relevante, que passaram algum tempo distante da escola por vários motivos distintos, que apresentam em seu processo de escolarização fracasso escolar, reprovação e desistência? Como adequar uma prática pedagógica que contemple os anseios de jovens, adultos e idosos? Pensar em uma metodologia que correspondam a essas necessidades é uma tarefa que o (a) professor (a) da EJA precisa repensar, em sua prática pedagógica deve procurar envolver os educandos e propor atividades que contribuam significativamente em suas vidas para que assim possam ter anseio no processo educativo. Em nossas discussões do projeto PET sempre buscamos ressaltar a conexão existente entre a Educação Popular e a Educação de jovens e Adultos, pensamos na teoria e embasamos a prática naquilo que acreditamos ser o mais adequado a ser desenvolvido em sala de aula. As observações realizadas, o contato com os sujeitos da EJA e a prática pedagógica aplicada foram fundamentais para refletirmos nosso papel e compromisso como futuros docentes. Não estamos preparados ainda para estar em sala de aula, já que estamos em processo de conhecimento do que é ser o (a) docente (a), qual a função do (a) professor (a) e como esse profissional pode criar as condições necessárias para que a aprendizagem se faça presente. A atividade docente exerce inúmeras necessidades como a de saberes específicos, pedagógicos, tecnológicos e os saberes adquiridos pela experiência profissional. Por isso, cabe a todos os educadores refletir sobre a prática educativa desenvolvida, que se torna tão distante da realidade atual que parece dois mundos diferentes o da escola e o da vida diária, já que o primeiro é ainda um retrato histórico da aula giz-quadro, quadro-giz na perspectiva da educação bancária e na vida cotidiana observamos o avanço tecnológico onde se obtêm qualquer tipo de informação e conhecimento através da internet, como também podemos constatar a autonomia dos alunos em outra perspectiva que seria na concepção libertadora impulsionando os cidadãos

em sua dimensão individual e social, de forma a ser criativos e que possam responder os entraves impostos pelo novo contexto social. Os docentes por sua vez devem se articular em uma ação entre ensino, pesquisa e formação continuada, adquirindo capacitação em busca da formação sólida, considerando a teoria e a prática. Assim compreendemos os empecilhos existentes na educação e temos a certeza que o aprendizado adquirido através das experiências vivenciadas possibilitaram uma outra percepção acerca da Educação de Jovens e Adultos, ou seja, enxergamos com uma nova concepção os mesmos fatos e com isso pretendemos trazer modificações em nossa formação acadêmica. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 9.394 de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> acesso em: 15 out. 2017. CALAÇA, Suelídia Maria. (Org.) Juventude de Origem Popular, Educação de Jovens e Adultos e Ensino Médio no Projeto PET/ Conexões de Saberes. IN: SANTOS, José Félix dos. Et al. Prática Educativa, Licenciaturas e Formação Docente na Educação de Jovens e Adultos: Contribuições do PET na UFPB. João Pessoa: Ideia, 2016. FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. Uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004. GATTI, B. A formação de professores e carreira: problemas e movimentos de renovação. Campinas: Autores Associados, 1997. IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Lisboa: Porto Alegre: Artmed, 2010. LEAL, Telma Ferraz. ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. (Org.) Desafios da educação de Jovens e Adultos: construindo práticas de alfabetização. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. LEITE, L.S. Mídia e a perspectiva da tecnologia educacional no processo pedagógico contemporâneo. In: FREIRE,W Tecnologia e Educação: As mídias na prática docente. Rio de Janeiro:Wak Editora, 2008. PAPI, Silmara de Oliveira Gomes. Professores: formação e profissionalização. Araraquara, São Paulo: Junqueira & Marin, 2005. PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez, 2010. SILVA, Thamiris Cristina Alves da. DAMIÃO, Leonice Olímpio Correia. CHAVES, Elizabete Moreira de Oliveira. A prática educativa na EJA do projeto PET/conexões de saberes da UFPB. IN: Encontro de Extensão- ENEX/UFPB.

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