PARALISIA CEREBRAL E AS RELAÇÕES PSICOSSOCIAIS

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Transcrição:

PARALISIA CEREBRAL E AS RELAÇÕES PSICOSSOCIAIS Elen Cristina Guiomar de Oliveira Jane da Conceição Souza Thais de Moraes da Fonseca Universidade do Estado do Rio de Janeiro lelioliveira88@yahoo.com.br RESUMO O presente trabalho representa um recorte de uma pesquisa realizada através de um estudo de caso sobre o histórico do desenvolvimento de um jovem com necessidades especiais, que possui o diagnostico de paralisia cerebral, nas vertentes: Educação e Família. Tendo em vista que, esses dois aspectos, representam profunda importância no desenvolvimento de crianças e adolescentes que necessitam de algum tipo de suporte especial, em suas relações psicossociais envoltas nesse processo. A metodologia utilizada foi desenvolvida através de diálogos informais e mais adiante com as realizações de entrevistas semiestruturadas, pelas quais podemos observar sobre os principais pontos de suporte que atuaram durante boa parte da trajetória escolar de um jovem que chamaremos de Tião, 33anos. Onde se mostram evidente que, o apoio e a base familiar, foram os aspectos que proporcionaram melhores condições para ingresso e prosseguimento no âmbito escolar. Como conseguimos perceber a importância desses laços sociais conquistado pelo jovem diante de tantos entraves a que nos direciona as instituições educacionais? Como se desenvolveu as questões ligadas à escola, a vida social, o trabalho, a família? Como essas questões podem ter contribuído para o seu desenvolvimento? E foram diante dessas indagações que tentamos esclarecer todas nossas dúvidas a partir da trajetória do jovem, durante sua vida escolar até os dias atuais. Palavras chaves: Psicossociais, Educação, Família.

No passado, assim como hoje, as barreiras existentes para uma criança ou adolescente com algum tipo de deficiência ou necessidade especial, ingressar e prosseguir seus estudos, era e é desestimulador. As mesmas questões parecem não ter fim nas lutas de famílias que abraçam a causa da inclusão. E foi através destas questões que tentamos entender por meio dos relatos de pai e filho a importância que gera os aspectos educacionais e sociais na formação e no desenvolvimento de uma pessoa com deficiência, que durante o período escolar se entrelaçam. Infelizmente, crianças e jovens portadores de deficiências, mesmo estudando em classes regulares, na grande maioria dos casos continuam segregadas socialmente em suas comunidades, e seus relacionamentos pessoais se limitam a família, aos profissionais e a outras pessoas portadoras da mesma deficiência. (Glat, 2006, p.16) Nesses casos em específicos, a tentativa da inclusão se não for direcionado de maneira efetiva, acaba tendo resultados opostos aos esperados, excluindo ainda mais, aqueles já inferiorizados. E foi através de um contexto de inclusão escolar e participação social que permitiram, ainda que morador de periferia do Rio de Janeiro, esse jovem a sobressair perante as dificuldades da realidade excludente das atividades sociais. Tendo o inicio de sua vida escolar em instituições especializadas, Tião, se mostrava um menino desenvolto e mesmo com suas peculiaridades, sempre se demonstrava disposto a aprender. Sabemos das mazelas que assombram as escolas e de todos os entraves que, na maioria das vezes, dificultam o ingresso e a permanência, seja de jovens com algum tipo de necessidade ou não. Falta de preparo dos professores, falta de recursos, descontinuidade de políticas públicas, questões sobre avaliações e tantos outros, acabam por excluir ou marginalizar

as crianças com necessidades especiais do lugar mais comum onde ocorre o inicio do seu processo de socialização, a Escola. De acordo com Glat, A educação é uma condição formadora essencial ao desenvolvimento humano, e um dos principais² espaços sociais possíveis para sua construção é a Escola. (Glat, 2007, p.15). Por volta dos anos 90, quando o jovem recebeu o resultado de uma prova que tinha realizado no instituto especializado em que estudava, ocorreu o reconhecimento por parte da diretora do estabelecimento. Embora tivesse impossibilidades de coordenação motora e dificuldades nas pronuncias de palavras, Tião tinha seu pleno desenvolvimento cognitivo e se demonstrava muito além dos demais colegas da mesma escola. Com esse olhar atento, a diretora da escola especial, possibilitou ao jovem naquele momento, a inserção em uma escola mista. Tal instituição facilitou ainda mais o desenvolvimento escolar e a vida social de Tião, pois ficava mais próxima de sua residência. Com isso, seus vínculos sociais se expandiram, pois pela proximidade do local de estudo, o jovem começou a fazer atividades extras durante o tempo livre e a freqüentar, esporadicamente, um curso de pré-vestibular comunitário que ficava em frente sua residência. Esse olhar atento nos mostra a importância que tem o papel de um professor, no caso, o diretor da instituição, ao dar possibilidades de voz ao aluno. Pois foi através de uma avaliação bem sucedida, em que o aluno errou apenas uma questão, foi que se promoveu a oportunidade de uma conversa. E a partir desse momento que foi percebido a clareza de o aluno não precisar freqüentar mais a instituição especializada. Nas palavras de Glat, O profissional que trabalha na área da educação especial deve, além disso, contribuir para a integração do aluno com necessidades educativas especiais no contexto escolar. Assumindo esse compromisso ele estará não só promovendo o processo de ensino-aprendizagem, mas, sobretudo auxiliando-os a superar as barreiras psicossociais que os excluem das oportunidades educacionais, sociais

e afetivas da comunidade, e os impedem de exercer plenamente sua cidadania. (Glat, 2007, p.75) Como relatado durante as entrevistas, o pai de Tião mesmo não sendo tão favorecido economicamente, sempre deu os suportes necessários para que o filho pudesse estudar e praticar suas atividades extracurriculares. Tanto em questões de materiais, quanto em questões de locomoção, dentro das possibilidades da família e com a ajuda de amigos, o jovem pode prosseguir seu desenvolvimento da maneira mais normal possível. Como dito anteriormente, o jovem possui paralisia cerebral, sua locomoção é feita por cadeira de rodas, desde a sua infância. Então podemos imaginar as dificuldades sofridas por essa família a que se refere o processo de deslocamento, para que seu filho pudesse participar de todo e qualquer tipo de atividade, visto que, as questões de acessibilidade de hoje são precárias pelas ruas do Rio de Janeiro, imagina há alguns anos atrás. Em meio a tantas informações ali presentes, houve um relato que chamou atenção, sobre o tratamento educacional que o filho tinha recebido durante a vida escolar. O pai se dizia satisfeitíssimo com o currículo educacional do filho. E afirmava que, em todas as escolas por onde o filho tinha passado, relata que sempre foi bem tratado. Ficando nítido o orgulho que sente quando diz: ele sempre passou de ano, nunca ficou reprovado, ou até mesmo, ele sempre teve sorte com amizade, sempre foi muito querido. Mostrando que o ambiente escolar, seja escola normal ou escola especial, foi de suma importância para o desenvolvimento intelectual do filho. E que através dessa bagagem, veio a possibilitar, no ano de 2013, a entrada de Tião no ensino superior. Em outro momento da entrevista, quando nos direcionávamos para Tião, fizemos a divisão das perguntas em três tópicos, relacionados à escola e sua vida cotidiana. Mas essas três perguntas básicas e sem muitas pretensões, logo se transformaram em um rico complemento das informações que o pai tinha acabado de

nos fornecer. Conseguimos abordar com o próprio às questões: escolar, vida social, trabalho, família. Enfim, esses assuntos acabaram por nos surpreender. Gostaríamos de ressaltar, durante a fala de Tião, a importância e o valor que o mesmo tem em relação à vida profissional, pois no atual momento, ele possui vínculo empregatício em um famoso circo aqui do Rio de Janeiro. Quando perguntado sobre o seu trabalho, ele relata: Sou cobrado como qualquer outro, ali tenho que ter minhas responsabilidades. Diante dessa fala, ficamos sensibilizados com tamanha responsabilidade que apresenta perante a sua vida profissional, e não se prevalece de algumas limitações para se eximir das responsabilidades a ele atribuídas. O que demonstra também os valores agregados pelos pais, presente durante todo o desenvolvimento do filho. Diante dos relatos analisados, podemos observar a importância de uma base familiar estruturada, junto é claro, com os recursos educacionais garantidos em forma de lei que permite crianças e jovens a prosseguirem com a atividade escolar em todos os segmentos de ensino, em classes regulares ou especializadas, na modalidade educação especial. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. (LDB, 2005, p.25) Que faz por garantir a inclusão desse alunado, oferecendo adaptações das diferentes estratégias pedagógicas para o atendimento das peculiaridades do educando, que na realidade brasileira, ainda teremos um longo caminho para que possamos alcançar a inclusão de maneira efetiva. Concluímos assim, neste caso em específico que apresentamos, a importância de uma estrutura familiar sólida e também a grande relevância do sistema educacional oferecido a esse jovem. Mostrando que os recursos adequados e assistências

diferenciadas formam um conjunto essencial para melhora da qualidade de vida de pessoas com algum tipo de necessidade especial. Podemos ressaltar assim que as instituições de ensino não podem ter apenas esses alunos integrados, mas sim tratar da formação desses indivíduos, com vistas ao exercício de cidadania, juntamente com a participação familiar em todo o processo de desenvolvimento escolar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Lei de Diretrizes e Bases Da Educação, Lei nº 9.394, 20/12/1996. Muller,T. M. P; Glat, R. UMA PROFESSORA MUITO ESPECIAL. Editora 7 letras. Rio de Janeiro, 2007, 2ª edição. Glat, R. A INTEGRAÇÃO SOCIAL DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA: UMA REFLEXÃO. Editora 7 letras., Rio de janeiro, 2006, 3ª edição. 1ª reimpressão.