Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2906



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Transcrição:

Desempenho de híbridos de pepineiro sob ambiente protegido Hamilton César de O Charlo 1 ; Renata Castoldi 2 ; Danilo M Melo 2 ; Rafaelle F Gomes 2 ; Karoline M Reis 1 ; Leila T Braz 2 1 IFTM - Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Rua João Ribeiro, 4000, 38064-790, Bairro Mercês, Uberaba, MG; 2 UNESP - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Departamento de Produção Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; E-mail: hamiltoncharlo@iftm.edu.br; rcastoldi@gmail.com; melo.agro@hotmail.com; rafaelle.fazzi@yahoo; karolmazzo6@gmail.com; leilatb@fcav.unesp.br. RESUMO Objetivou-se avaliar a produção e qualidade de híbridos de pepineiro cultivados em ambiente protegido. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos constaram de 10 híbridos, sendo eles: Kouki F1, Tsuyoi, Senka, Tsuyataro, Hokuho, Monster Green, Hokushin, Natsuhikori, Nankyoku e Yoshinari. Após a colheita foram avaliados número de frutos comerciais; massa fresca de frutos; comprimento do fruto; diâmetro superior do fruto; diâmetro médio do fruto; diâmetro inferior do fruto; produção comercial de frutos (kg planta -1 ); e produtividade (kg ha -1 ). Houve diferença significativa entre os híbridos avaliados para todas as características. O híbrido Tsuyoi apresentou maior número de frutos comerciais (10,80), enquanto o híbrido Nankyoku obteve maior massa fresca de frutos, com valor médio de 230g. O híbrido Monster Green apresentou maior média de comprimento, com média de 26,50 cm. Para o diâmetro superior e médio, os híbridos Senka (35,37 cm) e Nankyoku (36,31 cm) apresentaram respectivamente, as maiores médias. Já para o diâmetro inferior do fruto, a maior média foi observada no hibrido Monster Green (32,61 cm). O cultivo em ambiente protegido possibilitou boa expressão das características avaliadas entre os híbridos, sendo a escolha do híbrido dependente da preferência do mercado consumidor. Conclui-se que, quanto à produção e produtividade, os melhores híbridos foram Tsuyoi e Yoshinari. Palavras-chave: Cucumis sativus L., produtividade, cultivo protegido. ABSTRACT Performance of hybrids of cucumber under greenhouse The objective was to evaluate the yield and quality of cucumber hybrids grown in greenhouse. The experimental design was randomized blocks with four replications. Treatments consisted of 10 hybrids, which are: Kouki F1, Tsuyoi, Senka, Tsuyataro, Hokuho, Monster Green, Hokushin, Natsuhikori, Nankyoku and Yoshinari. After harvest were evaluated number of marketable fruits, weight fresh fruit, fruit length, upper fruit diameter, mean diameter of the fruit, smaller diameter of the fruit, commercial production of fruit (kg plant -1 ), and productivity (kg ha -1 ). There were significant differences among hybrids for all traits evaluated. For number of marketable fruit, hybrid Tsuyoi (10.80) showed the best average. While for fresh fruit weight (g) the hybrid Nankyoku had an average of 230 g, being higher than others. Have fruit length, o hybrid Monster Green upper performance, with 26.50 cm. For the upper and mean diameter, hybrids Senka (35.37 cm) and Nankyoku (36.31 cm) respectively show the best results. While for smaller diameter, the mean value was observed in hybrid Monster Green (32.61 cm). The protected cultivation provided good expression of those Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2906

characteristics among the hybrids, the choice of the hybrids depends on the preference of the consumer market. On the production and productivity, the best hybrids were Tsuyoi and Yoshinari. Key words: Cucumis sativus L., productivity, protected cultivation. O pepino (Cucumis sativus L.) pertence à família das cucurbitáceas, tendo como centro de origem a Índia. É uma planta de origem subtropical, sendo a temperatura ótima para o crescimento entre 18 e 24 C (Cañizares, 1998). Temperaturas inferiores a 20 C afetam o desenvolvimento do sistema radicular (Robinson & Decker-Walters, 1999). Esse foi um dos motivos pelos quais os produtores passaram a cultivar pepino em ambiente protegido a partir da década de 80, ocupando o segundo lugar, entre as principais hortaliças cultivadas neste ambiente de cultivo, seguido do tomateiro (Silva et al., 1995). De acordo com Folegatti & Blanco (2000) no Estado de São Paulo, o pepineiro encontra-se com uma das culturas mais exploradas juntamente com o tomate, o pimentão e a alface. Na última década, tem-se observado aumento mundial no cultivo de hortifrutis em ambiente protegido. No Brasil, pode-se verificar tal ocorrência, principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais. No cultivo do pepineiro, especificamente, esse aumento trouxe melhorias na qualidade dos frutos e menor risco quanto aos fatores ambientais adversos, além de proporcionar oferta durante o ano todo, contribuindo para investimentos cada vez maiores em novos sistemas de cultivo, que permitam produção adaptada a diferentes regiões e condições adversas do ambiente (Carrijo et al., 2004). Segundo Modolo & Costa (2003) vários autores destacam as vantagens do cultivo em ambiente protegido (Andriolo, 1999; Brandão Filho & Callegari, 1999; Martins, 2000). Dentre elas pode-se citar o aumento de produtividade, sendo para algumas culturas de duas a três vezes maior que a do cultivo convencional; colheitas na entressafra, diminuindo a sazonalidade de produção e regularizando o abastecimento; maior precocidade na colheita; melhor qualidade dos produtos colhidos; propicia o cultivo fora de época e em locais onde as condições climáticas são limitantes (chuvas, granizos e geadas); apresenta maior eficiência na utilização de água e fertilizantes; além de ocorrer considerável redução no ataque de pragas e doenças. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a produção e a qualidade de híbridos de pepineiro cultivados sob ambiente protegido. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2907

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido em solo, classificado como e o solo da área experimental foi classificado como sendo Latossolo eutroférrico (EMBRAPA, 1999). Obteve-se como resultados da análise química do solo da área experimental, os seguintes valores: ph = 4,8; MO = 21 g dm -3 ; P resina = 73 mg dm -3 ; K = 4,0 mmol c dm -3 ; Ca = 26,0 mmol c dm -3 ; Mg = 12 mmol c dm -3 ; H+Al = 52 mmol c dm -3 ; SB = 42 mmol c dm -3 ; T = 94 mmol c dm -3 e V% 45. A adubação de plantio foi realizada de acordo com a análise de solo, constando de 40 kg ha -1 de N, 100 kg ha -1 de K 2 O e 200 kg ha -1 de P 2 O 5 (Raij et al., 1997). O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos constaram de 10 híbridos, sendo eles: Kouki F1, Tsuyoi, Senka, Tsuyataro, Hokuho, Monster Green, Hokushin, Natsuhikori, Nankyoku e Yoshinari. Cada parcela foi constituída de seis plantas, onde foram avaliadas as quatro plantas centrais. A casa de vegetação utilizada para o cultivo é do tipo arco, com 50 m de comprimento e 12 m de largura, pé direito de 3,5 m, tela de proteção lateral com 50% de sombreamento e teto coberto com filme de polietileno de baixa densidade, com 150 micrômetros de espessura. Para a semeadura, utilizou-se o substrato Plantmax Hortaliças HT, acondicionado em bandejas de poliestireno expandido com capacidade para 128 células, colocando-se uma semente por célula. Após a semeadura, as bandejas foram acondicionadas em ambiente protegido e receberam irrigação de 3 a 4 vezes por dia. O transplante para o local definitivo ocorreu quando as mudas apresentaram a primeira folha definitiva completamente expandida. As irrigações foram realizadas por gotejamento conforme a necessidade e estádio de desenvolvimento da cultura. Conduziu-se uma planta por cova, sendo o tutoramento realizado com fitilhos plásticos, até a altura de 2,2 m do solo, onde houve a capação da haste principal. Foi conduzida apenas uma haste principal, sendo realizada a retirada dos ramos laterais até o 5º nó, e posteriormente, foram realizadas podas das gemas apicais dos ramos laterais, deixando-se três folhas por ramo lateral. Os frutos foram colhidos semanalmente quando apresentaram tamanho comercial, correspondendo a 14 colheitas no total do ciclo. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2908

As características avaliadas foram: número de frutos comerciais (NFC); massa fresca de frutos (MFF) (kg); comprimento do fruto (COMP) (cm); diâmetro superior do fruto (DSF) (cm); diâmetro médio do fruto (DMF) (cm); diâmetro inferior do fruto (DIF) (cm); produção comercial de frutos (PCF) (kg planta -1 ); e produtividade (PCEH) (kg ha -1 ). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, através do Programa AgroEstat (Sistema para Análise Estatística de Ensaios Agronômicos), versão 1.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a análise de variância, houve diferença significativa entre os híbridos avaliados para todas as características. Para a característica de números de frutos comerciais (Tabela 1), o híbrido Tsuyoi se destacou, obtendo valores superiores aos demais, com média de 10,80 frutos por planta. Essa média obtida não difere, entretanto, dos híbridos Yoshinari (10,12 frutos), Kouki (9,40 frutos), Tsuyataro (8,92 frutos), Senka (8,55 frutos), Nankyoku (7,65 frutos) e Hokuho (7,52 frutos). O híbrido Monster Green apresentou desempenho inferior nessas condições, com média de 3,45 frutos. A quantidade de frutos comerciais produzidos pelas plantas está relacionada ao genótipo e também ao ambiente, sendo que em ambos os casos, a produção de flores femininas é uma das principais características determinantes (Rudich et al., 1972). Cardoso & Silva (2003) também atribuem o maior número de frutos por planta as características intrínsecas de cada hibrido, onde híbridos de caráter ginóico ou com grande números de brotações laterais, apresentem maior número de frutos. Com relação à massa fresca de frutos (Tabela 1) verificou-se maior média para o híbrido Nankyoku (230 g), porém esse não diferiu dos demais. Segundo Cardoso & Silva (2003) o maior peso médio de frutos de pepineiro pode ser decorrente do maior comprimento ou diâmetro, onde frutos visualmente mais curtos e finos refletem menores valores de peso médio. Para comprimento de fruto (Tabela 1) o híbrido Monster Green apresentou desempenho superior, com 26,50 cm. Porém não diferiu de Kouki, Tsuyoi, Tsuyataro, Hokuho, Natsuhikori, e Nankyoku. Segundo Filgueira (2007) pepineiros do grupo japonês Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2909

caracterizam-se tipicamente por apresentarem formato afilado e alongado, em média com 20 a 30 cm de comprimento. Já para a característica de diâmetro superior (Tabela 1), o híbrido Nankyoku (36,31 cm) e Senka (35,37 cm) apresentaram as maiores médias, mas não diferiram dos outros híbridos. Para diâmetro médio as maiores médias foram obtidas pelo híbrido Nankyoku (36,69 cm), também não diferindo estatisticamente dos demais híbridos. Enquanto que para o diâmetro inferior, a maior média foi observada no hibrido Monster Green (32,61 cm), que não diferiu de Nankyoku (30,57 cm), Hokuho (28,33 cm), Yoshinari (28,21 cm), Hokushin (28,15 cm), Senka (27,76 cm) e Tsuyataro (27,64 cm). Fernandes et al. (2002) ao avaliarem pepineiro em diferentes soluções nutritivas, também não obtiveram variações significativas no comprimento e diâmetro dos frutos. Estes autores justificaram este fato através da padronização do ponto de colheita. Demonstrando, portanto, que estas características biométricas são particulares de cada híbrido, ou cada material genético, sendo que a escolha do formato e do comprimento são características que devem ser exploradas de acordo com o mercado consumidor. Quanto à produção comercial de frutos (kg/planta) os híbridos Tsuyoi e Yoshinari apresentaram as maiores produções, porém não diferiram dos híbridos Kouki, Senka, Tsuyataro, Hokuho, Natsuhikori e Nankyoku. Os que apresentaram menor produção foram Monster Green e Hokushin. Resultados semelhantes foram obtidos por Cardoso & Silva (2003), onde o híbrido Tsuyataro apresentou superioridade aos demais, com exceção de Rensei e Natsusuzumi, enquanto que Hyuma, BU-92 e Top Green apresentaram menor produção. Em relação à produtividade comercial estimada (Tabela 1) foi observado desempenho superior para os híbridos Tsuyoi e Yoshinari. Estatisticamente esses híbridos não diferiram de Kouki, Senka, Tsuyataro, Hokuho, Natsuhikori e Nankyoku. Hora (2006) trabalhando com avaliação de pepineiros em ambiente protegido relatou que o híbrido Tsuyataro apresentou as maiores produtividades, proporcionando incremento de 68% na produção. Ainda, segundo Hora (2006) essa diferença pode ter como explicação a característica produtiva de cada híbrido, ou também, segundo Goto (2001) de que a produção é o reflexo de todo o crescimento e desenvolvimento da planta durante seu ciclo de vida, e quando as condições são ideais, os reflexos positivos são diretos, gerando assim altas produtividades. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2910

Assim, o cultivo em ambiente protegido possibilitou boa expressão das características avaliadas entre os híbridos, sendo a escolha do híbrido dependente da preferência do mercado consumidor, não sendo recomendado, apenas os híbridos Moster Green e Hokushin nas condições em que foram avaliados. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo auxilio à participação em evento concedido ao primeiro autor do trabalho. REFERÊNCIAS ANDRIOLO JL. 1999. Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria: Editora da UFSM. 142 p. BRANDÃO FILHO JUT; CALLEGARI O. 1999. Cultivo de hortaliças de frutos em ambiente protegido. Belo Horizonte, v. 20, p. 64-68. (Informe Agropecuário n. 200/201) CAÑIZARES KAL. A cultura do pepino. 1998. In: GOTO R; TIVELLI SW. Produção de hortaliças em ambiente protegido: condições subtropicais. São Paulo: UNESP. p. 195-223. CARDOSO AII; SILVA N. 2003. Avaliação de híbridos de pepino tipo japonês sob ambiente protegido em duas épocas de cultivo. Horticultura Brasileira 21: 170-175. CARRIJO OA; VIDAL MC; REIS NVB; SOUZA RB; MAKISHIMA N. 2004. Produtividade do tomateiro em diferentes substratos e modelos de casas de vegetação. Horticultura Brasileira 22: 05-09. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. 1999. Sistema brasileiro de classificação de solos: produção de informação. Rio de Janeiro, 412 p. FERNANDES AA; MARTINEZ HEP; OLIVEIRA LR. 2002. Produtividade, qualidade dos frutos e estado nutricional de plantas de pepino cultivado em hidroponia, em função das fontes de nutrientes. Horticultura Brasileira 20: 571-575. FILGUEIRA FAR. 2007. Novo Manual de Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 3ed. rev. e ampl. Viçosa, MG: UFV. 421p. FOLEGATTI MV; BLANCO FF. 2000. Desenvolvimento vegetativo do pepino enxertado irrigado com água salina. Scientia Agrícola 57: 451-457. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2911

GOTO R. 2001. Qualidade e produção de frutos de pepino japonês em função dos métodos de enxertia. Botucatu: UNESP-FCA. 60p (Tese de Livre docência). HORA RC. 2006. Avaliação de pepineiro enxertado em diferentes ambientes. Botucatu: UNESP-FCA. 69 p (Tese de doutorado). MARTINS, G. 2000. Cultivo em ambiente protegido - O desafio da plasticultura. In: FILGUEIRA FAR. 2007. Novo Manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. p. 135-153. MODOLO VA; COSTA CP. 2003. Avaliação de linhagens de Maxixe Paulista em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 21: 632-63. RAIJ BV; CANTARELLA H; QUAGGIO JA; FURLANI AMC. 1997. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 285p. ROBINSON RW; DECKER-WALTERS DS. 1999. Cucurbits. Cambridge: CAB International. 226p. RUDICH J; HALEVY AH; KEDAR N. 1972. Ethylene evolution from cucumber plants as related to sex expression. Plant Physiology 49: 998-999. SILVA AA; SOPRANO E; VIZZOTTO VJ; GRANZOTTO MS. 1995. Caracterização de deficiências nutricionais em pepineiro. Santa Catarina: EPAGRI. 35p. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2912

híbridos de pepineiro em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 30: S2906-S2913. Tabela 1. Valores médios do número de frutos comerciais (NFC), massa fresca de frutos (MFF), comprimento (COMP), diâmetro superior (DSF), diâmetro médio (DMF), diâmetro inferior de fruto (DIF), produção de fruto comercial (PFC) e produtividade (PCEH) [Mean values of number of commercial fruits (NFC), weight marketable fruits (MFF), length (COMP), upper diameter (DSF), average diameter (DMF), smaller fruit diamter (DIF), commercial fruit production (PFC) and yield (PCEH)]. Híbridos (H) NFC MFF (g) COMP (cm) DSF (cm) DMF (cm) DIF (cm) PCF (kg planta -1 ) PCEH (kg ha -1 ) Kouki F1 9,40 ab 185 b 23,68 abc 30,58 b 30,98 ab 27,09 b 1,74 ab 34820,00 ab Tsuyoi 10,80 a 187 ab 24,71 abc 32,37 ab 32,21 ab 26,64 b 2,03 a 40645,00 a Senka 8,55 abc 181 b 22,17 c 35,37 a 35,05 ab 27,76 ab 1,56 ab 31122,50 ab Tsuyataro 8,92 abc 193 ab 25,37 ab 32,58 ab 33,36 ab 27,64 ab 1,72 ab 34355,00 ab Hokuho 7,52 abc 198 ab 23,67 abc 34,65 ab 33,85 ab 28,33 ab 1,51 ab 30285,00 ab Monster Green 3,45 d 210 ab 26,50 a 31,63 ab 29,42 b 32,61 a 0,72 c 14412,50 c Hokushin 5,70 cd 192 ab 22,25 c 32,24 ab 32,75 ab 28,15 ab 1,10 bc 22077,50 bc Natsuhikori 6,95 bcd 202 ab 24,58 abc 32,77 ab 33,25 ab 26,17 b 1,40 abc 27952,50 abc Nankyoku 7,65 abc 230 a 23,66 abc 36,21 a 36,69 a 30,57 ab 1,75 ab 34962,50 ab Yoshinari 10,12 ab 197 ab 23,54 bc 34,05 ab 33,96 ab 28,21 ab 1,99 a 39765,00 a CV% 18,74 9,44 5,01 5,83 7,59 7,59 20,70 20,70 Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Means followed by letters equal in the column don t differ significantly between them, according to Tukey s test, 5% probability). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 2913