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Transcrição:

Em sintonia com o mercado [Caixaria] Caixa de problemas Ultrapassada, inadequada, meio de transporte de doenças e causadora de perdas. Com tantos adjetivos contrários ao seu uso, as caixas de madeira contam as horas para serem extintas dos entrepostos em Minas Fotos Ignácio Costa Vista parcial do no Mercado Livre do Produtor (MLP), da Ceasa, em Contagem (MG): as caixas de madeira ainda representam 70% das embalagens no atacado de FLV Adenilson Fonseca T odo domingo, Éverson Pinto Moreira sai de madeira, a caixa K, o que, para ele, não deveria de Martinho Campos, a cerca de 180 quilômetros da Ceasaminas, em Contagem, Nas principais redes mineiras de supermer- existir mais. na Grande BH, e pernoita nas imediações cados, o uso dessa embalagem ficou para trás e do entreposto para fazer as compras na segunda-feira bem cedinho. Lá, carrega o caminhão presas menores. Os argumentos para condená-la a mudança vem sendo acompanhada pelas em- de hortigranjeiros e retorna ao Supermercado Ki à extinção são muitos: são anti-higiênicas, antiecológicas, baixo ou nulo interesse de reciclagem; Joia. A rotina, embora desgastante, não é problema, e ele até gosta da viagem. Mas tem algo que acarretam problemas fitossanitários e causam perdas do o incomoda muito: levar os produtos nas caixas hortifruti. 60

Ainda assim, elas continuam no mercado desde a sua adoção como embalagem, o que, aliás, já teve início de forma, no mínimo, inadequada (*). Além do reúso de uma embalagem para transportar combustível, outra inadequação é que ela não foi adaptada aos produtos hortícolas, mas estes a ela. Ou seja, produtos frágeis, como tomate, são apertados e amassados ao serem colocados nessas caixas. O resultado não poderia ser outro: um alto índice de perdas. Ainda maioria Na Ceasaminas, não há informação oficial sobre o volume, mas visualmente não estaria distante um cálculo de que essas embalagens representam algo próximo de 70% do que é movimentado no Mercado Livre do Produtor (MLP). A elas se somam os sacos, as caixas de papelão e, de forma crescente, as caixas plásticas padronizadas, retornáveis e higienizáveis. Para o comprador de hortifrutigranjeiros do "A caixa plástica é totalmente positiva" Supermercados BH, Leonardo Lavorato Arantes, o principal problema das caixas de madeira é que elas nunca entregam o que prometem. Ou seja, não vêm com o conteúdo informado pelo vendedor. É sobre essa diferença de peso que o Instituto de Metrologia e Qualidade do Estado de Minas Gerais (Ipem-MG), num trabalho conjunto com a Associação Mineira de Supermercados (AMIS), o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Belo Horizonte (Sicovaga-BH) e a Ceasaminas, vem lançando olhares fixos para que seja adotada uma embalagem que permita a conferência. A metrologia é que vai regular o mercado, para eliminar a imprecisão, informa o diretorgeral do Ipem-MG, Fernando Sette. Éverson Pinto Moreira, do Supermercado Ki Joia, tem uma opinião bem clara sobre as caixas de madeira. Aquilo é só problema, resume. Mesmo as embalagens de papelão, uma alternativa mais moderna à caixa K, é reprovada por ele. Ela custa de R$ 2 a R$ 3 e não é boa, também. Quando chove, ela amolece e fica pior, relata. (*) A caixa K surgiu durante a segunda Guerra Mundial. Era usada para transporte de querosene, ou Kerosene, em inglês, daí o nome caixa K. O tamanho e formato foram desenvolvidos para caber duas latas de 20 litros. Como se tratava de uma embalagem resistente, logo foi reaproveitada no transporte de hortifruti. Plástica e retornável Com esse preço, e pelo fato de serem descartáveis, elas se tornam ainda menos recomendadas, diante de um custo médio na casa dos R$ 13 da caixa plástica retornável. Diante disso, a rede Supermercados BH passou a usar só caixa plástica, que é retornável e higienizável. A caixa plástica é totalmente positiva, assegura Arantes. Outra reclamação de Moreira é quanto à maquiagem dos produtos vendidos na caixa de outubro de 2016 61

Em sintonia com o mercado [Caixaria] madeira. Como elas vêm fechadas, o comprador não tem como avaliar todo o conteúdo e acaba comprando produtos danificados embalados no interior da caixa. O principal problema que eu vejo na embalagem de madeira é a falta de qualidade, disse. Quando acho um produto que está na caixa plástica, eu dou preferência a ele. As caixas plásticas são melhores até para arrumar no caminhão. Não tem nada favorável nas caixas de madeira, enfatiza. No alto, tomate embalado em caixa de madeira, tipo K, já apresentando danos ainda exposto para venda no Mercado Livre do Produtor (MLP), da Ceasa, em Contagem (MG); no mesmo local, pepinos "forçam" as ripas que fecham uma caixa, tipo K Não demonizar Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a participação das caixas de madeira está caindo desde 2014, quando foram iniciados levantamentos sobre o assunto. Na mesma proporção, as embalagens de papelão e as de plástico estão crescendo. Ainda assim, em 2015, das 241 milhões de embalagens que passaram pelo entreposto, 39% foram de madeira. A embalagem de papelão predomina nas frutas e nos legumes; a embalagem de madeira nas verduras e a sacaria nos diversos, informa a engenheira agrônoma e chefe da Seção de Economia e Desenvolvimento da Ceagesp, Anita Gutierrez. Lá, a posição é de mais tolerância com a caixa K, mas não com a falta de qualidade. A opinião de Anita é que não há nada de errado com a madeira como matéria-prima para embalagem e que podem ter embalagens muito boas ou muito ruins de plástico e de papelão também. Inclusive, informa, muitas das frutas importadas da Europa, de ótima qualidade e muito valorizadas, são embaladas em caixas de madeira laminada, que concorrem em beleza e praticidade com a melhor caixa de papelão. Anita destaca que as caixas de madeira e as de papelão são embalagens descartáveis, que só podem ser utilizadas uma vez e depois encaminhadas para reciclagem, já que não são higienizáveis. Até aí, de fato, não há problemas, mas quando o assunto é a qualidade... 62

A grande rejeição à embalagem se deve à má qualidade da maioria das embalagens de madeira e à sua reutilização. Embalagens pesadas, grosseiras, feias, que machucam o produto, sem garantia ou identificação do fabricante, são reutilizadas, comercializadas, usadas, disse. Por outro lado, segundo ela, é um erro muito grande demonizar a caixa de madeira. A justificativa é que a concorrência entre os fornecedores de embalagens de diferentes tipos de matéria-prima é a única maneira de garantir embalagens boas e com preços acessíveis. Vários tipos A posição da Ceagesp encontra respaldo na Associação Comercial da Ceasa-MG (ACCeasa). O Diretor Administrativo da entidade, Márcio Ferreira, diz que os comerciantes não são favoráveis à troca total de outras opções pelas caixas plásticas retornáveis. Muitos comerciantes preferem operar com caixas descartáveis, e não podemos amarrar o mercado a um único tipo de embalagem, justifica. Ferreira compara a realidade vivida na Ceasa com o que é praticado em países europeus. Estivemos em vários mercados atacadistas na Europa, como em Milão, Madri e Bologna. Em todos esses lugares, existem as caixas descartáveis de madeira e de papelão. As caixas plásticas se restringem aos distribuidores, que entregam diretamente no estabelecimento do cliente e também recolhem essas caixas, com total controle sobre o processo, disse. IN 9 Há o interesse de toda a cadeia em substituir as embalagens. Existe inclusive instrumento jurídico que respalda a mudança, a Instrução Normativa Conjunta, número 9, (IN 9), de 12 de novembro de 2002, publicada pela Secretaria de Apoio Rural e Cooperativismo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SARC/ MAPA); a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Saúde (Anvisa/MS); e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Inmetro/MDIC). Veículo em processo de carregamento após as compras no Mercado Livre do Produtor (MLP), da Ceasa, em Contagem (MG), evidenciando a presença de caixas plásticas padronizadas outubro de 2016 63

Em sintonia com o mercado [Caixaria] (**) O nome 6424 se refere às medidas de 60 centímetros de comprimento por 40 de largura e 24 de altura. Porém, quanto à altura, há várias outras medidas mais adaptadas aos diversos tipos de produtos. A caixa com 14 centímetros de altura é ideal para embalar morango, por exemplo. Repolho embalado em caixas de simples de madeira, exposto para venda no Mercado Livre do Produtor (MLP), da Ceasa, em Contagem (MG) "As caixas de madeira têm desvantagens que, à luz do bom senso, as colocariam fora de circulação" O coordenador do Serviço de Agroqualidade da Ceasaminas, Joaquim Alvarenga, é um dos defensores da mudança nas embalagens. Segundo ele, as caixas de madeira têm desvantagens que, à luz do bom senso, as colocariam fora de circulação de imediato. É que além de provocar perdas de até 30% em produtos como tomates, elas são meio de transporte de doenças que podem acarretar sérios prejuízos às plantações de culturas hortícolas em diversas regiões. A IN 9 defende que as embalagens podem ser descartáveis ou retornáveis; as retornáveis devem ser resistentes ao manuseio a que se destinam, às operações de higienização, e não devem se constituir em veículos de contaminação. E prossegue: devem estar de acordo com as disposições específicas referentes às boas práticas de fabricação, ao uso apropriado e às normas higiênico-sanitárias relativas a alimentos. Segundo Alvarenga, as caixas plásticas 6424 (**), que são as aprovadas pela Ceasaminas, têm tara de 2 quilos, enquanto as de madeira não têm uma medida certa porque mudam conforme a variedade da madeira, a espessura da tábua e até com o clima. Ao comprar uma caixa de tomates de 20 quilos embalados na caixa plástica, o comprador sabe que a tara é de dois quilos e que ele está levando 18 quilos de tomate, enquanto na caixa de madeira não dá para ter essa precisão, exemplifica. Reúso A bem da verdade, o uso das caixas de madeira e das de papelão não é proibido. O erro está no reúso delas. O procedimento correto seria destinar as de madeira aos locais de incineração ou de 64

Em sintonia com o mercado [Caixaria] (***) O comprador chega à Ceasa com as caixas padronizadas vazias, vai ao Banco de Caixas (UAI), uma empresa terceirizada que fica nas instalações do entreposto, e deposita as caixas sujas para higienização. Como garantia, o comprador recebe os vale-caixas correspondentes à quantidade de caixas deixadas no banco. Em seguida ele entra na Ceasa, faz as compras e leva tudo em caixas plásticas padronizadas e higienizadas e deixa os vales com o vendedor. Este, ao sair, vai ao banco de caixas, paga o valor da higienização, recebe novas caixas limpas e volta a campo para buscar novos produtos. (****) Quando a reportagem foi feita, o valor do vale estava em discussão e já pode ter sido alterado neste momento. Havia também uma diferença de preço cobrado pela higienização entre a Coophemg e o Banco de Caixas (Uai). 66 reaproveitamento para outras finalidades, e as de papelão enviadas para reciclagem após o primeiro uso. O que, segundo Joaquim Alvarenga, encontra forte resistência, principalmente por parte dos produtores. Essa justificativa, porém, não é bem aceita no MLP. O presidente da Associação dos Produtores de Hortigranjeiros das Ceasas do Estado de Minas Gerais (Aphcemg), Ladislau Jerônimo de Melo, rechaça a ideia de que o entrave é o produtor. O nosso problema é o comprador, que não quer arcar com o preço do vale, destaca. O vale (***) a que o presidente se refere é uma espécie de garantia que o vendedor recebe para retirar as embalagens higienizáveis no banco de caixas, um serviço executado por empresa terceirizada, que fica nas instalações do entreposto, e pela Cooperativa dos Produtores de Hortifrutigranjeiros das Ceasas do Estado de Minas Gerais (Coophemg), instalada ao lado do MLP. Melo informa que a maior resistência vem do comprador, que não quer ter responsabilidade sobre caixas retornáveis e coloca o produtor em situação de ter de aceitar essa condição. Nós estamos aqui para vender e precisamos vender os produtos, alega. Nesse processo há ainda um terceiro interessado que exerce importante poder. Os que compram as caixas usadas dos varejistas por R$ 0,80 e as repassa aos produtores por R$ 1,30 são conhecidos na Ceasa como caixoteiros, representados por empresas e pessoas físicas. Aí é que reside uma perda oculta que está clara para o presidente da Aphcemg, mas não para compradores. A caixa de madeira é revendida por R$ 0,80 depois do uso, numa transação que não é permitida, ao invés de pagar o custo da higienização, que fica da casa dos R$ 0,70, (****) mas o comprador de hortifruti se esquece de fazer outra conta. Ele está visando o ganho de R$ 0,80 centavos com a venda da caixa, mas se esquece da perda de dois quilos dos produtos por caixa, disse o presidente da Aphcemg, reconhecendo a perda causada pela caixa K. Trabalho conjunto O presidente do Sicovaga BH, Gilson de Deus Lopes, proprietário do Supermercado 2B, na Capital, aposta numa solução conjunta. Eu acredito que o que temos de fazer é nos reunirmos e resolver. Nós estamos num processo que é bom para todos, então eu acredito que se a gente sentar, vamos resolver, aposta. Numa opinião parecida com a do presidente da Aphcemg, ele projeta que quem hoje é contra a mudança das caixas por algum interesse de curto prazo, vai ver que em médio prazo terão um resultado muito melhor. Se não houver acordo, Lopes acredita que a situação possa ser resolvida de outra forma. O diálogo é muito importante, mas se não for resolvido, por ser por algum decreto, aponta o presidente do Sincovaga BH, que representa também os sacolões, grandes distribuidores de produtos hortigranjeiros comercializados na Ceasa. O presidente da Coophemg, José Antônio Dias Silveira, é um dos defensores do uso das caixas padronizadas e higienizáveis. Ele defende que os custos com a embalagem devem ser, sim, arcados pelos produtores, sob um argumento óbvio. Quando você compra arroz, feijão ou café, você compra embalado, não é?, Então eu não posso vender tomate para uma pessoa e falar com ela: chega a mão aí, toma um, dois, três... Ou seja, quem vende tem de entregar o produto embalado. A Coophemg tem, inclusive, um sistema de fornecimento das caixas pelo qual o comprador não precisa arcar com nenhum custo, apenas o compromisso de devolver a embalagem sem danos. Neste caso, a taxa de higienização no valor de R$ 0,85 é paga pelo produtor ou vendedor. A obrigação de embalar é do fornecedor, e não do comprador, avalia Silveira. Outra vantagem da caixa plástica é que ela pode ser usada para produtos como abacaxi, melancia, abóbora ou repolho, que têm porte maior. A embalagem é disponibilizada em vários tamanhos, mas sem sair do formato

adequado para empilhamento. Segundo cálculos da Coophemg, as caixas plásticas representam uma economia de até 80%, quando comparadas ao uso de embalagens de madeira ou de papelão. Ainda de acordo com informações do presidente da cooperativa, um terço das embalagens usadas no entreposto atualmente são as retornáveis. No fim das contas... Quando se ouve todas as partes, fica claro que a caixa de madeira, tal como é hoje, já passou da hora de sair do mercado, mas ainda guarda simpatia de alguns envolvidos. O fato é que ela paga um preço alto não por existir, mas por não ter evoluído ao longo do seu mais de meio século de existência. A sua principal falha é não oferecer condições de aferição do peso, e aí uma das partes, fatalmente, ficará prejudicada. Se a caixa não for padronizada, a relação comercial não será justa, resume o diretor-geral do Ipem-MG, Fernando Sette. para saber mais 2B Supermercado: 31 3334-4813 Supermercados BH: 31 3117-2600 Ki Joia Supermercado: 37 3524-1201 ACCeasa: 31 3394-1155 Aphcemg: 31 3394-3860 Ceasaminas: 31 3399-2050 Ceagesp: 11 3643-3700 Coophemg: 31 3394-2111 Ipem-MG: 31 3399-7100 A Coophemg montou um sistema de fornecimento de caixas outubro de 2016 67