PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS, CABEÇA E PESCOÇO, NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE NO PERÍODO DE 2005 A 2015.

Documentos relacionados
Informe Epidemiológico- Câncer de Mama

AVALIAÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO SOBRE O CÂNCER DE BOCA DOS IDOSOS NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ: PROJETO DE PESQUISA

EDITAL DE SELEÇÃO DE ESTUDANTES DO CURSO DE FISIOTERAPIA PARA PROJETO EXTENSÃO ATENÇÃO BÁSICA E ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA A PACIENTES ONCOLOGICOS

Tumores múltiplos em doentes com carcinoma da cabeça e pescoço Serviço de Oncologia Médica do CHLN Hospital de Santa Maria

ANÁLISE DA MORTALIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE NEOPLASIA CUTÂNEA EM SERGIPE NO PERIODO DE 2010 A 2015 RESUMO

ENFERMAGEM EM ONCOLOGIA

Registro Hospitalar de Câncer - RHC HC-UFPR Casos de 2007 a 2009

Coordenação de Epidemiologia e Informação

Vida Você Mulher. O que é. Proteção. Público Alvo

EXPANSÃO DA RADIOTERAPIA NO BRASIL: NOVAS ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR A OFERTA NO PAÍS

CÂNCER EM HOMENS MANUTENÇÃO DA SAÚDE MASCULINA

CÂNCER ORAL E OS DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO PRECOCE: REVISÃO DE LITERATURA.

PERFIL SÓCIODEMOGRÁFICO DE USUÁRIOS COM CÂNCER ATENDIDOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL

CARACTERIZAÇAO SOCIODEMOGRÁFICA DE IDOSOS COM NEOPLASIA DE PULMAO EM UM HOSPITAL DE REFERENCIA EM ONCOLOGIA DO CEARA

CÂNCER DE BOCA E OROFARINGE

SISTEMAS DE REGISTRO DE MESOTELIOMA: REGISTROS DE CÂNCER NO BRASIL E NO ESTADO DE SÃO PAULO

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2009

SOBREVIVÊNCIA GLOBAL. Doentes diagnosticados em IPO Porto

SOBREVIVÊNCIA GLOBAL. Doentes diagnosticados em IPO Porto

TÍTULO: PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS PACIENTES COM CÂNCER DE BOCA ATENDIDOS NO HOSPITAL DE CÂNCER DE MATO GROSSO (HCMT)

SOBREVIVÊNCIA GLOBAL. Doentes diagnosticados em Região Norte

MORBIDADE E MORTALIDADE POR CÂNCER DE MAMA E PRÓSTATA NO RECIFE

EPIDEMIOLOGIA, ESTADIAMENTO E PREVENÇÃO DO CÂNCER

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO GRUPO INTERDISCIPLINAR DE SUPORTE ONCOLÓGICO

LISTA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS APROVADOS

Vigilância das Doenças Crônicas Não

SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES: Recife, 2006 a 2016

Artigo Original TUMORES DO PALATO DURO: ANÁLISE DE 130 CASOS HARD PALATE TUMORS: ANALISYS OF 130 CASES ANTONIO AZOUBEL ANTUNES 2

4ª Reunião do GT de Oncologia. Projeto OncoRede

Tratamento Radioterápico do Câncer de Próstata

Estudo Epidemiológico de Casos de Câncer no Estado de Mato Grosso do Sul - MS

Professor: Júlia Sousa Santos Nunes Titulação: Graduada em Enfermagem (UESB), pós-graduada em Obstetrícia (UESC) e PLANO DE CURSO

Desafios para a promoção, prevenção e tratamento do câncer: O panorama global e o Brasil

MORTALIDADE POR CÂNCER DE COLO DE ÚTERO, CARACTERÍSTICAS SÓCIODEMOGRÁFICAS E COBERTURA DO EXAME PAPANICOLAU NA PARAÍBA,

O EFEITO DO TABACO E DO ÁLCOOL E DAS SUAS REDUÇÕES/PARADAS NA MORTALIDADE EM PACIENTES COM CÂNCER ORAL

PLANO DE CURSO. CURSO DE ENFERMAGEM Reconhecido pela Portaria nº 270 de 13/12/12 DOU Nº 242 de 17/12/12 Seção 1. Pág. 20

PERFIL DO PACIENTE ATENDIDO NO PROJETO DE EXTENSÃO:

EFEITOS COLATERAIS BUCAIS DA RADIOTERAPIA NAS REGIÕES DE CABEÇA E PESCOÇO E A ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA: REVISÃO DE LITERATURA

PLANO DE CURSO. CURSO DE ENFERMAGEM Reconhecido pela Portaria nº 270 de 13/12/12 DOU Nº 242 de 17/12/12 Seção 1. Pág. 20

GLOBAL. Doentes diagnosticados em IPO-Porto

A RELAÇÃO ENTRE O DIAGNÓSTICO PRECOCE E A MELHORIA NO PROGNÓSTICO DE CRIANÇAS COM CÂNCER

Ano V Mai./2018. Prof. Dr. André Lucirton Costa, Adrieli L. Dias dos Santos e Paulo

POLÍTICA DAS DANT Doenças e Agravos Não Transmissíveis Coordenação Geral das Políticas Públicas em Saúde - SMS/PMPA

PRÁ-SABER DIGITAL: Informações de Interesse à Saúde SISCOLO Porto Alegre 2007

Unidade Central de Gestão de Inscritos para Cirurgia

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES COM NEOPLASIA DE MAMA EM TRATAMENTO COM TRANSTUZUMABE EM HOSPITAL NO INTERIOR DE ALAGOAS

Programa de Residência Multiprofissional em Oncologia ESTOMATOLOGIA. Comissão de Residência Multiprofissional - COREMU

O que é e para que serve a Próstata

REGISTO ONCOLÓGICO 2014

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CAMPUS DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE - CCBS DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

INTERNAÇÕES HOSPITALARES DE IDOSOS POR PROBLEMAS PROSTÁTICOS NO CEARÁ NO PERÍODO

GBECAM. O Câncer de Mama no Estado de São Paulo

ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

CONHECIMENTO DE INDIVÍDUOS ACIMA DE 50 ANOS SOBRE FATORES DE RISCO DO CÂNCER BUCAL

REGISTO ONCOLÓGICO 2016

REGISTO ONCOLÓGICO 2013

Universidade Federal do Ceará Módulo em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Tumores das Glândulas Salivares. Ubiranei Oliveira Silva

Mapeamento de equipamentos de radiodiagnóstico e radioterapia em uso na região norte.

Dra. Mariana de A. C. Lautenschläger Dr. Milton Flávio Marques Lautenschläger Dr. Rafael Aron Schmerling

Inclusão do Cirurgião Dentista na Equipe Multiprofissional no Tratamento de Pacientes de Álcool e Drogas

Vigilância das Doenças Crônicas Não

VIGILÂNCIA EM SAÚDE BUCAL AÇÃO COMUNITÁRIA DE PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER BUCAL

Vigilância das Doenças Crônicas Não

Dia Mundial de Combate ao Câncer: desmistifique os mitos e verdades da doença

Noções de Oncologia. EO Karin Bienemann

CAPES Interdisciplinar sub área Saúde e Biologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CLÍNICA CIRÚRGICA

Linfoma extranodal - aspectos por imagem dos principais sítios acometidos:

Lesões e Condições Pré-neoplásicas da Cavidade Oral

DISTRIBUIÇÃO, CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EPIDEMIOLÓGICAS DO CÂNCER BUCAL NO ESTADO DA BAHIA,

2015, Fundação Amaral Carvalho

Registo Oncológico Nacional 2007 Versão Preliminar

CÂNCER: EPIDEMIOLOGIA E CARCINOGÊSENE

Gaudencio Barbosa R4 CCP HUWC UFC

OCORRÊNCIA DE NEOPLASIAS MAMARIA NO HOMEM DO NORDESTE BRASILEIRO

LIGA ACADÊMICA DA MAMA NA 9º CORRIDA E CAMINHADA DO ISPON CONTRA O CÂNCER

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 14. Profª. Lívia Bahia

REGISTO ONCOLÓGICO 2009

Vigilância das Doenças Crônicas Não

Registo Oncológico Nacional

Vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil

CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DO EXAME CITOPATOLÓGICO NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO DAS MULHERES USUÁRIAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

ADENOMA PLEOMÓRFICO: DESAFIOS DO TRATAMENTO A Propósito de Um Caso Clínico

MORTALIDADE POR DE CÂNCER DE MAMA NO ESTADO DA PARAÍBA ENTRE 2006 E 2011

O câncer afeta hoje mais de 15 milhões de pessoas no mundo todos os anos, levando cerca de 8 milhões a óbito.

Programa de Residência Médica CANCEROLOGIA PEDIÁTRICA. Comissão de Residência Médica COREME

EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIOTERAPIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO.

REGISTO ONCOLÓGICO 2012

SOBREVIVÊNCIA GLOBAL. Doentes diagnosticados em IPO Porto

P L A N O D E E N S I N O

Análise Nº 03/2009. O impacto do câncer no Município de São Paulo

IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO E DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA O CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO NO BRASIL

CARACTERIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS EM IDOSOS COM INFECÇÃO RELACIONADA À SAÚDE EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER

&PREVALÊNCIA DE CÂNCER ENTRE USUÁRIOS

A IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NA PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER DE BOCA

BIOLOGIA. Hereditariedade e Diversidade da Vida Câncer. Prof. Daniele Duó

REGISTO ONCOLÓGICO INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA DE FRANCISCO GENTIL CENTRO REGIONAL DE ONCOLOGIA DO PORTO, EPE

ENFERMAGEM PERGUNTA 1

TABELA DE PROCEDIMENTOS SUS

Conceito e Uso do PET/CT em Cabeça e Pescoço. Carlos Eduardo Anselmi

Transcrição:

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS, CABEÇA E PESCOÇO, NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE NO PERÍODO DE 2005 A 2015. Ulysses Mendes de Lima; Guilherme Zacarias de Alencar Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ, ulysses_mendes@yahoo.com.br Segundo a Organização Mundial de Saúde Câncer é o crescimento descontrolado e disseminação de células. Ele pode afetar quase qualquer parte do corpo. Os crescimentos muitas vezes pode invadir o tecido circunvizinho e pode, por metástase, ir para locais distantes. As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando inter-relacionadas. Fatores sociais e ambientais assim como o aumento da expectativa de vida têm contribuído para o aumento das doenças crônico-degenerativas como também seus diferentes padrões de ocorrência em distintas regiões do país. A exposição a fatores de risco ambientais relacionados com o processo de industrialização, além de outros fatores relacionados com as disparidades sociais contribuem para a distribuição epidemiológica dos diversos tipos de câncer no Brasil. O tabaco e o álcool, associados à predisposição genética, têm sido relatados na literatura como os principais fatores de riscos para o CEC de boca. O papilomavírus humano (HPV) também pode comportar-se como mais um cocarcinógeno para o câncer de cavidade oral, assim como a radiação solar para carcinomas de lábio..o objetivo desse trabalho foi o de descrever o perfil epidemiológico e clínico de indivíduos acima dos cinquenta anos, contidos no Sistema de Informação de Registros Hospitalares de Câncer, vinculado ao Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva relatando o perfil epidemiológico e clínico das neoplasias localizadas na cabeça e pescoço, de interesse odontológico no período de 2005 a 2015. Metodologia: Realizou-se um estdo descritivo com uma abordagem indtiva e procedimentos com estatísticos por meio de técnica de documentação indireta. Foram identificados durante o período analisado de n= 1.485 casos, o Hospital Dr. Luiz Antônio foi a entrada no sistema, a região primária com maior incidência de neoplasias foi a língua, o gênero masculino foi o mais prevalente, a etnia parda foi a de maior frequência, a baixa escolaridade, fumantes e que usam o álcool. O estadiamento IV foi o de maior incidência e o carcinoma escamocelular a neoplasia mais identificada. É fundamental que o monitoramento da morbimortalidade por câncer incorpore-se na rotina da gestão da saúde de modo a tonar-se instrumento essencial para o estabelecimento de ações de prevenção e controle do câncer e de seus fatores de risco. Neoplasias bucais, epidemiologia, registros hospitalares.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS, CABEÇA E PESCOÇO, NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE NO PERÍODO DE 2005 A 2015. Ulysses Mendes de Lima; Guilherme Zacarias de Alencar Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2014) Câncer é o crescimento descontrolado e disseminação de células. Ele pode afetar quase qualquer parte do corpo. Os crescimentos muitas vezes pode invadir o tecido circunvizinho e pode, por metástase, ir para locais distantes. Para o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) (2016) as causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando inter-relacionadas. As causas externas referem-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de uma sociedade. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. De acordo com a diretora-geral da OMS, Dra. Margeret Chan, no ano de 2005 o câncer foi a segunda causa de mortes no mundo, depois de doenças cardiovasculares. Estimava que 7,6 milhões de pessoas morreram em decorrência de câncer, em 2005, para o ano de 2015 o número esperado era de 9 milhões e para o ano de 2030 há uma projeção de 11,5 milhões de pessoas (OMS, 2016). O tratamento do câncer é feito por meio de uma ou várias modalidades combinadas. A principal é a cirurgia, que pode ser empregada em conjunto com radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. O médico vai escolher o tratamento mais adequado de acordo com a localização, o tipo do câncer e a extensão da doença. No Brasil todas as modalidades de tratamento são oferecidas pelo Sistema Único de Sáude (SUS) (INCA, 2016). O diagnóstico precoce e o tratamento de tumores iniciais contribuem muito para o prognóstico. De acordo com o o estadiamento clínico estágio I tem, em média, 80% de sobrevida, quando há uma progressão para os demais estágios há uma grande queda, podendo a levar a diagnósticos/prognosticos mais sombrios (NEVILLE, 2004). A realização de campanhas informativas para redução dos fatores de risco, treinamento da Atenção Básica, acesso a hospitais especializados, educação da população e

intercolaboração regional são estratégias destacadas pelo médico para controle da doença. No Brasil, os registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) fornecem informações sobre o impacto do câncer nas comunidades, configurando-se uma condição necessária para o planejamento e a avaliação das ações de prevenção e controle de câncer. Em conjunto com os Registros Hospitalares de Câncer (RHC) e com o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), formam o eixo estruturante para a vigilância de câncer e para o desenvolvimento de pesquisas em áreas afins (INCA, 2016). A estimativa mundial, realizada em 2012, pelo projeto Globocan/Iarc, apontou que, dos 14 milhões (Exceto câncer de pele não melanoma) de casos novos estimados, mais de 60% ocorreram em países em desenvolvimento. Para a mortalidade, a situação agrava-se quando se constata que, dos 8 milhões de óbitos previstos, 70% ocorreram nesses mesmos países. Os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores frequências encontradas foram mama (25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago (4,8%). Segundo o INCA (2016) a estimativa para o Brasil, biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma (aproximadamente 180 mil casos novos), ocorrerão cerca de 420 mil casos novos de câncer. O perfil epidemiológico observado assemelha-se ao da América Latina e do Caribe, onde os cânceres de próstata (61 mil) em homens e mama (58 mil) em mulheres serão os mais frequentes. Sem contar os casos de câncer de pele não melanoma, os tipos mais frequentes em homens serão próstata (28,6%), pulmão (8,1%), intestino (7,8%), estômago (6,0%) e cavidade oral (5,2%). Nas mulheres, os cânceres de mama (28,1%), intestino (8,6%), colo do útero (7,9%), pulmão (5,3%) e estômago (3,7%) figurarão entre os principais. O objetivo desse trabalho foi o de descrever o perfil epidemiológico e clínico de indivíduos acima dos cinquenta anos, contidos no Sistema de Informação de Registros Hospitalares de Câncer, vinculado ao Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva relatando: o gênero, faixa etária, a região anatômica mais prevalente e o estadiamento clínico.

Metodologia: Realizou-se um estdo descritivo com uma abordagem indtiva e procedimentos com estatísticos por meio de técnica de documentação indireta (INCA, 2006). Foram coletados do Sistema de Informação de Registros Hospitalares de Câncer, vinculado ao Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva. Sendo avaliado o perfil epidemiológico e clínico das neoplasias localizadas na cabeça e pescoço, de interesse odontológico no período de 2005 a 2015. Resultados e Discussão: Foram identificados durante o período analisado de n= 1.485 casos (Tabela 01), a região primária com maior frequência de incidência de neoplasias foi a língua (n= 288) 19,39% seguida de outras partes da boca e da mucosa julgal não especificadas (n= 212) 14,28% e o lábio (n= 209) 14,07%. A unidade hospitalar de entrada no tratamento foi o Hospital Dr. Luiz Antônio (n= 1.352) 91,0% seguido do Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró com n= 117 (7,9%) (Tabela 02). O gênero masculino foi o mais prevalente (n= 947) 63,8%, o feminino com n= 538 (36,2%) (Tabela 03). A Figura 01 podemos fazer uma distribuição dos casos segundo o gênero, a faixa etária e número de casos no período analisado, notamos uma redução dos casos masculinos a medida em que a idade avança e o inverso ocorre nos femininos. A etnia parda foi a que obteve uma maior frequência (n= 963) 64,8%, seguida da branca (n= 379) 25,5% (Tabela 04). A escolaridade analisada ficou assim distribuída: nenhuma (n= 434) 29,23%, fundamental incompleto (n= 337) 22,69%, fundamental completo (n= 105) 7,07 (Tabela 05). O uso do tabaco foi analisado quanto o seu consumo, os que são fumantes (n= 853) 57,44%, os que nunca fumaram (n= 171) 11,52% e os que são ex-consumidores (n= 193) 13,00% (Tabela 06). O uso do álcool foi analisado quanto o seu consumo, os que são usuários (n= 579) 38,99%, os que nunca beberam (n= 419) 28,22% e os que são ex-consumidores (n= 119) 8,01% (Tabela 07). O estadiamento clínico das lesões neoplásicas tipo IV (n=647) 43,57% e III (n= 207) 13,94% (Tabela 08), o que denota no atendimento do paciente. O tipo histológico da lesão de maior frequência foi a de carcinoma escamocelular (n= 1.246) 83,91% e carcinoma sem origem específica (n= 72) 4,85% (Tabela 09), O tumor consiste em ceratinócitos, atípicos que invadem a derme e mais além. Assim como no carcinoma espinocelular, as características citológicas são: uma razão núcleo-citoplasma aumentada, hipercromasia nuclear, ceratinização de células individuais, células gigantes tumorais, figuras atípicas de mitose e aumento da taxa de mitose. A base da terapêutica é a excisão. O modo de excisão, entretanto, depende do tamanho e localização da lesão. Na maioria dos casos com lesões avançadas associa-se quimioterapia e/ou radioterapia

à terapêutica. A taxa de cura em 5 anos é de aproximadamente 90% (REGESI, 2000). Tabela 01 Distribuição dos casos segundo a localização primária. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Localização primária n % Língua 288 19,39 Outras partes da boca e da mucosa julgal não especificadas 212 14,28 Lábio 209 14,07 Palato 173 11,65 Orofaringe 159 10,71 Glândula parótida 119 8,01 Assoalho da boca 106 7,14 Base da língua 69 4,65 Localizações mal definidas do lábio, boca e faringe 41 2,76 Nasofaringe 39 2,63 Tonsilas 29 1,95 Outras glândulas salivares maiores 24 1,62 Gengiva 17 1,14 Total 1.485 100,00

Tabela 02 Distribuição dos casos segundo Unidade Hospitalar. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Unidade Hospitalar n % Hospital Dr. Luiz Antônio 1.352 91,0 Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró 117 7,9 Hospital do Coração de Natal 16 1,1 Total 1.485 100,0 Fonte: INCA Tabela 03 Distribuição dos casos segundo gênero. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Gênero n % Masculino 947 63,8 Feminino 538 36,2 Total 1.485 100,0 Fonte: INCA Figura 01 Distribuição geral dos casos, distribuído por faixa etária e gênero. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015.

Tabela 04 Distribuição dos casos segundo a etnia. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. ETNIA n % Parda 963 64,8 Branca 379 25,5 Sem informação 89 6,0 Negra 53 3,6 Amarela 1 0,1 TOTAL 1.485 100,0 Tabela 05 Distribuição dos casos segundo a escolaridade. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Escolaridade n % Nenhuma 434 29,23 Fundamental incompleto 337 22,69 Fundamental completo 105 7,07 Nível médio 81 5,45 Nível superior completo 31 2,09 Sem informação 497 33,47 TOTAL 1.485 100,00

Tabela 06 Distribuição dos casos quanto ao uso do tabaco. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Experiência com o tabaco n % Sim 853 57,44 Ex-consumidor 193 13,00 Nunca 171 11,52 Não avaliado 2 0,13 Sem informação 266 17,91 TOTAL 1.485 100,00 Tabela 07 Distribuição dos casos quanto ao uso de bebida alcoólica. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Experiência com o álcool n % Sim 579 38,99 Ex-consumidor 119 8,01 Nunca 419 28,22 Não avaliado 2 0,13 Sem informação 366 24,65 TOTAL 1.485 100,00

Tabela 08 Distribuição dos casos segundo o estadiamento clínico. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Localização primária Estadiamento Não se I II III IV aplica Sem informação n % Língua 10 42 55 135 3 43 288 19,39 Outras partes da boca e da mucosa julgal não especificadas 7 17 26 121 3 38 212 14,28 Lábio 10 13 12 19 4 151 209 14,07 Palato 10 16 29 72 0 46 173 11,65 Orofaringe 2 7 18 98 15 19 159 10,71 Glândula parótida 9 11 14 35 7 43 119 8,01 Assoalho da boca 4 19 12 53 3 15 106 7,14 Base da língua 3 2 11 46 1 6 69 4,65 Localizações mal definidas do lábio, boca e faringe 0 1 8 17 7 8 41 2,76 Nasofaringe 2 1 6 24 0 6 39 2,63 Tonsilas 0 4 6 14 0 5 29 1,95 Outras glândulas salivares maiores 1 5 6 8 0 4 24 1,62 Gengiva 2 2 4 5 0 4 17 1,14 Total 60 140 207 647 43 388 1.485 100,00

Tabela 09 Distribuição dos casos quanto ao tipo histológico. Rio Grande do Norte, de 2005 a 2015. Tipo histológico n % Carcinoma Escamocelular 1.246 83,91 Carcinoma Sem Origem Específica (SOE) 72 4,85 Carcinoma Mucoepidermoide 34 2,29 Neoplasia Maligna 19 1,28 Carcinoma Adenoide Cístico 17 1,14 Linfoma Maligno de Células Grandes B, Difuso, SOE 17 1,14 Outros tipos 80 5,39 Total 1.485 100,00 Conclusão: É fundamental que o monitoramento da morbimortalidade por câncer incorpore-se na rotina da gestão da saúde de modo a tonar-se instrumento essencial para o estabelecimento de ações de prevenção e controle do câncer e de seus fatores de risco. Esse monitoramento engloba a supervisão e a avaliação de programas, como ações necessárias para o conhecimento da situação e do impacto no perfil de morbimortalidade da população, bem como a manutenção de um sistema de vigilância com informações oportunas e de qualidade que subsidie análises epidemiológicas para as tomadas de decisões.

Bibliografia: World Health Organizations. GLOBAL STATUS REPORT: On noncommunicable diseases 2014. Disponível em: <<http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/148114/1/9789241564854_eng.pdf >> Acessado em 27/05/2016. Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes da Silva. Disponível em: <<http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322 >> Acessado em 27/05/2016. NEVILLE, B.W.;ALLEN,C.M.; DAMM,D.D.;et al. Patologia: Oral & Maxilofacial. 2ª Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. REGEZI, J.A.; SCIUBBA, J.J.; POGREL, M.A. Atlas de Patologia Oral e Maxilofacial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 2000